Pinhal Rock Music Festival - 3ª Edição
Com A.N.I.E., Mike Orlando e Gus Nascimento, Collapse NR, Bandog, Stoned Bulls, Forset, Rardecoque e Winchester Bullets
Arena Pinhal Society em Espírito Santo do Pinhal/SP
Sábado, 10 de dezembro de 2016

    Depois de três anos de sua última edição o Pinhal Rock Music Festival voltou a ser realizado no segundo sábado de dezembro de 2016 e o evento conseguiu um feito importante: a presença de um excelente guitarrista internacional, que é o caso do norte americano Mike Orlando, que esteve como convidado especial junto ao projeto A.N.I.E.. Além dele, tivemos várias bandas do Underground da região e algumas de Espírito Santo do Pinhal/SP, fatos que comprovam a minha teoria que o Rock´n´Roll está com um certo crescimento na cidade, porém, alguns detalhes na organização necessitam serem observados por quem se aventura nestes campos.

    O local escolhido para a realização dos shows foi a Arena Pinhal Society, que tem um espaço razoável para a realização de eventos e um pequeno palco, embora, os locais das edições anteriores fossem melhores e com uma estrutura melhor para acomodar o público e as bandas.

    Outro ponto a ser observado também para as futuras edições é relativo ao número de bandas, pois, sete é bastante elevado ( isto torna o evento cansativo ) e no cartaz constavam oito ( !!! ), sendo que uma - a Instrumetal - desistiu antecipadamente de se apresentar. Mas vamos aos detalhes dos shows realizados.   

Stoned Bulls

    Pouco depois do horário da abertura das portas e início dos shows uma forte chuva desabou em Espírito Santo do Pinhal/SP, fato que levou muitos a chegarem mais tarde nas dependências da Arena Pinhal Society, tanto que eu inclusive posterguei a minha chegada para depois.

    Entretanto, já haviam alguns poucos presentes no evento e eles já estavam de olho na apresentação da banda de São João da Boa Vista/SP Stoned Bulls, que aproveitou a oportunidade para divulgar o seu trabalho de estreia, o álbum Good For Shit. E o quarteto formado em 2014, que hoje conta em seu line up com os músicos Gabriel Bonilha nos vocais, Victor Pacheco na bateria, Eduardo Mourão no baixo e André Guimarães na guitarra soube mesclar em seu show músicas próprias com vários covers do Pantera, que naturalmente é disparada a maior influência dos são-joanenses.

    E assim, eles começaram o show com uma de suas composições, a Fault, para que logo em seguida duas do Pantera com a Domination e a Yesterday Don´t Mean Shit, que por serem mais conhecidas fizeram a galera agitar mais. O vocalista Gabriel Bonilha esteve com uma atuação que posso classificar como insana, pois, o cara cantou com fúria imensa e não parou quieto um segundo sequer, como foi o caso da própria Caipira Costa Quente, que é o novo e pesado single do Stoned Bulls, que recebeu bastante aplausos, além de uma efusiva energia dos presentes, que em seu término ganhou palmas e um aviso do vocalista: "isso é o orgulho da cena" ( se referindo a essa troca de energia entre a banda e o público ).

    A próxima foi a Sandblasted Skin também do Pantera, que fez muitos sacudirem os pescoços e pularem mais com autoral Minotaur, que deixou claro que o Stoned Bulls segue um direcionamento Groove Metal adequado ao que eles fazem nos vocais, solos de guitarra, baixo e bateria. E, como viram que o pessoal estava apreciando bastante as canções do Pantera dispararam uma sequencia matadora de sons dos norte-americanos, que teve a This Love, cujo começo que me lembra do jogo Doom, que foi seguida pela 'dinamite sonora' de The Great Southern Trendkill e no meio de sua execução todos param e  o vocalista Gabriel Bonilha pede silêncio com muita presença de palco, para depois quebrar tudo em seu final, que se liga na agressiva Revolution Is My Name, com até o vocalista entrando na roda.

