Dream Festival
Com: Dream Theater, Killswitch Engage, Sabaton,
Turilli/Lione Rhapsody
e Reckoning Hour
Sábado, 07 de dezembro de 2019 na Nova Arena Anhembi em São Paulo/SP

O último festival do ano em uma imersão musical inimaginável

    De início fora anunciado apenas que o gigante do Prog Metal Dream Theater estaria em dezembro no Brasil para uma sequencia de cinco shows pelas cidades de Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ, São Paulo/SP, Curitiba/PR e Porto Alegre/RS na sua aclamada The Distance Over Time Tour Celebrating 20 Years Of Scenes From A Memory, que divulga o novo trabalho, que saiu no início deste ano, o Distance Over Time e também comemora um dos maiores sucessos da banda, o clássico Metropolis Part 2: Scenes From A Memory, e somente isso, já seria garantia de um espetáculo sem igual para fechar um ano que tivemos vários shows memoráveis no país.

    Entretanto, a Liberation informou que a data na capital paulista seria especial, um verdadeiro sonho. E com o passar dos meses, o Dream Festival, o excelente nome escolhido começou a ganhar forma com os anúncios do Killswitch Engage, do Sabaton e do Turilli/Lione Rhapsody como as atrações de abertura participantes deste evento. Na semana da realização do Dream Festival, mais uma atração foi adicionada: os brasileiros do Reckoning Hour, uma surpresa, pois, todos já pensávamos que o cast já estava fechado. Ou seja, garantia de um festival que prova que a Liberation está de olho nas novidades do cenário Heavy Metal e também soube escalar um headliner que sozinho garantia a certeza de casa cheia.

Reckoning Hour

    Infelizmente, não foi possível chegar ao Dream Festival a tempo de conferir como foi o show dos cariocas do Reckoning Hour, banda de Metalcore formada por JP nos vocais, Philip Leander na guitarra e vocal, Lucas Brum na guitarra, Johnny Kings na bateria e Cavi Montenegro no baixo, que estão promovendo o novo álbum Beyond Conviction ( que saiu em julho deste ano ).

    No curto set do quinteto, - que no começo de agosto abriu o Symphony X em Limeira/SP - foram exibidas músicas somente deste novo álbum com "Unity", "Shadow Of The World", "Scars", "Away From The Sun", "Above The Fire", "The Gathering" e "What Has Gone Wrong" para um público até então bem pequeno, mas segundo, conversei com alguns amigos presentes, eles fizeram uma ótima apresentação.

Set List do Reckoning Hour

1-  Unity
2 - Shadow Of The World
3 - Scars
4 - Away From The Sun
5 - Above The Fire
6 - The Gathering
7 - What Has Gone Wrong

Turilli/Lione Rhapsody

    A segunda atração do Dream Festival foi a nova encarnação de uma das variações que surgiram com os músicos que outrora fizeram parte da 'fase de ouro' da banda de Power Symphonic Metal italiana conhecida como Rhapsody.

    Se em anos anteriores nós tivemos no Brasil o Rhapsody, o Rhapsody Of Fire, o Luca Turilli's Rhapsody e por duas vezes o Rhapsody - 20th Anniversary Farewell Tour ( confira a segunda passagem no país ), agora imagino que existam apenas dois Rhapsody's: o Rhapsody Of Fire e este Turilli/Lione Rhapsody, que lançou em julho de 2019 o seu primeiro álbum Zero Gravity ( Rebirth and Evolution ) e conta em seu line up com Fabio Lione nos vocais, Luca Turilli e Dominique Leurquin nas guitarras, Patrice Guers no baixo e Alex Holzwarth na bateria, sendo que todos eles fizeram parte do Rhapsody em algum momento de suas carreiras e até por conta disso, o set list contou com as músicas novas e clássicos dos tempos que os italianos realmente chamavam a atenção do cenário mundial do Metal Melódico.

    Explicada ( ao menos um pouco ) os vários "Rhapsody's" existentes, o atual quinteto Turilli/Lione Rhapsody subiu no palco do Dream Festival no horário marcado pela produção às 16:30, quando ainda estava entrando na capital paulista e até que cheguei na Nova Arena Anhembi para o meu rápido credenciamento... perdi algumas músicas exibidas, porém, mesmo de longe deu para ouvir algumas, que começou com a nova Phoenix Rising passou pelo sucesso de Dawn Of Victory ( presente no disco de mesmo nome de 2000 ) e outra recente com a Zero Gravity.

