Slash Featuring Myles Kennedy And The Conspirators
World On Fire World Tour

Abertura: Gilby Clarke
Domingo, 22 de Março de 2015
no Espaço das Américas em São Paulo/SP

    Em pouco mais de dois anos, o guitarrista Saul Hudson retornou ao Brasil com sua banda solo ( o quê não sabe quem é Saul Hudson? ah sim... claro, você - e resto do mundo - o conhece pelo seu nome artístico: Slash ). E para quem não se lembra, Slash fez parte da mítica formação do Guns´n´Roses, que varreu o mundo alcançando muito sucesso em vendagens de discos e shows arrebatadores entre o final dos anos 80 e início dos 90.

    Após os desentendimentos com Axl Rose, que resultaram no seu desligamento da banda de Hard Rock em 1995, Slash deu continuidade ao seu projeto paralelo dos tempos do Guns´n´Roses, o Slash´s Snakepit, criou o aclamado supergrupo Velvet Revolver e a partir de 2008 lançou-se como artista solo. Neste atual giro pelo mundo, a atual banda do guitarrista, que recebe o nome de Slash Featuring Myles Kennedy And The Conspirators está divulgando o terceiro álbum de estúdio lançado com eles, o World On Fire, que no Brasil contou com seis shows no mês de março: Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre e terminou em São Paulo.

    Desta vez, a atração de abertura era especial, pois se tratava de um grande amigo e parceiro de solos de Slash, o excelente guitarrista e cantor Gilby Clarke, que debandou do Guns´n´Roses em 1993 ao ter problemas com o vocalista da banda. Nos anos que se sucederam, Gilby Clarke gravou com o Candy, Kill For Thrills, Slash´s SnakepitCol. Parker, Nancy Sinatra e o Rock Star Supernova, além de possuir sete discos solo. Com duas atrações deste porte era certeza de uma noite de Hard Rock com casa cheia.

Gilby Clarke

    No fundo do palco um 'backdrop' com o logo do guitarrista e conforme o programado, o show começou exatamente às 20hs com a entrada da banda de apoio com os músicos Gaby Zero na guitarra, Dani Chino no baixo e Dukke bateria e por fim, Gilby Clarke com sua tradicional Gibson Les Paul preta, além de óculos escuros, calça e camisa preta e uma blusa de flanela num figurino bem Hard Rock oitentista. Assim, sem pestanejar, o show iniciou com Wasn't Yesterday Great ( do álbum The Hangover de 1997 ) nos levando a um Hard Rock pesado de ótimos solos de guitarras e cantado com muito carisma por Gilby Clarke. Esta primeira música já nos cativou e trouxe a ideia da linhagem puramente Rock que teríamos nesta noite.

    Pronunciando um "São Paulo... how are You" e "You´re so beatiful...", Gilby Clarke emendou a Under The Gun do álbum Swag de 2002, com distorções de guitarras e uma ótima atuação do baixista Dani Chino. Mas, o que emociona mesmo é quando Gilby Clarke sola sua guitarra e nos traz excelentes linhas cheias de energia. Antes de tocar a próxima, o guitarrista mostra seu lado de frontman ao perguntar como estamos e se prontos para uma noite de Rock´n´Roll, e então, em uma linhagem bem anos 70 temos a Motorcycle Cowboys, composição do Kill For Thrills, banda que ele integrou antes do Guns´n´Roses e que nos mostrou porque ele foi escolhido para substituir Izzy Straldin´ com os exuberantes solos de guitarra, que realizou impactando a plateia que vibrou bastante.

     E um show que seja calcado na linha Hard Rock não pode rolar sem ter uma balada e Black, música do disco Pawn Shop Guitars de 1994 foi a escolhida no set de Gilby Clarke, que fez sua guitarra 'gemer' como apreciamos. Mais ao final ele prolonga o verso levando muito mais animação aos fãs e termina numa levada de Blues com um acompanhamento do baixista Dani Chino com linhas bem pesadas.

