Santa Bárbara Rock Fest com Sepultura e Viper
 
Usina Santa Bárbara em Santa Bárbara d'Oeste/SP
Sexta, 23 de agosto de 2024
   

    Pouco mais de 30 dias após conferir e cobrir a excelente apresentação do Sepultura no Campinas Hall em Campinas/SP ( confira matéria ), eis que uma nova oportunidade foi dada para os headbangers do interior de São Paulo, precisamente nas regiões de Campinas, Limeira e Piracicaba, pois, pudermos mais uma vez participarmos de um show da lendária banda brasileira. E desta vez, não era um show apenas do Sepultura, mas, um festival de Rock gratuito, muito bem organizado em um lugar grande e impressionante localizado Usina Santa Bárbara em Santa Bárbara d'Oeste/SP.

    E além do Sepultura, o headliner do primeiro dia do festival, tivemos também as bandas Nightfall ( cover do Nightwish ), Cardiac, Scum Noise, The Mônic, Chacina, Kamala, Hellskitchen, Luís Mariutti e o Viper. Ou seja, muito Heavy Metal em suas muitas variações, com bandas que tocaram nos vários palcos do evento.

Viper

    Chegamos por lá por volta das 20:15, e deu para ouvir melodias que me remeteram ao Nightwish, provavelmente, nos instantes finais do Nightfall e havia uma enorme fila de headbangers na entrada, que andava muito rápida se for ver comprovando a eficiência da organização. Quando entramos deu para perceber que a música Illusions do Viper era tocada no palco principal do Santa Bárbara Rock Fest ( o palco Terra ), aí meu caro leitor(a) do Rock On Stage nos dirigimos para o mais perto possível deste palco para conferir a clássica banda paulistana, que tanto fez pelo Heavy Metal Brasileiro em seus quase quarenta anos de atividades.

    Formada atualmente pelos fundadores Pit Passarell ( baixo, vocal e backing vocals ) e Felipe Machado ( guitarra, acústica, violão e backing vocals ) e também por Guilherme Martin ( bateria ), Kiko Shred ( guitarra ) e Leandro Caçoilo ( vocal ), o Viper exibiu uma homenagem ao aniversário ao histórico álbum Theatre Of Fate, que completou 35 anos de seu lançamento neste ano.

35 anos de Theatre Of Fate

    Quando cheguei mais próximo do imenso palco Terra, o Viper estava tocando a At Least A Chance que foi seguida pela emblemática To Live Again e não tem como ouvir estas músicas do segundo álbum do Viper e não lembrar do saudoso maestro Andre Matos, todavia, o vocalista Leandro Caçoilo interpretou com muito talento estas canções iniciais.

    O show continuou com a que eu mais gosto deste disco, que foi a A Cry From The Edge e o palco tinha uma pista que se estendia por um bom tanto em direção à plateia de forma que os integrantes do Viper vinham até ao seu final para ficarem mais pertos dos fãs e nos deixarem ainda mais entusiasmados. E em A Cry From The Edge, cujos dedilhados iniciais emocionam, os guitarristas Felipe Machado e Kiko Shred enviaram todos os seus solos com a devida perfeição que foram registrados no disco e por sua vez Leandro Caçoilo alcançou com habilidade os agudos que a música solicita.

    Tão felizes quanto nós, Leandro Caçoilo questionou quem conhece a próxima música, quem tem o álbum Theatre Of Fate e à capela cantou os versos iniciais a Living For The Night, que colocou todos os headbangers presentes para cantarem com ele o maior hit da história do Viper, que contou com seus solos de guitarras repletos de adrenalina, baixo pronunciado e o vocalista na ponta do palco para passar todo o seu comprometimento com a canção.

    Prelude To Oblivion abriu a reta final do primeiro ato do Viper no Santa Bárbara Rock Fest, onde a sincronia do baixo e das guitarras estiveram excelentes com Pit Passarel não se contendo e andando pela passarela e trazendo com ele Guilherme Martin em alguns momentos.

    E a rápida canção título Theatre Of Fate fez muitos sacudirem os pescoços e socarem o ar bastante contentes, enquanto que outros olhavam atentamente para Leandro Caçoilo observando os seus fortes agudos. Dedicada à Andre Matos, a épica e de ares de Música Clássica Moonlight finalizou esta primeira parte do show do Viper, que se acabasse aqui já ficaria satisfeito, porém, tinha mais e outras músicas que queria rever o quinteto executando, além de algumas novidades.

