Guns´n´Roses - South American Tour 2014
Abertura: Plebe Rude e Doctor Pheabes
Sábado, 28 de março de 2014
na Arena Anhembi em São Paulo/SP
   

    Depois de quatro anos, Guns´n´Roses retornou ao Brasil para uma longa tour com nove datas, por várias capitais nacionais e o Rock On Stage acompanhou a passagem por São Paulo no show realizado no Arena Anhembi. E assim como o Metallica na semana anterior ( confira matéria ), o Guns´n´Roses não está divulgando nenhum novo cd, pois o Chinese Democracy é de 2008, porém, mesmo assim é certeza de um grande show e um excelente público para assistir a banda.

    Os críticos dizem que Guns´n´Roses só com o Axl Rose da formação clássica não é a mesma coisa, que a falta de nomes como Slash, Izzy Stradlin, Duff McKagan, Steven Adler, etc... descaracterizam a banda, mas, o que tem que se entender é que o este Guns´n´Roses com estes caras não existe mais e o que atual é uma banda muito boa ao vivo, diga-se de passagem e com condições de manter o legado vivo com qualidade.

    Confesso que meu maior temor era quanto de tempo que Axl Rose ia atrasar para subir no palco e não quais músicos estariam substituindo os membros mais famosos da banda, ainda mais com duas bandas de abertura, conforme foi comunicado pela produção, e falando nisso, vou aprofundar nos shows delas a partir de agora.

Doctor Pheabes

    O Doctor Pheabes é uma banda paulistana, que recentemente lançou seu primeiro cd, o Seventy Dogs ( leia resenha ) e além de abrir o show do Guns´n´Roses no Rio de Janeiro/RJ, também já teve a honra de abrir o segundo dia do festival Monsters Of Rock em 2013 ( confira matéria ) junto a nomes como Whitesnake e Aerosmith, entre outros, ou seja, a trupe formada por Fernando Parrillo ( guitarra solo ), Eduardo Parrillo ( vocal ), Fábio Ressio ( baixo ) e Paulo Rogério Ressio ( bateria ) está com uma bela "moral" no cenário.

    Não que eles não possuam qualidade, muito pelo contrário, mas aberturas para nomes como os que eles contam no currículo podem ajudar e muito no crescimento da banda.

  E o Doctor Pheabes foi ao palco por volta das 19:50 para uma Arena Anhembi ainda bastante longe de sua lotação, mas com muita disposição para realizar seu show e com uma importante mudança: Eduardo Parrillo agora só nos vocais e deixando sua guitarra de lado, o que foi um ponto importante para a banda, pois ele conseguiu agitar mais que antes e mostrar mais de seu carisma.

     Seventy Dogs abriu o set do quarteto com um som muito bem regulado, fato que chamou a atenção logo de cara, ainda mais se lembrarmos da equalização ruim do Raven na abertura para o Metallica uma semana antes. E a galera presente recebeu bem os toques de baixo e guitarra mais sujos da música, que na parte de seu 'miolo', o vocalista soltou o "Boa Noite São Paulo, esta é a banda Doctor Pheabes".

    Em seguida, tivemos o Rock´n´Roll 'largadão' de Let Me Doll e vocalista clama as palmas dos fãs, que correspondem mostrando que estavam aprovando a banda e gostaram dos longos solos de Fernando Parrillo na sua guitarra. Vale dizer ainda que a função de somente vocalista facilitou para que Eduardo Parrillo pudesse se movimentar mais e garantir uma interação maior da relação banda-público, conforme pude notar quando ele anunciou a terceira da noite, que era sobre uma amiga professora do sexo e amiga da banda, desta forma a distorcida Suzy foi exibida com um baita solo de guitarra de Fernando Parrillo.

    Prosseguindo o show executaram a forte candidata a hit: Where Do You Come From nos contando uma curiosidade, que esta música é sobre quando ele perdeu uma ex-namorada e brincou ao dizer que isto não é um problema, pois ele tem mais oito... ( tá bem Eduardo, sabemos que é verdade.... ), bem e então pudemos curtir o Blueszão pesado desta composição executado com muito vigor pela banda, com solos de guitarra, bateria, baixo, todos muito bem sincronizados para eles nos entregarem uma verdadeira sonzeira.

