Twisted Sister
Sábado, dia 14 de novembro de 2009 no Via Funchal, São Paulo/SP

    Finalmente o Twisted Sister veio ao Brasil para nos presentear com um dos melhores shows de rock não só deste ano de 2009 como também de todos os tempos. Gerações de fãs que já não esperavam mais encontrar seus ídolos dos anos 80 em um show ao vivo no Brasil, mas o que parecia impossível aconteceu, e tínhamos espalhados pelo Via Funchal alguns fãs vestidos de Dee Snider. As origens da banda remontam ao ano de 1972 em  Long Island, Nova Iorque ( EUA) em 1972 e o primeiro disco saiu só em 1982 com o álbum Under The Blade, mas o sucesso veio mesmo com o multiplatinado Stay Hungry de 1984 e a comemoração dos 25 anos deste verdadeiro colosso - que definiu muito do hard rock dos anos 80 -  trouxe o Twisted Sister e seu visual glam rock à meca sul-americana do rock: São Paulo. Além disso, este show histórico marcou a primeira apresentação do quinteto não só em terras tupiniquins, como também em toda a América Latina, com isso não deu outra: o Via Funchal ficou completamente lotado por hard rockers, headbangers, e, além dos fãs maquiados, gente do porte de Edu Falaschi e Felipe Andreoli encontravam-se também pela pista.

Massacration

    Antes do Twisted Sister, os brazucas do Massacration, banda formada pelos humoristas Hermes e Renato propiciou toda a dose de hilariante que costumam deixar o seu heavy metal muito divertido. Uma pena que esse show foi logo às 21:00hs e muitos fãs desavisados ainda não haviam entrado no Via Funchal, inclusive eu que imaginava que eles se apresentariam um pouco mais tarde. Mesmo com um público menor, eles tocaram seus principais sucessos como:  Metal Massacre Attack, Metal Bucetation Metal Is The Law, além de algumas músicas novas. Que assistiu me relatou que foram uns 25 minutos de som e uns 10 de brincadeiras, como por exemplo, quando o vocalista Detonator mandou perolas como: "Pessoal, está chegando aí uma banda que está começando agora... Vamos dar uma força para eles!" , ele estava falando é claro do ....

Twisted Sister

    Quando “It’s a Long Way to the Top ( If You Wanna Rock n’ Roll )”, do AC/DC ( que aliás lembra-nos que teremos mais alguns deuses entre nós ) terminou, as luzes se apagam, eram 22:30hhs. Neste horário foi quando um dos mais importantes capítulos da história do rock no Brasil começara a ser escrito pelo Twisted Sister, de fundo uma pequena bandeira com o logotipo da banda, e instantes depois Dee Snider ( vocais ), Eddie Ojeda e Jay Jay French ( guitarras ), Mark Mendoza ( baixo ) e  A.J. Pero ( bateria ), entram no palco com todo aquele visual glam carregado e característico dos clips e shows dos anos 80. Foi uma alegria sem tamanho ver estes verdadeiros ícones do hard rock e metal, todos devidamente maquiados, apresentando um show realmente inesquecível.

     O show foi aberto com a explosiva What You Don't Know ( Sure Can Hurt You ) do Under The Blade e já víamos o porque Dee Snider pode e deve sempre ser considerado com um dos melhores vocalistas de todos os tempos, afinal, o frontman anunciou a primeira de um jeito único para fazer inveja ao Gene Simons do KISS ( responsável por outro show espetacular, veja mais aqui ). Se fosse só isto, já estaria de bom tamanho, mas além de cantar muito bem - com um potencial de voz fabuloso, ele pulava, bangeava sua extensa cabeleira e mexia com a plateia de uma forma só vista antes, talvez nas apresentações dos Rolling Stones. E detalhe, Dee usa aquela maquiagem pesada e cheia de adereços ( corrente no pescoço, lenços, unhas pintadas, roupa de couro colada - mais glam rock impossível ), enfim, o cara é atitude pura e é escola para gerações de vocalistas que devem aprender com ele como se portar no palco para ganhar a galera rapidamente. Os guitarristas J. J. French ( com sua guitarra Gibson em tons de rosa ) e Eddie Ojeda destilaram vários riffs que marcaram e muito, ou seja, um delírio coletivo logo de início.

    Um show quente, eletrizante e melhorando a cada segundo. Assim o Twisted Sister prosseguiu com o 'hardão' pesado de The Kids Are Back ( do You Can´t Stop Rock´n´Roll ) e Dee Snider cantava e empolgava ainda mais os fãs com as evoluções que fazia com seu pedestal do microfone tanto que, se tivesse que apontar um destaque individual do show, apontaria o frontman. Depois tivemos Stay Hungry, a primeira do clássico álbum de 1984 e que foi relançado em 2004. Os riffs velozes de J. J. French e Edie Ojeda mais o refrão sendo cantando pelos fãs à plena força junto com Dee deram a certeza, o show seria realmente espetacular. No final desta J. J. ( com óculos escuros e muito batom na boca ) exclama:  “Queremos nos desculpar por termos demorado tanto para vir tocar no Brasil”. Tenho certeza que todos os fãs presentes no Via Funchal perdoaram o guitarrista, bem como o TS, pois show fervente como este há muito tempo que eu não assistia.

