Bruce Dickinson - The Mandrake Project Tour
Abertura: Noturnall
Vibra São Paulo - São Paulo/SP
Sábado, 04 de maio de 2024

Heavy Metal de primeira e totalmente raiz

    Desde que Bruce Dickinson anunciou que iria lançar um novo álbum solo em 2024 ainda em setembro de 2023, que os fãs do vocalista já ficaram todos alvoroçados, ainda mais com a confirmação de que teríamos sete datas brasileiras da The Mandrake Project Tour. Esse alvoroço ficou ainda maior quando foi revelado o primeiro single do disco, para a música Afterglow Of Ragnarok, que aconteceu no dia primeiro de dezembro saiu com seu excelente videoclipe e em plena Comic Com Experience ( CCXP ). O tempo passou e The Mandrake Project saiu no dia primeiro de março de 2024.

    Com isso, a expectativa da turnê brasileira aumentou exponencialmente e a última data foi em São Paulo/SP no Vibra São Paulo, após shows pelos Estados Unidos, México e por aqui nas cidades de Curitiba/PR, Porto Alegre/RS, Brasília/DF, Belo Horizonte/MG, Rio de Janeiro/RJ e Ribeirão Preto/SP. As informações que tínhamos era que cada um dos shows foram excelentes e que tanto o cantor quanto sua banda estavam devidamente afiados.

    Todavia, antes de comentar os detalhes desta fabulosa apresentação de Bruce Dickinson e sua banda devo salientar a atração de abertura, os paulistanos do Noturnall e enaltecer também o Vibra São Paulo, que não visitava desde quando tinha seu antigo nome Citibank Hall em um show do Scorpions em 2016 ( detalhes aqui ).

Noturnall

    Após o meu rápido credenciamento de imprensa caminhei pelo Vibra São Paulo e no saguão havia uma banda tocando clássicos do Rock que estão sempre na KISS FM, que era a promotora deste palco e achei uma iniciativa muito bacana da organização... um show antes do show... Também nesta hora observei o merchandising do Noturnall e de Bruce Dickinson com suas várias camisetas e cd's ( no caso do Noturnall ).

    Entretanto, apesar de que muitos estavam no saguão, certamente, que outros estavam já diante do palco do Vibra São Paulo aguardando ansiosamente a vez da grande atração da noite e o chegar lá ainda não tinham tantas pessoas, porém, isso mudou bastante até a hora do show de Bruce Dickinson.

    Conforme o programado e divulgado, o Noturnall entrou no palco às 20:47 com Thiago Bianchi nos vocais ( todo estiloso com seu bigode ), Saulo Xakol no baixo, Herique Pucci na bateria e o jovem prodígio Victor Franco na guitarra ( que já substituiu Roberto Barros no show de Edu Falaschi e neste sábado fez teve a missão de substituir o norte-americano Mike Orlando ).

    De cara, o quarteto que agora esta pendendo mais para um Extreme Power Metal começou este show da sua Cosmic World Tour com toda a velocidade com Try Harder do recente Cosmic Redemption de 2023 com os longos agudos de Thiago Biachi em uma base bastante melódica, que deixou a galera observando as suas atuações. Thiago Bianchi e Saulo Xakol se moveram mais pelo palco enquanto que Victor Franco ficou mais parado em seu posto à direita do palco, talvez por conta da complexidade e técnica dos solos que executava em cada música ou de ainda estar meio 'engessado' no Noturnall, o que é perfeitamente normal.

    Durante os solos, Thiago Bianchi bradou "e aí São Paulo... eu quero ver os braços para o alto" e pouco depois já convocando os "hey... hey... hey..." dos fãs dispararam a No Turn At All, a pesada composição que abre o primeiro e autointitulado cd da banda de 2014, que por ser mais conhecida obteve com uma ótima recepção, mesmo com os revoltos berros proferidos por seu vocalista. Aproveitando cada segundo de seu tempo, o Noturnall executou com toda força a Fight The System do Back To F*** You Up! de 2015, que foi um pouco mais melódica, mas, o quarteto encheu a composição de peso e Victor Franco tocou muito bem suas partes.