    Então o vocalista anuncia que tocarão um cover e a versão pesada de Cocaine, sucesso de Eric Clapton garantiu mais palmas à banda. Nos prolongamentos Eduardo Parrillo apresentou com muito bom humor seus colegas de banda e deu aquela inflamada na galera ao suscitar a rivalidade Rio-São Paulo dizendo que somos melhores que os fãs do Rio.

    Aproveitando cada minuto do seu set tivemos mais Blues com a balada Sound, outra composição própria que teve Eduardo Parrillo no piano e Fernando Parrillo no violão passando um 'feeling' muito grande, tanto que afirmo: eles capricharam na versão. Na seguinte, ele anunciou que é sobre as mulheres de TPM e com um ritmo setentista mais rápido Godzilla toma conta da Arenha Anhembi.

    Então, o vocalista avisa para quem gostou... que o cd está disponível no site da e que eles enviarão um para quem entrar no Facebook da banda no que deveria ser o final do show, mas eles ganharam mais um tempo da produção e fizeram um replay de Seventy Dogs, que saiu melhor ainda que sua primeira execução. Mais um ótimo show do Doctor Pheabes que ganhou muitos aplausos e que conquistou novos fãs para a banda.

 

Set List do Doctor Pheabes

1 - Seventy Dogs
2 - Let me Down
3 - Suzy
4 - Where do You Came From
5 - Cocaine (Eric Clapton cover)
6 - Sound
7 - Godzilla
8 - Seventy Dogs

Plebe Rude

    A segunda atração de abertura da noite foi o Plebe Rude, que foi escolhida pela produção do Guns´n´Roses após ter sido anunciado que seria o Sioux 66, e particularmente foi uma excelente substituição. Às 21:15, Philippe Seabra ( guitarra e voz ), Clemente ( guitarra e voz ), André X ( baixo e vocais ) e Marcelo Capucci ( bateria ) foram ao palco com os acordes de Códigos do cd Nunca Fomos Tão Brasileiros de 1987.

    Muitos estranharam o som Punk dos caras, mas com muito carisma, atitude, técnica e presença de palco eles firmaram sua marca ao longo do show, inclusive ganhando até os que estavam gritando Guns´n´Roses toda hora.

    Sem falar com a galera tocam a crítica Censura, outra do cd Nunca Fomos Tão Brasileiros com muitos solos de guitarras da dupla Phillipe Seabre e Clemente, que também se alternaram nos vocais muito bem. Depois, Clemente solta um "Boa Noite São Paulo, somos a Plebe Rude diretamente de Brasília..." e continuam com a pesada Minha Renda ( do O Concreto Já Rachou ), que termina em um Punk mais nervoso.

    Com a voz do Chacrinha ecoando no fundo eles executam a rápida Minha Renda com uma atuação de muita fibra de Clemente. Antes de tocar a próxima Philippe Seabra fala que eles não tem nada a ver com Hard e Metal, mas que é um puta prazer estar neste palco e então soltam as linhas Este Ano, que foi muito bem vocalizada por ele e teve muitos riffs de guitarras.

    Nos repiques do baterista Marcelo Capucci com direito a uma ligação que passou por linhas de U2 especialmente pelo "Uno, Dois, três, catorze" pronunciados ironicamente por Philippe Seabra ouvimos a Luzes. Depois dessa ele apresenta a banda e conta que na primeira vez que o Plebe Rude veio para São Paulo foi o Clemente que recepcionou eles na rodoviária e que ele foi o primeiro Punk que ele conheceu na capital.

    Comenta também da importância do Redson do Cólera e para homenagear o falecido músico que devíamos fazer um minuto de silêncio. Mas, enfatiza que Redson era Punk e que ele tem não gosta de silêncio e sim de barulho, então aceleram com a Medo. No violão Philippe Seabra canta com muito feeling a A Ida  ( do Nunca Fomos Tão Brasileiros ) sozinho  e depois Clemente e os demais integrantes aplicam o peso em Brasília garantindo que muitos agitassem com a banda.

    Quando alguns fãs começaram a gritar "Guns´n´Roses", eles anunciaram que tocariam um cover que curtem muito e ganham os estes e todos os demais com Should I Stay Or Should I Go do The Clash e continuam com Johnny Vai A Guerra ( Outra Vez ) do álbum O Concreto Já Rachou em uma garra muito grande.