    Antes de iniciar a próxima, o falante Dee Snider diz: “Vocês estão prontos para o Twisted Sister? Porque nós estamos prontos para vocês”, e emenda dizendo que o calor era tanto que até suas bolas estavam suando ( o que era verdade pois o calor deste sábado foi quase insuportável e dentro do Via Funchal a temperatura estava ainda mais quente ainda,  tanto que ele tira parte de suas vestimentas ) e então tocam mais uma desse disco, agora com a mais pesada e levemente cadenciada Horror-Teria: Captain Howdy, hora que ouvimos um excelente solo saindo da Gibson de J.J. e sua 'pequena' montanha de amplificadores Marshalls. Dee por sua vez deixa o microfone para completarmos o refrão e sem que percebamos já temos Shoot´em Down outra agitada música do disco Under The Blade, com a adrenalina aumentando a cada instante somos levados à mais clamor ainda por parte do quinteto americano. E tome solo de J. J. French novamente. Uma coisa incrível de se mencionar são os movimentos de braço que o baixista Mark Mendoza fazia durante os solos de guitarra. Praticamente quase ao final de cada música, Dee Snider corria atrás dos Marshalls para tomar uma água.

    A próxima do set era nada mais nada menos que uma das mais conhecidas canções do Twisted Sister e sem dúvidas um maiores hinos de toda a história do rock: We’re Gonna Take It, que causou uma inflamada participação da galera que cantou fortemente junto com a banda, e que após o seu final, Dee Snider nos deixou cantar mais uma vez o refrão sem o acompanhamento dos demais instrumentos. Tanto é verdade que os " oooo..ooooo..." nunca foram cantados com tanta força pela plateia que tenho que registrar nesta resenha: que felicidade pessoal foi ver e ouvir We’re Gonna Take It com seus solos ao vivo tocados pelos seus criadores!!!! E a banda ficava, a cada instante, visivelmente mais emocionada com o calor do público brasileiro ( era recíproco: nós também ficamos extremamente felizes por estarmos curtindo o show do Twisted Sister !!! ). Dee comentou ao fim desta: “Vocês são uma das plateias mais barulhentas para as quais já tocamos”. E vale lembrar que muitos dos presentes não tinham nascido quando essa música foi composta e são em momentos como este que mais uma vez podemos afirmar que por mais que falem o rock nunca irá morrer, a magia é imortal e cresce cada vez mais.

    Uma pausa antes de continuar o set e Jay Jay French pega o microfone e diz que sua filha estava completando 16 anos, e ele queria homenagear ela, e pediu para que nós cantássemos " Parabéns a Você". O que se viu foi um gigante “Happy Birthday To You” cantado por toda o Via Funchal e o contente papai French registrou tudo com sua filmadora. E ele mesmo anuncia a pesada The Fire Still Burns ( do Come Out And Play ), que continuou a passagem por músicas de toda a carreira da banda e não só do álbum Stay Hungry como fora inicialmente previsto, afinal eles estavam pela primeira vez no Brasil. E Dee canta de uma forma chamando os fãs para participarem com ele para energizar ainda mais o show. A rápida You Can’t Stop Rock ‘n’ Roll ( do álbum de mesmo nome de 1983 ) trouxe solos mais distorcidos de guitarras e uma vibrante atuação do vocalista, e essa veio para acelerar e acalorar ainda mais a empolgação que sentíamos no show. Nessa, J. J. French sola implacavelmente sua guitarra, quem acompanhou vai lembrar-se dos solos que ele fazia em sua Gibson rosa. E eles cantavam uma verdade, por mais que tentem, os desgostosos do rock não conseguem nos parar, nossa energia de guerreiros que somos é mais forte, nós sempre acabamos vencendo e ficamos mais poderosos ainda após cada batalha.

    30 um ótimo rock´n´roll inédito presente na reedição comemorativa de 25 anos do lançamento de Stay Hungry foi tocada, muito bem recebida pelos fãs, além de mostrar que, se e quando quiser, o Twisted Sister pode ainda nos trazer mais hards rocks infalíveis que serão sucessos sem sombras de dúvidas. E sem parar veio à tona a balada The Price ( também do Stay Hungry ) que deu continuidade ao show, mas logo nos seus primeiros acordes, os milhares de fãs mais uma vez surpreenderam o TS, pois todos, sem exceção, cantaram os versos iniciais e levaram o vocalista a exclamar: "Vocês são tão bons que nem precisam de banda!". Bem, meu caro Dee Snider precisamos sim, precisamos do Twisted Sister e complemento, acho que só senti uma emoção assim ao ver David Coverdale cantado "à capela" Guilty Of Love na passagem do Whitesnake por São Paulo em 2008 ( leia aqui ), e então tocaram a The Price inteira e majestosamente para a vibração do grande coral que se formara na Via Funchal, que pode mexer os braços, sentir de perto os solos de J. J. French com sua Gibson e ascender seus celulares, como faziam antigamente com  os isqueiros.