    Antes de prosseguirem com mais Pantera, o carismático vocalista pergunta se queremos mais e com o baixista Eduardo Mourão realizando muitos 'slaps' vemos o Stoned Bulls enviar sua versão do clássico Cemetery Gates, atendendo aos pedidos dos fãs e logo depois, a cadenciada Cowboys From Hell, sucesso do Pantera, que contou com o vocalista empunhando uma guitarra e vários "hey... hey... hey..." entre algumas 'bangueadas'. Antes de Mouth To War, ele fala para que nós procuremos alcançar nossos sonhos e detonam com mais esta outra música do Pantera, que foi seguida pela pela própria Good For Shit, que ao contar sua tradução gerou risos, pois, é uma gíria que usamos aqui tanto em Espírito Santo do Pinhal, quanto São João da Boa Vista... coisas do interior.

    E observando uma jovem garota chamada Thaynara, que não parou por nada... ele agradeceu pela oportunidade e a presenteou com um dos cd´s da série Roadie Metal, o Volume 8, que naturalmente ficou muito feliz.

     Já havia assistido a um show do Stoned Bulls em 2016 no Encontro de Motociclistas de Espírito Santo do Pinhal/SP, onde eles executaram com precisão as músicas do Pantera e uma ou outra própria, porém, neste Pinhal Rock Music Festival - 3ª Edição, eles mostraram mais das suas composições, que deixaram claro que a banda poderá seguir cada vez mais sem depender dos covers. Ahh.. um detalhe, depois de praticamente se arrebentarem com sua destruidora apresentação, o vocalista nos informou que eles teriam mais um show nesta noite e já fico pensando... caramba... olha só a garra deste quarteto.

Set List do Stoned Bulls

1 - Fault?
2 - Domination
3 - Yesterday Don't Mean Shit
4 - Caipira Costa Quente
5 - Sandblasted Skin
6 - Minotaur
7 - This Love
8 - The Great Southern Trendkill
9 - Revolution Is My Name
10 - Cemetary Gates
11 - Cowboys From Hell
12 - Mouth For War
13 - Good For Shit

Rardecoque

    Eram 20:30 quando foi encerrada a - até que rápida - troca de palco para que os mineiros de Jacutinga, que formam o Rardecoque pudessem nos mostrar sua seleção de clássicos do Rock e Heavy Metal, que nós praticamente crescemos ouvindo. Desta forma Jo nos vocais, Gypsy e Grinfrost nas guitarras, Dito no baixo e Indian na bateria começaram o show com Crazy Train do Ozzy Osbourne, que por se tratar de um clássico da grandeza que é... garantiu uma eletricidade enorme nos fãs, que neste momento já aumentaram um pouco.

    Simpático, o vocalista pergunta "está legal aí... está bacana?" e os guitarristas já emendam os solos da incendiária Rock You Like A Hurricane do Scorpions, onde aliás ambos brilharam quando é chegado o momento dos solos. Relembrando do Iron Maiden, o Rardecoque mostra a sua ótima versão para The Trooper com o vocalista Jo alcançando as altas notas de Bruce Dickinson e mantendo o clima continuam com Wasting Love, a melodiosa 'balada' dos ingleses, que por se tratar de uma música extremamente conhecida foi cantada por muitos.

    Chemical Wedding, uma das melhores músicas registradas na carreira solo de Bruce Dickinson também teve uma versão de muita competência feita pelo Rardecoque, onde outra vez destaco os solos de Gypsy e Grinfrost nas guitarras. Homenageando o mestre Ronnie James Dio, eles executaram a Rainbow In The Dark, que também agradou ao público, que respondeu bem positivamente. Bem sereno, o vocalista fala: "Tá legal né? tá bacana? Vamos de Creatures Of The Night" e o sucesso do KISS mostrou as tonalidades de seu eficaz Hard Rock seja nos vocais, nos solos de guitarras ou nos toques do baixista Dito.

    O vocalista nos avisa: "vocês perceberam que nós gostamos de Iron Maiden?" e desta maneira Fear Of The Dark continua o show e atiça fogo e pela intensidade que foi tocada... provocou algumas rodas na pequena pista da Arena Pinhal Society. E não adianta, quando se trata de uma música como esta, a galera viaja nos solos de guitarras e durante os "ôôôôô" participa bastante também.

