Matanza
Abertura: AIH 5, Rising Power ( AC/DC Cover ), Take Me Back e Cobaias

Sábado, dia 28 de agosto de 2010 no Clube Centrão em Itapira/SP

    Depois do Raimundos ( veja cobertura ) e do Angra ( veja mais aqui ) a cidade de Itapira recebe pela primeira vez a banda de country/core/metal Matanza e ainda em divulgação de seu álbum ao vivo MTV Apresenta o quarteto carioca participou de mais uma noite repleta de rock no Clube Centrão.  O Matanza existe desde 1995 e seu primeiro registro data de 2001 quando gravaram o álbum Santa Madre Cassino. De lá para cá foram mais quatro cd´s e o quarteto atualmente formado por Jimmy London ( voz ), China ( baixo ), Jonas ( bateria ) e Maurício Nogueira ( ex-Torture Squad na guitarra ) prepara-se para a gravação de mais um trabalho. Mas antes de me aprofundar mais no Matanza vou contar como foram os shows de abertura.

Cobaias

    A banda Cobaias de Itapira/SP formada por Mike nos vocais e guitarra, Bira na guitarra, Adriano no baixo e Markinho na bateria, ficou com a responsabilidade de abrir a noite e subiu no palco por volta das 21:15, pouco depois do horário marcado para começar os shows, e fizeram um set list que produziu as primeiras rodas de mosh na frente do Centão. A energia punk rock/grunge do Cobaias amplificou-se quando eles tocaram a Blitzkrieg Bop do Ramones e a música própria Voodoo.

    Mas o que mais chamou atenção na apresentação do Cobaias foi o final de seu show quando em um momento grande histeria, eles surpreendem a todos e quebram suas guitarras e baixo. Muitos dos fãs presentes pegaram os pedaços e guardaram como se fossem troféus. Fico me perguntando até agora: eles tem contrato com alguma empresa de instrumentos musicais ou irão ficar um tempo afastados dos palcos até comprarem novos instrumentos? Mas, se a intenção era marcar o público presente para sempre lembrar do show do Cobaias em Itapira, o quarteto conseguiu.

Take Me Back

    Por volta das 22:15 o Take Me Back, banda de Itapira formada por Lik Galaverna ( ex-Julgamento ) nos vocais, Alemão na guitarra, Cristiano no baixo e Rude na bateria disparam o seu hardcore punk old school com músicas do seu cd demo Pós-Humanidade como "Dromocracia", "Pós-Humanidade" e "Chove" que são muito agressivas e nervosas.

    O vocalista Lik Galaverna tem muita atitude no palco e soube contagiar os fãs do estilo que reagiram agitando bastante e fizeram rodas bem nervosas. A cada música tocada, o rápido hardcore do quarteto tornava-se mais agressivo e violento. Foi um bom show para os apreciadores de HC/Punk, além de curto e direto como o estilo manda ser.

Rising Power AC/DC cover

    Após duas bandas mais voltadas para o Grunge/Punk e o Hardcore, o rock´n´roll clássico entrou em cena com o Rising Power AC/DC Cover e esta banda da cidade de Campinas/SP formada por Fabiano Drudi ( vocais ), Ricardo Peewee ( guitarra e devidamente caracterizado de Angus Young ), Vulcano ( guitarra ), Ricardo Costa ( baixo ) e Marcelo Jorge ( bateria ) encarnaram os australianos com muita garra e vibração com um set que passou pelos mais de 30 anos da banda.

    Fabiano Drudi estava com o mesmo figurino de Brian Johnson, canta muito próximo aos timbres do vocalista do AC/DC e com Rock´N´Roll Train ( hit do novo cd do AC/DC ) o Rising Power faz o público presente no Centrão agitar para valer mesmo, por onde se olhava todos estavam com rostos felizes e agitando com sua banda a todo momento. Aliás, falando nos presentes, eles aumentaram consideravelmente desde a primeira banda da noite, e vale mencionar, com muitas mulheres, o que é muito bom. Sem delongas, o Rising Power ataca com Hard As A Rock e a estrela de Ricardo Peewee brilha com os riffs indefectíveis que esta música possui. Viajando para os anos 70, eles apresentaram em seguida Long Way To The Top Of Rock´n´Roll e aí Fabiano Drudi marca mais um ponto, pois interpreta muito bem tanto as canções de Brian Johnson quanto de Bon Scott com o mesmo carisma e energia.