    Depois, os italianos fizeram a alegria dos fãs debaixo de um sol forte ( e que bom porque no dia anterior choveu bastante ) com uma sequencia para fã saudosista nenhum colocar defeito com Land Of Immortals ( do Legendary Tales de 1997 ), The Wizard's Last Rhymes ( esta do Rain Of Thousand Flames de 2001 ), Holy Thunderforce ( também do Dawn Of Victory ), a dramática Lamento Eroico ( do Power Of Dragonflame de 2002 ) e Riding The Winds Of Eternity ( registrada no Symphony Of Enchanted Lands de 1998 ).

    Óbvio, que particularmente eu fiquei um tanto chateado por não ter chegado à tempo de conferir cada trecho do Turilli/Lione Rhapsody, porém, muitos também não chegaram, pois, ainda haviam muitos espaços a serem preenchidos na Nova Arena Anhembi, que a Liberation cuidou muito bem de sinalizar onde ficavam os merchan's, os food trucks, os bares, os caminhos para a pista vip, enfim, uma ótima produção, assim como o palco bem grande e digno de um festival deste porte com o som sempre muito bem regulado.

    Voltando ao show consegui assistir a nova Arcanum ( Da Vinci's Engima ) e perceber como estava sorridente o guitarrista Luca Turilli e também como Fabio Lione comandava a plateia com sua poderosa voz, que em seguida nos informa que tocarão a última e em bom português comenta do calor que estava neste final de tarde em São Paulo.

    Sem mais conversas, anunciou a épica Unholy Warcry, que chegou com toda sua velocidade e estilo sinfônico nos remetendo para o tempo que foi gravada no disco de 2004 do Rhapsody, o Symphony Of Enchanted Lands II: The Dark Secret. Após um "Muito obrigado Sãoooo Pauulooo" dito por Fabio Lione, os músicos se despedem dos fãs do Dream Festival ao som de Oceano do Zero Gravity ( Rebirth and Evolution ) ecoada nos PA's da Nova Arena Anhembi, porém, não sem antes dizerem que voltarão em 2020 para cá, por enquanto sem uma data em São Paulo, mas, vai que resolvem adicionar mais um show no país? Por que não, afinal, a banda é muito querida pelo público brasileiro e capaz de realizar grandes shows como este.

Set List do Turilli/Lione Rhapsody

1 - Phoenix Rising
2 - Dawn Of Victory
3 - Zero Gravity
4 - Land Of Immortals
5 - The Wizard's Last Rhymes
6 - Holy Thunderforce
7 - Lamento Eroico
8 - Riding The Winds Of Eternity
9 - Arcanum ( Da Vinci's Enigma )
10 - Unholy Warcry
11 - Oceano

Sabaton

    Enquanto era realizada a troca de palco do Turilli/Lione Rhapsody, aliás, bastante rápida, aproveitei para dar uma volta da estrutura montada no Anhembi e conferir mais de perto os Merchan's, os bares e onde ficavam os Food Trucks e o que eles ofereciam, para que dois minutos antes das 18hs - e já de volta à frente do palco - pudesse ouvir uma introdução tipicamente de batalha, que seria a deixa para que o Sabaton, banda de Power Metal sueca formada pelo showman Joakim Brodén nos vocais, Chris Rörland e Tommy Johansson nas guitarras, Pär Sundström no baixo e Hannes Van Dahl na bateria adentrassem ao palco com suas roupas costumeiramente militares para seu primeiro show no Brasil da tour de divulgação do novo e ótimo álbum The Great War, que foi lançado em abril de 2019.

    E a efervescente Ghost Division ( do álbum The Art Of War de 2008 ) trouxe aquela eletricidade típica da banda, que se movimentava bastante pelo palco e contou com uma excelente recepção dos fãs, que procuraram cantar com o sorridente Joakin Brodén, trajado com seus óculos escuros "anos 80", além de socarem o ar e gritarem muitos "hey... hey..." resultando em um sonoro "Obrigado Sãooo Paulooo"  dito por ele quando os solos de Chris Rörland e Tommy Johansson se fizeram mais fortes na Nova Arena Anhembi.

    Depois, sem falar nada, o vocalista apenas anuncia a The Great War, a cadenciada música título do novo disco, que parecia uma das antigas dada a calorosa euforia que causou, que em cada "hey" solicitado pelo vocalista vi um monte de mãos erguidas com destaque aos solos feitos por Chris Rörland primeiro e depois por Tommy Johansson. Contente, Joakin Brodén rege os fãs em seus vários e vários "hey... hey..." deixando claro o potencial da nova composição.

