Metallica - South American Tour
 Abertura: Greta Van Fleet e Ego Kill Talent
Estádio do Morumbi em São Paulo/SP
Terça, 10 de maio de 2022

    Dez dias depois do KISS realizar a última e memorável apresentação de sua história em São Paulo/SP ( confira resenha ) eis que chegou a vez de outro show para ficar marcado na história do Heavy Metal brasileiro com a passagem da South American Tour 2022 do Metallica, que é um desdobramento da Worldwired Tour e que foi responsável por levar mais de 70.000 fãs ao Estádio do Morumbi para conferirem o que o quarteto de Thrash Metal de San Francisco tinha para oferecer após os dois longos anos de espera que enfrentamos por conta da famigerada pandemia.

    E conforme o previsto anteriormente, o Metallica não veio sozinho nesta turnê, sendo que a produtora Live Nation manteve as atrações de abertura Greta Van Fleet e Ego Kill Talent, um fato que particularmente gostei bastante, pois, já queria assistir o Greta Van Fleet ao vivo há alguns anos e claro rever o Metallica, que já não presenciava um show desde 2014 no mesmo Estádio do Morumbi ( leia resenha ).

Ego Kill Talent

    Assim que realizei o meu credenciamento, fiz aquela rápida visita na sala de imprensa para conversar um pouco com os amigos e amigas que também não os revia há anos ( alguns desde 2019 ) e fui para a pista, onde vi que o Estádio do Morumbi não iria demorar muito para ser completamente tomado pelos fãs, mesmo sendo uma terça feira e com o primeiro show marcado para às 18:30.

    Poucos minutos antes do horário marcado, o Ego Kill Talent, que é atualmente formado por Jonathan Dörr ( ex-Reação em Cadeia ) nos vocais, Theo van der Loo ( ex-Sayowa ) baixo e guitarra, Niper Boaventura guitarra e baixo ( ex-PullDown ), Raphael Miranda ex-Sayowa ) bateria e baixo e por fim Jean Dolabella ( ex-Sepultura, Diesel e Udora ) na bateria; subiu no palco com uma empolgação única por estar se apresentando diante de um público tão grande ( embora a banda esteja com moral e foi atração de edições do Lolapalooza, Rock In Rio e abriu para o System Of a Down e para o Foo Fighters em 2018 entre outros grandes shows, inclusive fora do Brasil ).

    A banda formada na capital paulista em 2014 começou o seu set de forma um tanto que intimista com a canção Now! do novo The Dance Between Extremes de 2021 ( que foi gravado no estúdio do Foo Fighters ), que já demonstrou a categoria, a técnica e porque merecia estar no mesmo palco que um gigante como o Metallica com destaque para os fortes toques de baixo e também ao vocalista, que soube como comandar a plateia. E ele gritou para os fãs: "São Paulo faz barulho que eu quero ouvir vocês..."; enquanto que os demais 'descem a mão' nas guitarras, baixo e bateria deixando claro que o set seria mais pesado se comparado com as versões de estúdio.

    Jonathan Dörr bradou: "Como que é São Paulo... nós somos o Ego Kill Talent e a gente tá muito feliz por estar aqui e nós temos a missão de aquecer o palco para a maior banda de Rock do mundo!!!" e então solicita os "ei... ei... ei..." e em seguida envia a Sublimated do primeiro álbum autointitulado de 2017, que agradou bastante e trouxe depois outra deste primeiro registro com a We All em uma pegada mais Pop e bastante envolvente quando eles aplicaram suas linhas mais encorpadas.

    Tão ansioso quanto nós, o vocalista comenta: "Fazem dois anos que a gente está esperando por essa noite... dois longos anos... hoje, a gente vai fazer desta noite a melhor noite de nossas vidas... Faz barulho São Paulo..." e com a plateia ao seu domínio, hora da pesada e melodiosa The Call do Dance Between Extremes, que deu para sentir os ótimos solos dos guitarristas da banda, que a cada música trocavam de guitarras e inteligentemente o vocalista conclamou nossa participação durante esses solos sendo prontamente atendido em claro sinal que o público estava curtindo o show do Ego Kill Talent.

    Para Heroes, Kings and Gods, outra do primeiro álbum, o quinteto exibiu sua cara mais robusta nos caminhos alternativos seguidos pela banda, mas, que foram deveras interessantes de se ouvir e assistir.

