Yngwie Malmsteeen
Abertura: Dr. Sin

quinta, 06 de Dezembro de 2007 no Citibank Hall - São Paulo/SP

    Depois de seis anos da última vinda de Yngwie Malmsteen aqui no Brasil, felizmente ele voltou, até imaginei que não viria mais, depois de sua passagem conturbada aqui em 2001, lembro-me que o show pós 11 de setembro, não teve um clima dos mais agradáveis, mas agora ele voltou.

    É um genuíno Guitar Hero, não digo qual é minha banda preferida porque existem várias, mas digo qual o melhor álbum de heavy metal; Marching Out do Yngwie Malmsteen, este guitarrista é mestre não somente do heavy metal, mas também das escalas menores harmônicas, que influenciaram incontáveis bandas da nova geração, foi um dos que mais difundiu esse tipo de som. Agora no Brasil divulgando o seu último álbum Unleash The Fury ( de 2005 ), ele veio acompanhado de Doogie White ( vocal ), Zeljko "Nick" Marinovic ( teclado ), Mick Cervino ( contra baixo ) e Patrik Johansson ( bateria ) e fizeram um ótimo show, O Dr. Sin abriu a noite do Citibank Hall, esquentando a galera para a chegada de Yngwie, que é como vinho, quanto mais velho melhor.

Dr. Sin

    Escalado novamente para abrir a quarta passagem do sueco Yngwie Malmsteen pelo Brasil, o trio Dr. Sin, formado por Andria Busic no baixo e vocais, Ivan Busic na bateria e Eduardo Ardanuy na guitarra, mais o tecladista convidado Ricardo Simão, que com certeza é o quarto membro da banda. Para começar, o Dr. Sin executa Welcome to the show / Nomad músicas para divulgar o novo trabalho Bravo. Foi uma pena que demorei para entrar no Citibank Hall, que estava com um grande número de fãs, a sua grande maioria na espera do virtuoso guitarrista sueco, porém muitos deles também queriam ver o trio paulistano. Minha demora causou a perda de músicas como Time After Time, Fire, Empty World, Isolated e Miracles - um lamentável erro que não posso repetir novamente, pois sei da qualidade da banda que esbanja competência e técnica. Entretanto tive tempo de acompanhar ótima performance da banda em Emotional Catastrófe, uma das antigas que fica excelente ao vivo e pude relembrar Van Halen com a irresistível Jump ( ponto para as intervenções dos teclados de Rodrigo ) e conferir Edu Ardanuy realizar um solo em sua guitarra digno dos mestres das seis cordas. Deu tempo também para curtir uma das novas com Drowning In Sin e constatar que o Bravo será um dos melhores trabalhos do Dr. Sin seja pela voz de Andria ou pela bateria de Ivan, enfim, a banda está afiada no ponto certo.

    E parabéns para ao Dr. Sin por incentivar o combate à pirataria e colocar uma versão mais 'enxuta' do cd  Bravo ( sem o tradicional acrílico e encartes, mas com todas as músicas por apenas R$ 5,00 ). E como não poderia deixar de faltar o Dr. Sin executa o clássico Futebol, Mulher e Rock n' Roll música possui um vigor muito grande e causa sempre uma enorme empatia do público presente ( afinal, quando chega no refrão:  " eta eta eta brasileiro quer bu... " - me diga ... quem não canta esse refrão...??? ) .  

    Foi um set curto é verdade, mas com certeza o Dr. Sin cravou sua mensagem nos ouvidos da galera com a apresentação brilhante que fizeram no Citibank. E agora fiquem com a resenha do André contando o show do guitar hero da noite.

Set List:

1.Welcome to the show / Nomad
2. Time After Time
3. Fire
4. Empty World
5. Isolated
6. Miracles
7. Emotional Catastrophe
8. Solo teclado/ Jump
9. Solo Edu
10. Drowning in Sin
11. Futebol, Mulher e Rock n' roll

Yngwie Malmsteen

    Ainda com as luzes apagadas, percebemos o início do show do Malmsteen quando ele se aquece fazendo uma escala, depois é iniciada a marcação rápida de bateria junto com o teclado da música Rising Force do álbum Odyssey e a galera do Citibank Hall vai a delírio, e Yngwie toca com total categoria os solos influenciados por Ritchie Blackmore, chamando a música e Doogie White para começar a cantar, já no início empolgando fazendo o solo marcante. Essa música foi uma das melhores do show, a banda lançou total empolgação na platéia, excelente música para se iniciar um show, apesar de algumas falhadas do vocalista Doogie White, que perdeu um pouco o fôlego; não ficou feio, mas fez falta à voz de Joe Lynn Turner.