    Após um breve discurso que saiu pelas caixas de som, o Sabaton nos colocou diante de outra recente criação, com a The Attack Of The Dead Men, que conta a história da batalha na Fortaleza em Osowiec no noroeste da Polônia e a canção de média velocidade também provou ser bem envolvente.

    O vocalista Joakin Brodén nos saúda com um "Good Evening Saooo Pauuuulooo" e ressalta o prazer de estar de volta ao Brasil com a luz do sol brilhando forte, aliás, essa alegria foi explanada quando ele disse que fala muito e que tem apenas 60 minutos de show, para resumir em um "you want some more?", que recebeu um grande "Yeahhhh" e assim tivemos outra do novo The Great War com a acelerada Fields Of Verdun, cujos solos ficaram por conta de Chris Rörland.

   

    Ao som de sinos e solos empolgados tivemos outra cadenciada com a The Last Stand, que intitula o penúltimo álbum de estúdio do Sabaton de 2016 e que se trata de uma canção regida pelos solos de guitarras, sendo que no estilo em coro que é cantada, os suecos nos fizeram cerrar os punhos e socá-los no ar.

    Interessante nesta apresentação do Sabaton é que vira e mexe eles saem do palco nestas breves introduções das músicas, como foi o caso da que trouxe a The Red Baron, outra do The Great War, que narra a história do famoso às da aviação alemã da Primeira Guerra Mundial e é um Power Metal vigoroso, que contou com os fãs participando nos "Higher" ditos pelo vocalista, aliás, ele solicitou para que nós berrássemos mais alto enquanto que a dupla de guitarristas segurava o ritmo para que isso acontecesse.

    Depois das canções mais recentes, aos gritos de "Sabaton... Sabaton...", os suecos dispararam um de seus maiores clássicos com o hino Carolus Rex - título do álbum de 2012 - que ganhou muitas palmas e "hey... hey..." dos fãs, que procuravam cantar com o refrão com o quinteto exalando sua empolgação com a adrenalina fornecida por esta música.

    Em um breve discurso, o vocalista diz que adora tocar no Brasil e pergunta se queremos mais e já entrega que a seguinte era o clássico Primo Victória, canção título e de abertura disco de 2005, que resultou em muitos pulos dos fãs e no palco também, pois, eles sentem a música e interagem com sua energia e posteriormente, todos da plateia olharam para os solos de Chris Rörland em sua guitarra.

    O famoso e poderoso encouraçado alemão Bismarck serviu de tema para mais uma das músicas do Sabaton exibidas nesta tarde de sábado e a cadenciada canção Bismark, que saiu como single antes do álbum The Great War também foi merecedora de estar no set list da banda, pois, passa muito bem sua voltagem até nós, que acompanhamos nas palmas os solos de guitarras.

    Aos gritos de "Sabaton... Sabaton...", que foram seguidos por um contente Joakin Brodén dizendo que já estavam chegando ao final do show tivemos os "ôôôôôôôôôwwww" dos fãs ao descobrirem que a Swedish Pagans do The Art Of War seria a próxima do show do quinteto, e meu caro leitor(a), nesta a galera participou continuamente alegrando certamente os músicos no palco pela intensidade de seu calor.

    Ao término desta uma bandeira da Suécia foi jogada no palco e o brincalhão Joakin Brodén disse que é um Superman ao colocá-la nas costas e disse que tocariam a emblemática "Cobras Fumantes" ou Smoking Snakes, que narra a história de três brasileiros cercados por uma tropa alemã na II Grande Guerra Mundial, e cá entre nós, foi a minha favorita o show do Sabaton, seja por seu ritmo ou pela vibração que ela trouxe ou ainda por relatar uma história de verdadeiros heróis brasileiros.

    Entretanto, a trinca final do show não estaria completa sem a próxima, que foi precedida por uma informação das que mais gostamos de ouvir: o Sabaton estará no país novamente no ano que vem para uma turnê do The Great War com mais datas e o vocalista pede para gritarmos mais forte, pois, as imagens serão registradas para um futuro clipe ou DVD da banda e todo feliz, ele e os demais executam a To Hell And Back, canção do disco Heroes de 2014, cujo andamento ou acompanhamos nos assovios ou nas palmas e nos muitos "hey... hey..." expressando nosso contentamento pela excelente apresentação banda.

