Kreator - Phantom Antichrist Tour
Abertura: Tim "Ripper" Owens

14 de dezembro de 2013
no
Carioca Club em São Paulo/SP

    A última passagem do Kreator, pelo Brasil foi em 2009 ( confira resenha ), um dos representantes do Big Four Alemão, como estão sendo chamados as bandas Kreator, Destruction, Sodom e Tankard e atualmente eles encontram-se em plena divulgação do DVD/cd Dying Alive, um registro ao vivo da tour do cd Phantom Antichrist.

    A excelente atração de abertura foi o norte-americano Tim Ripper Owens, que já esteve em bandas com o Judas Priest, Iced Earth, Hail! e este ano passou por aqui junto com o Dio Disciples ( confira cobertura ) em outro grande show. Com dois grandes nomes do Heavy Metal reunidos o Carioca Club ficou lotado para um dos últimos grandes shows internacionais de 2013.

Tim Ripper Owens

    Durante a divulgação dos shows foi dito que Tim Ripper Owens iria tocar apenas músicas dos álbuns de estúdio que gravou com o Judas Priest, os ótimos Jugulator de 1997 e Demolition de 2001, mas não foi o que aconteceu, pois o set list escolhido abrangeu vários clássicos do Judas Priest e também uma homenagem ( e lembrança ) ao mestre Ronnie James Dio, em uma decisão totalmente acertada. 

    E com tantas passagens pelo Brasil, seja em carreira solo ou com o Hail! e Judas Priest, o já digamos naturalizado brasileiro, já declarou várias vezes o quanto gosta daqui e Tim Ripper Owens junto com BJ ( do Tempestt ) e Léo Mancini ( do Tempestt e Noturnall ) nas guitarras, Paulo Soza no baixo e Gabriel Triani na bateria, que é basicamente a formação que excursionou com ele pelo Brasil em 2009, passando por várias cidades inclusive Ourinhos/SP, deram inicio a grandiosa apresentação com nada menos que o imensurável clássico Painkiller, com sua poderosa intro de bateria e já tínhamos um Carioca Club a mil por hora, pois ele estava com garra, gritando com todo o poder de sua voz e queria cravar um grande show.

    Com a habilidade de ganhar a plateia facilmente, o vocalista faz a célebre pergunta, que virou uma marca sua no Judas Priest: "What Is My Name? What Is My Name?" e claro ao ouvirem a respostas, já tínhamos outro clássico do Judas Priest com a eletrizante The Ripper.

  Sem dúvida uma das grandes faixas de toda a carreira do Judas Priest veio depois, e claro que Mr. Halford jamais cantará a mesma por questões de diferenças musicais ou contratuais ( quem gravou essa foi Ripper ), porém, para nosso deleite ela é mandatória em todo show de Tim Ripper Owens e Burn In Hell do Jugulator, assim como quase todas do show, foi muito bem cantada pela plateia, porém, essa faixa veio em especial.

    E mesmo executando uma dos álbuns que gravou com a banda inglesa, o show foi totalmente fora destes dois álbuns, "Ripper" quis surpreender e deixar uma marca nos fãs e relembrou o Beyond Fear com a Scream Machine extraindo uma resposta mais que positiva, afinal, ele foi aplaudidíssimo e aos gritos de "Ripper Ripper" ecoando por todo o Carioca Club, afinal, a potência de seus vocais ao vivo é ainda mais poderosa.

    Na sequencia, ele emenda dois hinos "Priestianos" com a The Green Manalishi ( With The Two Pronged Crown ) e a  setentista Victim Of Changes, que junto a banda de apoio trouxeram na memória na hora a alegria e a energia positiva que essas músicas dos ingleses passam para todos nós. Posso dizer que ele é um talento nato, uma grande voz e com excelente performance de palco e a pergunta que fazemos é por que Tim Ripper Owens ainda não emplacou como solista, ficando sempre "preso" a sua ex-banda, porém, sempre lotando casas de shows e conquistando todos com seu carisma e competência.

 

    E já que a ideia era dar uma passada por toda a carreira do Judas Priest e não apenas em dois álbuns, Metal Gods, clássico absoluto dos ingleses foi tocado com o vocalista mostrando porque ele teve a capacidade de substituir com precisão Rob Halford e notava-se tanto ele quanto seus músicos de apoio estavam felizes por executarem este hino do Heavy Metal Mundial.

    Realmente uma canção que foi uma surpresa no set foi a Stand Up And Shout, que serviu para aclamar um dos melhores vocalistas de Metal de todos os tempos, Dio, e tanto Tim Ripper Owens quanto sua banda executaram uma versão demolidora deste clássico da carreira solo de nosso herói em uma grata (re)lembrança de outro grande show de 2013, o Dio Disciples.

