Dream Theater - Chaos In Motion World Tour
Abertura: Hangar
Sábado, dia 08 de março de 2008
no Estacionamento do Credicard Hall em São Paulo/SP

Dream Fucking Theater 

    Não sai da minha cabeça; o Mike Portnoy fazendo uma corrida com as baquetas na extensão de sua bateria, com pancadaria, intensidade e precisão absoluta e Jordan Ruddes nos teclados, tocando virtuosamente "a la" Rick Wakeman ( Yes ) e Keith Emerson ( Emerson, Lake & Palmer ), aí aparecia o teclado no telão, e as notas no sintetizador saiam como efeitos de raio, tudo auxiliado pela percussão demolidora do Mike Portnoy; e depois eu olhava as luzes perfeitamente sincronizadas com a banda, via as luzes brancas do alto do palco, que ascendiam todo o estacionamento do Credicard Hall, e dizia para mim mesmo: aquilo são naceles da nave Enterprise NCC-1701, foi impressionante, um puta showzaço, e olha que o Dream Theater não faz parte de minhas bandas favoritas.   

    Talvez jamais vi um show em que luzes fizeram completa parte do contexto do som, claro é rock progressivo, eles fizeram uma coisa que bandas como o Pink Floyd e o Nektar souberam fazer muito bem nos anos setenta, usar os efeitos de luz para auxiliar a música, mas antes de contar esse show espetacular, o Fernando R. R. Júnior descreverá o excelente show da banda Hangar de Aquiles Priester.

Hangar

    Escolhidos pelos próprios membros do Dream Theater para abrir o show de São Paulo, o Hangar sobe no palco uma hora antes do horário previamente programado devido aos problemas de saúde do vocalista James LaBrie ( Dream Theater ), fato que pegou muita gente de surpresa. E  o Hangar está em plena tour de divulgação do seu terceiro cd The Reason Of Your Conviction, e asseguro, não poderia ter sido melhor a escolha para a abertura deste show.

    Mostrando que tem personalidade de sobra Nando Fernandes ( vocais ), Eduardo Martinez ( guitarra ), Fabio Laguna ( teclados ), Nando Mello ( baixo ) Aquiles Priester ( bateria ) abrem o show com Just The Begining seguida por Hastiness ambas do novo cd e neste exato instante, nós estávamos adentrando no Estacionamento do Credicard Hall. Savior do cd Inside Your Soul foi quando começamos a realmente ver o show do Hangar e acompanhamos a forte presença de palco de Nando Fernandes comandando a platéia que respondeu com bastante empolgação durante a execução desta canção. E o Hangar claro, deu ênfase total ao novo cd tocando Call Me In The Name Of Death e o público presente mostrou que conhecia bem a faixa agitando bastante com a banda.

     Encerrando a ótima apresentação do Hangar tivemos Captivity ( A House With A Thousand Rooms ) e a excelente The Reason Of Your Conviction - faixa que intitula o trabalho - executadas com todo o primor acumulado pelos músicos nestes quase 10 anos de banda.

    E o vocalista Nando Fernandes apresenta membro por membro e claro, quando ele chama ao centro do palco o meu amigo Aquiles Priester, a platéia vai ao delírio com este virtuoso baterista do metal brasileiro. Muito boa a apresentação do Hangar, que deixou as devidas saudades e criou aquela vontade de assistir a um show completo da banda.

Set List do Hangar

1 - Just The Beginning
2 - Hastiness
3 - Savior
4 - Call Me In The Name Of Death
5 - Captivity ( A House With A Thousand Rooms)
6 - The Reason Of Your Conviction

Dream Theater

   O Dream Theater centrou grande parte de seu show nas músicas de seu último trabalho Systematic Caos, e começaram com a Intro An Ant Odyssey começando a agitar da galera e seguiram com a nova Constant Motion e as luzes e o telão no fundo do palco nos dominaram totalmente junto com o som, do mesmo modo foi a seguinte Never Enough, uma das melhores do show, em que foi criado um clima prog, auxiliado pela melodia bela e marcante do vocal de James LaBrie no refrão, e também o virtuose solo de teclado de Jordan Rudess, uma bela execução, o refrão foi cantado por todo o Credicard Hall.