    Aplaudidos, Thiago Bianchi respondeu: "Muito obrigado, que noite incrível, que sonho estar aqui... é um sonho... para mim, cara... para um vocalista, para qualquer um... a gente caiu de paraquedas e esse cara simplesmente falou comigo no primeiro show e falou - consegue esquentar a galera?" e acabou sua fala dizendo que a música seguinte é a título do mais recente trabalho, a Cosmic Redemption, assim tivemos esta bastante acelerada e melódica composição, onde os solos de guitarra Power Metal e os vocais agudos ficaram ainda mais elevados em uma velocidade que trouxe à mente o Dragonforce.

    Antes de continuar, Thiago Bianchi comentou: "olha falta pouco, vamos fazer um som, mas antes de mais nada eu preciso apresentar essa banda, que eu tive a maior sorte e carinho de fazer parte. Do meu lado no maior estilo do Rockstar o filme, quem tem banda aí? uma salva de palmas para Saulo Xakol..." Ele seguiu em frente dizendo: "morando naquele puxadinho cheio de badulaques, o monstro insano... Henrique Pucci", que recebeu os aplausos, se dirigiu ao lado do guitarrista e falou: "e o que falar desse cara aqui... este é um presente de meu irmão de outra banda que está aqui na casa hoje que é o Edu Falaschi, então uma salva de palmas para Victor Franco...".

    Daí gritou o título da quinta música da noite, a Wake Up! do álbum 9 de 2017, o primeiro que teve Mike Orlando na guitarra do Noturnall e o palco do Vibra São Paulo, que é bastante grande não foi suficiente para Thiago Bianchi, que desceu no pit bem na frente da 'galera do gargarejo' e de lá cantou boa parte da música ( eu disse que ele movimentou-se bastante, não foi? é a empolgação de tocar diante dos fãs do Bruce Dickinson em sua cidade ). Nos solos de guitarra em que Victor Franco 'esmerilha' seu instrumento, Thiago Bianchi convocou os "hey... hey... hey.." comandando as ações de boa parte da plateia.

    "Muito obrigado.. muito obrigado, antes de mais nada vou agradecer a galera que faz este show dar certo, em menos de 24 horas a gente levantou uma equipe para trabalhar, estamos aqui fazendo este show graças à eles, enfim, toda a equipe, eu quero uma salva de palmas para todos eles", agradeceu Thiago Bianchi que questionou: "vocês gostam de Heavy Metal em velocidade 2, curtem? então essa é para vocês...". Desta maneira tivemos a 'punhetação sonora' velocíssima presente em Reset The Game do Cosmic Redemption, que depois até fica um pouco mais melódica, repleta de solos fulminantes e de agudos fortíssimos.

    Antes da música 'saidera' tivemos outro discurso de seu vocalista, que comentou: "Muito obrigado São Paulooo, muito obrigado pelo carinho, porque vocês sabem a dificuldade de fazer qualquer coisa no Brasil, especialmente, Heavy Metal", ele fala que estarão depois na loja de merchansing da banda após o show de Bruce Dickinson para tirar fotos, trocar uma ideia com os fãs e claro vender seus produtos.

    Para fechar, o Noturnall executou a la Pantera e robusta Nocturnal Human Side do primeiro registro, que cai para o lado Melódico e ganhou com outra leva de agudos consideravelmente encorpados.

    Em pouco mais de quarenta minutos, o Noturnall realizou uma apresentação certeira para os fãs dos estilo, que reagiram de forma positiva com a banda sendo que os demais respeitaram o seu ( na minha opinião ) atual Extreme Power Metal. Foi um bom show de uma banda que praticamente não cabia em si pela alegria de abrir, em casa, o mestre Bruce Dickinson.