    De certa forma irritado com o sossego dos fãs Clemente fala que tem 50 anos, toca há 35 e que temos que prestigiar o Rock Nacional e com agressividade tocam um medley que teve Proteção ( O Concreto Já Rachou ), a Pátria Amada dos Inocentes e passa no trecho mais violento de Faroeste Caboclo do Legião Urbana, que conquistou o público presente mostrando que banda experiente de mais de trinta anos de atividades encara uma plateia que não é Punk e a ganha.

    Para fechar o show e deixar a marca na galera tivemos o hit Até Quando Esperar do disco O Concreto Já Rachou, que por ser muito conhecida fez todos cantarem com a banda e muito bacana foi ver Philippe Seabra dizer que a música foi composta em 1983 e é atual até hoje.... ( porque será não é? ... o Brasil está cada vez melhor!!! ). Não tenho nada contra o Sioux 66, e os defensores do Hard Rock dirão que preferiam o Sioux 66, mas a verdade é que o Plebe Rude cravou um show intenso do começo ao fim de sua uma hora de apresentação, foi um Punk Rock direto como deve ser e em um som novamente muito bem equalizado.

Set List do Plebe Rude

1 - Códigos

2 - Censura
3 - Minha Renda
4 - Este Ano
5 - Luzes
6 - Medo
7 - A Ida
8 - Brasília
9 - Johnny vai a Guerra (Outra Vez)
10 - Should I Stay or Should I Go
11 - Proteção / Pátria Amada / Faroeste Caboclo
12 - Até Quando Esperar

 

Guns´n´Roses

    Como disse, um dos maiores temores de todos quando se trata de Guns´n´Roses é quanto ao tempo que Axl Rose irá atrasar para subir no palco, e embora não tenha demorado tanto quanto em 2010 ( confira matéria ), é bem verdade que ele não foi pontual e o show somente começou às 23:30, e salvo algum ajuste no som ou nos efeitos especiais, poderia ter começado mais cedo.

    Após a introdução de Far From Any Road do The Handsome Family, tema do seriado True Detective, eis que Axl Rose nos vocais e piano, Dizzy Reed nos teclados e percussão, Tommy Stinson no baixo, Chris Pitman nos teclados, Frank Ferrer na bateria e a trinca de guitarristas composta por Richard Fortus, Ron "Bumblefoot" Thal e DJ Ashba entram no palco para iniciarem o show com Chinese Democracy - título do último cd de estúdio - com riffs pesados de guitarras, que ficaram ainda melhores ao vivo.

    Alguns breves estouros da parte pirotécnica trouxeram o vocalista cantando em uma boa voz intensificando a alegria dos fãs. Embora seja uma boa música e com uma boa pegada, o show pega fogo mesmo quando a segunda foi tocada, pois se tratava de Welcome To The Jungle ( do Appetite For Destruction de 1987 ), um dos maiores clássicos do Guns´n´Roses, afinal ouvir "Where You Are... You´re The Jungle Baby" pronunciado por um empolgado Axl Rose e executado pela sua atual, e porque não dizer brilhante banda, é motivo para a vigorosa agitação que tivemos na Arena Anhembi.

    Axl se movimentou pelo palco de um lado para outro o tempo todo, mas sem correr, e seus guitarristas tocaram os riffs com muita habilidade e um Hard Rock clássico desses sempre faz bem a qualquer um. Com a plateia nas mãos foi a vez de outra deste disco ser tocada e a It´s So Easy manteve a adrenalina do show, e nesta hora percebi uma coisa, Axl trocou de chapéu várias vezes.

    Essa nova trupe que forma o Guns´n´Roses hoje está junta há bastante tempo e deveras afiada, então, realizar um show tocando mais clássicos que não foram gravados por eles não é um problema e foi o que fizeram com o 'Rockão' de Mr. Brownstone ( também do Appetite For Destruction ), que entrou direta, sem pausa para respirar fazendo todo mundo dançar ao seu ritmo pesado e 'swingado'. É desta vez Axl não falou com a galera quase que em nenhum momento, o marrento vocalista nos enviou quantidades cavalares de Rock´n´Roll, que ótimo.