    Em seguida, o vocalista nos exibiu uma canção do seu projeto Beyond Fear, que sua carreira solo e pesada The Human Race mostra toda a agressividade dos seus vocais. Hora de retornar ao sons do Judas Priest com simplesmente a destruidora dupla The Hellion/Electric Eye, que ajudaram a ferver ainda mais o Carioca Club.  Depois foi a vez de One On One gravada por Tim Ripper no Judas Priest no citado Demolition.

 

    A cereja do bolo veio com outra homenagem a Dio, sem necessidade de maiores apresentações, já que se trata de um dos maiores hinos da história do Heavy Metal, e cabe aí uma curiosidade, neste ano de 2013 o Rock On Stage cobriu vários shows internacionais que a canção foi apresentada como o Stryper em fevereiro ( leia resenha ), o citado Dio Disciples em junho e o Big Noize em julho ( relembre como foi ), e de certa forma terminar o ano ouvindo este mega-clássico tocado com todo o peso, atitude e performance que Tim Ripper Owens e sua banda aplicou foi o encerramento perfeito do show, mas uma coisa lhes digo: deixou um gosto de quero mais no ar, mas agradou a todos.

 

Set de List Tim "Ripper" Owens

1 - Painkiller
2 - The Ripper
3 - Burn In Hell
4 - Scream Machine
5 - The Green Manalishi (With The Two Pronged Crown)
6 - Victim Of Changes
7 - Metal Gods
8 - Stand Up And Shout
9 - The Human Race
10 - Electric Eye
11 - One On One
12 - Heaven And Hell

Kreator

    Até que não demorou muito para que o palco fosse trocado para que o Kreator, um dos pilares do Thrash Metal alemão originado fosse para o palco, ponto para a Free Pass Entretenimento, que em todos os seus shows não atrasa e é ágil em seu trabalho. E "Mille" Petrozza, vocais e guitarra, Christian "Speesy" Giesler no baixo, Jürgen "Ventor" Reil na bateria e Sami Yli-Sirniö na guitarra entraram no palco dispostos a produzir um show destruidor mesmo.

    Depois da  tradicional introdução de Mars Mantra, o quarteto dispara o petardo Phantom Antihrist, título do último cd de estúdio da banda de 2012 para que as primeiras rodas e a euforia dos Thrashers presentes se inflamasse de vez. Continuam quebrando tudo com a cadenciada From Flood Into Fire, outra do novo trabalho que deu para perceber que eles investiram nos solos de guitarras mais Heavy Metal e o fizeram muito bem pois Mille Petrozza e Sami Yli-Sirniö estavam solando muito.

    Depois fizeram uma pausa para as boas vindas e já que pessoalmente eu duvido que Mille Petrozza estava acreditando no que estava vendo na plateia, pois teve uma roda animal com todos cantando juntos e bem alto quase que sobressaindo a voz do vocalista, que comenta do tempo que não se apresentava no país e então vem a pergunta: "Are you Ready?...Sampaolo, I Said Are you ready?". E claro, que com um estrondoso "Yeahhhhhh" vindo dos fãs ecoou no Carioca Club para que eles tocassem a rápida Warcurse do Horde To Chaos de 2009, que continuou com a mesma pegada.

   

    Aliás, a iluminação ( que não estava sendo usada claramente ) somada a nuvem de fumaça que saia do palco e aliadas ao calor deixaram o show ainda mais "From Hell" e nesta hora foi a cena que quero recordar por muitos anos enquanto Mille Petrozza apresentaria o que seria um medley com as músicas temas de dois grandes álbuns: Coma Of Souls de 1990 e Endless Pain de 1985.

    Abriu-se uma roda de digamos, quase cinco metros no centro da pista do Carioca Club, que estava no camarote da casa só poderia dizer "vixi!!!" e quando eles tocaram as duas músicas, aquilo foi lindo e brutal de se ver... e o melhor sem ninguém se machucar e todos se divertindo e muito. Mille Petrozza faz uma ótima pergunta para anunciar a seguinte: "Sanpaullooo Are you ready for the kill?" e a faixa Pleasure To Kill, título do álbum de 1986 seguiu perfeita enquanto a galera da pista quase se fundia nas rodas.

    A fulminante e de acordes melodiosos Hordes Of Chaos ( A Necrologue For The Elite ), título do cd de 2009 foi a seguinte e o show não baixava em adrenalina em momento nenhum, era porrada sonora e intensa para todos os lados. E com uma luz negra vinda de trás, que foi iluminando Mille Petrozza trazia ainda mais o clima infernal do show e aí eles tocaram outra nova, a violenta Death To The World, que foi executada com todo o ímpeto que o Kreator possui. Riot Of Violence ( do Pleasure To Kill ) teve o baterista Jürgen "Ventor" Reil vocalizando seus versos e socando a mão em seu kit sem dó e piedade.

