Manowar - Crushing The Enemies Of Metal Anniversary Tour 22/23 Tour
Espaço Unimed em São Paulo/SP
Sábado, 23 de Setembro de 2023

    Conhecida por ser a banda mais ensurdecedora da história, o Manowar retornou em São Paulo/SP oito anos após sua última apresentação no segundo dia espetacular Monsters Of Rock de 2015 ( confira matéria ), data em que realizaram um dos melhores shows do festival.

    Este novo giro pela América do Sul contou com poucos shows sendo: 12 de Setembro no Teatro al Aire Libre em La Paz na Bolívia, 14 de setembro na Arena 1 em Lima no Peru, 16 de setembro na Plaza Del Toros em Quito no Equador, 20 de setembro no Movistar Arena em Bogotá na Colômbia, 23 de setembro no Espaço Unimed em São Paulo/SP e finalizando no dia 26 de setembro no Teatro Caupolicán em Santiago no Chile. E as legiões dos Manowarriors se organizaram pelo continente para conferir os shows dos norte-americanos de Auburn ( estado de Nova Iorque ).

    Nesta atual turnê nomeada como Crushing The Enemies Of Metal Anniversary Tour, o quarteto celebra os mais de quarenta anos do True Heavy Metal explícitos principalmente em seus treze álbuns de estúdio e também nos vários singles, EP's, DVD's e discos ao vivo.

    Tão logo que realizei meu rápido credenciamento, já procurei encontrar um ótimo lugar para assistir ao show e enquanto não chegava a hora do Manowar subir no palco, que estava escondido com uma bandeira preta, ouvíamos músicas com um ar relativamente bélico e épico. Enquanto observava a agenda dos shows que teremos dentro do ótimo Espaço Unimed no telão fomos surpreendidos com uma notícia dizendo que por determinação da produção do artista ( o Manowar ) não seriam exibidas as imagens deles nos telões espalhados pela casa, algo que frustrou e desanimou muitos dos true headbangers presentes no Espaço Unimed. E isso é ruim para quem fica mais atrás, pois, os vários telões espalhados pelo Espaço Unimed concedem um atrativo extra aos shows realizados por lá, mas, enfim... cada um é cada um e tem seu jeito de ser.... e o Manowar queria um show de Heavy Metal Raiz.

    Como sempre costuma acontecer a galera presente, que ficou bem próxima da lotação do Espaço Unimed, fazia uma graça a cada teste de iluminação ou qualquer outra coisa percebiam nos bastidores até que finalmente às 21:36, ouvimos "ladies and gentlemen, from the United States of America, all hail, Manowar!" e as cortinas foram abertas ao som de March Of The Heroes Into Valhalla fomos preparados para a entrada triunfal do Manowar, que conta com o seguinte line up: o líder Joey DeMaio no baixo e Eric Adams nos vocais, o excelente e lendário Michael Angelo Batio na guitarra e Dave Chedrick na bateria ( que entrou na banda há praticamente um ano atrás no lugar de Anders Johansson ).

    E o quarteto já entrou simplesmente fulminante para o delírio dos fãs com a clássica Manowar do Battle Hymns de 1982 colocando o Espaço Unimed abaixo, pois, pulamos, socamos o ar e agitamos bastante com os norte-americanos. Além de observar a excelente decoração de palco totalmente inspirada em cenários bárbaros das capas dos discos da banda, foi muito bacana conferir também as caretas de Joey DeMaio ao tocar seu baixo. Com a primeira batalha ganha com facilidade reagimos durante as distorções feitas na guitarra com o tradicional gesto da banda solicitado pelo vocalista e eles continuaram a detonar seu Heavy Metal consideravelmente estridente com a empolgante e cadenciada Kings Of Metal, que é o título do sexto disco de 1988, em que fomos expostos à estouros e à fumaça que pareciam que iam desmantelar o Espaço Unimed e novamente bradamos alegremente o refrão "The Other Bands Play... Manowar Kills..." com toda a energia que detemos.

    Sem conceder um segundo para respirar, tivemos a Fighting The World, música que cede seu nome ao quinto disco de 1987 e que também provocou o público para berrar seu título com Eric Adams, que ainda está cantando muito e se posicionou em alguns momentos ao lado de Joey DeMaio e Michael Angelo Batio como se estivesse conclamando aquela multidão de fãs para o combate, o que atenderíamos prontamente.

    Com um longo grito, Eric Adams saudou a plateia e recebeu em resposta vários "Manowar... Manowar..." para continuar o set sem delongas com mais uma do Fighting The World com a pulsante Holy War, que agradou muitos de nós, pois, eles vieram mesmo para detonar. Neste início de show, Eric Adams era quem mais se movimentava pelo palco abrangendo cada pedaço dele, enquanto que Joey DeMaio a cada música voltava ao backstage rapidamente para trocar de baixo ou ajustar alguma coisa ou até para tomar uma cerveja, sendo que continuaram seu ataque com a Immortal, composição presente no EP Highlights From The Revenge Of Odysseus de 2022, onde destaco os solos de Michael Angelo Batio, que embora seja um virtuose na guitarra, até que estava discreto no show no quesito extravagância, apenas mantendo a importância do instrumento em evidência enquanto que mais ao final na parte totalmente épica, Eric Adams soltou alguns agudos dramáticos tão profundos que nos fez pensar como ele os alcança aos 71 anos de idade.

