Tarja - Act II
Duplo - 20 Faixas - Shinigami Records - 2018

    A formosa, simpática e detentora de uma das melhores vozes do mundo do Heavy Metal, a finlandesa Tarja Turunen da cidade de Kitee, que se mostra cada vez mais como uma incansável musicista, lançou em julho de 2018 o álbum duplo e DVD ao vivo Act II, um retrato fiel da turnê mundial de divulgação de seus dois últimos discos de estúdio lançados em 2016, isso mesmo, dois... o The Brightest Void ( leia resenha ) e o The Shadow Self ( confira mais detalhes ), que além das canções novas, contém um mergulho nas melhores composições da carreira da Tarja Turunen e alguns clássicos de sua relevante, histórica e inesquecível passagem pelo Nightwish.

    Enquanto que na versão em DVD temos ela e sua banda em dois shows distintos, sendo eles registrados no Metropolitan Studios em Londres na Inglaterra no dia 06 de junho de 2016 e o outro no Teatro Della Luna Assago em Milão na Itália no dia 29 de novembro de 2016, a versão em cd lançada pela Shinigami Records no Brasil é dupla e centrada neste segundo show. Além da inigualável vocalista, a banda Tarja teve a seguinte formação: Timm Schreiner na bateria e percussão, Kevin Chown no baixo e backing vocals, Alex Scholpp na guitarra e backing vocals, Julian Barret na guitarra e Christian Kretschmar nos teclados e backing vocals.

    Com o álbum nas mãos, Tarja Turunen trabalhou em sua produção ao lado de Mic e Tim Palmer, que cuidou da mixagem realizada em parceria com Travis Kennedy no 625 Studios. A masterização é do experiente Svante Forsbäck  ( Amorphis, Volbeat, Tristania, Evergrey, Sonata Arctica, Lordi, Vers'Over, Turisas, Stratovarius, Korplikaani, Ensiferum, Apocalyptica, entre muitos outros ) e foi realizada no renomado Chatmakers em Helsinque na Finlândia. A capa de Buro Dirk Rudolph exibe Tarja Turunen toda linda como sempre com um garboso vestido branco de renda e no encarte de Act II temos um livreto com 20 páginas com as informações do álbum e fotos da vocalista sendo uma mais bela que a outra. A partir de agora convido você caro leitor(a) para uma imersão no Heavy Metal Sinfônico desta verdadeira princesa finlandesa de forma a ouvir o disco e se imaginar participando do show junto à plateia de Milão.

    Após os aplausos dos fãs e a natural abertura de cortinas ( eu não vi , mas senti que foi exatamente isso que aconteceu ), Tarja Turunen exala seu astral positivo ao cantar a pesada No Bitter End ( do The Brightest Void ), que ficou mais encantadora que sua versão de estúdio, já confirmando logo no princípio os magníficos vocais de Tarja Turunen neste Heavy Metal Sinfônico e cativante. Apenas sorrido ( como disse antes, não estou vendo o vídeo ou o show, mas sei de sua enorme simpatia e sei que ela sorriu ), ela canta sem falar com os fãs a 500 Letters ( do Colours In The Dark de 2013 ) em que seus vocais líricos ficam evidentes e a pesada melodia de andamento devagar concedida por sua banda garantem um aumento da potência da música.

    Contente, ela anuncia a terceira, que é a nova Eagle Eye, onde seu peso e sua harmonia são executados de forma admirável tanto em seus vocais quanto em suas linhas instrumentais com direito a provocações da vocalista direcionadas e intencionadas para inflamar a plateia te levando a imaginá-la na sua frente com as suas movimentações típicas ( com muitos 'bangues' inclusos ) e seu carisma, que a tornaram a grande frontwoman que é nesta canção que também é pertencente ao The Brightest Void. Bastante aplaudida, ela sorri e agradece com um sonoro "Gracias" para que os fãs presentes recebam a experimental e fortificada Demons In You em que ela alterna seus linhas líricas de vocais robustos e até que um tanto mais assustadores com outros mais suaves e sinfônicos, sendo que ela faz isto como poucas através de várias camadas de melodias pesadas nesta música do disco The Shadow Self.