    Foi a segunda vez que assisti a um show do Sabaton ( a primeira foi em Limeira, confira como foi o show ) e os músicos, que sempre se mostram alegres no palco desta vez estavam mais ainda por se apresentarem em um evento do porte deste Dream Festival, sem contar - obviamente - pelo carinho que ganharam dos presentes. Saíram do palco sendo bastante aplaudidos e lógico tiraram aquela foto com a plateia ao fundo para relembrarem de sua participação neste importante festival, conforme eles mesmo salientaram.

Set List do Sabaton - The Great Tour

1 - Ghost Division
2 - Great War
3 - The Attack Of The Dead Men
4 - Fields Of Verdun
5 - The Last Stand
6 - The Red Baron
7 - Carolus Rex
8 - Primo Victoria
9 - Bismarck
10 - Swedish Pagans
11 - Smoking Snakes
12 - To Hell And Back

Killswitch Engage

    A banda mais pesada deste Dream Festival ao lado dos brasileiros do Reckoning Hour foi sem dúvidas o Killswitch Engage, que veio ao país para divulgar o seu novo álbum Atonement e o recém lançado oitavo álbum da carreira saiu em agosto de 2019 e foi gravado pelo seguinte line up: Jesse Leach nos vocais, Adam Dutkiewicz e Joel Stroetzel nas guitarras, Mike D'Antonio no baixo e Justin Foley na bateria. Os norte-americanos retornaram ao país depois seis anos de sua participação no Monsters Of Rock de 2013 ( relembre como foi ), cinco de sua passagem no Carioca Club e subiram no palco de acordo com o previsto às 19:30hs com um enorme backdrop com a capa do álbum Atonement cobrindo o fundo.

    E o mais interessante é que isso aconteceu ao som de trechos de The Final Countdown do Europe executada nos PA's da Nova Arena Anhembi, que foi cortada para as linhas mais sombrias de Unleashed, a bordoada de abertura do novo trabalho, que levou todo o peso fortificado do Killswitch Engage até nós com os músicos passando sua fúria entre urros do vocalista Jesse Leach e vocais limpos do guitarrista Adam Dutkiewicz, que estava trajado com uma bermuda e camisa regata, entretanto, além de sua capacidade em seu instrumento, o que chamou atenção em sua atuação durante o show foram as suas 'dancinhas' que realizou por diversas vezes. O público presente mostrou que estava lá também para conferir o Killswitch Engage, pois, reagiu muito bem à esta primeira música do set dos caras.

    Na segunda, eles enviaram a revoltada Hate By Design ( do penúltimo disco, o Incarnate de 2016 ) com partes mais cadenciadas entre os breves momentos melódicos fazendo muitos 'banguearem' em sua execução tal qual os músicos no palco, que também não paravam quietos. Com poucas palavras de agradecimento, apenas um singelo "Thank You", Jesse Leach anunciou a nova The Crownless King e aí junto aos demais, eles promoveram uma verdadeira dilaceração sonora, que só não resultou em uma roda das grandes creio eu pelo fato de muitos dos fãs presentes eram mais calmos e queriam ver o Dream Theater, mas, que a música convocava para isso, ahhh convocava.

    Contente, Jesse Leach soltou um "obrigado" em português e comentou sobre o prazer de estar de volta à América do Sul e em tocar com o Dream Theater para então avisar que My Last Serenade era a próxima, que por se tratar de uma canção do álbum Alive Or Just Breathing de 2002, mais conhecida entre os fãs garantiu uma participação mais intensa deles com a banda, e vale dizer, o Killswitch Engage soube ocupar muito bem cada parte do palco chamando a plateia para seu show.

    Jesse Leach nos elogiou ao dizer que somos "Crazy Fucking Real Metalheads" para desferir a paulada This Fire sem dó e nem piedade de ninguém, exceção feita aos seus breves dedilhados, que trouxeram Adam Dutkiewicz em poucos versos limpos, porque depois foi porrada sem parar nesta música do As Daylight Dies de 2006.

   

    E a 'aniquilação' da Nova Arena Anhembi prosseguiu com a Reckoning do álbum autointitulado de 2009, sendo que Jesse Leach a cantou próximo do baterista Justin Foley, porém, sem sossego que é, não demorou nada para que fosse até à frente do palco para conclamar nossa participação na canção, que também teve suas partes Melódicas e de vocais limpos, como é o padrão do Metalcore.