    Mais uma vez, o vocalista pediu: "Muito obrigado pela energia e se vocês quiserem que eu fico... Faz barulho aí...todo mundo... faz barulho São Paulo...." expondo muito carisma e tivemos a animada e um pouco viajante Lifeporn do novo Dance Between Extremes, que ganhou também vários "ei... ei... ei..." dos fãs durante as palhetadas dos guitarristas. A curta, mas, ótima apresentação do Ego Kill Talent terminou com a contagiante Last Ride do primeiro disco, que deixou uma ótima impressão em quem ainda não conhecia a banda.

Set List do Ego Kill Talent

1 - Now!
2 - Sublimated
3 - We All
4 - The Call
5 - Heroes, Kings and Gods
6 - Lifeporn
7 - Last Ride

Greta Van Fleet

    Acabado o breve intervalo do show do Ego Kill Talent, o palco estava devidamente ajustado para o Greta Van Fleet sendo que pude observar amplificadores da Orange, equipamentos que trazem um som único aos seus utilizadores, ou seja, era promessa de sonzeira dos norte-americanos de Frankenmuth do estado do Michigan.

    E a banda da família Kiszka, que teve sua formação em 2012 me chamou a atenção por volta de 2018 pouco antes de lançarem o seu primeiro álbum de estúdio, o Anthem Of The Peaceful Army e imediatamente fiquei fã devido a sua aura setentista muito bem feita, que sempre reclamaram que era semelhante ao Led Zeppelin como se isso fosse um problema, é... tempos complicados vivemos.

    A Live Nation estava com o relógio sincronizado com os horários das apresentações e às 19:30, os irmãos gêmeos Josh Kiszka nos vocais e Jake Kiszka na guitarra entraram no palco acompanhados pelo outro irmão, o mais novo Sam Kiszka no baixo e o Daniel Wagner na bateria ( que é amigo de infância dos três irmãos ) para assim iniciarem o show de São Paulo da Dreams In Gold Tour 2022, que faz a divulgação do ótimo álbum The Battle At Garden's Gate de 2021.

    Antes de começar a comentar do show em si é interessante de se observar que no telão principal tínhamos a capa do disco e nos laterais foram exibidas as imagens do palco em preto e branco criando um saboroso clima de nostalgia tal qual o som da banda nos envia.

   E com uma atmosfera toda nonsense, o show começou com a recente Built By Nations do The Battle At Garden's Gate com Josh Kiszka soltando seus longos agudos enquanto que os seus irmãos e o baterista sustentavam a harmonia da música, mas, o mais bacana em se tratando do Greta Van Fleet é que eles deixam a canção fluir livremente atingindo a todos os presentes no Estádio do Morumbi.

    Bastante aplaudidos, e sem realizar uma pausa, o hit Black Smoke Rising do EP From The Fires de 2017 contou com um coro de muitos dos presentes, pois, esta música foi tocada enormemente nas rádios Rock e se tornou praticamente um sinônimo quando se pensa em Greta Van Fleet com o seu ritmo encantador Rock'n'Roll setentista, que literalmente enfeitiça os ouvintes, especialmente, na hora dos solos de Jake Kiszka em sua guitarra e te falo caro leitor(a) do Rock On Stage como é bom ver um show com solos assim.

    O visual hippie dos músicos serviu para aumentar o ambiente anos 70 do show do Greta Van Fleet e a terceira foi a Caravel do The Battle At The Garden's Gate com seus ares viajantes, que trouxeram excelentes sensações em cada um de nós, sendo que os norte-americanos prolongaram a música com a clara intenção de elevarem esta alquimia sonora causada pela composição.

    Dizendo apenas um singelo "Boa Noite São Paulo" e que "sem a próxima música não estaríamos aqui hoje", eles aproveitaram cada segundo do tempo disponível com o show e tocaram a My Way, Soon, mais uma do novo álbum, que é possuidora de um estilo  que impacta no mesmo instante e que te faz pular ou socar o ar durante sua execução, e foi o que muitos de nós fizemos felizes e totalmente ligados no show do Greta Van Fleet.

    Nos longos improvisos de muitos solos de guitarra tocados por Jake Kiszka, Josh Kiszka gritou tanto que pensei... como é bom ter 25 anos e total potência nos vocais, e isso, sem diminuir a intensidade por nenhum momento. E enquanto os solos emanavam pelo estádio, Josh Kiszka andou pelo palco indo até a extremidade obtendo muitos aplausos dos fãs. O final de My Way, Soon foi marcante pela velocidade que eles impuseram nos improvisos que estavam fazendo resultando no mais puro e eletrizante Rock'n'Roll.

