Sub Pop Festival com: Mudhoney, Metz e Obits
Quinta, 15 de maio de 2014
no Audio SP em São Paulo/SP

    Certamente os leitores(as) do Rock On Stage já ouviram falar do estilo musical que rotularam como Grunge, que trouxe ao mundo grandes ícones da música como Nirvana, Pearl Jam, Soundgarden entre outros, e um selo independente em especial, representa muito o estilo, e claro, estou falando do Sub Pop.

    Responsável por alguns importantes títulos como Bleach do Nirvana, Smell The Magic do L7, Ultramega Ok do Soundgarden, como exemplo de alguns dos itens lançados pela gravadora, que venderam muito e fizeram a história do movimento Grunge dos fins da década de 80 e início dos anos 90. Muito bom para uma gravadora criada por Jonathan Poneman e Bruce Pavitt em 1986, que tinham por objetivo lançar bandas de seu estado, o Washington ( o chamado canto esquecido da América ), que serviram de influência para o mundo todo.

    Inclusive, muito importante foi também a presença do 'chefão' Jonathan Poneman, fundador e diretor da Sub Pop, que esteve presente para assistir o festival.

 

    Neste Sub Pop Festival, que o selo produziu em São Paulo em parceria com a Construtora Música e Cultura e a Inker Agência Cultural na nova casa de shows, a  Audio SP ( onde reformaram a antiga casa A Seringueira, onde assistimos shows do Saxon - leia resenha - e do Europeconfira resenha - deixando muito superior ao que era antes ), trouxe três bandas que conforme mencionados nas propagandas, foi realmente uma revolução sonora, com grandes bandas da gravadora  e nesta edição tivemos a participação dos canadenses do Obits, além dos americanos do Metz e do Mudhoney.

    Claro que por ser um festival de um selo, havia no local Audio SP uma loja onde eram vendidos cd´s e vinis da Sub Pop, que era bem concorrida devido ao fato que quem coleciona vinis nunca deixará de fazer uma ou duas aquisições e uma oportunidade com importantes itens não é todo dia que achamos aqui em São Paulo.

 

Obits

    Formado em 2006 no Brooklyn em Nova Iorque e divulgando seu novo álbum, o Bed and Bugs, o quarteto formado por Rick Froberg na guitarra e voz, Greg Simpson no baixo, Sohrab Habibion na guitarra e Alexis Fleisig na bateria começou muito bem sua participação no festival com o que normalmente classificamos como Indie Rock.

    Eles fizeram um excelente show aos poucos presentes, que por ter começado no horário previsto, como todos brasileiros normalmente chegam para a banda principal acabaram perdendo o set desta banda de abertura. A casa ainda não estava lotada, porém, o Obits não se importou e apresentou seu trabalho ao público paulista.

     Tanto o Grunge ou o Indie Rock não é um estilo que possui grande presença de palco de seus adeptos, sempre com pouca comunicação com o público e além de algumas tentativas de falar em português com o clássico "oubrigaadu". A banda aproveitou o tempo em mostrar o trabalho de seus três lançamentos, o já citado Bed and Bugs de 2013, e algumas canções dos álbuns anteriores, o I Blame You de 2011 e o Moody, Standard and Poor de 2011.

    Uma característica do Grunge, que foi a volta a simplicidade da música, sem as megalomanias principalmente que estavam o Hard Rock, já saturado de novas criações, quando se popularizou o Grunge, e sempre acho interessante quando vejo algo do tipo que vi no palco, o bom guitarrista Sohrab Habibion com numa camisa do Gene Simons do KISS, mesmo que estilizada e praticamente um símbolo contra a simplicidade que o grunge exibia na época mostra que algumas bandas ou músicas são atemporais e estão sempre acima de qualquer estilo musica.

    O Obits foi realmente o show que eu mais gostei do festival e aquelas descobertas de bandas interessantes que sempre valem a pena prestar mais atenção em bandas de abertura e não apenas na headliner.