    Em seguida, ele nos agradece com um "obrigado", tira a blusa de flanela e pergunta se queremos um Rock´n´Roll. Com a óbvia resposta, questiona se queremos um som dos Stones e aí... Gilby Clarke crava um dos melhores momentos de seu show com a sua versão para o hino It's Only Rock 'n' Roll ( But I Like It ) dos Rolling Stones, que fez a alegria dos mais velhos e agitou bastante o Espaço das Américas, especialmente na hora dos prolongamentos, que ganhou muitas palmas e o guitarrista deixava a plateia completar alguns trechos. Este momento me levou a pensar na hora.... como fez bem a turnê de abertura nos Estados Unidos para os Rolling Stones, que o Guns´n´Roses realizou no final da década de 80...

    Empolgado, ele nos pergunta como estamos, tem seu nome gritado pelos fãs e então apresenta a banda para então anunciar que iria tocar uma do Slash´s Snakepit, a Monkey Chow, que trouxe uma levada Punk Rock bem pesada e muitas palmas em seu começo, sinal que a galera conhecia e ficou contente por estar sendo executada no show. Apesar de sua levada mais Punk, Gilby Clarke encheu a música de ótimos solos de guitarras.

    Com uma Gibson Les Paul bege ele nos pergunta se estamos "Ok", nos faz berrar bastante, para então anunciar a seguinte, a Cure Me... Or Kill Me..., um registro de seu último álbum de estúdio autointitulado e lançado em 2007, que nos expôs a uma dosagem de vigor muito grande, seja na forma despojada que ele cantou ou nos ótimos solos de guitarras. Inteligentemente, solicita as palmas da plateia durante os solos e é atendido espontaneamente, isso que é a diferença de um show de Rock´n´Roll meus amigos(as), pois vamos sendo conduzidos pela positividade no ar e nos divertimos a beça.

    Para aumentar essa adrenalina, nada melhor que um clássico do Bob Dylan, que foi regravado pelo Guns´n´Roses... estou falando da emblemática Knockin' on Heaven's Door, que ele perguntou se cantaríamos com ele. Bem... Gilby Clarke... não só cantamos como vibramos bastante enquanto alguns casais aproveitaram para se beijar. É para ficar muito contente lá do palco ao ver uma 'galera' tão grande cantando e aplaudindo a música. Nesta, a interação da entusiasmada e saudosa plateia com a banda, certamente lembrou o músico dos seus grandes shows junto ao Guns´n´Roses.

    Mas sabe aquela história que o melhor fica para o final, pois é... mais uma vez ela acontece... Gilby Clarke, aos gritos frenéticos de seu nome pelo Espaço das Américas pega sua Gibson Les Paul preta e mais uma vez nos pergunta se queremos mais Rock´n´Roll, enquanto faz uma breve afinada na guitarra para então inflamar ainda mais a todos com os versos de Wild Horses ( na versão que o Guns´n´Roses fazia nos shows ) e esta balada clássica dos Rolling Stones foi cantada por todos com suas notas indo diretamente ao coração.

    Este momento lindo foi ligado à outro hino, a Dead Flowers que literalmente causou uma explosão de felicidade no show e Gilby Clarke a cantou com todo o 'feeling' que a música necessita. E uma coisa muito bacana passou em minha mente: o refrão "Take me down little Susie, won't you take me down, I know you think you're the queen of the underground, And you can send me dead flowers every morning, Send me dead flowers by the mail, Send me dead flowers to my wedding, And I won't forget to put roses on your grave", especialmente o verso final tem tudo a ver com o Guns´n´Roses.

Hora de convidar um amigo

    Com o público nas mãos, Gilby Clarke nos pergunta se queremos mais uma canção e perguntou: "Vocês se importariam se eu chamasse um convidado para tocar? Se importariam se eu chamasse o Slash? Vocês não acreditam?" Sorrindo bastante Gilby Clarke chamou Slash no palco, o guitarrista é intensamente aplaudido e juntos tocam a Tijuana Jail ( que também contou a participação de Slash no disco Pawn Shop Guitars ). Este contagiante Rock´n´Roll cantado com presença de palco por Gilby Clarke teve excelentes solos de guitarras da dupla, que devem ter se lembrado dos tempos que faziam juntos no passado. O que foi mais marcante foi ver os dois realizando vários improvisos enquanto solavam, com Gilby Clarke solicitando palmas, 'heys', pulos e o que mais pudéssemos fazer, enfim, uma sonzeira que ficou ainda melhor ao vivo.