    E o Yngwie no solo principal desta música solou com categoria divina, no fim da música, eles fizeram pausas longas nos acordes, muito bem ensaiados e orquestrados, sendo impressionante o entrosamento e a moral deles no palco e logo em seguida mandaram ser perder tempo a Demon Driver, não nos afastando da adrenalina e empolgação. Nesta, Doogie White recuperou o fôlego e comandou a música dando continuidade no clima virtuose do show e o solo do Yngwie junto com o tecladista Zeljko "Nick" Marinovic, pareciam uma alucinação de raios com um toque de música clássica, cada solo do Malmsteen é uma coisa distinta em que devemos nos esforçar para compreender, porque é tanta coisa bonita e muito rápida, que nossa cabeça não consegue acompanhar tamanha velocidade.

    Olha, os críticos do Malmsteen que não são poucos, me desculpem, mas para mim não sabem o que dizem, ou se esforçam para não compreender; o Malmsteen não é 'escaleiro' não, ele pode fazer a maioria de seu trabalho em cima de escalas, mas estas tem um propósito melódico e dentro de uma tríade com feeling que ele faz no meio da escala, especialmente quando vemos ao vivo, é aí que vemos o guitarrista Yngwie Malmsteen de 44 anos de idade, mostrar a sua categoria de músico, iniciada ainda na infância, que fez essa pessoa ser um dos melhores guitarristas do mundo.

    Após a Demon Driver a seqüência continuou com Craking The Whip do novo álbum, essas primeiras músicas foram tocadas com fúria Malmsteen, com muita moral. Devo confessar que fiquei numa posição em que não tive o completo discernimento do som, estava tudo bem, apesar de alguns abafamentos estranhos, me esforçava para perceber a Strato do Yngwie, e o agudo saia limpo, gritante na maioria das vezes.

    Logo após o Yngwie tocou a Adagio de seu primeiro álbum, essa foi a melhor do show, pois ele tocou a melodia dela com um feeling e talento perfeito, solava com todo o cuidado para as notas terem o sustain necessário, com imensa beleza, solava fazendo vibrato fazendo a nota ecoar por todo o Citibank Hall, num momento fez um vibrato e ele apontou o dedo para o céu ( Deus ), foi o momento em que sua Strato gritou mais bonito, foi emocionante; pois é, cadê um guitarrista da nova geração que faz uma coisa desta, gostaria que me desafiassem em mostrar um guitarrista pós segundo milênio que tenha a capacidade de se igualar aos guitarristas mitos do passado, a nobreza foi embora.

    Continuando, logo em seguida a Adagio, outro clássico do álbum Rising Force, a Far Beyond The Sun, tocada da mesma maneira da gravação original e mais uma vez eles finalizaram um clássico com pausas longas nos últimos acordes da música, fazendo bela atuação.

    Yngwie Malmsteen mostrou também que é um Guitar Hero tocando violão clássico, tocou Paraphrase do novo álbum, mostrando uma técnica inigualável e a característica própria de ter o toque na corda com intensidade, coisa de dedo forte e quando ele faz notas ligadas no violão, mais uma vez vemos o que é uma pessoa tocar para ser à melhor do mundo, desde a infância, esses ligados realmente atingiam a alma, nos tornando distintos de ver uma coisa dessa.

    Depois tocaram a Dreaming do álbum Odyssey, e desta vez, Doogie White finalmente soltou a voz por completo, cantou com brilho, principalmente o refrão e foi nesta oportunidade em que vi que ele tem grande potência na voz, apesar dos tropeços, foi uma grande atuação dele, quando Malmsteen inicia o seu solo ele entra rasgando com um solo encorpado, preciso com sua Strato, mais uma das melhores do show. 