    Para a próxima, temos a emblemática Tears Of The Dragon, outra da carreira solo de Bruce Dickinson, que contou com um belo coral de fãs acompanhando e com a dupla de guitarristas executando com muita categoria os solos. Antes da próxima, Jo conta que a química da banda é a seguinte: "para compor o set, cada um da banda escolheu duas músicas, as minhas foram do Iron Maiden, espero que vocês tenham gostado e teve gente que escolheu Avantasia". Com a deixa no ar, o Rardecoque disparou a maior surpresa do seu set ao executar a canção que intitula o projeto de Tobias Sammett com uma habilidade muito grande, nesta que para mim foi o melhor momento do show dos mineiros.

    A galera pede vários sons, porém, eles engatilharam a Enter Sandman do Metallica, que causou novas rodas, solos fervorosos e muito 'headbanging'. O vocalista apresenta seus companheiros de palco rapidamente e tocaram a 'saidera', que foi a inflamada Detroit Rock City do KISS, que também foi um ponto alto do show e finalizaram com a balada Hysteria do Def Leppard, o que foi muito bacana pois, é difícil ver alguma banda tocando um cover dos ingleses, cujo destaque ficou para os guitarristas, que brilharam quando solaram com muita melodia em suas notas. Excelente show do Rardecoque, que soube como investir em cada um dos covers exibidos mantendo sempre a galera 'plugada'.

Set List do Rardecoque

1 - Crazy Train
2 - Rock You Like A Hurricane
3 - The Trooper
4 - Wasting Love
5 - Chemical Wedding
6 - Rainbow In The Dark
7 - Creatures Of The Night
8 - Fear Of The Dark
9 - Tears Of The Dragon
10 - Avantasia
11 - Enter Sandman
12 - Detroit Rock City
13 - Hysteria

Forset

    A próxima atração do festival foi a banda andradense Forset, que é formada por Thiago na voz e guitarra, Rodrigo na guitarra, Aldieres no baixo e Bruno bateria, que era uma das duas com um repertório totalmente autoral dentre todas e infelizmente, por conta de um problema com um de seus equipamentos, que demorou significativamente para efetuarem a sua troca de palco e limitou o tempo de seu show, que durou pouco mais de vinte minutos. Desta maneira, eles começaram com a Valores - que assim como as demais - mostrou influências de Punk Rock e letras em português.

    O vocalista Thiago pede um pouco de retorno para sua voz e dispara a pesada Lembrança, que contou com linhas melódicas interessantes e bastante distorção. Antes da seguinte, Thiago conta do problema que a banda enfrentou com seus equipamentos e que poderiam ir embora, mas, que estão tocando por conta dos fãs e pela divulgação da cena Underground. Inclusive, ele critica a mídia de uma forma mais enfurecida.... se eu especificamente considerasse o que ele disse, pararia a resenha do Forset aqui, mas, o Rock On Stage - o único veículo especializado em Rock e Heavy Metal presente no festival - em seus treze anos de história sempre valorizou o Underground cobrindo eventos tanto considerados como grandes quanto os considerados pequenos e viu muitas bandas ditas pequenas crescendo no cenário, além de resenhar centenas de cd´s e EP´s de nomes mais desconhecidos da grande mídia.

    Bem, polêmicas à parte, eles seguem com a alternativa 8 ou 80, que ganhou alguns aplausos, mas, os presentes não quiseram reparar nas canções autorais do Forset e ficaram mais distantes do palco, entretanto, o vocalista e guitarrista Thiago continuou o show solando sua guitarra e recebendo os backings vocals do baterista Bruno.

    Provavelmente, o problema que eles tiveram em seus equipamentos levaram ao Forset a realizar sua apresentação bastante bravos com a situação, que infelizmente acontece. Eles seguiram com De Mais, que é mais serena comparada com as outras e é até uma boa canção, onde se repara em suas linhas Alternativas, que ficaram mais evidentes nos toques de guitarras. As duas últimas do breve show foram a Correção e a Sutiã Xadrez, esta exibiu aquela energia Punk, porém, sem a agressividade costumeira, que terminou com um simples: "valeu rapaziada, até uma próxima... valeu!!!"

    Por conta dos problemas sofridos pelo Forset, não deu para realizar uma avaliação de seu show, ainda mais por conta deles trilharem os caminhos mais Alternativos, porém, uma coisa tem que ficar anotada aqui: eles tiveram garra para realizar o show mesmo superando ( ou tentando ) as falhas em seus equipamentos e mostrarem suas composições autorais, mesmo com dificuldades extras.