    Com um singelo "Obrigado... Thank You!!!", o vocalista nos agradeceu, comentou que a música é sobre depressão e lembrou que ninguém está sozinho e dedicou a I Am Broken Too ( outra do Atonement ) para nós, porém, apesar do carinho emitido por ele, o que tivemos foi a composição mais calma do Killswitch Engage com mais dedilhados dos guitarristas evidenciando suas linhas mais melódicas. Entretanto, o massacre volta com veemência em Rose Of Sharyn, música do disco The End Of Heartache de 2004, que pelo visto era bem aguardada pelo público e a quebrada melodiosa feita pelo guitarrista Adam Dutkiewicz a tornou bem interessante.

    A destruidora As Sure As The Sun Will Rise, que foi composta para o novo disco manteve o rolo compressor do quinteto intacto, assim como em In Due Time, presente no Disarm The Descent de 2013, que percebe-se para valer que eles estavam colocando 110% no show. Novamente, Jesse Leach nos agradeceu e nos elogiou pela vibração, que mandávamos de volta ao palco e eles continuaram quebrar tudo com a The Signal Fire ( mais uma do novo Atonement ), que é bastante trituradora. Na fulminante Always do Disarm The Descent, ele nos 'ordenou' que aplaudíssemos quando suas partes melódicas apareceram próximas de seu final. 

    Jesse Leach dedicou a My Curse às mulheres e antes de tocá-la pediu para ouvir somente o grito delas, que responderam plenamente e assim, executaram a canção gravada no álbum As Daylight Dies, que se mostrou tão esmagadora quanto a duas que vieram a seguir, primeiro com a This Is Absolution, sendo que nesta composição deste mesmo As Daylight Dies, Jesse Leach ficou por alguns instantes na caixa de retorno urrando como um louco, além de 'banguear' insanamente durante os solos de guitarras feitos por Adam Dutkiewicz e Joel Stroetzel e depois mandaram a verdadeira 'exterminação sonora' contida em The End Of Heartache, canção título do terceiro cd deles.

     Dedicada "ao poderoso Sepultura" nas palavras de Jesse Leach e com respeitosos elogios ao vocalista Derrick Green, Strength Of The Mind do Incarnate foi a penúltima 'tijolada' do Killswitch Engage neste Dream Festival.

    Para imortalizar a apresentação deste sábado, o Killswitch Engage tocou em memória ao mestre Ronnie James Dio a sua versão matadora para o clássico Holy Diver ( que eles gravaram no As Daylight Dies e que também foi inclusa no This Is Your Life, um ótimo tributo ao Dio de 2014 ), que fez todos agitarem e cantarem em coro com o quinteto norte americano. Ao término, eles fizeram um agradecimento bem rápido e saíram do palco com a certeza que fizeram um dos seus melhores shows no país, ao menos, foi a impressão que nos deixaram.

et List do Killswitch Engage

1 - Unleashed
2 - Hate By Design
3 - The Crownless King
4 - My Last Serenade
5 - This Fire
6 - Reckoning
7 - I Am Broken Too
8 - Rose Of Sharyn
9 - As Sure As The Sun Will Rise
10 - In Due Time
11 - The Signal Fire
12 - Always
13 - My Curse
14 - This Is Absolution
15 - The End Of Heartache
16 - Strength Of The Mind
17 - Holy Diver

Dream Theater

    Como a última atração seria o Dream Theater, e naturalmente, a banda mais aguardada por todos neste Dream Festival, não arredei o pé do lugar onde estava, pois, queria ter uma visão plena do palco, que foi ajustado em até pouco tempo se considerarmos que o Killswitch Engage terminou seu show por volta das 20:35 e antes das 21:10 já estava tudo pronto para que nossa imersão Progressiva começasse com passarelas, escadas, a imensa bateria de Mike Mangili, luzes, banner, telão e todas as partes do fundo do palco devidamente fechadas.

    Aliás, posso considerar que o show do Dream Theater começou durante este processo, pois, enquanto a equipe trabalhava fazendo os últimos ajustes ouvimos músicas instrumentais de bandas Progressivas do anos 70 como o Kraftwerk, Vangelis e Tangerine Dream para 'desespero' de quem não é tão aprofundado em Rock Progressivo. Inclusive, tivemos dois planos de fundo no show do Dream Theater, um com um robô humanoide da capa do álbum Distance Over Time e outro onde foram projetados as diversas animações que fizeram parte do show.