    E por falar em solos de guitarra, Michael Angelo Batio fez os que levaram até a cadenciada Call To Arms, que abre o Warriors Of The World United  de 2002 e basicamente incitou a plateia cantar com ele algumas partes e aplaudir no ritmo da música em outras até encerrar com toda a pompa característica do Manowar. Neste momento as luzes foram apagadas, ficamos chamando a banda de volta para o palco e aos dedilhados hora da emblemática balada Heart Of Steel, outra do Kings Of Metal, que procuramos cantar cada trecho com Eric Adams sentindo a emoção que ele colocou na música, que serviu para relaxarmos um pouco e imaginarmos aquele momento pós luta em que repensamos a vitória e seus custos.

    Entretanto, estávamos em um show do Manowar e além de toda a potência sonora, o espetáculo não seria completo sem algumas brincadeiras, tanto que Eric Adams testou o poder de nossas gargantas ao gritar de várias formas e querer que conseguíssemos fazer o mesmo dividindo a plateia e procurando ver quem gritava mais... o pessoal da direita ou da esquerda.

    Óbvio que no grau altíssimo de seus gritos não conseguimos, porém, isso serviu para que o palco fosse preparado para uma inesperada surpresa, a presença de Joey DeMaio com o guitarrista E.V. Martel, o baterista Marcus Castellani e vocalista Cleber Krichinak ( do AttracthA ), três integrantes da King Of Steel ( banda tributo ao Manowar ) para juntos executarem a música título do nono disco de estúdio da banda, a Warriors Of The World United. Dois destes 'brazukas' ( E.V. Martel e Marcus Castellani ) foram convocados para tocarem com o Manowar em anos anteriores, fato que é uma grande honra para eles e para nós brasileiros. Sabedores da importância desta música para a banda e para seus fãs, os brasileiros se entregaram de coração neste hino contagiante chamado Warriors Of The World United e produziram uma harmonia banda e plateia vista poucas vezes na história com direito a Eric Adams voltar no final culminando em uma chuva de papéis amarelos picados em que ele apresenta os músicos convidados para nós.

    Para que Eric Adams relaxasse um pouco Joey DeMaio e Michael Angelo Batio fizeram um duelo de baixo e guitarra impressionante e pesado passando por trechos de Blues com a Little Wing de Jimi Hendrix, muita técnica de ambos concedendo outra dimensão ao show do Manowar, saindo do Heavy Metal e transitando com habilidade pela virtuose de ambos ( valeu Michael Angelo Batio ). Foi um pouco de extravagância? Foi sim, mas. como se trata do Manowar é permitido.

    Seguiram posteriormente com dedilhados um pouco lentos e tocados com um ar comovente, porém, o Manowar avança para cima com Hail and Kill do Kings Of Metal para novamente desmontar o Espaço Unimed com o cenário de fundo modificado ( entretanto, sem perder o ambiente de ninfas, espadas, martelos e guerreiros ), cujo refrão também foi vocalizado à pleno pulmões pela incontida plateia presente, que socou o ar repetidamente em êxtase.

    Revisitando canções dos álbuns e EP's pós 2000, o Manowar executou em seguida a veloz e esmagadora The Dawn Of Battle, que empresta seu título ao EP lançado em 2002, que também foi muito bem recebida pelos fãs, cujo final cinematográfico pudemos reparar nos vocais praticamente de tenor de Eric Adams e em todos os solos detonadores de Michael Angelo Batio em sua guitarra acompanhados pelo baixista mais pesado que já vi nos palcos: Joey DeMaio. Do Gods Of War de 2007 ( cuja passagem em São Paulo foi polêmica em vários sentidos, veja matéria ), eles exibiram a King Of Kings, que também foi apreciada, mesmo que em menor escala ao se comparar com as clássicas, no entanto, sem perder o pique do show.

    E por falar em canções que fizeram sucesso, aproximando do final da primeira parte do show tivemos um solo de baixo de Joey DeMaio com todas as caras e bocas, olhares e gestos para nós, até que junto aos demais dispararam a emblemática The Power do aclamado Louder Than Hell de 1996 exalando toda a potência que o Manowar possui e que é amplificada ao vivo com os gritos de Eric Adams. Para glorificar o show até aqui, o quarteto veio com Fight Until We Die, outra do Warriors Of The World United que contou com muita fumaça aumentando em muito seu clima beligerante e assim encerrando magnificamente esta parte do show.

Bis com vídeo em homenagem ao Manuel... Mas pera aí ... quem é o Manuel?

