Toy Shop e Carlos Finho no Festival da Música Independente no Hangar 110
Domingo dia 6 de maio de 2012 no Hangar 110 em São Paulo/SP

     No mesmo dia da Virada Cultural ( confira aqui como foi ), ocorreu no Hangar 110 o I Encontro de Bandas Independentes, e após shows inesquecíveis que tivemos na Virada Cultural, porque não cobrir esse evento, uma iniciativa muito boa, uma vez que para bandas novas sempre procuram lugares para expor seu trabalho e  muitas vezes esse tipo de Festival é a melhor maneira de apresentar ao público seu trabalho.

    O conhecido Hangar 110 que é um dos templos do Rock da cidade de São Paulo, onde nos últimos dias já tínhamos tido grandes shows internacionais, como Obituary ( confira detalhes ) e Brujeria na casa, dentre tantos outros nacionais que a casa sempre abriga. Ao chegar no lugar já tive a primeira decepção, o público era extremamente baixo, algo em torno de cinquenta pessoas e olha lá, e considerando que seriam quase doze horas de música, e apesar da fraca divulgação era para se ter casa cheia, ainda mais em um evento gratuito, onde claramente era possível ver algumas mesas vendendo os itens de gravadoras e de bandas independentes.

    Começava então, ao ver meu martírios de várias bandas tocando, cerca de cinco ou seis músicas por set, e pensei: “Que festival de bandas independentes é esse? Um bando de 'punk de condomínio' achando que ter tatuagem e cabelo moicano a la 'Neymar' é ter atitude Rocker?”, pois as músicas eram fracas e elas foram tocando covers para lá de ruins nas versões originais, imaginem as mesmas sendo mal tocadas, pensei neste momento, esse palco não merece esse tipo de 'playboy'  tocando ali ( aquilo literalmente não era Punk ).

    Após algumas bandas que doeu os ouvidos e me fez levantar algumas vezes pensando: “vou embora”, entraram três músicos mais uma vocalista e esta banda percebi que foram a primeira banda que vi testando o som e com um técnico cuidando da mesa, a qualidade melhorou muito, e após esse ajuste a banda começa o seu set.

    A primeira música foi I Wanna See You, e pensei “nossa que interessante... um cover do Toy Shop, vindo na sequencia Tonight Is You e Daydream, também do Toy Shop, e então, novamente matutei: “opa, como a vocalista tinha um tom parecido com a vocalista do Toy Shop!!!” e estranhei muito porque ninguém tocaria três covers seguidos extremamente bem tocados... E ao questionar o fotógrafo da banda tive a certeza o Toy Shop estava de volta e aquela talvez fosse a segunda apresentação da banda, que voltou praticamente com a mesma formação que a consagrou, Natacha nos vocais, Val Santos e Gabriel Weinberg nas guitarras e Guilherme Martin na bateria ( sim, o mesmo do Viper ) e o novo integrando Nando Machado no baixo.

    Logo após o hit da banda Daydream, eles mostraram ali como se faz um Rock de verdade, diferente daquele bando de 'playboys' que tocaram anteriormente, a banda decide tocar Saturday Night, um cover dos Misfits que foi cantada pela maioria dos poucos presentes no momento da apresentação. A emoção da banda tocando era muito boa de se ver e eu bem feliz em vê-los de volta aos palcos, ainda mais que aquela era a primeira vez que assistia a banda ao vivo.

    Somebody termina a apresentação e em resposta aos pedidos da música Follow Me, a vocalista Natacha avisa que tocarão em uma próxima ocasião e comenta como era bom o formato acústico, pois as músicas são mostradas com uma outra levada.

    Após um longo tempo, surge no palco o vocalista Carlos Finho, ex-365 que atualmente trouxe de volta o projeto  M.M.D.C., e que recentemente lançou o livro Poemas de Combate subia ao palco para apresentar suas novas músicas, além dos clássicos que todos esperavam que ele tocasse, pois ali estavam muitos fãs do 365 para ver a apresentação do grande compositor. Percebemos então que o som caiu muito a qualidade em relação ao show anterior e ao primeiro clássico Cristo Anistiado notei a péssima qualidade do som e quando ele anunciou Bartira - música que fala da cultura paulista da qual o poeta/vocalista é um grande conhecedor, - Carlos Finho percebeu que ninguém operava a mesa de som, pois a qualidade estava muito ruim, o vocalista educadamente  pede desculpas e se despede com a frase "Vida Longa Ao Rock'n'Roll... para quem é do Rock'n' Roll" e sai do palco.

    A falta de estrutura e profissionalismo que fez que o músico saísse do palco soava perfeita, pois independente se o evento for do Mainstream ou Independente, ele deve ter a mínima condição técnica para execução do trabalho do músico. Muito se fala da cena hoje em dia, mas se em péssimas condições alguns tivessem a atitude que Carlos Finho teve, com certeza, nossa cena estaria muito mais forte e não confiando em péssimos produtores como os deste evento.

    Um festival que deveria ser extremamente positivo, marcado principalmente pela volta do Toy Shop e pela apresentação de Carlos Finho, mas acabou sendo uma lição, principalmente aos "Rockeiros de Condomínios", que estavam e tocaram antes, pois não é com violão e piadas bobas, falando de emo's ou elogiando gringos, que poderão  mostrar sua qualidade musical. Parabéns ao Toy Shop e a Carlos Finho pelo profissionalismo e pela aula de Rock'n'Roll!!!

Texto e Fotos: Marcos César de Almeida
Junho/2012

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