Set list  do Forset

1 - Valores
2 - Lembrança
3 - 8 ou 80
4 - De mais
5 - Correção
6 - Sutiã xadrez

Collapse NR

    Pouco depois das 23hs, o Collapse NR, a atração mais extrema deste Pinhal Rock Music Festival - 3ª Edição finalmente aportaria para mais um show na cidade, pois, eles já estiveram  em Espírito Santo do Pinhal no início dos anos 2000 no I Absolute Metal Festival, que foi o primeiro festival de Heavy Metal realizado na cidade, ao menos que tenho notícia ( relembre como foi neste link ). Depois de um tempo parado, a banda retornou em 2015 no formato de um Power Trio com Djamy "Barba" Arenghi ( guitarra e backing vocais, que é o remanescente da formação original da banda ), Brunão Diogo ( baixo e vocal ) e Saulo Benedetti ( bateria ), porém, tão furiosa e destruidora quanto antes, talvez até mais, como pude confirmar assistindo este show.

    E o Power Trio começou a destroçar com a Face To Face, composição de seu primeiro cd, o Faces Of Exploration de 2003, que veio pesada como se esperava e foi ligada na nova e em português Chega!, que é ainda mais visceral sendo responsável - junto com a primeira - pela abertura rodas bastante fortes na Arena Pinhal Society. Sem diminuir a intensidade de suas porradas, o vocalista Brunão Diogo inicia a curta, porém, 'metralhante' Crust, com passagens cadenciadas que te inspiram a bater a cabeça. Relembrando de quando se apresentaram por aqui no ano de 2003, logo depois de lançarem o seu primeiro cd, o trio 'explode nossas mentes' com a bordoada contida em I See The Truth, onde Brunão Diogo canta com um gutural realmente furioso.

 

    Prosseguindo o set, eles disparam mais uma das novas composições com a Fogo Fátuo, que é um caos esmagador e pela forma que foi recebida pelos presentes deixaram claro que muitos estavam admirando este retorno do Collpase. E o set do trio alternou suas antigas canções como a Don't Live Like I Stupid Person com as mais novas como a Bigorna, que é também em português e tão avassaladora quanto as demais.

    Para Exploration Of The Children ( outra das antigas do primeiro cd ) temos um Death Metal dos mais crus possíveis e posteriormente anunciam que vão de 'saidera' com a nova Correria, cujo título é a melhor explicação para a música, pois é veloz, aniquiladora e provocou uma nova sessão de rodas na galera. Entretanto, havia tempo para mais uma música e o Collapse NR apresentou a Sold também do Faces Of Exploration, que entra distorcida e tem um considerável aumento em sua violência sonora. No final, se despedem do público e faço votos para que esta volta da banda seja duradoura e nos renda mais canções como algumas da que vi nesta noite.

Set List do Collapse

1 - Face To face
2 - Chega!
3 - Crust
4 - I See The Truth
5 - Fogo Fátuo
6 - Dont Live Like I Stupid Person
7 - Bigorna
8 - Exploration Of The Children
9 - Correria
10 - Sold

A.N.I.E. e Mike Orlando

    A atração mais importante deste Pinhal Rock Music Festival - 3ª Edição foi sem dúvidas o A.N.I.E. ( ou Acoustic Natural Intense Experience ), que é um projeto formado pelos músicos Junior Carelli nos teclados e vocais e Fernando Quesada no violão e vocais, que tocaram juntos no Shaman e são integrantes do Noturnall. Este projeto visa criar um fortalecimento do "acústico" no país e para isso utilizam um violão de 12 cordas, teclados e vocais, modificando o estilo de clássicos do Heavy Metal os trazendo para este formato. Porém, nesta turnê chamada de Eletro Acoustic Tour, cuja última data foi realizada nesta noite, eles contaram com a ilustre presença do renomado Mike Orlando, guitarrista do Adrenaline Mob, que está acompanhando os dois brasileiros e deve em breve registrar o novo álbum do Noturnall. Quem também estava participando do show era o vocalista e multiinstrumentista Gus Nascimento, que lançou recentemente o álbum You'll Remember.