    E após três clássicos, o Guns´n´Roses executou a música que mais aprecio em toda sua carreira: Estranged ( do Use Your Illusion II de 1991 ) e aí a emoção contagiou de vez todos, até quem por ventura não estivesse totalmente ligado no show, afinal, a banda nos entregou uma versão com muito 'feeling' a cada nota, riff, acorde, solo, toque de piano ou bateria, verso, enfim... E a reação foi a mais estrondosa possível. Sonzeira de primeira!!!

A primeira conversa

    Depois de enviar esta sensacional canção, onde sua voz está até que muito boa para os seus 52 anos, Axl Rose finalmente conversou ( e pouco só ) com a plateia e prossegue o show com Better ( do Chinese Democracy ), que mesmo tendo riffs distorcidos, vocais agudos e sendo bem tocada não chegou a empolgar tanto, mas tudo bem... isso ficou para a próxima, que foi a detonadora Rocket Queen ( outra do do Appetite For Destruction ), e vale uma curiosidade, a banda deu uma bela improvisada antes de entrar no ritmo da composição, tempo suficiente para o vocalista dar uma 'corridinha' no backstage, trocar seu chapéu tomar uma água ( ou uísque... ) e voltar com toda a sua garra para provocar aquele frissom na multidão de fãs da Arena Anhembi ( algo em torno de 22.000 ), que respondeu aplaudindo bastante.

    Enquanto Axl Rose descansava um pouco, Richard Fortus realizou o primeiro solo individual da noite e com uma guitarra preta, ele realizou um solo um pouco acelerado, que foi acompanhado pelo baixista Tommy Stinson, pelo tecladista Chris Pitman e o baterista Frank Ferrer, no melhor 'estilo Steve Vai de ser', porém com uma guinada para o Blues que denotou a capacidade dele em improvisar.

    No retorno de Axl foi a hora de Live and Let Die, um dos muitos clássicos compostos por Paul McCartney e regravado pelo Guns´n´Roses no Use Your Illusion I, que sempre figurou nos sets ao vivo da banda, e este Rock´n´Roll cheio de gritos longos e agudos do vocalista inflamaram significativamente os fãs. Também... tinha como ficar parado ao ver as explosões de fogos e ótimos solos que tínhamos no palco?

    Com a galera gritando fortemente o nome da banda, Axl Rose parecia que ia falar com os fãs, mas, com outra jaqueta e chapéu tivemos a balada This I Love e ele até aplicou vários agudos que emocionaram bastante, ainda mais quando DJ Ashba efetuou os virtuosos solos de guitarras no 'elevado' que existia no palco. Acredito que ele forçou tanto a voz nesta que o próximo descanso foi até um pouco mais longo, mas a composição é uma das melhores do álbum Chinese Democracy, então esforço foi válido.

    Em uma nova pausa, Axl apresenta Tommy Stinson e este dá início ao seu solo, com um baixo verde, que foi ligado ao Punk Rock de Holidays In The Sun. O baixista não só tocou... como também cantou este cover do Sex Pistols, que até que foi bem recebido pela galera, mas não como os clássicos do Guns´n´Roses. Aliás, isso deixou claro um fato: para quem estranhou uma banda Punk na abertura, está aí a resposta. E e outro solo se iniciou, agora o momento de Dizzy Reed deixar claro porque ele continuou na banda desde os anos 90 com um belo solo de piano, que trouxe agradáveis melodias a todos nós.

    Axl Rose volta cantando mais uma das composições do Chinese Democracy com Catcher In The Rye, que é mais lenta e um tanto romântica, que serviu de preparação para os estampidos da canção seguinte, que teve suas primeiras notas com solos distorcidos dos guitarristas Richard Fortus, DJ Ashba ( sempre com suas Gibson Les Paul ) denunciando qual seria a próxima da noite: You Could Be Mine, que como já era de se esperar foi executada com a devida precisão pela banda e vocalizada com muita vibração por Axl Rose, que estava mesmo com o espírito Hard Rock neste show, pois ele se mexia como o grande frontman que ainda é.