    Mesmo sem estar presente no show em Milão é possível sentir a entrega da vocalista em seus movimentos e suas facetas ao interpretar as canções, como percebe-se na sombria Lucid Dreamer do Colours In The Dark com suas partes introspectivas, viajantes e Progressivas, que ao serem exploradas por sua voz nos fazem "ver" Tarja Turunen diante de nossos olhos, pois, ela lança a sua magia e encantamento no ar. Interessante como ela e a banda exploram seus caminhos experimentais também no show conferindo um clima todo especial e sinfônico. Os fãs no Teatro Della Luna Assago aplaudem e ensaiam um coro "Tarja... Tarja...", mas, são interrompidos com Shameless, outra canção do The Brightest Void  em que a união dos vocais líricos da cantora com o Heavy Metal de sua melodia ficou gratificante ao vivo, graças também à sua afiada banda, que participou notadamente nos backing vocals.

    Tão feliz quanto os fãs, ela grita "Gracia... Gracia.. Gracia" e aos dedilhados no violão devidamente acompanhados pelas palmas, The Living End do The Shadow Self é tocada e pelo jeito que foi exibida ganhou notáveis ares de Folk, que ficaram emocionantes nos vocais de Tarja Turunen nesta noite transmitindo uma aura de paz, melancolia e progressividade. Ainda neste estilo mais intimista, ao menos em seu início, Calling From The Wild nos traz Tarja Turunen cantando com muito feeling seus versos e liberando a potência de sua voz junto a uma atuação brilhante de seus músicos, especialmente do baterista Timm Schreiner, dos guitarristas Alex Scholpp e Julian Barret e do baixista Kevin Chown nesta composição do The Shadow Self com direito a momentos experimentais e longos solos em que eles garantem uma atmosfera memorável à canção. O cover do Muse para Supremacy incluso no disco The Shadow Self também foi adicionado ao set list do show, onde suas mesclas de força e serenidade foram harmonizadas pelos vocais de Tarja Turunen que conferiram juntos ao solos de guitarras feitos por Alex Scholpp e Julian Barret um ambiente mais Progressivo e dramático em seus solos de guitarras e empolgante nos gritos poderosos da vocalista em que ela demonstra porque é uma soprano com amplitude de 3,5 oitavas.

    O término deste primeiro cd de Act II é simplesmente soberbo, pois, Tarja Turunen relembra de clássicos imortalizados por ela quando esteve à frente do Nightwish, que foram iniciados com a instrumental Tutankhamen ( do Angels Falls First de 1997 ) e seguidos por trechos de Ever Dream ( Century Child de 2002 ), The Riddler ( do Oceanborn de 1998 ), Slaying The Dreamer ( também do Century Child ) em que a mística do momento me reconduziram ao - infelizmente extinto - Via Funchal em São Paulo/SP, precisamente ao domingo, dia 05 de dezembro de 2004 quando assisti pela primeira vez o Nightwish e me apaixonei ainda mais pelo talento de sua vocalista ( relembre aqui ) e o que Tarja Turunen e sua banda fizeram neste Act II ficou prazeroso e gratificante. Simpática como sempre, ela agradece o calor recebido pelo público italiano novamente e aí chegou o momento de trocar o cd.

    Na segunda parte do show e partir do segundo cd, Tarja Turunen nos mostra a sua versão para o hit cinematográfico e tema de um dos melhores filmes do famoso espião inglês James Bond 007 para Goldfinger que foi gravado por ela no cd The Brightest Void e que em sua voz ficou tão pomposo quanto a versão original de Shirley Bassey, porém, ao vivo ganhou muito mais glamour. Com as orquestrações tomando os holofotes, o espetáculo prossegue com Deliverance ( essa do Colours In The Dark ) com seu estilo comovente e repleto de emoção da soprano ao cantar seus versos, além de toques mais Progressivos em seu decorrer, que nos conquistam graças ao magnetismo que Tarja Turunen coloca seus versos.