    Esta pequena constelação de renomados artistas do Heavy Metal enriqueceu o evento e teve os olhos atentos de todos os presentes, especialmente logo no começo, quando tivemos a primeira participação de Mike Orlando, que sentado em uma cadeira 'debulhou' em sua guitarra diversas técnicas. E logo nesta primeira música instrumental que chamarei de 'música um', pois ele não disse seu nome, ficamos todos impressionados com a velocidade que Mike Orlando toca sua guitarra e também com as melodias que extrai dela.

    E além da exuberante capacidade, ele se demonstrou muito simpático e sorridente após ser saudado com um "aeeeeee" da galera para acelerar ainda mais com a 'música dois' de uma forma praticamente alucinante e mais Heavy Metal, onde acredito que muitos nunca haviam visto tão de perto um guitarrista deste gabarito ( no meu caso... já tive o prazer de conferir nomes com Joe Satriani, Steve Vai e Yngwie Malmsteen em algumas oportunidades ). Afinal, ver um músico do quilate de Mike Orlando realizando técnicas como 'Two Hands', 'Legato' e tantas outras que somente um guitarrista poderia nomear é algo muito sedutor. Com um singelo "Obrigado!!!" dito em português mesmo, ele nos agradece, prepara a próxima e executa a 'música três', que posso afirmar seguramente: Mike Orlando 'esmerilha' sua guitarra com uma habilidade única, que faz quase parecer que é fácil.... quase!!!

 

   Bastante aplaudido Mike Orlando recebe Fernando Quesada no baixo para juntos executarem uma música do Sonic Stomp, banda que terão os dois juntos a Aquiles Priester na bateria, que já teve um DVD registrado e que sairá no começo de 2017, conforme foi explicado pelo Fernando Quesada. E com dois 'feras' desses em campo ( ou melhor no pequeno palco ) vimos um desafio sensacional nunca visto na cidade durante a execução de 'música quatro' , outra canção instrumental vigorosa, que contou com linhas melodiosas muito belas também. Nesta hora não sabíamos para onde olhávamos, pois, era um enviando uma série fenomenal aqui e o outro ali... uauu!!!

    Fernando Quesada pergunta: "Quem gosta de Adrenaline Mob aqui?" e com a resposta positiva da plateia, eles apresentam a Hit The Wall da banda americana, onde os vocais de Russell Allen ficaram ao fundo no 'playback' para que pudéssemos conferir a atuação de Mike Orlando ao conduzir seus solos de guitarra, que garantiram muitos 'hey... hey... hey..." e já nos faz perguntar quando será a próxima show do Adrenaline Mob por aqui.

A.N.I.E.

    Em uma brevíssima pausa para que o show fosse ajustado ao formato do A.N.I.E., agora com a presença de Júnior Carelli nos teclados com um Roland e vocais e Fernando Quesada no violão, sendo que Júnior Carelli brinca ao comentar: "E aí Pinhal .... Agora a gente vai tocar Thrash Metal no teclado, mentira... a gente vai fazer agora esse novo projeto que a gente criou que é fazer músicas acústicas, desde nossa passagem pelo Angra, Shaman, Noturnall e a gente quer começar com uma que eu tenho certeza que vocês conhecem... cantem aí com a gente 'fechô'?" e assim começaram uma introdução mais clássica que segue na emblemática For Tomorrow do Shaman, que provocou um momento muito saboroso do show, que ficou muito interessante nesta roupagem mais acústica e que obviamente, fez muitos cantarem com eles.

    Antes de tocarem a segunda, Júnior Carelli informa: "eu tive a honra de fazer parte da tour de 20 anos do Holy Land do Angra e nos temos uma música aqui fez parte do Heavy Metal Nacional e a gente tem uma versão muito legal... ela se chama Nova Era" e este sucesso ficou diferente, mais emotivo e enfim, cantamos juntos com eles.