     Depois, Slash deixa o palco e com a plateia gritando "Gilby... Gilby" fervorosamente este agradece - totalmente contente - pelo calor recebido do público e se reúne com os outros membros para a despedida do Espaço das Américas, mas não de antes jogar mais palhetas ( aliás, ao fim de cada música ele atirava várias delas ) para os fãs e tirar aquela foto com a galera. Foi um baita show de abertura, que nos deixou já ainda mais eletrizados do que já estávamos e Gilby Clarke aproveitou seu tempo mostrar que após sua saída do Guns´n´Roses ( e antes também ) ele é um excelente músico e compôs ótimas canções.

Set list de Gilby Clarke

1 - Wasn't Yesterday Great
2 - Under the Gun
3 - Motorcycle Cowboys
4 - Black
5 - It's Only Rock 'n' Roll (But I Like It)
6 - Monkey Chow
7 - Cure Me ... Or Kill Me ...
8 - Knockin' on Heaven's Door
9 - Wild Horses
10 - Dead Flowers
11 - Tijuana Jail

Slash Featuring Myles Kennedy And The Conspirators

    Terminado o show de Gilby Clarke, a ansiedade para assistir o Slash só aumentava e como tem sido um costume em shows realizados pela Free Pass Entertainment, a troca de palco foi até que curta e às 21:30 ( horário programado ), eis que o Slash Featuring. Myles Kennedy And The Conspirators ( a saber: Todd Kerns no baixo, vocal de apoio e Brent Fitz na bateria e Frank Sidoris na guitarra ) sobe no palco para prosseguir com a noitada Hard Rock.

    E ao contrário do que acontece em muitos shows, durante uma introdução mais circense, Slash entrou discretamente no palco portando sua linda guitarra Gibson Les Paul Standard 1959 dourada, a indefectível cartola, óculos e calças escuras e a mesma camisa preta, que utilizara na sua participação no show de abertura. Já Todd Kerns e Frank Sidoris vieram com um visual de jaquetas de couro e roupas pretas, numa linha mais Glam, especialmente o baixista Todd Kerns. O excelente frontman Myles Kennedy foi o último a subir no palco trajando uma jaqueta de couro marrom e uma camiseta branca e deu início ao show com a You're a Lie do último disco de estúdio, o Apocalyptic Love de 2012, que esquentou a ansiosa plateia, que participou intensamente com o vocalista cantando o refrão e pode sentir os primeiros longos solos de guitarra de Slash.

    Mas, a festa Hard Rock pega fogo mesmo quando eles sacaram um dos clássicos do Guns´n´Roses, com a Nightrain ( do Appetite For Desctruction de 1987 ), que balançou mesmo o Espaço das Américas e contou com um coral de milhares de vozes. O guitarrista, por sua vez, já começou a mostrar porque ele é um dos últimos Guitar Heros em atividade do Rock que temos com as notas de sua Gibson. E Slash até que se movimentou um pouco, saindo do seu tradicional lado direito do palco ( de quem olha da plateia ) e indo ao esquerdo e em outras vezes parando à frente para dividir as atenções com Myles Kennedy. Os outros, leiam-se Frank Sidoris e Todd Kerns também se mexiam, mas este último, era quem não parava quieto.

    Sem pausar, com um começo matador pelos solos de guitarra tivemos a primeira do novo disco World On Fire com a Avalon, e pela euforia que a música causou deu para ver que os fãs curtiram bastante as novas criações de Slash, que nesta execução ao vivo recebeu muitos solos de guitarras e conteve trechos que pudemos acompanhar nas palmas. Com Myles Kennedy nos saudando e enviando um "E aí galera?" hora de tocarem a emblemática Ghost, do primeiro álbum solo de Slash de 2010, e por se tratar de uma música mais conhecida, o pessoal curtiu muito e o guitarrista não  deixou por menos, nos enviando solos que mostram como é gostoso ver/ouvir um cara como ele.

    Muitos gritam o nome do vocalista, que inicia a ótima Back From Cali, que possui um andamento mais calmo, mas que vai ganhando uma calibrada energia, que fez todos aplaudirem, cantarem com ele e se deliciarem quando Slash solou sua Gibson Les Paul com toda aquele estilo único que lhe concedeu a fama que possui.

