Korzus Discipline Of Hate Tour
Abertura: Kondenius
, Blackadder, Medofobia e Herzeleid ( Rammstein Cover - São Paulo/SP  )
Sábado, dia 04 de dezembro de 2010 no
 Santa Fé Eventos em Itapira/SP
  

    Itapira completou o ciclo de um ano com shows de grandes bandas nacionais, pois em dezembro de 2009 a cidade recebeu pela primeira vez, a banda Velhas Virgens, depois em abril de 2010 foi a vez do Raimundos ( confira matéria ), dois meses depois no final de junho o Angra também se apresentou na cidade ( veja mais aqui ), mais dois meses, no final de agosto, o Matanza trouxe seu rock irreverente e pesado ( mais detalhes aqui ) e em dezembro de 2010 coroando esse ótimo trabalho desenvolvido pelo Leandro Sartori e André Freitas, tivemos nada mais nada menos que os paulistanos do Korzus em plena turnê de divulgação do excelente álbum Discipline Of Hate ( leia resenha ) e foi muito importante assistir à um show de uma banda que foi uma das precursoras do Heavy Metal Brasileiro, pois, desde o lendário álbum SP Metal que o Korzus está na cena martelando e destruindo com tudo por onde passa. Mas, antes dos detalhes do Korzus, vamos aos shows de abertura.

Kondenius

     Quando ouvi o nome desta banda de Itapira/SP não imaginava que sua proposta sonora era um Heavy Metal oitentista da mesma forma praticado por nomes como Centúrias, o próprio Korzus em seu início, Comando Nuclear, Salário Mínimo, entre outros, e a minha surpresa acabou sendo compartilhada com todos os presentes até o momento no Santa Fé Eventos, pois com muita categoria e estilo Krico nos vocais, Betão no baixo e backing vocals, Maicon na guitarra e Orê na bateria executaram músicas próprias como "Anjo Rebelbe", "Julgamento", "Reinado do Fogo" e "Opalão Preto" - dotado de um solo de primeira feito por Maicon - e em seguida, Justiceiro do Universo que é mais cadenciada e exibe a postura com muita atitude do vocalista Krico, que mesmo ainda com um público pequeno, a banda empolga e mostra seu talento.

    Com letra inspirada em filmes como Sexta Feira 13, A Hora do Pesadelo, o guitarrista Maicon do Kondenius deu a tônica de Os Mestres do Terror. Outras duas que foram executadas e garantiram a agitação foram Império do Mal e Cowboys From Hell do Pantera e encerrou sua apresentação com os solos precisos de Lobisomen.

    O Kondenius realizou um excelente show de abertura e asseguro, assim que eles lançarem seu primeiro trabalho te aconselho ouvi-lo com atenção, pois é muito importante ouvir bandas que resgatam o Heavy Metal Brasileiro dos anos 80 com tanta qualidade.

Blackadder

    A segunda atração da noite é de Espírito Santo do Pinhal/SP, o Blackadder, que realiza um Heavy/Thrash Metal com competência desde 2002 ( tempos que se chamaram Nazgul e Rass Dashen ), e com o passar dos anos, eles mudaram o nome mas não o núcleo formado por Pedro Araujo nos vocais, o Endrigo Zambelli e Thiago Costa nas guitarras, Renan Rodrigues na bateria e Fernando Zambardi no baixo e assim eles mostraram mais detalhes de seu EP Burned Sins ( leia resenha ) lançado no começo de 2010.

    Foi justamente a faixa título Burned Sins que abriu o set dos pinhalenses e então confirmei algo que já imaginava: a pegada do baterista Renan ( Gordo ) é bem mais forte ao vivo do que no estúdio ( claro que aí entra a empolgação de estar abrindo para um nome como o Korzus e o som devidamente regulado ajudou bastante ). Depois emendam um cover para She-Wolf do Megadeth e com muito carisma o vocalista Pedro anuncia Out Of Control e esta que considero a melhor música do EP empolgou bastante os bangers presentes. E mais uma do EP com Victim Of Diplomacy e seu andamento Heavy que alterna momentos mais Thrash provocou muitas rodas de empolgação no Santa Fé Eventos.

    Em uma noite muito inspirada o vocalista Pedro anuncia uma música nova - Chosen Murderer - que possui um pé fincado no Heavy oitentista e sua execução fez o público praticar muito Stage Diving, um claro sinal que eles aprovaram a nova canção do Blackadder. Com a platéia nas mãos o Blackadder nos enviou um medley com dois clássicos absolutos do Metallica Seek And Destroy e Master Of Puppets em ótimas versões que foram recepcionadas com pleno entusiasmo da platéia que explodiu em rodas. O Blackadder deixou seu recado e mostrou que a franca evolução que é percebida em Burned Sins é ainda maior ao vivo, ponto para a banda.