Presente

    Após uma brevíssima pausa, o Viper continuou o show com a música título do novo álbum, a Timeless e o disco marca o primeiro em estúdio após 15 anos e com a atual formação. Além de disparem um Heavy Metal envolvente e pesadão, o Viper utilizaria as imagens captadas pela equipe da banda para um videoclipe ao vivo de canção, ou seja, nós tivemos o orgulho de também fazer parte da história do Heavy Metal e do Viper neste dia, sendo que muitos de nós estarão eternizados no vídeo. Novamente, Leandro Caçoilo, Guilherme Martin e Pit Passarel vieram mais a frente da passarela, fato que sempre coloca mais calor na plateia.

Revisitando os anos 90

    Aliás, não estava calor, estava ventando bastante, mas, não deixávamos de agitar intensamente com o Viper, que nos brindou na sequencia com a pancada Evolution, que concede o nome ao terceiro álbum de estúdio do Viper, que saiu em 1992 e foi o primeiro sem Andre Matos.

    Assim como no disco, Pit Passarel cantou seus versos puxando toda a raiva que demonstrou na época de seu lançamento e Leandro Caçoilo limitou-se nesta aos backing vocals. E como foi bom rever Pit Passarel como um garoto cantando ao vivo Evolution depois de 12 anos ( a última vez havia sido no distante dia 15 de setembro de 2012 em Itapira/SP - relembre aqui ).

    A balada The Spreading Soul, que também é pertencente ao disco Evolution foi relembrada durante a pandemia com a versão The Spreading Soul Forever em um impactante clipe com a capital São Paulo toda parada e nesta noite no Santa Bárbara Rock Fest também trouxe toda sua emoção e nostalgia capitaneada pelo vocalista Leandro Caçoilo, tanto que esta novamente sentimos a falta de Andre Matos e a lembrança que me veio à mente foi de como a canção serviu de apoio para nós superarmos os efeitos causados pelo isolamento imposto por aquele maldito vírus.

    Ainda na década de 90, Pit Passarel disparou Coma Rage ( título do quarto cd e lançado em 1994 ), quando o Viper flertou com o Hardcore e novamente o baixista cantou com cólera os seus versos e manteve o pique da música em seu instrumento em toques bem encorpados. Retornando ao Timeless, eles mandaram a outra composição que ganhou um videoclipe, a ótima e acelerada Under The Sun, cujo refrão ficou ecoando em nossas cabeças mesmo após alguns dias depois do show.

    O final da apresentação do Viper teve a adrenalina contida no sucesso Rebel Maniac do Evolution, que fizemos questão de cantar com Pit Passarel seu refrão, que me trouxe ótimas memórias daquela época em que o disco foi lançado e - obviamente - agitamos bastante com a banda.

    Leandro Caçoilo agradeceu a nossa presença no evento, informou que iriam repetir a Timeless para gravarem mais imagens para o videoclipe. E nesta nova versão de Timeless, Leandro Caçoilo, Guilherme Martin e Pit Passarel vieram na passarela com a equipe de produção filmando-os de perto e filmando também nós na plateia captando toda a interação da banda e público, provavelmente com closes nos músicos e em seus instrumentos.

    Antes de se despedirem sabendo que fizeram um excelente show no Santa Barbara Rock Fest, os músicos do Viper jogaram palhetas e baquetas para os fãs ( uma destas palhetas caiu perto de mim e agora faz parte da minha coleção ) e tiraram a já tradicional foto com aquela multidão ao fundo. Valeu Viper pelo showzão!!!

Set List do Viper

1 - Intro (Illusions)
2 - At Least a Chance
3 - To Live Again
4 - A Cry from the Edge
5 - Living for the Night
6 - Prelude to Oblivion
7 - Theatre of Fate
8 - Moonlight

Encore:
9 - Timeless
10 - Evolution
11 - The Spreading Soul
12 - Coma Rage
13 - Under the Sun
14 - Rebel Maniac
15 - Timeless

Kamala, Luis Mariutti e Hellskitchen

    Depois que saímos extasiados do show do Viper, lembramos que o baixista Luis Mariutti ( que já tocou no Angra, no Shaman e na banda solo de Andre Matos, além de Henceforth, Motorguts, About2Crash, Dirty Dogz e Sinistra ) estava também no Santa Bárbara Rock Fest e saímos caminhando pela Usina Santa Bárbara vendo a multidão de fãs espalhados pelas dependências do evento e todos convivendo em harmonia.