Setlist do Noturnall

1 - Try Harder
2 - No Turn At All
3 - Fight The System
4 - Cosmic Redemption
5 - Wake Up
6 - Reset The Game
7 - Nocturnal Human Side

Bruce Dickinson

    Enquanto o palco era montado para o vocalista inglês e sua banda foi o tempo de tomar uma cerveja, água ou refrigerante para aplacar um pouco o calor que fazia em São Paulo e então, se posicionar para recepcionar depois de mais de vinte anos em um palco da capital o vocalista Bruce Dickinson. Aliás, se de início parecia que não teríamos casa cheia, nos instantes antes de começar este magnífico espetáculo, o Vibra São Paulo estava tomado por uma multidão de headbangers de todas as idades.

    E assim, poucos minutos depois das 22hs, com as luzes apagadas, o telão exibiu algumas imagens e ouvimos vozes que pareciam a abertura de um filme de terror/ficção científica dos antigos... de certa forma dando o clima do show, graças as duas introduções exibidas, a The Invaders ( TV Show Theme ) e a Toltec 7 Arrival, que serviram para que Chris Declercq e Philip Näslund nas guitarras, Dave Moreno na bateria, Mistheria nos teclados e bela Tanya O'Callaghan no baixo ocupassem os seus lugares para que segundos depois, o mestre Bruce Dickinson chegasse esbanjando sua enorme empolgação já se movimentando freneticamente como tem o costume.

    No tempo em que os riffs de guitarras traziam a primeira música, Bruce Dickinson já mandou um "Are You Ready Saooo Pauuuloooo?" e logo após o grito da plateia já disparou os versos de Accident Of Birth, que basicamente já colocou o Vibra São Paulo abaixo nos fazendo gritar a plenos pulmões com o vocalista. Que delícia que foi conferir esta que empresta seu título ao quarto álbum de estúdio de sua carreira solo ( lançado em 1997 ), pois, deu para ser contagiado com sua imensa energia, pois, ele não parava quieto sabendo inflamar consideravelmente ( como se precisasse ) cada um de nós.

    Depois deste começo fabuloso de show tivemos na sequencia a rápida Abduction do Tyranny Of Souls de 2005, que foi o último de estúdio antes deste novo The Mandrake Project e óbvio que a nossa reação foi de cantar, socar o ar e agitar quanto conseguíamos com ele. Aliás, a atuação de Bruce Dickinson é espetacular, a forma que faz as melodias vocais, como mexe os braços ao cantar, como anda para lá e para cá do palco para não deixar ninguém parado no show, enfim, ele é um showman mesmo. Do outro lado, a banda também entregava solos de guitarras, linhas de baixo e de bateria permeadas com os teclados que foram definitivamente perfeitas.

    Efusivamente aplaudido, Bruce Dickinson saudou os fãs e anunciou a terceira da noite, que foi a encorpada e melodiosa Laughing In The Hiding Bush. A galera mostrou que estava com a letra dessa canção do segundo disco, o Balls To Picasso de 1994, na ponta da língua, pois, berraram com o vocalista seus versos, especialmente no refrão... naquela interação banda-plateia que deixam os músicos felizes no palco.

    A reação à trinca inicial foi um "Olê... Olê... Olê... Bruce... Bruce..." extraindo um grande sorriso do vocalista e em troca fomos brindados com a primeira do The Mandrake Project exibida na noite, justamente a sinistra Afterglow Of Ragnarok reproduzida com muita destreza por sua banda e contanto com toda aquela interpretação carismática de Bruce Dickinson, que resultou em mais uma participação repleta de eletricidade da plateia seja nos "hey... hey... hey...", nos socos nos ar ou nos pulos. 

Hipnotizados com o show...