Medofobia

    O trio de Pedreira/SP Medofobia subiu no palco para nos atacar com seu Thrash/Death Metal agressivo no melhor estilo de Slayer, Krisiun e Sepultura. Marcos Marino " Big " nos vocais e baixo, Fernando Talarico na guitarra e backing  vocal e Tomaz Catin na bateria vieram com um set list dotado de músicas próprias e covers matadores de Sepultura e Slayer. O Medofobia abriu o show com três composições próprias, a cadenciada Religion War onde percebi o força da guitarra de Fernando Talarico e seguiu com a rápida Factory. Depois com muita firmeza eles mandam a porrada Faceless e o cover de Troops Of Doom do Sepultura quando as rodas dominam a pista do Santa Fé Eventos.

    E como o público gostou do cover do Sepultura, e estava agitando para valer, o vocalista Marco anunciou mais um, desta vez a versão para Refuse/Resist, que foi muito bem executado pelo Medofobia. O tempo ia passando mas a avalanche sonora do trio não, e a própria Final Battle com seus solos tão pesados - que mais pareciam metralhadoras extraídos no baixo de Marcos Marino "Big" - transformam-se em um Death violento como tem que ser, para a alegria dos headbangers. Mantendo o clima lá em cima, o Medofobia intercalou essa pancada com mais um cover, Disciple do Slayer. Depois da própria Time To Die o Medofobia dispara mais três do Slayer com "Post Mordem", "Black Magic" e "Raining Blood", todas executadas com muita precisão e com uma fúria que mostra que a banda está ainda melhor e soube comandar as hordas que apreciam um Thrash Metal mais nervoso. Para encerrar seu ótimo show, o trio atacou com mais uma própria, a MindPrison, além da versão esmagadora para Orgasmatron do Motörhead que fez a grande maioria cantar com eles.

Herzeleid ( Rammstein Cover )

    O sexteto Herzeleid de São Paulo/SP foi a próxima banda da noite e Alex, Charlton, Danilo, Leandro, Marcelo e Rafive trajados com ternos, gravatas, calças sociais e todos os adereços para que imitassem precisamente o grupo alemão que são cover: o Rammstein que passou em dezembro de 2010 pelo Brasil. O estilo da banda alemã que é Metal Industrial  ( com muito do Technno ) não é dos que eu costumo ouvir, então não posso detalhar como foi o show do Herzeleid, mas como são uma banda cover, o Herzeleid realizou uma apresentação que certamente agradou aos fãs presentes ( sim, tinha gente lá que estava esperando mais eles que o Korzus ) como por exemplo na execução da pesada Du Hast.

    O vocalista Leandro mostrou uma excelente performance no palco ao cantar em alemão e se agachar a todo momento, como se estivesse não apenas cantando, mais interpretando um personagem a cada música. E a apresentação do Herzeleid foi muito boa ( para os fãs do estilo ) pois, ao final eles realizaram uma chuva de papéis picados em um excelente efeito visual.

Korzus

    A lenda viva do Heavy Metal Brasileiro ( afinal, eles começaram em 1983 ) está em plena atividade entrou no palco um pouco tarde, pois eram mais de 3:40 da madrugada, mas os fãs não arredaram pé e assistiram a brilhante apresentação de aproximadamente uma hora e meia do começo ao fim agitando freneticamente a cada uma das porradas sonoras executadas com a competência que somente bandas em grande fase são capazes de fazer. E a atual formação do Korzus que detonou o Santa Fé Eventos é a seguinte: Marcello Pompeu nos vocais, Heros Trench e Antônio Araújo ( ex-Chaosphere, substituindo Sílvio Golfetti ) nas guitarras, Dick Siebert no baixo e Rodrigo Oliveira bateria.

    Mostrando muita disposição e energia, o Korzus abriu o show com Respect do Ties Of Blood e vendo a atitude de Pompeu que exibiu aos headbangers de Itapira e região o poder de fogo do seu Thrash Metal que já atravessa mais de duas décadas e claro, a resposta foi com muitas rodas e todo mundo 'batendo cabeça' com ele. Depois, Pompeu avisa que a segunda está disponível no You Tube, e disse também que provavelmente a galera já deve ter curtido a música lá, assim a pesada e agressiva Truth entra com seus solos mais cadenciados de Heros e Antônio que são ideais para o headbanging. A próxima é Screaming For Death, outra do Ties Of Blood que é daquelas para por a casa abaixo mesmo. A atuação dos guitarristas Heros Trench e Antônio Araújo é para headbanger nenhum por defeito, pois os caras solam com precisão e velocidade incessantemente, mas, outro ponto que merece uma chamada de atenção é o baixista Dick Siebert que não para de agitar um instante sequer 'bangeando' sem parar sua longa cabeleira o que serviu para nos contagiar e empolgar ainda mais.