    Quem se destacou na hora dos solos desta música foi Ron "Bumblefoot" Thal, que assim como fez em  muitas vezes, solou com uma guitarra de dois braços e durante o solo alguém jogou uma bandeira, muito simpático, ele a pega e se enrola nela.

Axl Rose não é o centro das atenções

    Hora de mais um solo individual, e aí cabe um comentário: lógico que todos esses momentos solos são para Axl Rose descansar, mas ele prova que não deseja ser o centro das atenções do Guns´n´Roses, por mais que os fãs queiram que seja assim, o vocalista deixa claro que todos os integrantes tem importância igual na banda, ao menos ao vivo.

    Então, DJ Ashba realiza o seu solo intitulado La Bella Vita com trechos mais calmos, que tornam-se longos solos, no final ele se posiciona no ponto mais elevado com uma Gibson Les Paul e faz um trejeito que cheguei a dizer: "desse jeito e nesta posição como está, ele vai tocar Sweet Child O' Mine".

    Dito e feito, aquele riff criado pelo Guns´n´Roses ( leia-se Slash ) em 1987 para o disco Appetite For Destruction foi reproduzido mais uma vez para delírio da Arenha Anhembi, que participou freneticamente e o Axl até que não se esforçou tanto para cantar os versos, entretanto, foi necessária uma nova pausa para ele se recompor, é o tempo passa para todos... até para alguns ( anti ) heróis.

    Bem, creio que essa pausa tornou-se sorte nossa, pois a banda emendou uma sequencia instrumental que conteve linhas de Babe, I´m Gonna Leave You em uma atuação reluzente dos guitarristas Richard Fortus e Ron "Bumblefoot" Thal, e confesso que nesta hora eu viajei e me relembrei demais do Led Zeppelin. Neste meio tempo, um piano foi colocado no palco e Axl - sem falar com os fãs novamente - vai até ele e as notas tiradas de lá nos apontaram qual seria a próxima... e para a catarse coletiva... era simplesmente a longa balada November Rain ( do Use Your Illusion I e uma das mais bonitas composições do Guns´n´Roses ).

    É até renitente dizer que todos cantaram com a banda felizes da vida, mas foi exatamente isso que aconteceu. Bacana também foi ouvir Axl perguntar antes da parte final da música "enough?" ( cansados? ) e com o sonoro "nooooo" dos fãs, eles terminaram November Rain e a transformaram em um momento belíssimo do show, aliás, além dos solos de guitarras, os efeitos visuais de iluminação, fogos e nos telões foram sensacionais. 

Grande surpresa para os brasileiros

    E chega a hora do solo do melhor da atual trinca de guitarristas do Guns´n´Roses, com Ron 'Bumblefoot' Thal à bordo de sua Gibson de dois braços, que conteve duas grandes surpresas, a primeira ele cantando o Rock´n´Roll rápido Abnormal e a segunda, uma das maiores da noite com os toques do 'Tema da Vitória' de Ayrton Senna, e como fã incondicional da Fórmula 1 e do piloto que sou, confesso que fiquei arrepiado e ao mesmo tempo muito feliz, sentimento que foi compartilhado pela maioria da galera, que até demorou um pouquinho para perceber à qual melodia pertencia este hino, mas depois aplaudiu bastante. Aliás, uma excelente homenagem, já que neste ano completou 20 anos sem o nosso herói das pistas de corrida.

    Sabiamente, ele ligou esta melodia à balada Don´t Cry  ( do Use Your Illusion I ) com os fãs cantando os versos antes mesmo de Axl Rose estar no palco e o vocalista a fez essa quase que à capela, exceção feita ao seu final, quando as guitarras dominam como era de se esperar.

    Na próxima era a hora de um clássico criado por Bob Dylan que fez muito sucesso na versão do Guns´n´Roses nos anos 90: Knockin On Heaven´s Door, que teve uma versão bastante longa, com muitos e bem feitos solos de guitarras, linhas de Blues ( como deveriam ) e até de Reggae com um Axl Rose que evidenciou que ainda consegue tirar muitos agudos de sua voz. Nesta hora ele faz um sinal de 'tchau' para os fãs de forma mais descontraída.