    Creio que seja assim que muitos se sentiram, pois, tínhamos uma sonzeira atrás da outra e ao identificarmos que a seguinte era simplesmente a belíssima Chemical Wedding cantamos fortemente seu refrão com o mago Bruce Dickinson, que mesmo trajado com a camiseta do novo trabalho, calça e colete jeans, um gorro preto, impressionava a cada movimento. Philip Näslund também nos entregou dotados de muita harmonia exaltou ainda mais a formosura desta música do The Chemical Wedding de 1998, o quinto de estúdio.

Entre mais gritos de "Olê... Olê.. Olê... Bruce... Bruce..."  e uma nova fala com a plateia em que nos disse que tivemos 'sold out' ( ou esgotado ) e disse que tinham presentes Six Thousand Sixty Six ( uma alusão ao clássico do Iron Maiden ), Bruce Dickinson quase que gaguejou propositalmente com o total e repetiu a palavra 'Many' até complementar que seria o Hard'n'Heavy Many Doors To Hell, a segunda do The Mandrake Project exibida e curiosamente a segunda de seu tracklist. Mais uma vez nos solos feitos por Chris Declercq e Philip Näslund aplaudimos no ritmo e bradamos muitos "hey... hey... hey..." assim que solicitados por Bruce Dickinson, que soltou o tradicional "Scream For Me São Pauloooo...", tanto que ficamos assim até o ponto em que ele cantou os versos finais da música.

    O Air-Raid Siren falou brevemente com a plateia e logo após já notamos que os dedilhados feitos por Philip Näslund pertenciam à mais lenta e devidamente melódica Gates Of Urizen do Chemical Wedding e aí não tinha jeito... a alegria em nossos corações foi tamanha que só podíamos acompanhar o vocalista relembrando de quando ouvíamos esse álbum em casa nos anos 90 e pensávamos... "cara preciso ver o Bruce Dickinson executando ela em um show solo...", e nesta noite, o sonho era realizado em uma versão esplendorosa graças à ele e a sua competente banda.

    Retornando ao The Mandrake Project com direito à Bruce Dickinson comentar de forma cinematográfica sobre à canção chegara a vez de Resurrection Men com uso de violão por parte de Philip Näslund e sua sinfonia adentrar em nossas células elevando nossa voltagem ao sentir essa outra marcante composição recente, que modifica seu andamento, concede partes para que os nossos "hey... hey... hey..." surjam e ganhem mais peso, que retribuímos com palmas. Em suas partes viajantes, Bruce Dickinson ( que pela primeira vez neste show esteve na percussão por alguns segundos ) ateou mais fogo na galera enquanto que a música era segura pela baixista Tanya O'Callaghan e fez uma referência à David Bowie citando trechos de Life On Mars, que nos conectavam totalmente ao ambiente criado por ele no Vibra São Paulo até que concluiu a composição.  

    A quarta e última do novo disco - que teve suas quatro primeiras músicas exibidas - foi a fantasmagórica e sarcástica Rain On The Graves com Bruce Dickinson cantando primorosamente sua letra e novamente participamos com ele no refrão como se esta fosse uma velha conhecida de sua carreira solo. O público do Vibra São Paulo aplaudiu bastante e no ritmo da música sendo presenteado com os seus garbosos solos de feitos pela dupla de guitarristas e por aquela interpretação única que Bruce Dickinson sempre faz ao longo dos anos.

Inesperado

    Um breve e robusto solo do baterista Dave Moreno antecedeu o momento com muito improviso nesta apresentação de Bruce Dickinson no Vibra São Paulo, pois, a instrumental Frankenstein do The Edgar Winter Group teve  várias imagens psicodélicas no telão atrás do baterista, solos de guitarras de Chris Declercq e Philip Näslund, baixo firme de Tanya O'Callaghan, teclados na medida de Mistheria e uma surpresa para muitos.... Bruce Dickinson batucando em seu kit de percussão quase incessantemente ( em 2005 no show do Tribuzy no bis ele tocou a bateria mesmo, confira aqui ). Mas, para o inquieto vocalista, que até duelou com seu baterista, a percussão não é suficiente e ele tirou a capa de um instrumento e o que vimos foi um teremim, que serviu para que outros solos 'interplanetários' fossem alcançados nesta insana verdadeira sinfonia com o mago executando seus feitiços sonoros.