    A única do Anthem Of The Peaceful Army no show foi a Lover, Leaver ( Taker, Believer ), que é uma das melhores deste disco e contou com algumas breves palavras de Josh Kiszka, obviamente sensibilizado pela multidão que estava apreciando a banda e a resposta para esta canção foi dada com muitos pulando e dançando em suas graciosas melodias.

    Mas o ápice do show ficou guardado para a parte final, pois em The Weight Of Dreams do novo The Battle At Garden’s Gate, a música começou nos dedilhados de Jake Kiszka, que foram progredindo calmamente assim que Josh Kiszka começou a cantar com muita emoção os seus versos no mesmo tempo que a dupla Sam Kiszka ( no baixo e por algumas vezes no piano ) e Daniel Wagner ( bateria ) mantinham a canção evoluindo e se elevando até que os improvisos entraram em cena e permaneceram por vários minutos com o vocalista acompanhando os solos com sua voz fazendo o público aplaudir muito e vibrar bastante enquanto que nós sentíamos extasiados com a tamanha energia oriunda do palco.

    Mesmo sem o vocalista, os outros três continuaram os solos com linhas hipnotizantes até que ele retoma os vocais para finalizar a música. Nomes como Led Zeppelin e Deep Purple faziam isso no passado, e isso... caros amigos e amigas é o que é o verdadeiro Rock'n'Roll.

    Se o show do Greta Van Fleet acabasse na anterior já me daria por muito satisfeito, entretanto, o quarteto tinha mais um coringa na manga e nos aplausos dos fãs tocaram o outro hit do EP From The Fires com a eletrizante Highway Tune, que contou com um enorme coro dos presentes, palmas, gritos de "ei.. ei... ei...", um breve solo de baixo de Sam Kiszka, depois o solo formidável de guitarra de Jake Kiszka e mais longos agudos de Josh Kiszka, que culminam em uma verdadeira pérola do Rock ao vivo que tivemos o orgulho, a honra de presenciar e que foi muito melhor que podíamos esperar.

    Não foi por acaso que o Metallica escolheu o Greta Van Fleet como atração de abertura da sua turnê, porque além de fazerem um grande show que você enche o peito para dizer: "que showzão!!!", eles se entregaram totalmente às suas músicas e ao Rock'n'Roll. Nestas horas eu vejo que o Rock não está morto e viverá por muitos e muitos anos.

Setlist do Greta Van Fleet

1 - Built Ny Nations
2 - Black Smoke Rising
3 - Caravel
4 - My Way, Soon
5 - Lover, Leaver ( Taker, Believer )
6 - The Weight Of Dreams
7 - Highway Tune

Metallica

    Antes de contar como foi o show do Metallica em São Paulo/SP, quero enfatizar nesta matéria a importância que a banda teve quando toda esta loucura que foram estes dois anos começou... as Metallica Monday's, onde eles liberavam alguns de seus muitos shows para nós assistirmos seguros em nossas casas, esquecendo por algumas horas de todas as notícias ruins que tivemos e além disso, eles foram um incrementador exponencial para a nossa vontade de ver a banda ao vivo, como ser tornou realidade nesta noite.

Thrash... Thrash... Thrash!!!

    Programado para começar às 21hs, o espetáculo quase sem igual no Rock Mundial começou por volta das 21:15 com a biográfica canção It's a Long Way To The Top ( If You Wanna Rock 'n' Roll ) do AC/DC sendo tocada nos PA's e as luzes sendo apagadas, para que depois as imagens do filme The Good, The Bad And The Ugly, especificamente na cena do cemitério de Sad Hill viessem juntas de The Ecstasy Of Gold composição de Ennio Morricone ( com todos nos "ôôôôôô... ôôôôôô..." ), para que a galera explodisse com a entrada do Metallica no palco, que ocorreu após uma espécie de linhas vermelhas formando retângulos nos cinco telões de LED de alta definição do gigantesco palco ( sendo que em seu início e fim tínhamos torres sustentando as letras 'M' e 'A' na fonte da capa do álbum Hardwired To Self-Destruct ) caminharam para a destruidora Whiplash, clássico do primeiro álbum de 1983, o Kill 'Em All, que foi responsável pelo estouro de muitas rodas pela pista do Morumbi e também pela plena alegria estampada nos rostos de cada um.