 

 

Metz

    Já vamos afirmar, embora eu tenha gostado mais da banda anterior, para o grande público do Sub Pop Festival mais acostumado ao estilo, o Metz foi a grande sensação da noite.

    Com apenas um disco lançado - o METZ de 2012 - pela Sub Pop claro, a banda tem em seus integrantes vocalista Alex Edkins como guitarrista, o baixista Chris Slorach e o baterista Hayden Menzies foi recepcionada por um público bem maior e impressionaram a galera que já se aglomerava perto do palco da Audio SP.

    Dirty Shirt e Knife In The Water abriram a noite e tinha a sensação de estar vendo o clássico Jesus And Mary Chain no inicio de carreira, não por influência, nada disso, mas, pelas microfonias e distorções do estilo, que as músicas do Metz se propõem, porém, com uma agressividade bem superior a dos ingleses.

    A banda seguiu com Negative Space e Get Off, músicas em que a voz estridente do vocalista Alex Edkins com o visual predominante 'Nerd' deram continuidade ao show. Devido aos óculos do vocal ou visual proposto pela banda tínhamos um verdadeiro contraste ao grande show de Rock, que víamos pela primeira vez em São Paulo.

     A música do vídeo mais conhecido deles, a Wasted, claro que marcou presença, bem como uma nova, que não conheci identificar o nome do novo disco que estão gravando. E sempre tentando se comunicar com a galera, o show seguiu com a trinca "Sad Pricks", "Headache" e "Rats", sendo que esta última, eles pediram para que quem conhecesse a canção cantassem juntos.

 

    O Metz claramente estava bem feliz no palco e por estar pela primeira vez na America do Sul ( o Sub Pop Festival também teve edições em Santiago no Chile e em Buenos Aires na Argentina ) e terminaram o set com Can't Understand, um cover do The Dammned para Neat Neat Neat com uma roupagem bem diferente e própria do Metz e finalizaram com o single Wet Blanket.

    Certamente foi o show que levantou a plateia, pois, muitos não conheciam a banda - eu um deles - ficaram impressionados com a execução e postura da banda no palco. É um belo exemplo de que o Rock Alternativo continua vivo e rendendo bons frutos.

 

Set List do Metz

1 - Dirty Shirt
2 - Knife In The Water
3 - Negative Space
4 - Get Off
5 - Wasted
6 - Música nova
7 - Sad Pricks
8 - Headache
9 - Rats
10 - Can't Understand
11 - Neat Neat Neat (The Damned cover)
12 - Wet Blanket

 

Mudhoney

     Com a casa bem lotada, e vale lembrar em um dia bravo no meio de semana, o que foi uma surpresa pra mim, já que o Sub Pop Festival se encerraria após o fechamento do metrô em São Paulo, o público ia se espremendo para ficar próximo ao palco, quando o Mudhoney entra no palco para os detalhes finais e olham para o público e começam com a distorcida Slipping Away e a ruidosa I Like It Small ambas do novo cd, o Vanishing Point, que a banda vem divulgando desde o seu lançamento em 2013.

    Formada por Mark Arm no vocal e guitarra, Steve Turner na outra guitarra, Guy Maddison no baixo e Dan Peters na bateria, eles superam quaisquer expectativas para shows, mesmo com pouca presença de palco, pois o tanto que se movimentam...completam todos os espaços, e assim, continuando o show com You Got It do Mudhoney de 1989 com muitos solos mais 'sujos' de guitarras e depois a empolgada Suck You Dry do Piece Of Cake de 1992.

Duas do My Brother The Cow ( de 1995 ) vieram depois, primeiro a puramente Punk F.D.K. ( Fearless Doctor Killers ) e depois, a totalmente distorcida 1995, e o Mudhoney literalmente estava detonando ao vivo, com a galera cantando ( e alto!! ) a maioria das músicas. Os moshs com as pessoas tentando subir e deram bastante trabalho aos seguranças da casa.