    Com mais um curto discurso, Bruce Dickinson iniciou a The Alchemist, outra clássica do The Chemical Wedding que trouxe a sua vibração em cada um de nós, que sacudimos os pescoços e socamos o ar sentindo o poder que essa música contém ( vide seus solos de guitarras ) e claro, cantamos os seus "ôôôôôôôôô" em um coro de algumas milhares de vozes, além disso, ficamos mais emocionados quando o seu refrão final "And so we lay, we lay in the same grave, Our chemical wedding day..." foi entoado e repetido algumas vezes por ele.

    Dava para ficar melhor? Óbvio que sim... estamos falando de um ícone do Heavy Metal que em sua carreira solo conseguiu ser até melhor que sua banda principal e com uma introdução até que progressiva e com dedilhados no violão que não diziam qual música seria exibida tivemos a conhecidíssima e que não pode faltar nunca em um show de Bruce Dickinson... estou falando da balada Heavy Tears Of The Dragon. Essa composição do Balls To Picasso teve cada verso cantado pelo gigante coral de headbangers presentes no Vibra São Paulo, quase encobrindo a estrela principal da noite, que certamente ficou satisfeito conosco.

    Nos solos de guitarras de Tears Of The Dragon, Bruce Dickinson nos regeu e deixou que um trecho fosse cantado apenas por nós, escondendo o rosto com o gorro e somente mexendo suas mãos como um maestro até retomar o refrão e dividir sua voz com as nossas em um momento significativo do show.

Explosão

    Ao mesmo tempo que estávamos em êxtase por todas as canções anteriores, até soltando um "Olê... Olê... Olê... Bruce... Bruce...", Mysteria lá atrás nos teclados ( sim.. porque vira e mexe ele estava na frente do palco com seu Keytar na frente como se fosse uma guitarra ) trouxe uma esbelta melodia que culminou na mais emblemática criação solo de Bruce Dickinson e na minha favorita do show com a pedrada Darkside Of Aquarius do Accident Of Birth, que para mim é uma das músicas que posso utilizar para definir o que é Heavy Metal.

    Não é exagero dizer que esta explodiu o Vibra São Paulo tamanha a intensa energia que foi liberta do palco para cada um de nós com cada um dos seis músicos no palco dando tudo de si e findando assim a primeira parte de um show deslumbrante. Dá para fechar os olhos agora e relembrar do que vi neste sábado 4 de maio... dos "ôôôôôôw.. ôôôôôw...", dos riffs, dos vocais, enfim, que momento esplendoroso!!!

Bis comovente e esplêndido

    Todos aguardavam a volta de Bruce Dickinson gritando, assoviando e com os tradicionais "Olê... Olê... Olê... Bruce... Bruce..." e quando voltou, ele nos disse que estava triste por ser a última noite no Brasil, que estará novamente em São Paulo em dezembro deste ano com o Iron Maiden e solo em 2025 para dois shows na capital paulista, entretanto, antenado com o que está acontecendo no país dedicou à cidade de Porto Alegre e às pessoas do Rio Grande do Sul a canção seguinte ( infelizmente, o estado vive a maior inundação da história e possivelmente a maior tragédia ambiental brasileira por conta das intensas chuvas que caíram praticamente nos primeiros quinze dias de maio ).

    E a encantadora e mais lenta Navigate The Seas Of The Sun foi tocada no violão por Philip Näslund passando junto aos vocais todo o seu sentimento até os corações de todos de forma que esta música do Tyranny Of Souls tornou-se uma homenagem ideal aos nossos irmãos gaúchos. Outro ponto que chamou a atenção foi o seu final com a baixista Tanya O'Callaghan soltando a sua ótima voz junto de Bruce Dickinson prolongando assim a composição reluzentemente.