    É... James Hetfield ( vocais e guitarra ), Kirk Hammett ( guitarra ), Robert Trujillo ( baixo ) Lars Ulrich ( bateria, que acima dele havia uma spider cam, para vê-lo por cima ) estavam de volta à São Paulo com um grande apetite e com 'sangue nos olhos' disparando riffs nervosos e em uma harmonia incrível, que caracterizam a banda na fase atual. Ainda bem que a segunda do show foi a Ride The Lightning ( título do segundo álbum de 1984 ) e por ser mais cadenciada deu para respirar, olhar para o palco, cantar e socar o ar enquanto que James Hetfield cantava seus versos, porque na Whiplash não teve jeito... era bordoada para todos os lados.

    E como foi importante depois de tanto tempo poder sacudir o pescoço e socar o ar no show de uma banda como o Metallica, sendo que para onde olhasse... era o que os demais estavam fazendo. Basicamente. as primeiras palavras de James Hetfield com o público foram: "Se você for ter um bebê, por favor, venha aqui ao lado" - em referência à moça que teve seu filho nas últimas músicas do show em Curitiba/PR - dois dias anteriores à esta apresentação.

    Com os lançadores de chamas no palco, acima dele e nas torres entre as pistas VIP e normal sendo disparados tivemos a Fuel, a única representante do álbum Reload de 1997, que também foi recebida - com o perdão do trocadilho - com todo o calor pelo público do Estádio do Morumbi, que continuou a pular, cantar, socar o ar e sacudir o pescoço incansavelmente ( bem no dia seguinte, as dores que tive me mostraram que não posso mais fazer isso... ). Os solos são todos capitaneados por Kirk Hammett com sua coleção de guitarras estilizadas em filmes de terror e os feitos em Fuel foram altamente sensacionais.

    Instantes antes de exibir a próxima do set list, James Hetfield falou no microfone algo muito interessante: "Boa noite Metallica Família... obrigado... vocês são muito bonitos e eu espero que tenham estudado tudo desde o álbum Kill 'Em All'..." e desta forma sacou um dos clássicos máximos da banda com a destroçadora de pescoços Seek And Destroy, que contou com muitos "ei... ei... ei..." e um 'backing vocals' imenso de todos no Estádio do Morumbi apareceu para participarem com James Hetfield e prontos para a abertura de mais uma roda, que foi o que aconteceu quando chegou a parte acelerada da música.

    Os mais novos talvez não saibam que o Metallica é uma banda originalmente de Thrash Metal e seus cinco primeiros álbuns são pilares do estilo juntos à outros de nomes como Megadeth, Exodus, Slayer e Anthrax, e a detonadora Holier Than Thou do chamado Black Album de 1991 prosseguiu a sequencia matadora que o quarteto estava impondo nesta noite 10 de maio de 2022 despertando outra vez aquela vontade de agitar sem parar, aliás, somente nas mais lentas que o braço ficou quieto.

    Com os músicos fora do palco momentaneamente, ao som de tiros, helicópteros, explosões e imagens de soldados indo para o campo de batalha ( que me lembraram do horror que acontece neste momento na Ucrânia ), hora de mais outra canção atordoante com a One ( do …And Justice For All de 1988 ), que começa lenta nos dedilhados e vai ganhando forma em seu decorrer garantindo assim a formação de mais um enorme coro dos fãs, que acompanharam verso por verso James Hetfield, que se sempre se movimentava para um ponto do palco, seja à direita ou à esquerda, ocupando assim todo o espaço. O resultado de One com seus solos, com a visão dos quatro músicos disparando cada nota foi em uma descomunal quantidade de gritos e aplausos extremamente contentes dos fãs.

    James Hetfield pergunta se gostamos desta canção e disse que vai tocar uma que não gostamos, e neste tom de brincadeira conversou com o público para que então, à capella cantasse os versos iniciais de Sad But True e segundos depois ter os demais fornecendo o ritmo e a harmonia do sucesso do Black Album, que fez muitos conhecerem o Metallica seja nos anos 90 ou até nos dias atuais. Assim como várias outras do set, o público cantou efusivamente com James Hetfield sentindo cada nota tocada por eles adentrar em nossas células.