    Aos gritos de "Maaanoowaar... Maaanoowaar...", Joey DeMaio voltou e fez um discurso em bom português, onde ele saudou os fãs de cada região do país que estavam no Espaço Unimed, disse que somos "Du Caralho", complementou dizendo para que nós enviemos e-mails para a Mercury Concerts pedindo que o Manowar esteja no cast do próximo Monsters Of Rock, mandou para quem não gosta do Brasil, de São Paulo, do Metal e do Manowar um "foda-se" e nos fez também ecoar em coro um "vai se fuder" para estes indivíduos, o que fizemos bastante contentes, afinal, estamos lutando contra os inimigos do Metal e por fim, pediu para que os telões fossem ligados para homenagear Manowell ( ou Manuel ).

    Era aniversário do Manowell ( gostei desta grafia ) e um vídeo divertido intitulado XI Mandamento foi exibido contando desde o nascimento, a infância, a fase adulta, de como ele ingressou nas fileiras do Manowar até os dias atuais e colocando-o na condição de um messias e uma personalidade mundial e isso, com direito à presença do homenageado no palco, que ganhou "um parabéns para você" cantado pelos milhares de fãs presentes no Espaço Unimed. E na resposta da pergunta sobre quem é o Manuel, bem, os especialistas em Manowar poderão dizer exatamente quem ele é e o que faz, mas, pelo que vi ele é um cara da equipe da banda e nas palavras de Joey DeMaio "é a pessoa que nos uniu aqui hoje". Bem valeu... saudações e congratulações ao Manowell.   

    Foram aproximadamente uns quinze minutos entre o discurso, o vídeo e os parabéns, entretanto fomos recompensados pelo Manowar com a execução primorosa da histórica canção que encerra o primeiro álbum Battle Hymns, sim... caros leitores(as) do Rock On Stage, hora de um dos maiores petardos da carreira do Manowar com a inigualável Battle Hymn em uma louvação à tudo que adoramos no Heavy Metal épico de nomes assim, onde a eletricidade em cada um de nós atingiu os maiores níveis durante todo o show e reagimos pulando, socando o ar e sacudindo o pescoço freneticamente, mesmo já estando bastante cansados. Durante os seus trechos lentos dedilhados por Joey DeMaio em seu baixo sentimos sua emoção e procuramos cantar com Eric Adams para depois fixarmos nossos olhares aos solos de Michael Angelo Batio. Só faltou mesmo tirarmos nossas espadas, partimos para o combate e sagrarmos vencedores, ainda mais com a inspiração fornecida pela águia da capa do disco exibida no plano de fundo.

    Até achei que o show seria encerrado com Battle Hymn, ainda mais com todas as distorções elevadíssimas que promoveram, e caso fosse teria sido memorável; todavia, o Manowar tinha um outro coringa na manga e sacou do Fighting The Word a impactante, melódica e rápida Black Wind, Fire and Steel, onde novamente agitamos consideravelmente com a banda e berramos fortemente com Eric Adams seus versos finais, que recebemos em troca distorções monstruosas da guitarra e do baixo, que foram deixados por Michael Angelo Batio e Joey DeMaio nas mãos do vocalista para que ele exibisse-os e erguesse-os como dois troféus de conquista de uma batalha culminando assim no esplêndido final do show e depois tivesse a 'ajuda' para segurá-los com seus respectivos donos em uma apoteose ao Heavy Metal.

    Na despedida do palco e do Brasil, como se trata do Manowar, não são distribuídas apenas palhetas e baquetas, pois, em um ato de True Headbanger, Joey DeMaio arrancou as cordas de seu baixo e as jogou para os fãs, inclusive, encontrei uma garota que recebeu a dádiva de ficar com uma dessas cordas e pedi para ela tirar uma foto com o artefato nas mãos para pegar um pouco de seu poder metálico. Enquanto isso tudo acontecia, a canção Army Of The Dead, Part II do Gods Of War foi tocada nos PA's e as luzes foram acesas de forma que fomos embora sabendo que os inimigos do Metal foram esmagados pelos guerreiros presentes no Espaço Unimed liderados pelo heroico quarteto conhecido como Manowar. Até breve Manowar para uma nova contenda e uma nova vitória em nome do Heavy Metal.

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Jake Owens e Kianny Fernandez - Mercury Concerts
Agradecimentos para a equipe
da Catto Comunicação e da Mercury Concerts 
pela oportunidade, atenção e credenciamento
Outubro/2023

Set List do Manowar

1 - March Of The Heroes Into Valhalla
2 - Manowar
3 - Kings Of Metal
4 - Fighting The World
5 - Holy War
6 - Immortal
7 - Call To Arms
8 - Heart Of Steel
9 - Warriors Of The World United
10 - Guitar & Bass Duet
11 - Hail and Kill
12 - The Dawn Of Battle
13 - King Of Kings
14 - The Power
15 - Fight Until We Die

Bis:
16 - Battle Hymn
17 - Black Wind, Fire and Steel
Army Of The Dead, Part II

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