Ato 1 Presente

    Precisamente no horário começou o vídeo introdutório com este robô humanoide visualizando em seu monitor os quatorze álbuns de estúdio do Dream Theater entre outras imagens e isso aconteceu ao fundo de Atlas ( Instrumental Alt ) de Nick Phoenix & Thomas J. Bergersen até que vimos o descolado Mike Mangili ocupar seu posto em sua bateria de "três andares", o mago Jordan Rudess nos teclados, o sério John Myung no baixo ( ambos do lado esquerdo do palco ), o barbudão John Petrucci na guitarra ( no lado direito ) e por fim, James LaBrie nos vocais ( ao centro ) com um pedestal de microfone com uma mão robótica segurando um crânio estilizado na capa do novo trabalho.

    E foi com muitos gritos de alegria que os fãs recepcionaram os músicos, que sem falar nada apenas sorrindo dispararam a pesada a Untethered Angel do novo Distance Over Time, onde já podíamos ver e sentir a precisão técnica do Dream Theater. O quinteto executou a música habilmente como é o costume, porém, sem parecer que seus solos intricados e difíceis parecessem tão complicados quanto são e o público reagiu cantando seus versos com James LaBrie. Já nesta primeira, os duelos de John Petrucci com Jordan Rudess aconteceram magistralmente com os dois solando sensacionalmente suas partes.

    A tensa, dramática e longa A Nightmare To Remember que abre o Black Cloud And Silver Linings de 2009 foi a segunda do show e recebida com vários "ôôôôôôôô" dos fãs ao perceberem que era ela através dos solos poderosos de John Petrucci, aliás, como o guitarrista barbudo solava com tenacidade cada nota enquanto que James LaBrie cantava com um tanto de brabeza os seus versos e ganhando o público com seu carisma, que acusam que ele não é detentor. Na hora dos solos de Jordan Rudess nos teclados, a vontade que senti era de fechar os olhos e imergir neste lindo momento, só não o fiz porque queria conferir a atuação de cada um deles. Em seus longos solos, James LaBrie se ausentou do palco para retornar apenas quando cantou seus versos - e posteriormente - receber os aplausos dos fãs.

    Antes de outra do recente Distance Over Time, o vocalista fala rapidamente "Saoooo Pauuuloooo!!!!", complementa dizendo: "Welcome To The Dream Festival" e termina perguntando se estamos prontos para quase três horas de show com eles, assim anuncia a Fall Into The Light, que foi iniciada aos magníficos solos de John Petrucci e esta música verdadeiramente Prog Metal nos padrões do Dream Theater caiu como uma luva para quem reclamou do disco anterior The Astonishing ser muito longo, tanto que em suas partes lentas, as palmas dos fãs foram extraídas, pois, sentíamos a emoção contida na harmonia da canção, os solos de guitarra, os solos de teclados, os toques de baixo e de bateria, enfim, saboreávamos a beleza da viagem proporcionada por eles.

    Aproveitando esta primeira etapa de show para exibir as canções do novo álbum tivemos a linda Barstool Warrior, cujas melodias iniciais são dignas de se fechar os olhos e deixar a música penetrar na mente, porém, isto em casa, ao vivo é para admirar como o quinteto é tão perfeito e cantarolar seus versos com James Labrie, que andou atrás da gigante bateria de Mike Mangili. Nos solos de teclados, Jordan Rudess virara seus teclados para todos os lados levando nossos olhares até ele e instantes depois a James Labrie para acompanhar sua dedicação ao cantar a parte final da música. Aliás, Jordan Rudess em alguns momentos chegava até à frente do palco tocando seu Keytar Zen Riffer ( um híbrido de teclados e guitarra ) interagindo mais com a plateia.

    Sem falar nada, o Dream Theater disparou a In The Presence Of Enemies, Part I, onde sua intrincada sequencia instrumental é para te deixar eletrizado e pensando..."como é possível realizar tudo isso?" até que seu mergulho Progressivo possa nos encantar com sua formosura. Nossa reação foi de acompanhar nas palmas e depois cantar com James LaBrie, sendo que particularmente estava tendo uma visão do passado em minha mente ao lembrar da primeira vez que vi a banda, justamente na turnê do álbum Systematic Chaos de 2008 ( relembre de como foi aqui ), disco ao qual esta canção pertence.

