Overhead, Baranga e Zumbis do Espaço
Sábado, dia 17 de agosto de 2013 no Hangar 110 em São Paulo/SP 

    Uma noite que ficará marcado na história do Rock cantando em português, esse legado as bandas Overhead, Baranga e Zumbis do Espaço proporcionaram no Hangar 110 no sábado 17 de agosto, onde com lançamentos de duas das três bandas presentes, sendo o Baranga lançando o fenomenal O 5ª dos Infernos e os Zumbis do Espaço lançando seu compacto em vinil O Circo da Fé.

    Ao chegar na casa localizada nas proximidades do Metro Armênia, achei que o público seria pequeno, porém, ainda bem que isso foi um erro gravíssimo meu, pois aos poucos a casa ganhou um bom público e provou que o Rock'n'Roll nunca morre, mesmo o cantado em português.

    Outro detalhe importante e que gosto muito de salientar antes de comentarmos como foram as apresentações é que a banda Zumbis do Espaço na figura de seu vocalista Tor ficou no stand de merchandising vendendo camisas, cd´s, Lp´s, além de fotos e autógrafos e detalhe, tinha toda a coleção dos Zumbis do Espaço, numa clara demonstração da preocupação da banda com seus fãs, que consomem suas músicas.

Overhead

    A primeira banda a subir num dos 'templos sagrados do Rock no Brasil', o nosso CGBG brazuca, o conhecido Hangar 110 foi a banda Overhead, de Bauru, interior de SP, fundada em 2010, e com um EP lançado A Noite é o Meu Lugar, a banda é formada por formada por Ivo Ferreira no baixo, Bruno Bevenuti na guitarra, Marcio Gon na bateria e André Moreno na guitarra e vocal, apresentaram um mix Rock'n'Roll com Hard, numa linha bem interessante e pouco vista no Brasil.

    O impressionante foi que a banda foi inspirada nos clássicos Old School do Metal Nacional e começaram a apresentação com Overhead. Como é bom voltar a ver bandas  compondo faixas com o próprio nome de sua banda, seguida pela faixa, que respira liberdade, a clássica Rota 66. A banda possui uma boa postura de palco, mas claro que um pouco nervosa, por estar estreando em São Paulo/SP, assim como esteve o Barbaria no Thohammerfest em dezembro ( confira cobertura ).

    O vocalista então oferece a próxima música a todos que gostam de curtir a madrugada com a faixa título do EP, A Noite é o Meu lugar, e analisando o Overhead, a banda está pronta, com composições coesas, postura de palco com atitude, que mesmo com pouca bagagem, estarão no patamar das clássicas do Brasil, pois deu para perceber que com a rodagem futura na estrada que conseguirão, naturalmente essa banda chegará lá.

    A próxima seria um conceito matemático, que estará presente no vindouro álbum e se chama Tangente. O destaque técnico que achei do Overhead foi exatamente sua cozinha, capitaneadas pelo baixista Ivo e pelo baterista Marcio Gon realizando uma performance bem acima da média.

    Apresentaram então mais uma do futuro cd, porém, esta fala de uma das grandes paixões do brasileiro, a cerveja, e que deverá ser o nome do novo cd, Quando A Cerveja Faz Efeito, que teve uma execução simplesmente sensacional e terminam a rápida - mas, brilhante - apresentação com outra do futuro álbum apresentando como "o que vem depois da cerveja?"; naturalmente a música claro só poderia se chamar Ressaca.

 Set List Overhead

1 - Overhead
2 - Rota 66
3 - A Noite é o Meu Lugar
4 - Tangente
5 - Quando A Cerveja Faz Efeito
6 - Ressaca

Baranga

    A segunda banda a se apresentar no palco sagrado Hangar 110 foi o Baranga, que e seria a primeira vez em São Paulo tocando músicas do excelente cd O 5º Quinto dos Infernos e com sua formação clássica e única, Xande na guitarra e vocal, Deca na guitarra solo, Soneca no baixo e Paulo Thomaz na bateria.

    O show se inicia rapidamente com Filho Bastardo, com aquela adrenalina que quem já viu a banda ao vivo, pode imaginar, e como era minha primeira vez vendo eles ao vivo chega a parecer que a banda toca em playback, dada a a energia que contagia todo mundo, é literalmente um nocaute. Nessa hora, o som ficou um pouco embolado, porém resolvido na terceira faixa da apresentação, com o O Céu é o Hell ( leia resenha ), que é a título do quarto cd da banda e o vocalista Xande lembra de como é bom estar de volta tocando em São Paulo, que ele gosta de viajar e tocar no Brasil todo, mas quando volta sempre beija o chão, pelo tanto que ele gosta da 'terra da garoa'. Posso até dizer, se permite nosso leitor, o mesmo, pois nascido e criado no interior, a partir do momento que você entendi tudo em São Paulo, não sai daqui por nada.

     Do álbum de estreia de 2003, o clássico Baranga  ( confira resenha ) veio Tudo Que Eu Tenho Na Vida, sendo essa a primeira faixa do primeiro cd, e dez anos depois continua forte no set list da banda ( N.E.: assim como o Rock On Stage ). Enfim era hora de apresentar o novo trabalho e Xande então canta um trecho da música e seria a primeira porrada de O 5º Quinto dos Infernos com a canção Três Oitão, tocada em São Paulo pela primeira vez após o lançamento do cd em uma versão matadora, que foi cantada também por muitos da plateia.