    E logo após, eles tocaram a Gates To Babylon, coisa que o Yngwie adora fazer, tocar covers do Ritchie Blackmore e a banda totalmente alinhada mais uma vez tocou com muita moral esse clássico do heavy metal, o Malmsteen várias vezes fez números acústicos no show e foi numa oportunidade desta em que dei uma passada bem rápida na enfermaria; e no corredor, quem encontro?? - Doogie White!! Dei meus parabéns para ele dizendo, “You are a kick ass vocal man!! Congratulations!!”  Ele agradeceu dando uns chutes no ar, foi legal.

        Após isto, eles continuaram a seqüência do show com Exile, Crown Of Thorns e Trilogy e o destaque desta trinca foi a Trilogy -  a instrumental do álbum homônimo, em que Malmsteen mais uma vez fez solos pesados, com a sua influência de música clássica, após ela, o Yngwie tocou a Red House Blues, em que ele mesmo canta e finalmente vemos uma escala que não seja menor harmônica sendo agora a escala blues, para mim o legal nesta música não foram somente os solos blues do Yngwie, e sim o seu canto, cantou muito bem, mostrando seu talento também na voz.

    Depois eles prosseguiram o show tocando Fugue e logo após o baterista Patrik Johansson inicia o seu solo individual, mostrando uma perfeita habilidade, surpreendendo com seu bom senso, solando em cada parte da bateria, não fazendo um solo previsível, especialmente quando passou da parte grave para a caixa, em que fez uma repique extremamente rápido e perfeito, foi o melhor solo de bateria do ano junto com o Mikkey Dee, do show do Motorhead ( leia aqui como foi ).

    E eles finalizaram o show com a seqüência You Don’t Remember, I’ll Never Forget; Locked And Loaded e Masquerade, a primeira foi uma das mais cultuadas pela platéia, e a atuação da banda nesta música foi com maestria, mais uma que Doogie White cantou com emoção e potência na voz e o solo de Malmsteen foi como acima dito, insuperável, foi um grande prazer ver e ouvir esta música mais uma vez ao vivo.

    No bis, Yngwie Malmsteen iniciou com mais uma intervenção no violão, se preparando para iniciar a instrumental virtuose Black Star, nesta música não tive dúvida que pelo menos o agudo da Fender do Yngwie, estava perfeito. E eles encerraram o show com a Cherokee e um dos maiores clássicos da carreira do Yngwie, I’ll See the Light Tonight, todos tocaram muito bem, mas Doggie White que cantou com vigor a Dreaming e a You Don’t Remember, deu novamente altas falhadas, perdeu o fôlego, ainda bem que vi esta música em outras oportunidades sendo cantada muito bem, e até com o Jeff Scott Soto que cantou esta música com habilidade divina, quando cantou no show do Tribuzy em 2006 ( leia resenha aqui ).

    Mas o show foi bom, muito bom, fez fugir aquele fantasma de nunca mais ver Malmsteen por aqui, empatou com aquele show tenso de 2001, desta vez o ruim foi um pouco o tratamento de som, lembro-me que ele fez um show espetacular no Olympia em 1996, com Jeff Boals nos vocais e Tommy Aldrige na bateria, mas esse show de 2007, com a maioria das músicas do novo álbum, foi excelente, desta vez ele se mostrou mais carismático com o público do Brasil e outros shows e ate melhores do que este, com certeza virão.

Set List Yngwie Malmsteen:

 

1- Rising Force

2- Demon Driver

3- Bedinere

4- Cracking the whip

5- Adagio

6- Far beyond the sun

7- Paraphrase

8- Dreaming

9- Gates of Babylon

10- Baraque and roll

11- Exile

12- Crown of thorns

13- Trilogy suite

14- Red house blues

15- Fugue

16- Drum Solo

17- You don't remember

18- Locked and loaded / Masquerade

 

Bis:

19- Acoustic

20- Black Star

21- Cherokee

22- I'll see the light

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Texto: Fernando Júnior - Dr. Sin e
André Torres - Yngwie Malmsteen
Fotos: Site Oficial do Yngwie Malmsteen - www.yngwie.org

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