    Mille Petrozza grita "fuck the religion! fuck the politics!", dando a deixa para a matadora Enemy Of God, título do cd de 2005 foi a próxima do set list e nesta foi quando tentei olhar a perfeição da banda detonando seu Thrash característicos, pois eles ficam mais fixos em seus postos sem nenhuma movimentação e com a luz difusa vindo de trás do palco, com muita fumaça criava o clima perfeito que o Kreator se propõe e faz com maestria. Na - digamos - parte melódica da canção, a galera cantou os clássicos "ôôôôôôô" que a música permite tão característica de nosso continente sul-americano e que toda banda gringa adora, e claro que os alemães também não foi diferente.

    Mille Petrozza pede desculpas pelos longos anos sem tocar no Brasil e promete que isso não acontecerá mais, principalmente pela reciprocidade e energia que estavam tendo da plateia e dedica a próxima a todos bandidos bastardos políticos de todo o mundo, embora tenhamos demais em nossos governantes, existem pessoas indignas ( por assim dizer ) em todo governo no mundo e assim foi anunciado Phobia ( do Outcast de 1997 ), última música da primeira parte do show, novamente com o refrão muito bem cantado pela plateia.

    No retorno após uma ligeira pausa eles executam The Patriarch com introdução para a agressiva e cadenciada Violent Revolution ( ambas do cd de mesmo nome de 2001 ) e aí voltam a detonar com os pescoços dos fãs com a técnica de sempre, e no refrão não tinha como não cantar junto com o Kreator. Para United In Hate do novo Phantom Antichrist, o guitarrista Sami Yli-Sirniö pegou um violão para suas primeiras notas, mas depois mandam todo o peso de guitarras que poderíamos esperar.

    Do clássico Coma Of Souls tocaram o Thrash visceral People Of The Lie, que era uma das mais aguardadas e outra nova, a explosiva Civilization Collapse. Durante a execução do "Thrashão" cru de Betrayer ( do Extreme Aggression de 1989 ) até abrimos uma pequenina e improvisada roda no camarote com alguns amigos de outros veículos e fomos até acompanhados por outros camarotes, porém anos-luz da insanidade que acontecia na pista.

 

    De posse de sua tradicional bandeira Mille Petrozza entra sozinho no palco, cita algumas partes que a banda viveu nos anos 80, tocando trecho de Billie Jean do Michael Jackson e lembrando do rei do Pop ainda estar vivo naquela época, depois já com o resto da banda de volta temos a intro de Painkiller e ele se lembra Judas Priest, já falando dos anos 90 e agradece por dividir o palco com Tim "Ripper" Owens para então terminar a apresentação à toda velocidade e caos com o um medley das pedradas Flag Of Hate / Tormentor ( ambas do Endless Pain ). Nos momentos finais, ao som de Until Our Paths Cross Again, Mille Petrozza informou: "The Kreator will return!" e que ótimo, pois fizeram um dos melhores shows de Thrash do ano.

    O que eu pensei que seria um show morno, me surpreendeu total e positivamente, mas tenho plena convicção que o que os alemães fizeram naquele palco tocando daquele jeito tem digamos um culpado: o público que lotou o Carioca Club e deu um verdadeiro espetáculo. Quem esteve lá sabe muito bem do que estou falando, saiu do Carioca e foi para qualquer lista de shows do ano.

Texto: Marcos César de Almeida e Fernando R. R. Júnior
Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Heloísa Vidal e equipe da Free Pass
pela atenção e credenciamento
Janeiro/2014

 

Set List do Kreator

1 - Intro/Mars Mantra
2 - Phantom Antichrist
3 - From Flood Into Fire
4 - Warcurse
5 - Coma of Souls / Endless Pain
6 - Pleasure To Kill
7 - Hordes Of Chaos ( A Necrologue For The Elite )
8 - Death To The World
9 - Riot Of Violence
10 - Enemy Of God
11 - Phobia
Encore:
12 - The Patriarch
13 - Violent Revolution
14 - United In Hate
15 - People Of The Lie
16 - Civilization Collapse
17 - Betrayer
18 - Flag Of Hate / Tormentor
19 - Until Our Paths Cross Again

Galeria de 127 fotos dos shows do Kreator no Carioca Club em São Paulo/SP
 

Galeria de 110 fotos do show de de Tim "Ripper" Owens no Carioca Club em São Paulo/SP

Voltar para Shows