    Com muitas palmas, hora de conferir outro Rockão do disco novo e Wicked Stone nos trouxe impressionantes solos de Slash com o vocalista Myles Kennedy novamente em outra grande atuação já sem sua blusa, afinal, frio estava lá fora, porque dentro do Espaço das Américas neste show estava 'pra lá de quente' e o baixista Todd Kerns sempre provocava a plateia para que agitasse mais, como se fosse necessário não é? Porque estar exposto a essa 'rifflerama' excelente do Slash, não tinha como não agitar, e o cara fez questão de solar muito nesta música.

    Com carisma, o vocalista exalta que é muito bom estar por aqui novamente e ainda no World Of Fire, hora de executarem uma balada, a Shadow Life, que recebe seus aumentos de peso e Rock´n´Roll no seu decorrer garantindo assim uma vibração muito grande da plateia. Entretanto, eles queriam mesmo incendiar a todos e fizeram isso com a You Could Be Mine, sucesso do Guns´n´Roses que foi trilha do filme O Exterminador do Futuro II, que foi cantada com muita firmeza pelos fãs presentes. E tanto Slash quanto Myles Kennedy mostraram uma sincronia perfeita, pois, "o homem da cartola" veio mais ao centro do palco para realizar aquelas interações com o vocalista que aumentam o frisson do show. Surpreendentemente, o guitarrista aplicou alguns solos com uma pegada mais de Blues a este som do Use Your Illusion II, diferenciando bastante da versão de estúdio, o que é muito bom de se assistir em um show.

    Em seguida, o vocalista Myles Kennedy nos agradece e vai tomar uma água ( ou descansar sua voz ) dando lugar a Todd Kerns para cantar a Doctor Alibi - do primeiro cd solo de Slash, onde temos nesta música nada menos que Lemmy Kilmister nos vocais - com toda agressividade quase Punk que a música necessita e o baixista é possuidor do carisma necessário para sustentar a plateia nas mãos. Entretanto, eles provocam um verdadeiro estouro instantes depois com as primeiras notas de guitarras denunciando a seguinte, que foi a clássica da era Guns´n´Roses, a explosiva música que abre o disco Appetite For Destruction... a Welcome To The Jungle, que também foi vocalizada pelo baixista com muita destreza ( se ele resolver montar uma banda e tornar-se o vocalista dela, olha... talento e presença de palco ele tem de sobra ).

    E como não poderia deixar de ser, Slash nos brindou com os excelentes solos de guitarra, que recuaram nossa mente para os anos 80 quando esta música foi composta. Este momento só não caracterizou o melhor da noite, pois, uma surpresa estava guardada para mais adiante no set e que contarei mais abaixo.

    Slash anuncia o nome do baixista para que Todd Kerns recebesse os aplausos da plateia e então, para o retorno de Myles Kennedy ao palco, hora de acalmar um pouco com a linda balada Starlight, outra excelente canção do primeiro álbum de Slash, que passou uma forte dosagem de emoção a cada um de nós e o vocalista a cantou com um primor único e muita entrega, e isso, provocou uma reação intensa nos fãs, tanto que quem sabia sua letra a cantou com ele. Em suma, este momento é para se abraçar a namorada e relembrar do show por muito tempo.

    Continuando o show, eles executam o Rock´n´Roll The Dissident do World On Fire, que vai conquistando pelo seu ritmo animado e que ao chegar no seu refrão, especificamente nos trechos dos "ôôôôôôô..." todos cantam com Myles Kennedy e viajam nos solos de guitarra de Slash, que foi deixando ela ( a sua Gibson ) ir caminhando mais longe. Sem parar com a adrenalina, que está cada vez mais alta, eles emendam outra do novo cd, agora com a Beneath The Savage Sun, cuja pegada mais pesada também caiu muito bem no set e provou ser do agrado dos fãs, seja na atuação do vocalista ou nos solos cativantes de Slash.