   Os dedilhados nos teclados feitos por Mystheria revelaram outra das melhores músicas de Bruce Dickinson e ao ter certeza que se tratava de Book of Thel com o vocalista questionando "Are You Ready.... Aree Youuu Reeaaaady?" não teve jeito.. era encontrar forças sabe-se lá da onde e pular alucinadamente nos poucos espaços que tínhamos diante de nós... porque é impossível ficar alheio à uma música flamejante como esta.

    E o que muitos fizeram? pularam, socaram o ar, sacudiram o pescoço como se não tivesse amanhã deleitando-se com esta criação cintilante inclusa no disco The Chemical Wedding. Vide a potência dos "ôôôôôôôôô" que fizemos antes dos solos da habilidosa dupla de guitarristas e entenda o que quero dizer.

    Antes de terminar, Bruce Dickinson emendou outro "Are You Ready Saooo Paulooo?" e veio para o ataque final da música sobre nós finalizada nos dedilhados e nas falas do vocalista apontando para muitos e repetindo "and you... and you... and all of you... you´re close The Book Of Thel..." arrepiando para valer todos sem exceção.

    Com um ritmo Rock'n'Roll enfatizado na linhagem dos toques do baterista Dave Moreno e da baixista Tanya O'Callaghan, Bruce Dickinson jogou o gorro para a plateia e apresentou os músicos de sua banda, começando pelos guitarristas, depois o tecladista, o baterista, a baixista e agradeceu à nós pela fantástica noite, questionando se estávamos prontos e após não apreciar o primeiro grito de "Yeaaaaah" provocou o segundo ( e mais forte ) para então desfilar a divertida The Tower do The Chemical Wedding pelo Vibra São Paulo, que tal como as demais cantamos fortemente seus versos com ele consolidando seu incrivelmente formidável show.

    Aos berros de "Olê... Olê... Olê... Bruce... Bruce...", o vocalista inteiramente contente bradou um "Thank you and good night... i'm loving you Brazil...". Na despedida, além das palhetas e baquetas que foram jogadas para a plateia pelos demais músicos, Bruce Dickinson jogou sua camiseta encerrando o show com a colete jeans ao som de Fanlight Fanny do George Formby nas caixas de som da casa. E enquanto aquela foto com a plateia de fundo foi tirada deu tempo para que o vocalista falasse: "six thousand fans in the house... fucking night... i'm loving you Brazil...".

    Posso afirmar seguramente que Bruce Dickinson realizou em São Paulo/SP um dos melhores shows de Heavy Metal que já assisti na vida, pois, ele estava empolgado e transbordando adrenalina como sempre, escolheu um repertório impecável, onde cada música encaixava de forma brilhante na sequencia do show e contou com uma banda que deixou o vocalista voar e comandar com a já conhecida destreza o espetáculo, que conforme ele mesmo disse 'foi raiz...', sem a parafernália de luzes, bandeiras, painéis luminosos, monstros, etc.; apenas a banda no palco detonando o Heavy Metal criado por Bruce Dickinson.

    E conforme ele avisou, teremos outros shows solo de Bruce Dickinson em 2025 no Brasil... de forma que teremos que conferir as surpresas que serão preparadas por ele.

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Pati Patah ( Midiorama )
Agradecimentos à equipe da Midiorama e a MCA Concerts
pela oportunidade, atenção e credenciamento
Maio/2024

Set List Bruce Dickinson

The Invaders (TV Show theme)
Toltec 7 Arrival
1 - Accident Of Birth
2 - Abduction
3 - Laughing In The Hiding Bush
4 - Afterglow Of Ragnarok
5 - Chemical Wedding
6 - Many Doors To Hell
7 - Gates Of Urizen
8 - Resurrection Men
9 - Rain On The Graves
10 - Frankenstein
11 - The Alchemist
12 - Tears Of The Dragon
13 - Darkside Of Aquarius

Encore:
14 - Navigate The Seas Of The Sun
15 - Book of Thel
16 - The Tower

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