    Para fechar esta estonteante primeira parte do show do Dream Theater ( mas já??? ) tivemos outra nova com a dramática Pale Blue Dot, onde após algumas falas ao fundo vimos os toques majestosos de Mike Mangili em sua bateria e John Petrucci com uma guitarra vermelha solando bravamente até que James Labrie cantou suas partes com aquela tensão, que utiliza com capricho em muitas canções. As interações entre eles beiram o surreal, pois, eles extraem todas as notas gravadas em estúdio uma por uma literalmente. Quietos, saem do palco após quase uma hora para que pudessem relaxar um pouco enquanto nós absorvêssemos a aula que assistimos e tanto nós quanto eles, se preparassem para o que teríamos a seguir.

Ato 2 - Profunda viagem até a década de 30

    E lembra que disse no começo na parte desta matéria destinada ao Dream Theater que as músicas clássicas de Rock Progressivo estavam criando o clima, então, para a segunda ouvíamos Jazz dos anos 30 e víamos imagens desta década no telão localizado atrás da bateria de Mike Mangili, claro que sabíamos que isso era para antecipar o que aconteceria depois: a execução na integra do clássico Metropolis Part2: Scenes From a Memory, que completou vinte anos de seu lançamento e como se trata de um disco longo, a maior parte do show foi ocupada por ele. Foram só quinze minutos de intervalo, mas, pareceram que foram mais e ao ser exibido o novo vídeo introdutório para nos fazer submergir na história de regressão, traição, assassinato, redenção, que acontecem com os personagens Nicholas, Vitoria, The Miracle, The Sleeper e Hypnotist.

    Ao encerramento deste vídeo ouvimos o relógio e as falas que trazem a primeira do Metropolis Part 2: Scenes From a Memory com a Regression e vimos John Petrucci no violão ao lado da bateria de Mike Mangili dedilhando as primeiras notas da música para que James Labrie sentado na escada do outro lado pudesse cantar seus versos com a grande maioria dos presentes no Dream Festival, e confesso, só nesta primeira música já era de arrepiar ao saber que chegara o momento mais inesquecível do show.

    Isso se ligou naqueles toques de bateria únicos, que atualmente estão à cargo de Mike Mangili e aquele ritmo pulsante que se conectou em Overture 1928, música mesmo que mesmo em sua virtuosa parte instrumental contou com um "ôôôôôôôô" em coro bastante entusiasmado dos fãs. Quando a espetacular Strange Déjà Vu foi tocada, todos cantaram com James LaBrie seus versos, que segurava agora um microfone estilizado com o padrão antigo com o símbolo do infinito pertencente a história do disco. Sinceramente... não sabia se pulava, socava o ar ou vibrava tamanha a emoção que foi enviada do palco em um show de luzes e técnica a cada parte tocada por cada um deles com todas as suas variações quase inacreditáveis em uma música que praticamente para mim define o que é um Prog Metal.

    Se antes tivemos uma aula de Prog Metal, agora era a vez da 'pós graduação' em como tocar músicas sensacionais e pasmem de um mesmo álbum, que prosseguiu com a belíssima Through My Words, canção em que pudemos respirar um pouco e soltar a mente para viajar durante os solos de guitarra de John Petrucci, que se ligaram a belíssima e emblemática Fatal Tragedy, canção que novamente o "coro do Anhembi" se manifestou e acompanhou o concentrado vocalista James LaBrie em suas partes em algo que somente posso considerar como épico.

    E esta esplêndida sequencia com todos os 'excessos' que adoramos em seu Prog Metal foi unida ao poderio de ataque contido na longa Beyond This Life, que foram garantidos pelos robustos solos de John Petrucci em sua guitarra e devidamente suavizados pelos demais nos pontos corretos até que a balada totalmente viajante Through Her Eyes nos encantasse e nos emocionasse com suas deslumbrantes linhas musicais.

Mais festa e com bolo

    Antes de continuar, James LaBrie faz uma breve pausa para comemorar o aniversário de um dos seus profissionais que preparam tudo para que o espetáculo acontecesse, o técnico de teclados de Jordan Rudess, que foi saudado com um Happy Birthday da plateia e um bolo foi trazido ao palco para celebrar o seu aniversário e nós continuamos com o tradicional "Parabéns Pra Você...." deixando a banda e o técnico boquiabertos pela consideração.

    James LaBrie ensaiou conosco como queria os gritos da próxima, que foi a Home, que chegou aos solos enfeitiçantes de John Petrucci em sua guitarra vermelha devidamente amparado pelos toques nos teclados de Jordan Rudess, que foram algo de outro mundo e ele deixava seus solos irem cada vez mais longe. A instrumental The Dance Of Eternity serviu para que James LaBrie descansasse um pouco e para que nós ficássemos novamente de queixo caído ao admirar a exuberância de John Petrucci, John Myung, Jordan Rudess e Mike Mangili 'nas conversas' que fizeram com seus instrumentos de forma que dizer que foi espetacular é pouco.