    O vocalista Mark Arm ora cantando e tocando a guitarra, ora apenas no vocal e embora a banda diga que é mais Punk do que Grunge, vamos mencionar que se encaixa perfeitamente nos dois, uma prova disso foi na canção seguinte, que é também do novo álbum, a In This Rubber Tomb, que não ficou de fora e o set e a agressiva Flat Out Fucked do Mudhoney, disco que foi da famosa era pré-Nirvana, como muitos a chamam devido o álbum ser de 1989, um pouco antes do 'boom' do Grunge.

     As seguintes do set foram duas do EP também de 1989, o Boiled Beef & Rotting Teeth, sendo a martelada Sweet Young Thing Ain't/Sweet No More ( e tome distorção e gritos em sua execução ), que vieram intercaladas com a forte Judgement, Rage, Retribution And Thyme do My Brother The Cow e o clássico Touch Me I´m Sick, onde por se tratar de um dos inúmeros sucessos do Mudhoney, a plateia participou forte empunhando os punhos e cantando o refrão.

 

 

    Alternando as canções do Vanishing Point ( tocaram oito delas ) com outras de álbuns clássicos, o Mudhoney apresentou nesta parte do show a 'mais calma' e de longos solos de guitarras, What To Do With The Neutral e depois a I'm Now do The Lucky Ones de 2008, para então retornarem ao novo cd com a The Final Course, lotada de riffs distorcidos e com uma pega envolvente, provando que eles tem lenha para queimar.

    Quando achei que teríamos uma variação nas músicas expostas no show, ou seja, uma incursão maior nas composições mais antigas, o quarteto de Seattle se manteve executando mais músicas do novo cd, entretanto a seguinte foi a The Open Mind do The Lucky Ones seguida por outra nova, a I Don't Remember You.

    A raivosa e das antigas Next Time junto com a recente e totalmente fervorosa Chardonnay foram as próximas. Para encerrar a primeira parte do set, nada melhor que outra das gravadas no Vanishing Point, agora com a bordoada presente em The Only Son Of The Widow From Nain.

    Eu estava sentindo falta de algumas faixas que conheço do Mudhoney e quase todas vieram no bis foram das consideradas clássicas, como a frenética Here Comes Sickness e a lenta When Tomorrow Hits, ambas do cd Mudhoney e ainda, a eletrizante In 'N' Out Of Grace, a única do Superfuzz Bigmuff ( de 1988 ) no set. O final aconteceu com os hits The Money Will Roll Right In embalada pelos seus riffs de guitarras, a Punk Rock mais Rock´n´Roll diretão de Hate The Police e a crua Fix Me, que são covers do Fang, The Dicks e Black Flag, respectivamente.

    O que poderia dizer de ruim do festival? O horário, pois, acabar perto das três da manhã em dia de semana, realmente não agradou e não levou muitos fãs do Mudhoney no Audio SP, porém, aos que foram - certamente - saíram satisfeitos da casa e indiscutivelmente estarão no aguardo para uma segunda edição deste Sub Pop Festival.

 

Texto e Fotos: Marcos César de Almeida
Agradecimentos à Nathália Birkholz e Mariana Abreu Sodré
 da Inker Agência Cultural pela atenção e credenciamento
Julho/2014

 

Set List do Mudhoney

1 - Slipping Away
2 - I Like It Small
3 - You Got It
4 - Suck You Dry
5 - F.D.K. (Fearless Doctor Killers)
6 - 1995
7 - In This Rubber Tomb
8 - Flat Out Fucked
9 - Sweet Young Thing Ain't Sweet No More
10 - Judgement, Rage, Retribution And Thyme
11 - Touch Me I'm Sick
12 - What To Do With The Neutral
13 - I'm Now
14 - The Final Course
15 - The Open Mind
16 - I Don't Remember You
17 - Next Time
18 - Chardonnay
19 - The Only Son Of The Widow From Nain 

Bis:
20 - Here Comes Sickness
21 - When Tomorrow Hits
22 - In 'N' Out Of Grace
23 - The Money Will Roll Right In
24 - Hate The Police
25 - Fix Me

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