A magia do Rock

    Com o baixista Todd Kerns trazendo um ritmo mais dançante sendo acompanhado de perto pelo baterista Brent Fitz, que nos levaram para a festiva Rocket Queen foi encantando a todos, e este outro grande Hard Rock do Guns´n´Roses, que fecha o álbum Appetite For Destruction contou com a surpresa que mencionei antes: Slash vem ao centro do palco e começa a aplicar um solo de guitarra onde deixou claro que não é necessário tocar 'muitas notas por minuto' para demonstrar a capacidade que um Guitar Hero como ele detém ao levar sua Gibson Les Paul à linhas que os apreciadores de guitarras, quem sabe o que é um Blues, um Rock´n´Roll de verdade, sabe como isto diferencia um show dos demais. E como faz bem em ver todo aquele sentimento sendo direcionado a cada um de nós da forma que estava sendo realizado.

    Por mais que muitos possam criticar, são em solos assim que você sente a crescente energia que uma guitarra bem solada de forma praticamente interminável passa... cabendo aos The Conspirators manter o ritmo para que ele desfilasse toda a sua imensa habilidade. E foi sensacional como Slash foi aumentando cada instante o esplendor dos solos, seja utilizando a técnica do 'volume-delay' ( entre outras ), seja segurando uma nota para que ela soasse mais alta, seja se aproximando perto dos Marshalls ( amplificadores ) para solar em cima da microfonia... eletrificando ainda mais o momento ( tal qual Jimi Hendrix ensinou ), enfim, marcando mesmo esta apresentação no Espaço das Américas de forma brilhante.

     Este tipo de improviso elevou a categoria do show à um dos melhores do ano, visto que nomes como Ritchie Blackmore, Tony Iommi, Angus Young, Eddie Van Halen costumavam aplicar solos deste nível em seus shows e os deixá-los inesquecíveis. E quando Myles Kennedy retornou para cantar os versos finais de Rocket Queen com uma pegada para fazer inveja a Axl Rose... é até redundante dizer que a plateia estava totalmente enfeitiçada pelo poder de Slash e sua Gibson. Isso é Rock´n´Roll meus amigos(as) e recomendo você procurar um vídeo no Youtube desta música para ter uma ideia do que estou escrevendo nestas linhas.

Presente de aniversário

    Ao ler que era aniversário de uma fã na plateia, que provavelmente estava com um cartaz enorme, Myles Kennedy dedicou a próxima música à ela, cujo nome era Jessica, com direito à um Happy Birthday To You. E depois do estrondoso momento anterior tínhamos que dar uma respirada e nada melhor que o Blues Rock da balada Bent To Fly presente no World On Fire, que fizeram os fãs saírem cantado seu refrão durante sua execução, que contou com um pulo de Slash para nosso delírio ( é... a eletricidade era tanto no palco quanto na plateia ).

    Falando nisto, a canção título do novo trabalho, a World On Fire passou uma força muito grande, seja por seu andamento mais rápido, pela forma que Myles Kennedy a cantou ou por seus 'infeccionantes' riffs de guitarras, com direito a uma levada mais Blues próximo ao seu final, que garantiu outra rodada de aplausos e 'heys', além de um prolongamento feito por Myles Kennedy nos provocando para gritar vários níveis de "ôôôôôô" com ele naquela tradicional divisão de 'lado direito e lado esquerdo'.

    Naqueles instantes que antecedem a próxima música e 'você quer mais' vemos Slash pegar sua guitarra Guild verde de dois braços para traçar os dedilhados iniciais mais acústicos e posteriormente os riffs mais 'nervosos' de Anastasia, que por se tratar de uma composição do Apocalyptic Love estava na ponta da língua dos fãs... que a cantaram com muito ardor junto a Myles Kennedy. E mais uma vez temos um prolongamento para que Slash nos concedesse solos na parte acústica e elétrica de seu instrumento, que nos deixaram ligados em cada nota extraída por ele.

    Como Slash e seus The Conspirators estão caminhando para um dia atingir um ponto onde estão nomes como Deep Purple, Led Zeppelin, Lynyrd Skynyrd, Aerosmith ( só para citar alguns ), que adoram alongar suas músicas ao vivo enaltecendo a importância que um solo de guitarra possui e levando quem o assiste a soltar sua mente para uma viagem puramente Rock como se deve fazer.