    O ambiente gerado em The Dance Of Eternity conduziu para a belíssima One Last Time já com James LaBrie de volta ao palco e com o 'coro do Anhembi' cantando a pleno pulmões seus versos com ele em uma harmonia fabulosa entre banda e palco. Não parecia - já que todos adoram dizer que o show do Dream Theater é longo, que é .. é mesmo - mas, nós assistindo na Nova Arena Anhembi nem percebíamos que já tinham se passado quase que os 80 minutos do Metropolis Part 2: Scenes From a Memory quando tivemos os toques de Jordan Rudess nos teclados e os vocais de James LaBrie para o momento mais esbelto do show com a The Spirit Carries On, que logicamente também acompanhamos freneticamente e quase que sem palavras olhávamos John Myung e Mike Mangili fazendo suas partes, entretanto, a atenção rapidamente se direcionou ao bravíssimo solo de guitarra de John Petrucci, que levou muitos às lágrimas, como uma fã perto de mim que cantava e chorava de alegria sem parar. Também puxa, ver este show e com um disco destes exibido na integra é a realização de um sonho que fazia parte de nós há vinte anos.

     Consideravelmente aplaudidos ainda tínhamos a Finally Free para encerrar o Metropolis Part 2: Scenes From a Memory e nesta hora nossos olhos estavam focados no telão e depois para James LaBrie, que cantou os versos da música depositando todo o seu encanto até que eles finalizassem a canção com a maestria extraordinária que são detentores exibida primeiramente nos toques de violão de John Petrucci e depois nos longos agudos de James LaBrie. E nestes prolongamentos tivemos um bastante breve, porém, impactante solo de Mike Mangili em sua gigante bateria, que somado a tudo que presenciamos levou prontamente os fãs a uma catarse coletiva. Ainda teve tempo para que no telão fosse exibida animação do término da história conforme está registrado no cd.

Bis com vontade de quero mais

    Depois de tudo isso, o quinteto foi aos bastidores para tomar uma água ou respirar um pouco, afinal, mesmo eles devem também se cansar e são humanos. E na volta para o bis tivemos a At Wit's End, agora com James LaBrie com o microfone igual à da primeira parte do set, ou seja, aquele com a mão robótica segurando o crânio. Assim tivemos a melodia contagiante desta nova música do Distance Over Time e pela última vez cantamos com James LaBrie, cujo refrão ficou na memória e então o Dream Theater finalizou seu marcante espetáculo neste Dream Festival.

   

    James LaBrie nos agradeceu com um sonoro "Thank You Good Night", que respondemos com bastante gritos e aplausos para a despedida do quinteto, entretanto, desejando que todas as piadas que fazemos com a duração do show do Dream Theater fossem verdade e que mais músicas de outros discos fossem tocadas.

    Penso isso, porque, cansaço você até tem, mas quando está em um transe tão grande como o que passamos neste final de Dream Festival, sair dele não é uma tarefa simples e caberiam mais músicas em umas quatro horas de show sim... delírio?!?! pode ser, mas, cravo aqui, uma apresentação como esta deve ser contada para todos que não estiveram por lá. Parabéns a Liberation Music pela organização de um reluzente festival desta magnitude em São Paulo/SP e também à todas as bandas que não economizaram performances brilhantes. Que venham mais edições!!!

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Marcos César - A Ilna do Metal ( www.ailhadometal.com )
Agradecimentos a Costábile Salzano Júnior e a Liberation Music 

pela atenção, oportunidade e credenciamento

Dezembro/2019

Set List do Dream Theater

1 - Atlas (Instrumental Alt)
Act 1:
2 - Untethered Angel
3 - A Nightmare To Remember
4 - Fall Into The Light
5 - Barstool Warrior
6 - In The Presence Of Enemies, Part I
7 - Pale Blue Dot

Act 2 (Metropolis, Part 2: Scenes From a Memory):
8 - Regression
9 - Overture 1928
10 - Strange Déjà Vu
11 - Through My Words
12 - Fatal Tragedy
13 - Beyond This Life
14 - Through Her Eyes
15 - Home
16 - The Dance Of Eternity
17 - One Last Time
18 - The Spirit Carries On
19 - Finally Free

Encore:
20 - At Wit's End

 

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