    Para chamar o convidado Gus Nascimento, a dupla conta uma divertida história sobre como encontraram ele e o chamaram para participar do projeto e perguntam:"quem é músico aí ?" sendo que alguns ergueram as mãos. Desta forma com belas melodias tocaram a We All Die Young do Steelheart e trilha do filme Rock Star, com destaque ao alcance do vocalista e a sua interpretação cheia de 'feeling'. E novamente Junior Carelli chama Mike Orlando de volta ao palco e este empunhando um violão junto aos outros três exibiu uma belíssima versão acústica de Indifferent do Adrenaline Mob, que garantiu a agitação dos fãs ao ver tantos importantes músicos depositando todo o seu sentimento na canção. 

    No final, eles agradecem a nossa presença, se reúnem para aquela tradicional foto com a galera e começam a desmontar seus equipamentos. Infelizmente, justo a atração principal do Pinhal Rock Music Festival - 3ª Edição, o A.N.I.E. teve um tempo muito curto de show, onde apenas poucas músicas foram apresentadas e quando o show estava esquentando, ou seja, com todos os convidados no palco, eles já tiveram que terminar, afinal, mais duas bandas tinham que participar do Festival e aí reside aquele problema que mencionei logo no começo desta matéria quanto ao número de bandas e o tempo que foi dedicado para elas.

Set List do A.N.I.E. e Mike Orlando

1 - Música 1
2 - Música 2
3 - Música 3
4 - Música 4
5 - Hit The Wall
6 - For Tomorrow
7 - Nova Era
8 - We All Die Young
9 - Indifferent

Bandog

    Depois de conferirmos toda a exuberância e técnica do norte-americano Mike Orlando e também as versões acústicas do A.N.I.E., o Rock´n´Roll clássico e 'plugado' voltou ao palco do Pinhal Rock Music Festival com a banda de Espírito Santo do Pinhal/SP conhecida como Bandog, que é formada pelos meus amigos Zé Possati nos vocais, Guizão Zucherato na guitarra, Mosca no baixo, Claudinei nos teclados e Gustavo Centurion na bateria com a proposta de reviver vários clássicos da história do Rock e Heavy Metal.

    A primeira da noite foi She Sells Sanctuary do The Cult, depois Black Dog do Led Zeppelin que deu aquela 'vibe' cheia de eletricidade e foi seguida por Closer To The Heart do Rush, onde destaco o solo do Guizão Zucherato e não tem como ouvir estas músicas e não ser impactado quando são tocadas com a qualidade deste quinteto.

    Ao término das músicas, a galera sempre pede uma ou outra, e logo em seguida, eles tocaram o hit Dance The Night Away do Van Halen, que passa toda aquela harmonia positiva em seus solos de guitarra e toques de teclados, que foram um pouco alongados trazendo mais entusiasmo ao show, que prosseguiu com distorção na guitarra trazendo a mais encorpada Purple Haze de Jimi Hendrix, onde Guizão Zucherato pode mostrar toda sua habilidade nas seis cordas.

    E por estarem tocando para os amigos, o show ficou quase que intimista, pois, não tínhamos tantas pessoas e quem estava lá conhecia bem os integrantes do Bandog, tanto que várias brincadeiras entre eles e os músicos aconteceram. E a lista de homenagens aos grandes nomes do Rock do quinteto teve agora a ótima versão de Bad Love, onde além dos bons vocais de Zé Possati pudemos conferir os demais executando com precisão esta música do guitarrista inglês Eric Clapton, que recebeu vários aplausos. O vocalista Zé Possati atende aos pedidos dos fãs indagando: "Supertramp?" e desta maneira os belos acordes de The Logical Song ecoaram pela Arena Pinhal Society, que trazem uma sensação de paz bem grande e resultaram em muitos aplausos.

    Para a parte final do set do Bandog, eles escolheram a Rock And Roll do Led Zeppelin, onde muitos saíram dançando em sua execução, afinal, o 'punch' desta música é tão grande que não tem como ficar parado mesmo e contou com um solo curto do baterista Gustavo Centurion, obviamente por conta do tempo do show, que já estava mais limitado, infelizmente. Relembrando do Black Sabbath, que muitos de nós conferirmos na semana anterior no Estádio do Morumbi em São Paulo/SP ( confira matéria ), o Bandog inicia a Iron Man com vários "hey... hey... hey...", sendo que muitos no ficaram "ôôôôôô" e outros sacudindo seus pescoços enquanto que Zé Possati encarnava Ozzy Osbourne nos vocais, mesmo sabendo que não eram os ingleses... ficamos tão arrepiados quanto se fossem eles.