Surpresa quase intragável

    O Metallica não é uma banda que se prenda à um set list específico para a turnê e das dezesseis músicas escolhidas para cada show, você pode ter certeza caro leitor(a) terão surpresas e além disso, eles mudam a sequencia das músicas, incluem e tiram músicas dos dez álbuns de estúdio da carreira, enfim, possuem controle de palco fora do normal e uma liberdade de modificarem o quanto quiserem sem perder o pique ou a empolgação do show.

    Entretanto, as outras três cidades brasileiras por onde a turnê passou foram beneficiadas com canções como "Whiskey In The Jar", "Blackened", "No Remorse", "The Unforgiven", "Hardwired", "Cyranide", "Fight Fire With Fire", "Moth In The Flame", "Fade To Black", "Harvester Of Sorrow", ufa... só aí já dá quase um set list para um outro show... e infelizmente, São Paulo ficou justo com uma do indigesto St. Anger de 2003 com a Dirty Window.

    Isso aconteceu com James Hetfield nos questionando se gostamos do St. Anger alternando com as mãos um sinal de positivo e um sinal negativo, como se estivesse avaliando a 'popularidade' da música entre os fãs, que acredito que adorariam que fosse trocada qualquer uma das outras citadas acima ( meu caso ao menos ), porém, eles devem gostar do disco que gravaram e assim, Dirty Window chegou com seu começo com distorções e vocalizações em tons bastante agressivos, que mesmo sendo melhor que a versão de estúdio, ter ganhado palmas e ter contado com uma seleção excelente de imagens nos telões causando a impressão de 3D foi para mim a anticlímax da noite.

    Recuperando-se deste desvio de foco, ao menos para a minha visão pessoal, o Metallica aí sim nos concedeu uma novidade muito interessante, que ouvimos os seus acordes clássicos enquanto que os músicos foram ao Backstage rapidamente... estou falando de No Leaf Clover, a canção inédita que saiu no primeiro S&M de 1999 e caiu como uma luva no Estádio pelo entusiasmo que proporcionou, ao menos me fez 'esquecer' da anterior e também participar mais intensamente batendo palmas e socando o ar.

De volta ao Thrash... Yeah!!!

    Enquanto foi tocada uma leve introdução de sinos e outros sons, que serviram para que os quatro pudessem fazer uma leve pausa ( eles também não são mais jovens ), os telões exibiram vários sinos que deram a dica para a canção seguinte do show, simplesmente era a vez da poderosa For Whom The Bell Tolls do álbum Ride The Lightning que saliento Kirk Hammett solando com toda a sua apurada técnica fazendo nós todos transbordar de alegria. E como ele solou nesta música... uauuu... Afinal, é o que afirmei acima... são momentos assim que fazem a diferença em um show e o Metallica é um mestre nisso.

    Tanto é verdade que habilmente eles ligaram a outra deste mesmo disco com a esmagadora Creeping Death, que gerou berros de "ôôôôôôôô..... ôôôôôôô...." e mais rodas, socos no ar e pescoços sendo sacudidos..., entretanto, não foi só isso, pois, novamente as labaredas de fogo foram disparadas para o alto e seu calor mais uma vez chegou até nós, sobretudo no refrão, que foi cantando com firmeza pelo público.

    O final da primeira parte do show foi dedicado ao álbum Master Of Puppets de 1986, primeiro com os dedilhados emocionantes de Welcome Home ( Sanitarium ), onde novamente Kirk Hammett brilhou ao solar sua guitarra enquanto que a música vai passo a passo ficando mais pesada e atingindo o ponto em que seu Thrash Metal fica evidenciado e provoca mais rodas na galera. Quem não entrou nas rodas e olhou nos telões viu ótimas imagens dos integrantes da banda atuando com extrema competência.

    E para fechar a primeira parte, a minha favorita do Metallica... o hino Master Of Puppets, que foi denunciada logo nos primeiros toques de guitarra feitos por Kirk Hammett e nas imagens das cruzes presentes no cemitério da capa do disco, e essa, nós todos cantamos à plenos pulmões e sua execução soou como a passagem de um rolo compressor pelo Morumbi. E claro, sempre que James Hetfield solicitou os gritos de "Master... Master..." nós atendemos sem hesitação divertindo-se tanto quanto os norte-americanos que faziam o show. Antes do término James Hetfield falou: "Metallica ama vocês...São Paulo!!!... vocês estão se sentindo bem???" e pede a participação dos fãs, que corresponderam integralmente.