    Os primeiros acordes de Thunderstruck são rapidamente percebidos pelos fãs e seu solo vistoso os fazem levantarem seus punhos para cima e aí agitaram para valer em um momento de imensa energia com a banda. Outra das antigas: Bad Boy Boogie que é a pura essência do rock´n´roll pesado do AC/DC, Fabiano Drudi pede para que os fãs o acompanhe nas palmas e Ricardo Peewee, trajado com terno e shots escolares iguais aos de Angus, mexe seu pescoço sem parar e até inicia um curto strip para aumentar ainda mais a adrenalina dos presentes.

    E a banda, assim como o AC/DC, não gosta de ver ninguém parado e mais dois petardos são enviados na sequencia: Back In Black ( que foi intensamente pedida durante todo o show ) e The Jack ( alongada um pouco para que os demais músicos pudessem mostrar a veia de blues ). A próxima foi Hells Bells causando outra explosão de felicidade e então mandamYou Shook Me All Night Long, um clássico que dispensa maiores comentários.

    É muito interessante quando o show é desse nível como o tempo passa depressa e no momento em que T.N.T. foi lembrada pela banda, estávamos na fase final da apresentação do quinteto, mas sem dar tréguas, Highway To Hell fez praticamente todo mundo pular bastante. Antes de encerrar Fabiano Drudi pergunta: "Vocês querem Let There Be Rock ou For Those About To Rock para terminar o show?", bem eu queria as duas, mas como não era possível - afinal, tínhamos mais bandas para se tocar - e a galera escolheu a primeira que e com muita categoria, o Rising Power tocou essa música e honrou o AC/DC com sua vibrante apresentação.

AIH - 5

    Depois da abertura para o Massacration em Mogi Guaçu/SP ( veja cobertura ), eis que a banda AIH-5 formada por Felício Arsuffi nos vocais, Lucas Rossi e Thales Vieira nas guitarras, Caio Burza na bateria e Antônio Fontanella no baixo e backing vocal, tem outro importante momento em sua carreira ao abrir o show do Matanza. E o quinteto de Mogi Guaçú, que toca vários covers de hard rock e heavy metal, aproveitou o show para colher mais imagens -  gravadas pelo meu amigo Tomas - para seu futuro DVD. E o AIH-5 estava com uma missão de manter o nível de força em alta, pois o Rising Power o deixou lá em cima, e consegue com músicas como Sad But True, o primeiro cover que executaram na noite, que foi muito bem recebido pelos headbanders do Centrão.

    O vocalista Felício Arsuffi empolga com seu carisma e visual típico de hard rock ( ou seja, calça jeans rasgada, blusa jeans e sem camisa ) para anunciar Last Summer que é uma canção bem pesada da própria do AIH-5 e sua linha hard agradou bastante. Depois eles tocam vários covers de grandes clássicos com rock como It´s So Easy do Guns´N´Roses, N.I.B. do Black Sabbath e a mistura de hard rock com heavy metal do quinteto nos levou até Ace Of Spades do Motörhead que garantiu uma força extra na platéia. No final, o AIH-5 disparou a ótima versão para Master Of Puppets do Metallica, que agitou mesmo o público e terminam com a canção própria Alone By Yourself, desta vez, bem mais pesada do que a versão na abertura para o Massacration.

Matanza

    Eram mais de uma e meia da manhã, quando China, Jonas e Maurício Nogueira fizeram a introdução para que o grandalhão e mal-encarado Jimmy London entrasse no palco e então o mais aguardado show da noite tivesse seu inicio e ao contrário de muitas bandas, o Matanza não fala muito com a platéia, ao menos nesta fase inicial, e manda seu countrycore energizado com letras sobre mulheres e bebedeiras com muita eletricidade que contagiou cada um dos presentes no Clube Centrão. Os fãs da região que nunca tinham visto o Matanza ao vivo ( eu vi uma vez em Varginha no Roça´N´Roll, leia aqui ) se extasiavam a cada música puxada por Jimmy que concentrou o set list nas do último cd MTV Apresenta.