    Mais uma do Discipline Of Hate com Never Die seguida por Punisher ( Ties Of Blood ) e então Pompeu anuncia que a próxima música era relacionada com o final dos tempos e a nova 2012 é tocada provocando uma destruição sim, mas de nossas cabeças e pescoços, se o mundo vai realmente acabar neste ano é outro papo, mas que acabe com muito Heavy Metal e dos bons como este.

    E mesmo em um palco diminuto, Marcelo Pompeu e Dick Siebert se alteram movimentando por todos os lados possíveis e comandaram o agito de forma apoteótica. Looking e Who Is Going To Be The Next ( esta última do Ties Of Blood ) são as seguintes e mantém o nível de adrenalina do show lá em cima. Depois retornam ao passado nos tempos do álbum Mass Illusion com a Agony e do KZS, com as pedradas Sadness e Internally. Mais uma do Ties Of Blood é tocada, agora a Thrash/Punk Correria, para em seguida ser  relembrado onde tudo começou, pois o Korzus viajou ao ano de 1984 e resgatou Guerreiros do Metal - que dedicada aos headbangers presentes, segundo Pompeu: "os verdadeiros guerreiros do metal", e cá entre nós, com o horário avançado ( quase 4 e meia da manhã ) e com a grande maioria muito cansada, somente guerreiros como nós somos são capazes de encarar tantas horas do mais puro e pesado Heavy Metal praticado pelos paulistanos.

    Pompeu comenta da indignação pela situação vivida no Rio de Janeiro com a invasão do Complexo do Alemão e faz uma prece para o nosso ídolo perdido em 2010, o criador do símbolo do Heavy Metal, o mestre Ronnie James Dio e pede para a galera agitar mesmo a cabeça com ele e assim eles executaram o thrashão What Are You Looking For do Ties Of Blood que teve seu refrão berrado por todos quando o vocalista esticou o microfone para platéia.

    E não posso esquecer de comentar quando Pompeu dividiu a platéia e disse "do meu lado direito, eu quero chamar minha primeira infantaria que destrói todos os pagodeiros que existem em Itapira e do meu lado esquerdo, interior de São Paulo... os meus fuzileiros anti-sertanejos....", isso além de fazer a galera sorrir e ficar energizada, nos fez também gritar com extrema força para então recebermos a paulada Wall Of Death, que  fez a pista tornar-se uma imensa roda de empolgação, misturando-se então todos os bangers da região. Isso deu ao show um momento ímpar, que só não foi o melhor da noite porque o guitarrista Heros Trench protagonizou outro momento, que eu particularmente nunca tinha visto em shows de Heavy Metal: ele desceu do palco e foi solar sua guitarra no meio da galera, e de lá ele tirou muitos riffs de primeira e uma roda surgiu em torno dele. Aliás, após a apresentação, disse para ele que muitas bandas tem efeitos visuais de luzes, fogos, etc, mas o Korzus tem o Heros no meio da galera, e ele me confessou muito contente, que apesar de ter gostado muito, sofreu sim algumas 'pancadas' dos fãs.

    Encerrando o show eles tocaram ainda Catimba que é vocalizada em português com uma raiva descomunal e com uma interação grandiosa entre banda e palco. Além da grande capacidade que o Korzus possui no palco, eles são também muito humildes, pois, mesmo com sessão de autográfos na tarde, receberam os fãs após o término do show autografando cd´s, discos, posters e tirando fotos, e claro, aproveitei para conversar um pouco com eles. Foi nesta hora que Pompeu declarou aos colegas do Portal Megaphone: “Foi um ótimo show! Um evento muito bem organizado, com casa cheia e público muito participativo. Foi muito bom tocar em Itapira”. Quem já passou por tantas coisas no mundo do Heavy Metal sabe valorizar os fãs e fazer shows marcantes como esse em Itapira. Que o Korzus possa continuar sua sonzeira Thrash Metal para destruir tudo sem misericórdia e possa retornar em breve em Itapira.

    O único ponto que deve ser repensado em futuros eventos é quanto ao número de bandas de abertura para a atração principal, pois o show do Korzus terminou quase às 5 da manhã e para quem mora mais longe de Itapira, tão tarde assim é bastante problemático para voltar para casa, então, em futuros eventos, quem sabe uma banda de abertura a menos ou ainda que a atração principal da noite se apresente logo após a segunda ou terceira banda de abertura, ou mesmo, os shows começarem mais cedo já facilitaria bastante, mas de resto, parabéns aos organizadores por consolidarem Itapira como a capital do Rock e Metal da região.

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Dezembro/2010

Galeria de Fotos do Korzus, Herzeleid, Medofobia, Blackadder e Kondenius

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