    Na enorme parte interna e coberta deu para conferir alguns momentos do Kamala no palco Jam, que disparou seu Thrash Metal para um grande público. Andando mais um tanto chegamos no palco Água, onde uma galera assistiu Luís Mariutti sem banda e somente com seu baixo e backing track relembrando de canções que gravou ao lado do Angra e do Shaman, mas, sem vocais, função esta realizada pelos fãs ( ao menos quando chegava o refrão ).

    Por fim, esta andança pela Usina Santa Bárbara terminou por uma passagem pelo palco Cidade Rock, onde a banda local Hellskitchen exibia um som a la Black Label Society e encontramos também com o guitarrista Vulcano do Hellish War e do Rising Power AC/DC cover, esta última que também se apresentou no festival, mas, no sábado. Entretanto, como o objetivo era assistir o Sepultura, não demorou nada para que retornássemos ao palco Terra para encontrar um lugar para ver a grande atração da noite.

Sepultura

Novamente celebramos a história do Sepultura

    Foi por volta das 23:30, que ouvimos a já tradicional introdução de Polícia dos Titãs informando que em poucos segundos a mais importante banda de Heavy Metal do Brasil estaria no palco Terra do Santa Bárbara Rock Fest e foi isso o que aconteceu aos gritos de "Sepultura.... Sepultura..." com a sonoridade sinistra convocando o quarteto para o palco, que novamente entrou discreto se posicionando em seus devidos lugares e saudando os fãs.

    A quebradeira de pescoços começou com a pedrada Refuse/Resist do Chaos A.D. de 1993, que colocou aquela multidão para pular e berrar ao ver Andreas Kisser na guitarra, Paulo Xisto Jr. no baixo, Derrick Green nos vocais e Greyson Nekrutman na bateria. Derrick Green de camisa regata e bermuda cantou Refuse/Resist com muito vigor e andou pela passarela logo de cara aproximando-se dos fãs e aumentando assim a fervura do show.

    Eles agradeceram os aplausos e a nova sessão de gritos do nome da banda foi brindada com outra das suas mais impactantes canções com a Territory, também do Chaos A.D. que tal como a primeira garantiu as rodas e também muitos 'hey... hey... hey...' dos fãs. E mais uma vez, o Sepultura efetuava um show preciso e devastador.

    Sem pestanejar, o quarteto veio para cima como um rolo compressor sem freios através de Propaganda, a terceira do show e desta trinca inicial dedicada ao Chaos A.D., que é disparado um dos melhores da carreira da banda. E em Propaganda tivemos toda a distorção promovida por Andreas Kisser em sua guitarra e a raiva contida nos vocais de Derrick Green, além dos sorrisos de Paulo Xisto Jr. tocando seu baixo e andando pouco no lado esquerdo onde estava e a recente 'aquisição' da banda, a 'usina de fundição' chamada Greyson Nekrutman destruindo sua bateria.

    Com a plateia nas mãos, Derrick Green liberou um urro apenas e junto aos demais atacaram com a Phantom Self do Machine Messiah, que foi cantada por muitos e em se tratando de um álbum mais recente do Sepultura ( esse é de 2017 ) é muito bacana ver que toda aquela multidão estava ligada no som.

Lembrando das raízes

    Em bom português ( com sotaque é claro ), o simpático Derrick Green soltou um "E aí galera... vamos tocar muitas músicas do Sepultura..." e para continuar a esmagar os crânios dos fãs tivemos três do Roots de 1996 na sequencia.

    A primeira foi a ríspida Dusted, que foi seguida por Attitude com seus ritmos brasileiros ( toques de berimbau ao fundo ) e muito peso, tanto que na hora dos versos "Can You Take it? // Can You Take it? // Can You Take it?" participamos devidamente empolgados com o vocalista. A trinca do Roots foi encerrada com a estonteante e rude Spit, sendo que se olhássemos para o telão veríamos que ele também estava interagindo conosco com as imagens exibidas.

    Avançado um pouco na discografia da banda, hora de uma das matadoras composições da última década com a Kairos, título do décimo segundo disco de estúdio lançado em 2011 em que fizemos questão de bradar seu título com o vocalista enquanto chacoalhávamos os pescoços durante os seus solos ( certamente que muitos acordaram doloridos no sábado ).

    Bastante contente com a recepção calorosa dos fãs Andreas Kisser foi aos vocais e disse: "Boa noite Rock Fest.... du caralho... que lindo tá isso aqui cara... é um prazer voltar à cidade... celebrar 40 anos do Sepultura aqui junto com vocês... e vamos curtir muito esse momento, muito obrigado por estarem aqui, valeu... amigos... irmãos... que estão aí e o novo membro da família, o senhor Greyson Nekrutman, que teve seu nome gritado pelos fãs.