    Falando em guitarras, elas já anunciam mais um clássico do Stay Hungry, agora a pesada Burn In Hell, e nesta Dee Snider - com fortes e macabras luzes vermelhas em seu  rosto  - conseguiu ser mais demoníaco que o nosso querido Ronnie James Dio cantando Heaven and Hell do que no show do Heaven & Hell ( confira matéria do show deste ano em maio ), posso afirmar que o vocalista do Twisted Sister encarnou o "coisa-ruim em pessoa" por alguns instantes ( aliás que performance invejável ),  e vale lembrar, com o calor extremo dentro do Via Funchal, Burn In Hell teve tudo a ver. Até rodas de empolgação se abriram quando J. J. French e Edie Ojeda solavam suas guitarras tomando conta da casa e o êxtase era pleno. E os músicos deixam A.J. Pero sozinho para que ele realizasse um breve, mas impressionante, solo de bateria e o mais interessante foi a utilização de baquetas que brilhavam  no escuro.

    Não parecia, pois a interatividade e a alegria eram enormes, mas o show já estava chegando ao final da primeira parte, e para fechar nada melhor que outra que está consagrada no Olimpo das melhores canções do rock: I Wanna Rock.  Nesta Dee Snider brinca bastante com o público fazendo aumentar em muito a sua participação, quando o vocalista berrava  " I Wanna....." e pedia para que completássemos com "Rooooock!!!!" e cada vez ele queria mais forte, nesse ínterim, Edie Ojeda e J. J. French deixam suas um pouco guitarras de lado e pegam suas câmeras para fotografar essa felicidade expressa em agitação total pelos fãs que pulavam a cada grito de " Rooockk!!!". Realmente um momento ímpar que só bandas como o Twisted Sister são capazes de proporcionar.

    Para o bis todos gritaram aquele coro de "Olê..olê...olê Twiiisteeed Siiisteeer....", já tradicional quando alguma banda apresenta por aqui, o Twisted Sister adorou esse coro e até tentou imitá-lo quando apresentou todos os integrantes da banda - lógico que nós ajudamos eles. A primeira do bis foi Come Out and Play, título do de 1985, e nada mais apropriado para a volta da banda, que dispara esse clássico como se fosse um tributo à todos os fãs que cantaram bravamente o  refrão e foram agraciados com ótimos rifs de Edie e Jay Jay.

    Alguém esperava que tivesse outro bis? Se não esperava foi surpreendido com Under The Blade de 1982, anunciada para os mais velhos que aguardaram anos e anos por essa visita. Falar que Under The Blade causou uma imenso contentamento é quase ser renitente, mas foi o que este rockão fez com todos ficarem com as mãos ao alto no melhor estilo heavy metal de ser  ( atendendo o pedido de Dee Snider, como se fosse preciso pedir para agitarmos ouvindo uma clássica dessas ) .

    A última da noite foi S.M.F. ( homenagem à tropa de “sick motherfuckers” que os acompanha o Twisted Sister neste anos todos ).  E Dee pega uma bandeira da Argentina, e balela, todos vaiam. Isso gerou uma rápida reação de preocupação em J. J. que disse que não podemos desrespeitar a bandeira dos outros, é... eles realmente tem muita consciência política. Polemicas à parte, felizes da vida eles prometeram voltar e ainda agulharam os promotores de shows brasileiros, dizendo que deveriam trazer novamente o Twisted Sister, e Dee Snider ainda completou: “Nos vemos outro dia. De preferência no inverno". Já fica a pergunta, será que eles voltam mesmo? Que a resposta seja um sim e para breve, pois quem não foi deve estar se extirpando agora!!!

    O Twisted Sister provou nesta noite magnífica ( e muito quente ) no Via Funchal, o porque são sempre considerados uma das melhores bandas de hard rock de todos os tempos e também porque são ainda melhores  ao vivo realizando indiscutivelmente um dos shows mais tops de 2009, e isso em um ano que já teve Iron Maiden, KISS, Heaven & Hell. Longa vida aos The Iron Men Of Rock'n'Roll !!! Longa vida ao Twisted Sister!!!!

Por Fernando R. R. Júnior
Fotos: Stephan Solon / Via Funchal
Novembro/2009

Set List:
What You Don’t Know (Sure Can Hurt You)
The Kids Are Back
Stay Hungry
Horror-Teria: Captain Howdy
Shoot ‘em Down
We’re Gonna Take It
The Fire Still Burns
You Can’t Stop Rock ‘n’ Roll
30
The Price
Burn in Hell
I Wanna Rock

Bis:
Come Out and Play

Bis 2:
Under the Blade
S.M.F.

 

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