    Na Madrugada, outra do O Céu é o Hell veio na sequência e a banda continuava a 'mil por hora' e o sempre atento vocalista Xande dedica a todas mulheres presentes a Garota Rocker, presente no disco Meu Mal de 2007 ( veja mais detalhes aqui ). O que achei muito legal foi perceber que principalmente as mulheres da plateia estavam cantando com ele.

    Outra do novo álbum seria a próxima e também foi dedicada para as mulheres, pois sempre são elas que nos levam aos O 5º Quinto dos Infernos. Desta maneira executaram a faixa título do novo trabalho e então um pequeno contratempo no baixo fez Deca e Xande improvisarem um pouco com alguns riffs meso Blues meso Rock, numa sensação de muita interação com o público, porém, lembro que essa sensação que tivemos em todos os três shows.

    Com o problema resolvido Blues da Seis, do segundo disco Whiskey do Diabo de 2005 ( confira a resenha ), outro clássico da banda foi cantado por todos, bem como a última faixa do show, a Meu Mal do álbum homônimo de 2007. Nesta hora tivemos uma coisa grotesca, no mínimo, com o batera Paulão, que deixou seu roadie tocando em seu lugar e foi para frente do palco e o cara mostrou a bunda para a galera e com a "poupança à mostra" fez o clássico 'stage diving'. Foi desta maneira inusitada que o Baranga terminou um verdadeiro show de Rock, digno dos grandes espetáculos que costumo frequentar, pois foi um show crú, direto e sem frescuras, uma aula de Rock'n'Roll no seu verdadeiro conceito.

Set List Baranga 

1 - Filho Bastardo
2 - O Céu é o Hell
3 - Tudo Que Eu Tenho Na Vida
4 - Três Oitão
5 - Na Madrugada
6 - Garota Rocker
7 - Menina de Dezesseis
8 - Blues das Seis
9 - Meu Mal

Zumbis do Espaço

    Chegava a hora da grande atração da noite e a casa encheu muito do meio para o final do show do Baranga. Considerando a casa bem cheia, com um público acima da média em eventos autorais na cidade ( mas, que poderia ser bem maior ) o Zumbis do Espaço seria mais uma banda que queria conhecer e que sempre eu ouvi falar muito bem, porém, meu conhecimento sobre eles era zero até aquele momento.

    Como disse no inicio desta resenha, eles estão lançando o compacto em vinil mesmo intituladoO Circo da Fé e a banda formada no Vale do Paraíba por Zumbilly na bateria, Machado na guitarra, Gargoyle no baixo e o carismático Tor no vocal iniciaram seu show a toda velocidade tocando seus maiores sucessos, que infelizmente ficarei devendo maiores detalhes, pois ao tentar fotografar o set list e pela excelente atitude na banda no palco, o set que usualmente fica colado no chão, já se encontrava totalmente destruído.

    Como definir o som do Zumbis do Espaço, seria uma mescla de vários estilos como Hardcore, Punk, Hardcore e Heavy Metal, como se fosse uma mistura do Cock Sparrer com Motörhead digamos assim ( entenda melhor essa ideia lendo as resenhas de seus últimos shows em São Paulo - Cock Sparrer e Motörhead ).

    Entretanto, o som da banda é único, com sua própria identidade, e com letras bem ácidas de protestos e muito bem elaboradas como a própria O Circo da Fé, como no trecho: " receberá a graça divina, um Jesus de plástico feito na China...". Assim como em outras que acabei identificando que eles tocaram, porém não na ordem descrita a seguir: "Jogos de Horror", "Espancar e Matar", "Caminhando e Matando", "Marca dos Três Noves Invertidos", "Satan Chegou", "Apenas Um Psicopata", e claro, priorizando o último também o lançamento da banda, o álbum Nós Viemos Em Paz de 2012.

    Tor é um dos grandes vocalistas do Brasil, não pela voz, potente, qualidade técnicas ou outros blá, blá blá... mas, com uma aparência digamos quase brutal, o vocalista esbanja carisma e simpatia e conhece todos os caminhos do palco como poucos, pois, agita sem parar, pede e consegue a participação em massa da galera chegando várias vezes, a quase se deitar no palco. O vocalista fica segurando o microfone no intuito de fazer a galera poder cantar com ele e também fazer parte daquele momento do Zumbis do Espaço. Todos esses fatos, são o diferencial em nossa cena musical. Em tempo, a última música foi que eles apresentaram foi O Mal Nunca Morre, que fechou um show que realmente superou minhas expectativas.

 

    Esta noite exibiu três baita bandas com tempo de estrada e estilos um pouco diferentes, porém, que cantam em português, fazem um Rock para lá de bem feito e batalham seu espaço como os grandes profissionais que são, não dependendo de amigos ou frequentando 'panelas', que nosso meio está lotado e sim lutam pelo seu talento. Parabéns ao Overhead, ao Baranga e ao Zumbis do Espaço, e obviamente, também ao Hangar 110 pela excelente noite de Rock'n'Roll.

Texto e Fotos: Marcos César de Almeida
Setembro/2013

 

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 Zumbis do Espaço, do Baranga e do Overhead
no Hangar 110 em São Paulo/SP

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