    A primeira da noite foi a pesada Ressaca Sem Fim que fez muitos sacudirem seus pescoços depois sem parar. A ligação cheia de adrenalina que o Matanza faz de uma música para outra é quase imperceptível, pois os riffs rápidos de Meio Psicopata metralham e provocam ótimas rodas de empolgação e nem se nota quando Interceptor V6 ( do álbum Música Para Beber e Brigar ) com suas linhas de punk rock mantiveram o grau do show em alta. Jimmy não se mexe muito no palco, já o ex-Torture Squad Mauricío Nogueira banguea o tempo inteiro, mas as caras e bocas do vocalista compensam sua pouca mobilidade, e a voz rouca dele abre espaço para "Tempo Ruim", "O Último Bar" e "Maldito Hippie Sujo", essa última é praticamente cantada com os fãs que berravam cada um dos seus versos.

   Em Pé Na Porta e Soco na Cara Jimmy esticava o braço com o microfone no alto para que os fãs completassem o refrão, e todos ficaram de punhos para cima acompanhando os gestos do vocalista, que ao perceber que estava agradando os fãs sempre soltava algo como: "Puta Que O Pariu Itapira!!!"

    Depois o quarteto toca Santa Madre Casino que produz o clima para que Jimmy brinque com a galera dizendo que ouve muitas vezes um chamado e assim a rápida O Chamado do Bar é executada. Uma coisa bem interessante no show do Matanza é o tanto que o vocalista agita na hora dos solos de guitarras, ele poe os braços para trás bangeia como se estivesse na platéia.

 

    Todo Ódio de da Vingança de Jack Buffalo Head deu continuidade ao show, e o riff dessa música puxa um ritmo de 'conca', e aí tivemos um dos momentos mais descontraídos do show com seu alongamento, pois vimos uma 'dança de conca' no palco com China, convocado pelo vocalista Jimmy para dançar. Enquanto o virtuoso baixista dançava, o vocalista faz ele mesmo as linhas do baixo, além de hilário foi gratificante ver a interação com os fãs essa música provocou.

    E o show que ficou melhor a cada instante teve ainda Matarei com seu ar sujo e sombrio, segue com Eu Não Gosto de Ninguém - para mim uma das melhores do Matanza - novamente em execução excelente. Depois Jimmy fala até que bastante que pertence à um clube, e que vai abrir uma 'filial' do clube em Itapira, nos pergunta se queremos também fazer parte do clube, com a resposta positiva dos fãs, Clube dos Canalhas aparece para causar um momento ensandecido entre todos no Centrão. O Mantaza prepara-se para dentro em breve lançar um disco novo e meio que promovendo o futuro lançamento disparam Odiosa Natureza Humana, que deu para perceber que a adrenalina dos cariocas será mantida do jeito que queremos que fique.

    Devidamente mais solto no palco Jimmy pergunta o que é realmente bom e enquanto recebe respostas diversas dos fãs, brinca com o guitarrista Mauricio Nogueira dizendo que está ficando careca, lhe pergunta o que ele acha realmente bom e a resposta do companheiro de banda foi um riff de Paranoid. Com a deixa dada,  Bom É Quando Faz Mal toma conta da casa para aumentar nossa felicidade. Em seguida, com um curto, mas preciso solo de Maurício Nogueira chegou a vez de A Arte do Insulto e essa não tinha como ficar parado, viam-se todos cantando com o Jimmy.

    Nesse instante, o show já estava na sua reta final, mas o Matanza não deixaria a força diminuir de nem um pouco e tocam "As Melhores Putas do Alabama",  a elétrica "Ela Roubou Meu Caminhão" com os riffs que fazem muitos balançarem incansalvemente nesta sequencia matadora que teve ainda Whiskey Para Um Condenado e encerrou-se com Estamos Todos Bêbados ( cantada praticamente em uníssono ) interligada com o reprise de Interceptor V6. Com aproximadamente uma hora e meia de show, o Matanza deixou saudades na região e pelo que Jimmy declarou depois, é muito provável que eles retornem à Itapira na tour do novo cd.

    A sensação de assistir a um show do Matanza é de estar num saloon no velho oeste e bebendo bastante com o som ambientado com o country/core/heavy metal e foi isso que a grande maioria dos presentes certamente levou para casa após a apresentação marcante do quarteto, e um ponto que me chamou a atenção, não senti o tempo passar devido à imensa felicidade de curtir o show do Matanza. Mais uma vez, parabenizo aos organizadores por mais um grande evento. Que em breve tenhamos mais shows dessa qualidade na cidade que é considerada a capital do rock na região de Campinas.

Texto e Fotos: Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Leandro Sartori e Edu Pisca ( Matanza )

Setembro/2010

 Galeria de Fotos do Matanza, AIH-5,
Rising Power AC/DC Cover, Take Me Back e Cobaias

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