Capítulo 1: Origens e Primeiros Discos  

 

    Desta vez estou aqui para lhes contar a história de uma banda, que ao passar dos anos se tornou um dos maiores expoentes e mais queridas do heavy metal nacional: o Angra. Que na mitologia tupi guarani quer dizer Deusa do Fogo e na língua portuguesa quer dizer: uma pequena baía ou enseada usada como porto natural. E para nós brasileiros além da superbanda que temos com esse nome, também um dos lugares mais lindos do país ( Angra dos Reis ) e também nome de  usinas de energia nuclear. Mas o que interessa aqui para este especial do Rock On Stage é o Angra que detona no meio musical.

    A história inicial do Angra passa por uma parte da história do Viper, outra grande banda brasileira e uma das primeiras ao lado do Sepultura, que desbravaram os mercados europeus e japoneses para muitas bandas que se seguiram após eles. Antes deles, era muito difícil alguma banda brasileira estourar lá fora, agora, graças aos heróicos trabalhos iniciais, e também a um apoio maior da mídia especializada e a internet se tornou um pouco mais fácil. 

Primeira formação

    Em 1992, após algumas diferenças quanto ao rumo musical que o Viper pretendia tomar, André Matos
( André Coelho Mattos – nascido no dia 14 de setembro de 1971 em São Paulo/SP ), vocalista, resolve sair do Viper e ir estudar canto lírico na faculdade junto com o guitarrista Rafael Bittencourt ( nascido dia 22 de outubro de 1971 ). No período em que esteve longe dos palcos, André Matos, graduou-se na faculdade de música, e além de ser tenor lírico e pianista, ainda consta em seu currículo habilitação em Regência Orquestral e Composição Musical. E ainda foi sondado para ingressar no Iron Maiden no lugar de Bruce Dickinson, ficando entre os três primeiros colocados na seleção mundial. Já Rafael Bittencourt, em 1996 foi graduado Compositor e Regente pela Faculdade de Artes Santa Marcelina em São Paulo.

    A dupla começa a pensar e planeja montar uma banda de heavy metal com influências clássicas ( o que hoje chamamos de heavy metal melódico ), que inicialmente deu alguns problemas para a banda escolher o estilo; haja visto que cada integrante trazia suas próprias influências para a banda. Na sua formação original o Angra contava com Luís Mariutti no baixo ( nascido no dia 22 de março de 1971 em São Paulo/SP ), Marco Antunes ( bateria ) além de André ( vocais ) e Rafael ( guitarra ). Dois meses depois o guitarrista Kiko Loureiro  ( nascido em 16 de junho de 1972 no Rio de Janeiro/RJ ) entra na banda.

    Com o time pronto a banda parte para vários ensaios e em um ano é produzida a primeira fita demo Reaching Horizons que alcançou uma boa repercussão e levou a banda a assinar com uma gravadora ( a Eldorado foi a escolhida, uma das únicas que investiam em metal nacional na época – ainda bem que hoje isso mudou )  para lançar o seu primeiro álbum. Poucos dias antes do início das gravações, Marco Antunes alega divergências com o produtor dessa primeira gravação, e deixa a banda ( que erro não? ). Com isso Alex Holzwarth ( baterista da banda alemã Siegens Even, que posteriormente iria para o Rhapsody ) assume o lugar apenas para gravar o álbum Angels Cry ( 1993 ) – sem dúvida nenhuma um dos maiores clássicos do Angra e um fantástico disco de estréia, que até hoje serve de parâmetro de comparação com todos os outros lançamentos posteriores. Logo Ricardo Confessori ( nascido no dia 25 de janeiro de 1969 em São Paulo/SP ) entra na banda e assume de vez o lugar deixado por Marco Antunes. Essa formação que se tornou clássica durou até o lançamento de Fireworks.

Reaching Horizons 1992

    A demo contava com as seguintes músicas: Evil Warning, Time, Reaching Horizons, Carry On, Queen Of The Night  e Angels Cry,  além das músicas bônus  Don't Despair e Wuthering Heights.

Angels Cry - o aclamado primeiro álbum

    Angels Cry recebe ótimas críticas da imprensa internacional e nacional, que o Angra leva a ser banda revelação do ano. Algumas delas : Burrn! ( Japão ), Flash ( Itália ), Rock Brigade ( Brasil ), Hard Rock
 ( França ) rendem ao Angra prêmios de melhor banda, melhor álbum, melhor vocalista, melhores guitarristas ( se fosse contar todos os prêmios recebidos teria de fazer um especial somente disso!!! ). E já de cara a banda mostra que não tem medo de ousar, arriscar e que se torna uma marca do Angra.  

    Falando mais especificamente do álbum, Angels Cry contava inicialmente com 10 faixas, mas posteriormente foram adicionadas algumas faixas bônus. A Introdução era com a faixa Unfinished Allegro que era a abertura para a, hoje considerada por todos como um clássico: Carry On – sendo indispensável em qualquer set list do Angra desde então. Peso e velocidade na bateria, guitarras melódicas e solos rápidos nas guitarras e no baixo, vocais perfeitos, enfim uma música memorável. Após esse magnífico petardo inicial temos Time que começa mais lenta e no decorrer tem uma inversão perfeita, com presença de teclados, riffs e solos de primeira. Em seguida Angels Cry, a faixa título, que mostra uma melodia grandiosa, um heavy metal maravilhoso e com influências clássicas, a mescla que é a característica da banda, é outra que nunca pode faltar em nenhum show, afinal é difícil um fã ver o Angra e não pedir Angels Cry.

   Stand Away é a quinta faixa do disco, mais lenta, com backing vocals de Rafael Bittencourt e essa faixa dá uma impressão de ópera, mas com toda a base de metal. Em Never Understand, temos um ponto forte do disco, com uma das mais belas faixas deste e de todos os discos do Angra, que além de uma bela canção de metal, tem claras influências de música brasileira, preste atenção nos solos finais e me fale depois ( são fantásticos não ? ).

    André Matos mostra toda a versatilidade de sua voz na cover de Wuthering Heights da cantora pop Kate Bush, que ficou muito fantástica nessa versão metal que o Angra fez e na época ( 1993 ) era altamente tocada nas rádios ( tanto que na época, com tantas belas faixas no disco, o Angra era mais conhecido por essa música ). Streets of Tomorrow – de volta ao peso. Evil Warning – mais uma canção super melódica, com um solaço de baixo e riffs de guitarras marcantes.

    Fechando as 10 primeiras canções originais do Angra Lasting Child dividida em duas partes, que é mais um momento fantástico do disco: partes que são música clássica pura, metal, riffs, vocais maravilhosos, enfim é a fecha com chave de ouro do cd ( preste atenção na melodia dessa faixa – não é demais? ).  Na reprensagem do álbum, foram adicionadas as faixas Evil Warning com vocais diferentes, Angels Cry e Carry On  remixadas  - um brinde para os fãs. ( nota: as faixas bônus encontram-se na segunda prensagem do álbum no Brasil. A primeira, pela gravadora Eldorado é completamente diferente, pelo encarte e também por ter apenas as dez faixas principais ).   

       

    E Angels Cry contou com participações especiais de Alex Holzwarth ( bateria ), Thomas Nack, Sascha Paeth, Kai Hansen e Dirk Schlächter. Produzido por Charlie Bauerfeind e Sascha Paeth e foi disco de ouro no Japão.

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Por Fernando Júnior