 

Entre novidades e um passeio pelos 40 anos de banda

    Desta maneira fomos expostos ao último álbum de estúdio, o Quadra de 2020 com a paulada Means To An End, que te contagia imediatamente e você só pode ( e também tem o dever ) de reagir socando o ar, bangeando muito e se puder... entrar nas rodas, que foi o que muitos fizeram tanto que olhando para trás percebi várias rodas estourando por todos os lados do palco Terra.

    Incansável, a plateia sempre ao término das músicas vociferava o nome da banda e com o violão colocado à frente de onde eu estava, Andreas Kisser dedilhou ele e extraiu as melodias de mais uma do Quadra com a belíssima Guardians Of Earth, que foi acompanhada nas palmas e pouco depois recebeu todo o vigor dos vocais de Derrick Green, que somados aos solos de guitarras, a bateria e o baixo concederam o peso que a música é detentora. E como esta música é uma das minhas favoritas do Quadra rever sua execução ao vivo foi uma alegria enorme.

    Sorrindo, Derrick Green conversou conosco e falou: "E aí tudo bem? Nós vamos tocar uma música do disco Roorback... Roorback... " e complementou: "Esta música chama-se Mind War". Foi assim que esta bordoada do nono trabalho de estúdio da banda de 2003 atingiu todos nós com sua mistura de Thrash Metal e Groove Metal, especialmente, por conta do volume do baixo de Paulo Xisto Jr. e da guitarra altamente distorcida ( de propósito é claro ) de Andreas Kisser.

 

    Uma rápida pausa e o show prosseguiu com False, a representante do Dante XXI de 2006, com toda a sua aspereza sendo mostrada tal como em estúdio diante de nós, que de certa forma ficávamos atônitos com a exibição de gala do Sepultura. A escolhida do álbum Against de 1998, que marcou a estreia de Derrick Green na banda foi a matadora Choke, cujo refrão é tão inflamável que não tivemos outra alternativa a não ser gritá-lo com o vocalista e sentir todo o gigantesco poderio instrumental que foi aplicado nesta noite em Santa Bárbara d'Oeste.

Início de tudo

    Andreas Kisser retornou ao microfone para dizer: "Brigado Santa Bárbara... a gente vai tocar uma coisa mais véia do Sepultura do século passado, da década de 80... essa aqui é de 1987 do álbum Schizophrenia... está havendo umas rodas lindas aqui..." e por fim berrou: "Escape To The Void... porra...", e esta canção puramente Thrash Metal do princípio de carreira do Sepultura foi responsável por uma das rodas mais insanas do show, ou seja, foi 'porrada' por todo lado e como é uma experiência satisfatória ver dois de seus criadores no palco executando-a com muita precisão.

Dividindo a alegria com os fãs

    Depois da porrada incrustada em Escape To The Void, Andreas Kisser dedilhou o seu violão, parou e então comentou: "Rock Fest... Nós vamos mandar uma música do Chaos A. D., uma jam que a gente fazia naquela turnê, desde então a gente nunca mais fez, e na celebração de 40 anos, eles estão colocando os instrumentos lá para fazer essa música, chamar os amigos, chamar vocês aí para tocar com a gente, chamar a equipe, enfim, estamos celebrando esta música... do Chaos A.D. - Kaiowas".

    Convocação feita, instrumentos de percussão posicionados e assim Andreas Kisser dedilhou o seu violão com as notas de Kaiowas usando ritmos brasileiros, e inicialmente, apenas Greyson Nekrutman acompanhava ele na percussão, porém, depois Derrick Green e Paulo Xisto Jr. também juntaram-se aos dois, nós fizemos nossa parte nas palmas e os convidados no palco bateram seus tambores com a banda em um momento muito histórico e único para quem esteve no palco com o Sepultura.

    Após isso ouvimos "Biotech.... Biotech..." e berramos "Is Godzilla..." para que a trituradora Biotech Is Godzilla do Chaos A.D. fosse executada para aniquilar com tudo, e pelas rodas que vimos, a afirmação não é nenhum exagero. Instantes depois e sem falar nada recebemos os emblemáticos toques de Agony Of Defeat ( para mim a top one do Quadra ), que fica mais forte à maneira que seus minutos passam, pois, Derrick Green canta mais suave antes de rasgar sua voz e dispor toda a sua cólera na canção através de seus urros infectando à todos nós, que reagimos sacudindo os pescoços com ele. Se não bastasse, os solos de Andreas Kisser nesta música são uma pintura à parte.