    Mas não dá outra, a galera quer mais Rock´n´Roll e pede Civil War e com o vocalista fazendo seus assovios, a impactante canção do Use Your Illusion II foi tocada com todo seu clima Hard Rock um tanto beligerante para imensa empolgação dos fãs. E uma coisa tenho que mencionar como o uso do piano por parte de Dizzy Reed e Chris Pitman fazem diferença no resultado da música, ainda mais ao vivo.

     Enquanto Axl Rose se restabelece, afinal, duas músicas clássicas das antigas que exigiram muito do vocalista foram tocadas, a banda realiza outra Jam com ênfase no baixo de baixo de Tommy Stinson e na bateria de Frank Ferrer, que produziram um Rock´n´Roll dos bons que se ligaram a energizante Nigthtrain ( do excelente Appetite For Destruction ), que assim que o vocalista voltou, a cantou firme se mexendo bastante pelo palco em um show praticamente incansável. E esta marcou o final da primeira parte com apenas um "Thank You" dito por Axl Rose, bem, se ele economizou nas palavras, torrou tudo na qualidade das músicas.

Mais emoções e acústicas

    E o bis começou acústico, apenas com Richard Fortus e Ron "Bumblefoot" Thal nos violões tirando os acordes de You Can´t Always Get What You Want, em um momento mágico, que marcou uma bela homenagem aos Rolling Stones ( lembrando que na tour de 1990 dos ingleses pela America, quem abriu foi o Guns´n´Roses, então esta célebre versão não foi assim tão por acaso ), e isso antecedeu outro momento emocionante, pois Axl entra sem cerimônias assoviando aquela música que todo mundo que gosta de Rock já deve ter assoviado em sua vida: Patience ( do Lies de 1988 ) exibida de forma introspectiva até que DJ Ashba entra solando sua guitarra com destreza, essa foi para cantar junto com a banda, sem discussões.

    Antes do fim, uma música que adorei por ter sido tocada: The Seeker, um cover do The Who, que transformou a Arena Anhembi em uma grande casa de Rock´n´Roll, com um Axl Rose cantando com um vigor muito grande, ignorando sua idade ou o longo tempo de show, mas multiplicando a nosso contentamento, afinal, não é comum ouvir um cover de um nome importante como o The Who.

    Depois de praticamente duas horas e meia este fabuloso show do Guns´n´Roses chega ao seu final com mais uma Jam da banda, desta vez voltada mais para linhas de Blues até que suas notas encontrem ao hino do Appetite For Destruction com a Paradise City com muitas palmas dos fãs em uma felicidade incontida, que termina de forma esmagadora com uma grande chuva de papéis picados durante os solos de guitarras.

    Entrega, dedicação, marra, efeitos visuais de primeira, fogos, som excelente, revival de clássicos importantes dos anos 80 e 90, enfim, o Guns´n´Roses do século 21 ainda tem muita força para gastar, enfim, possui todos os ingredientes para um espetáculo que agrada os eternos fãs e quem aprecia Rock´n´Roll e fez nesta apresentação em São Paulo um show muito melhor e inesquecível se comparado ao de 2010.

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Marcelo Rossi ( Midiorama ), Francisco Cepeda ( Agnews ), Camila Cara e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Denise Catto Joia e a
 Midiorama pela atenção e credenciamento
Abril/2014

 

Set List do Guns´n´Roses
1 - Intro
2 - Chinese Democracy
3 - Welcome To The Jungle
4 - It's So Easy
5 - Mr. Brownstone
6 - Estranged
7 - Better
8 - Rocket Queen
9 - Richard Fortus Solo
10 - Live And Let Die
11 - This I Love
12 - Tommy Stinson Solo "Holidays in the Sun" (Cover Sex Pistols)
13 - Dizzy Reed Piano Solo
14 - Catcher In The Rye
15 - You Could Be Mine
16 - Dj Ashba Solo "La Bella Vita"
17 - Sweet Child O' Mine
18 - Instrumental Jam
19 - November Rain
20 - Ron 'Bumblefoot' Thal Solo "Abnormal"
21 - Música Tema de Ayrton Senna
22 - Don't Cry
23 - Knockin' On Heaven's Door
24 - Civil War
25 - Instrumental Jam
26 - Nightrain

Bis:
27 - Instrumental Jam
28 - Patience
29 - The Seeker (Cover The Who)
30 - Instrumental Jam
31 - Paradise City

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