    Se isto não fosse suficiente, sem avisar, sem fazer firulas, apenas com as distorções finais dos improvisos de Anastasia, ele já emenda este momento com mais outro clássico do Guns´n´Roses com o hino Sweet Child O' Mine ( outra do Appetite For Destruction ), que é reconhecida em suas primeiras inesquecíveis notas e obviamente levando todos os presentes à um verdadeiro êxtase por assistir Slash comandando seus solos mais uma vez, e enfatizo: como faz bem ver ele solar sua guitarra com todo aquele brilho que conquistou gerações no passado. E cabe aqui um outro elogio: Myles Kennedy canta as músicas dos tempos do Guns´n´Roses com uma personalidade e carisma que não deixam saudades dos vocais de Axl Rose.

    Notadamente contente pela recepção do público paulista, Slash vai ao microfone e vai apresentando os seus Conspirators, primeiro o guitarrista Frank Sidoris, depois o baterista Brent Fitz e em seguida o incontido baixista Todd Kerns, que recebem seus aplausos, mas quando o este último apresenta o Slash, aí a galera ovaciona mesmo sem dó e ele nos agradece com um "Obrigado San Paulo".

    Essas apresentações rolaram num ritmo que foi conduzido este momento com riffs calcados no "volume-delay", que chegaram à um ritmo impressionante e cheio de encantamentos até que a banda começasse a Slither, a única dos tempos do Velvet Revolter no set garantindo a alegria de quem sentia saudades do supergrupo ao lado de Scott Weiland, Duff Mckagan, Dave Kushner e Matt Sorum. Slither finaliza a primeira parte do show com direito a Slash deixar sua guitarra emitindo ruídos ( quando fica 'travada' em uma nota ) enquanto todos se despediam dos fãs no Espaço das Américas com "Obrigado", braços ao alto e palhetas jogadas. 

    O pessoal intercalou gritos de "Slash... Slash..." com "Paradise City... Paradise City..." e quando o guitarrista retornou ao palco dizendo que chamaria um convidado para a última música o frenesi foi extraordinário, e então, a arrebatadora Paradise City do Appetite For Destruction contou com os dois guitarristas relembrando de suas execuções na turnê dos álbuns Use Your Illusion I e II. Vale dizer que se um grande guitarrista tocando esta música já seria formidável, imagine dois... é algo que o público paulista não se esquecerá. Aliás, fiquei pensando também no que Myles Kennedy sentiu ao estar do lado de duas lendas dos anos 80/90 em plena forma como estão. Para coroar o show, quando as guitarras tomam conta de vez da música, antes de seus versos finais, tivemos uma chuva de papéis picados, que sempre trazem mais alegria à um espetáculo.

Déjà Vu

    Curiosamente, assim como na última vez que assisti um show do Slash ( o meu primeiro em 2012, confira resenha ), no ano anterior havia assistido o Guns´n´Roses, e embora em 2014 Axl Rose e sua trupe tenha realizado um excelente show ( saiba como foi ), mais uma vez Slash, Myles Kennedy e seus Conspirators foram melhores e porque afirmo isso: pelo fato que a sincronia, o feeling, a interatividade da dupla Slash e Myles Kennedy é imenso, porque a forma que ele toca sua guitarra totalmente fincada no que de melhor aconteceu nos anos 70 e pelo fato de ter trazido Gilby Clarke para abrir e fechar seu show em São Paulo. Em suma... Slash Rules Again....

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Cortesia de Bruno Bergamini ( A Ilha do Metal ),
Camila Cara ( 89 Fm ) e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Heloísa Vidal, à Suelen Rodrigues
 e a Free Pass Entretenimento pela atenção e credenciamento
Abril/2015

Set List de Slash feat. Myles Kennedy And The Conspirators

1 - You're A Lie
2 - Nightrain
3 - Avalon
4 - Ghost
5 - Back From Cali
6 - Wicked Stone
7 - Shadow Life
8 - You Could Be Mine
9 - Doctor Alibi
10 - Welcome To The Jungle
11 - Starlight
12 - The Dissident
13 - Beneath The Savage Sun
14 - Rocket Queen
15 - Bent to Fly
16 - World On Fire
17 - Anastasia
18 - Sweet Child O' Mine
19 - Slither
Encore:
20 - Paradise City

 Clique aqui e confira uma galeria com 40 fotos do show
do Slash Ft. Myles Kennedy And The Conspirators
e de Gilby Clarke

no Espaço das Américas em São Paulo/SP

 

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