    Zé Possati agradece aos presentes enquanto que vários pedidos de músicas eram feitos pela empolgada plateia e atendendo um dos pedidos, mais uma música foi inclusa no set list, a clássica You Shook Me All Night Long do AC/DC, que foi outra que garantiu mais agitação da galera. A prova que a apresentação do Bandog agradou ficou clara por conta dos pedidos de "mais um... mais um...", que acabou não acontecendo dado ao horário, que já era bastante avançado e enfim, havia mais uma banda para se apresentar.

Set List do Bandog

1 - She Sells Sanctuary
2 - Black Dog
3 - Closer To The Heart
4 - Dance The Night Away
5 - Purple Haze
6 - Bad Love
7 - The Logical Song
8 - Rock And Roll
9 - Iron Man
10 - You Shook Me All Night Long

Winchester Bullets

    O quarteto Winchester Bullets de Espírito Santo do Pinhal/SP - cuja formação é a seguinte: Caio César nos vocais, Lucas Dantas na guitarra, Oscar Lima Neto no baixo e Ronnye Tadiello na bateria - ficou com a responsabilidade de encerrar o Pinhal Rock Music Festival - 3ª Edição e estes garotos provaram que são uma bela revelação da cidade e encararam a missão com louvor.

    Já era bastante tarde, por volta das 02:30 da manhã, quando eles começaram a seus vários covers de Hard Rock, Heavy Metal e Metal Melódico disparando a Symphony Of Destruction do Megadeth com peso e atitude levando muitos ( dos poucos restantes ) a sacudirem seus pescoços ou socarem o ar, com destaque ao brilho dos solos de guitarra de Lucas Dantas, que toca de uma maneira muito peculiar ( confira na foto ). Depois deste começo impondo moral, os garotos relembram de Ozzy Osbourne com Crazy Train e Bark At The Moon em duas versões muito bem conduzidas por eles, com muitos riffs fervorosos na guitarra.

    Para suavizar um pouco, o quarteto mostrou sua interpretação para Nothing Else Matters do Metallica, que foi cantada por muitos e o vocalista Caio César revelou muita emoção ao cantar seus versos. Entretanto, voltaram a 'colocar fogo' em seu show novamente contaram outra dos americanos, a Fade To Black, que assim como as demais também foi tocada com muita precisão.

    E com o amigo Carlos Alberto ex-Regra de Seis na bateria, o Winchester Bullets toca a Stricken do Disturbed, que mostrou uma verdadeira destruição na Arena Pinhal Society e rendeu as últimas rodas da noite. Para o final, o vocalista Caio César apresenta cada um de seus parceiros de banda e se despede do festival após curtos trinta minutos de um ótimo show.

Set List Winchester Bullets

1 - Symphony Of Destruction
2 - Crazy Train
3 - Bark At The Moon
4 - Nothing Else Matters
5 - Fade To Black
6 - Stricken

    No geral, o Pinhal Rock Music Festival - 3ª Edição foi um bom festival, que será marcado na história por ter conseguido colocar o primeiro músico de Heavy Metal Internacional de renome na cidade, como foi o caso do conceituado guitarrista Mike Orlando.

    Porém, os pontos que foram enfatizados no início desta cobertura deverão serem revistos pela organização em suas futuras edições e acrescento mais um, o número de bandas que tocaram somente covers, das sete escaladas ao menos cinco centraram a maior parte de seus shows em covers, o que não deixa de ser interessante, mas, o público que acompanha o cenário Underground prefere conhecer bandas com som autoral.

    E um ponto muito importante a ser considerado também é quanto ao tempo de palco das bandas, pois, as primeiras tocaram mais de uma hora e a Headliner, o A.N.I.E. com seus convidados esteve no palco por aproximadamente uma hora apenas. Ainda assim, a realização deste evento mostra que o Heavy Metal também merece mais espaço e respeito na cidade.

 

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos ao Ari Almenara de Freitas e a Art & Music Produções
pela atenção e credenciamento
Janeiro/2017

Clique aqui e confira uma galeria de 197 fotos dos shows do Pinhal Rock Music Festival - 3ª Edição
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