     Seguiram com Blind Faith e Surrounded em que John Petrucci, fez um solo magnífico ( com direito a um trecho de Mother do Pink Floyd ), ele sempre foi esforçado, mas sempre existiu melhores guitarristas do que ele, tanto que no G3 de 2006 ( veja resenha e cobertura ) ele foi quem menos apareceu, mas no show e neste solo o cuidado que ele teve com a melodia, tanto em escalas rápidas como em melodias lentas, foi uma coisa realmente esplêndida, para mim foi o melhor momento do show; foi um êxtase inclusive pessoal, talvez foi a única coisa moderna ( o que o Rock Progressivo traz ) que vi neste segundo milênio de terror, pobreza e falta de escrúpulos, foi o espaço e o paraíso, desta vez Petrucci me convenceu - ou finalmente ele chegou onde queria. E a viagem do Rock Progressivo depois foi com mais agito, com a The Dark Eternal Night e nesta foi à vez de Jordan Rudess, assumir o comando da banda e soltar raios para todos os lados, pois fez um solo impecável e alucinante no teclado, levando ao platéia em delírio, uma coisa legal também nesta música foi o desenho animado que apareceu no telão, em que aparece a banda perseguindo um monstro, e durante a perseguição, quando cada integrante fazia um solo no desenho, o personagem ( que eram os próprios membros da banda ) disparavam vários raios no monstrengo.

    E muito rápido, logo em seguida tocam Erotomania, mais uma recheada de solos virtuoses de teclado e guitarra, que emocionou a platéia, e o show seguiu com Voices, mais uma boa, e eles encerraram o show antes do bis com Forsaken - cantada por todo o publico com muita emoção, Take The Time e In The Presence Of Enemies, sendo a execução de mais uma usina termoelétrica e radioativa do Dream Theater

    No bis o Dream Theater fez um medley, tocando a seqüência Trial Of Tears, Finally Free, Learning To Live, In The Name Of God e Razor’s Edge e essa seqüência nos levou a última dimensão astronômica do show, todas desse medley saíram perfeitas, foi também um dos melhores momentos do show, a exemplo do que citei logo no início desta resenha, foi uma alucinação sonora em conjunto com som e luzes em que se destacaram a Finally Free, em que a banda se interagiu muito bem num perfeccionismo eletrônico orquestrado.

    Na In The Name Of God, Petrucci e Rudess solaram muito bem e na Razor’s Edge - a última - em que foi mais um rasante da Enterprise, tocada com virtuosismo e emoção nos fazendo viajar muito, talvez a mais virtuose das do bis.

    Após o fim eu olhava para os lados, e sentia que tinha voltado do espaço e tinha pousado, apenas posso registrar que poucos shows na minha vida, vi tanto empenho em buscar não somente a perfeição das notas mas também a perfeição do som. 

    A existência do Dream Theater é um ato heróico do mundo do rock, de se sustentar, influenciar novas gerações ao contrário da previsão dos críticos do passado, das revistas que profetizavam um mundo Punk cru, e o fim do Rock Progressivo. 

    Muitos desses críticos que comparo aos nossos políticos eram formados em jornalismo e impunham uma influência à população com opinião parcial, pessoal, não eram profissionais. Desgraçados, miseráveis...vocês me pagam!!!!

    Uma coisa engraçada que acho é que falam que o Mike Portnoy é um dos melhores bateristas do mundo, porém ele jamais sola, jamais sola mesmo!! Fiz essa mesma crítica no show do Dream Theater de 2005 ( leia resenha ), como o G3 de 2006 em que ele participou. 

    Mas desta vez faço uma ressalva ao invés de criticá-lo. A sapiência rítmica dele em se adaptar ao som eletrônico do Dream Theater é única e impecável, você vê uma bateria vibrando com tanta intensidade que parece que ela tem amortecedores, e essa intensidade nos prova a sonoridade Drum Hero que este baterista tem, e além dos outros que já citei logo acima, John Myung é uma verdadeira fera do contrabaixo, sustentou a Enterprise junto com Portnoy o show inteiro.

    O show não há palavras para descrever o que foi esse puro exemplo de perfeccionismo, independente do estilo, foi a busca do som perfeito, foram magos do tratamento e equalização do som, que só vejo em show de bandas experientes veteranas.  Deixaria de ir a todos os shows do Dream Theater que já fui, só para não perder este, foram impecáveis, estão de parabéns, o Iron Maiden é uma das minhas bandas prediletas, mas em termos de show, o Dream Theater que não era uma das minhas prediletas, venceu este ano e vida longa ao Prog Metal ( Rock Progressivo ) do  Dream Theater.

Por André Torres ( Dream Theater )
e Fernando Júnior ( Hangar )

Set list do Dream Theater

1 - Intro
2 -  An Ant Odyssey
3 - Constant Motion
4 - Never Enough
5 - Blind Faith
6 - Surrounded
7 -  John Petrucci Solo
8 - The Dark Eternal Night
9 - Erotomania
10 - Voices
11 - Forsaken
12 - Take The Time
13 - In The Presence of Enemies
Bis
14 - I. Trial Of Tears
15 - II. Finally Free
16 - III. Learning To Live
17 - IV.
In The Name Of God
18 - V. Octavarium ( Razor's Edge )

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