Avassaladores... mas...

    Sem avisar, porém, com a clara intenção de arrasar a Usina Santa Bárbara, o Sepultura enviou a Troops Of Doom do Morbid Visions de 1986 com Derrick Green após as primeiras notas dizendo: "1.. 2.. 3.." e aí meus caros leitores(as) era para a banda arrebentar com tudo, todavia, um problema aconteceu... o som caiu para nós e eles foram seguindo com a música até perceberem que algo estava errado e uma pausa forçada era necessária. Ficamos uns torturantes minutos sem o Sepultura para que fosse solucionado o problema.

    Quando tudo ficou pronto, Andreas Kisser questionou: "A gente continua a música ou vamos para a próxima?" E com a sinalização dos fãs para continuar Troops Of Doom, ele fez aquele solo impiedoso unido a bateria de Greyson Nekrutman e ao baixo de Paulo Xisto Jr. finalizado o clássico do princípio do Sepultura. Foi um pouco anticlímax sim, porém, isso acontece.

    E foi a vez de Derrick Green falar: "Nós vamos tocar uma música mais 'clean'... Are You Ready?... Inner Self...", sendo que este mergulho no álbum Arise de 1991 contou com os 'hey... hey... hey...' dos fãs antes de suas linhas estraçalhantes viessem para cima de todos e se ligassem na explosiva canção título Arise com o vocalista solicitando mais rodas ainda para a plateia, que aconteceriam mesmo sem seu pedido e neste momento posso dizer que "a pancadaria comeu solta sem dó e nem piedade" com este magnífico Thrash Metal voraz. E como faz bem ver o Sepultura executando esta música garantindo uma lembrança sem igual deste show.

Massacre final

    Depois de um singelo "Obrigado" pronunciado por Derrick Green, o Sepultura saiu do palco para retornar com o bis do show, sendo que foram ovacionados pelos fãs que gritavam "Roots... Roots... Roots...", porém, antes do deste som - totalmente desejado pelo público - gravado no Roots de 1996, eles mandaram a Ratamahatta com seu ritmo contagiante nos atingindo em cheio e nos fazendo ou berrar com ele ou pular sem parar até que Derrick Green falou a conhecidíssima frase: "Sepultura do Brasil... 1.. 2... 3... 4..." para que o hino moedor Roots Bloody Roots causasse o último terremoto na Usina Santa Bárbara com a multidão agitando tanto quanto podia e sua energia permitia.

    Aos gritos de "Sepultura... Sepultura...", os músicos vieram à frente da pista para nos agradecer, jogar as palhetas e baquetas ( um troféu para quem as pegou ) e tirar a foto com todos do palco Terra ao fundo. E os roadies da banda jogaram 'aviõezinhos' de set list no melhor estilo que o - infelizmente falecido - maior comunicador de todos os tempos da televisão brasileira Sílvio Santos fazia, que não deixou de ser uma homenagem para ele.

   Não imaginava que teria uma segunda oportunidade de rever o Sepultura nesta Celebrating Life Through Death Tour com o Viper dentre as bandas de abertura e mais ainda de forma gratuita... parecia um sonho, entretanto, para minha felicidade não foi e ver toda aquela multidão, que facilmente deveria estar na casa de mais de 15 ou 20 mil pessoas, que tiveram a honra e a oportunidade ímpar de assistirem as duas mais importantes e históricas bandas do Heavy Metal Brasileiro dos anos 80 juntas em um evento corretamente bem organizado como foi este Santa Bárbara Rock Fest na sexta feira 23 de agosto de 2024.

Texto e fotos: Fernando R. R. Júnior
Setembro/2024
Dedicada aos amigos, fãs e familiares de Pit Passarell que nos deixou no final de setembro, poucos dias depois da publicação desta matéria

Set List do Sepultura

Intro: Polícia ( Titãs )
1 - Refuse/Resist
2 - Territory
3 - Propaganda
4 - Phantom Self
5 - Dusted
6 - Attitude
7 - Spit
8 - Kairos
9 - Means To An End
10 - Guardians Of Earth
11 - Mind War
12 - False
13 - Choke
14 - Escape To The Void
15 - Kaiowas
16 - Biotech Is Godzilla
17 - Agony Of Defeat
18 - Troops Of Doom

Encore:
19 - Inner Self
20 - Arise

Encore 2:
21 - Ratamahatta
22 - Roots Bloody Roots

Confira uma galeria de 50 fotos dos shows do Sepultura e do Viper no Santa Bárbara Rock Fest em Santa Bárbara d'Oeste/SP

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