Bis implacável

    Antes de retornarem para o bis, o público alterna gritos do nome da banda com o tradicional "Olê... Olê... Olê... Meeetaaaliiiicaaaaa!!!!" e a volta, ainda sem eles, aconteceu com o nome da banda sendo exibido nos telões juntando com as letras 'M' a 'A'. 

    Tudo fica preto novamente e a imagem que vai se formando à maneira que ouvimos os toques de bateria e de guitarras presentes na pedrada Spit Out The Bone formam uma bandeira do Brasil com o nome Metallica escrito em preto à frente dela e aí fiquei deveras feliz, pois, esta é uma das melhores do último álbum de estúdio de 2016, o Hardwired To Self-Destruct e uma das únicas voltadas ao Thrash do disco, cuja versão exibida no Morumbi só posso definir como matadora com o magro James Hetfield ( a reabilitação que ele passou fez muito bem ) dividindo os seus vocais com Robert Trujillo concedendo uma dinâmica muito melhor à composição.

    Com o relógio já marcando mais de 23hs e muitos já pensando no dia seguinte, afinal, era uma terça feira, ouvimos dedilhados de Kirk Hammett exibindo uma bela melodia que trouxeram a conhecidíssima e sensibilizante balada Nothing Else Matters ( do Black Album ), que além de palmas no ritmo contou com aquelas milhares de vozes em sincronia com James Hetfield e fez as luzes de incontáveis celulares ficarem acesas por todo o estádio enquanto que a partir do telão tínhamos uma bela iluminação azul e vários raios-laser foram emitidos do palco causando uma beleza ainda maior de se observar.

    Enter Sandman, que era aguardada por todos foi a última da noite, sendo que cantamos com as forças que restavam este clássico do Heavy Metal nos alvoroçando completamente, mesmo sabendo que já era hora de ir embora. Mas, os shows do Metallica não acabam na última música, eles, ainda distribuem uma vasta quantidade de palhetas, jogam baquetas e fazem os agradecimentos um por um aos gritos de "Olê... Olê... Olê... Meeetaaaliiiicaaaaa!!!!" intercalados com os de "One More Song...", o que sabemos que não aconteceu.

    Vale destacar nestes agradecimentos os gritos do sorridente James Hetfield divididos com a plateia até um bradar "Metallica Loves Youuuu", depois a vez de Kirk Hammett com um simples "Thank You... Obrigado... Obrigada...", seguido por Robert Trujillo cantando "Eu sou brasileiro com muito orgulho... com muito amor..." ( e em bom português ), e por último, Lars Ulrich dizendo que foram cinco anos sem apresentar-se por aqui e fazendo a promessa que nos veremos em breve.

  O encerramento mesmo do show foi com um vídeo resumindo desde a montagem do palco até a entrada dos fãs no Estádio do Morumbi, imagens do show que acabara de acontecer e a mensagem de "Metallica Loves Sao Paulo" exibida na telões.

    Saímos do Estádio do Morumbi inteiramente satisfeitos com este célebre show do Metallica em São Paulo/SP, que marcou a quarta vez que a banda se apresentou na capital paulista e a melhor dentre as três que estive presente com um set list quase impecável ( só não foi por conta da Dirty Window ), com uma produção fenomenal digna da grandeza que a banda engloba dentro do Heavy Metal Mundial. Que o décimo primeiro retorno da banda ao Brasil e o quinto em São Paulo não demore para acontecer pois, a sempre citada Metallica Família Brasileira adora suas reuniões com sua banda favorita.

    Concluindo, registro os meus agradecimentos: em especial a Aline Nobre pela atenção, oportunidade e credenciamento, à toda a equipe da Live Nation, e ao Metallica, ao Greta Van Fleet e ao Ego Kill Talent para que pudesse compartilhar esta matéria com todos vocês meus caros leitores(as) do Rock On Stage.

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: MRossi e Fernando R. R. Júnior
Maio/2022

Set List do Metallica

1 - Whiplash
2 - Ride The Lightning
3 - Fuel
4 - Seek And Destroy
5 - Holier Than Thou
6 - One
7 - Sad But True
8 - Dirty Window
9 - No Leaf Clover
10 - For Whom The Bell Tolls
11 - Creeping Death
12 - Welcome Home (Sanitarium)
13 - Master Of Puppets

Encore:
14 - Spit Out The Bone
15 - Nothing Else Matters
16 - Enter Sandman

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