    O segundo medley da noite foi acústico e abrange apenas a carreira solo da diva de olhos azuis, e em seu principio foi no piano, voz e violão com a emocionante Until Silence ( do Colours In The Dark ) continuando com a fantasmagórica The Reign ( do primeiro disco My Winter Storm de 2007 ), Mystique Voyage ( outra do Colours In The Dark ), House Of Wax ( cover do Paul McCartney que saiu no The Brightest Void ) e I Walk Alone ( outra do primeiro trabalho que sintetiza a vida dela pós Nightwish ), enfim, canções que pelo formato escolhido se tornaram consideravelmente mais emblemáticas e marcantes para serem ouvidas de olhos fechados e que devem liberar a mente em direção ao dia da gravação do cd atravessando a fronteira do tempo e espaço, pois, privilegiou brilhantemente a voz de Tarja Turunen ao deixá-la totalmente à vontade.

    De volta ao The Shadow Self e devidamente com os instrumentos plugados, a vocalista envia com toda habilidade Love To Hate, canção cujas elevações que favorecem o dinamismo de sua voz e tornam as suas melodias ao vivo mais contagiantes, além disso, devo elogiar também novamente a atuação de cada um dos membros de sua banda mais alegria ao espetáculo.

 

    Os repiques militares feitos pelo baterista Timm Schreiner denunciam que Victim Of Ritual, canção de abertura do Colours In The Dark é a próxima para que a musa nos envolva com sua voz transmitindo do palco todo o brilhantismo que consegue nos passar, além de nos confirmar sua animação e despertar a vontade de agitar em sua audição em uma das melhores partes do show. Isso resulta após seu final em muitos aplausos dos fãs, que recebem logo em seguida a Undertaker e a plateia bate palmas no ritmo desta canção do The Shadow Self, sempre com ela aplicando toda a sua dedicação a todo momento, que se direciona para viagens grandiosas antes de seus ótimos solos de guitarras e o retorno dos vocais.

    De ares românticos, Too Many mantém o The Shadow Self em evidência com uma discrição no set com a vocalista depositando sua atitude positiva para nos capturar com sua atuação, pois, sente-se o encantamento emanado de seus vocais, assim como as melodias tocadas pelo pianista Christian Krestchmar que crescem cada vez mais ao passar de seu tempo até encerrarem em entristecidas notas somente na voz de Tarja Turunen. Outra vez, o tecladista Christian Krestchmar chama a responsabilidade para si em seus toques para depois 'devolver' para a vocalista cantar primorosamente a Metal Sinfônica Innocence, uma linda canção do The Shadow Self exibida formidavelmente neste Act II.

 

    Apenas com as primeiras notas de Die Alive, ela já 'toma de assalto' os fãs presentes no Teatro Della Luna Assago, que certamente reagiram socando o ar após serem 'convocados' pela cantora, que coloca uma beleza singular neste Gothic Metal do My Winter Storm em que ela apresenta sua banda para o público. Finalizando este show e o cd Act II, Tarja Turunen canta a encorpada Until My Last Breath, um excelente Symphonic Metal do álbum What Lies Beneath de 2010, que para mim define o que é um espetáculo da finlandesa: dedicação total até o último suspiro, como ela sempre faz questão de deixar claro a cada noite, sendo isso reparado seja ouvindo um álbum ao vivo como este, vendo um DVD ou estando no show como foi o caso dos italianos do Teatro Della Luna Assago.

    Tarja Turunen com este Act II simplesmente lançou um dos melhores álbuns ao vivo do ano e que em quase duas horas repassou toda a sua carreira nos fazendo desejar estar assistindo sua apresentação. Enfim, temos que seguir o seu conselho: "apague as luzes, aumente o volume e mergulhe de cabeça no show", que neste caso, mesmo sem as imagens, com frisei por várias vezes ao longo desta resenha, isso acontece. Parabéns Tarja Turunen por tão grandioso álbum ao vivo.
Nota: 10,0.

Por Fernando R. R. Júnior
Fevereiro/2019

 

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