Monsters Of Rock - 2º Dia
Com: Aerosmith, Whitesnake, Ratt, Buckcherry, Queensrÿche,
Dokken, Dr. Sin, Doctor Pheabes e Electric Age
Domingo, 20 de outubro de 2013
na Arena Anhembi em São Paulo/SP

    O festival Monsters Of Rock é um dos mais tradicionais que temos no mundo, sua origem data dos anos 80 e suas realizações saíram de Donnignton ( Inglaterra ) e ganharam o mundo a partir de 1983. Por aqui o festival estreou em 1994 e teve novas edições até 1998 trazendo nomes como Ozzy Osbourne, Alice Cooper, Megadeth, Iron Maiden, Motörhead, Skid Row, Slayer, Manowar, Saxon, Dream Theater, Savatage, Glenn Hughes, Helloween, King Diamond, Faith No More, Suicidal Tendencies e até KISS e Black Sabbath. E depois de 1998 ficamos órfãos do festival até agora em 2013, que para compensar a XYZ Live realizou o festival em dois dias.

    Uma curiosidade neste Monsters Of Rock 2013: o primeiro dia teve mais bandas das ramificações atuais do Heavy Metal como o New Metal e no segundo foi praticamente dedicado ao Hard Rock e ao Heavy Rock e mesmo assim, segundo a produção do evento, tivemos mais um dia de casa cheia com 30.000 fãs presentes e ingressos esgotados, provando ao contrário que li por aí, o Rock e suas subdivisões estão mais fortes do que nunca.

Electric Age

    Após meu breve credenciamento tive acesso à Arena Anhembi e vi a boa estrutura montada para o festival, com várias lojas e espaços para que bandas se apresentassem ou fizessem uma jam para os amigos, uma bela iniciativa da organização.

    E como cheguei ao evento por volta das 12:00 hs, o palco já estava ocupado por Luiz Felipe Cardim na guitarra, Otavio Cintra no baixo e vocais, Rafael Nicolau "The Boss" na bateria e Junior Rodrigues nos vocais. Esses quatro caras são Electric Age, uma banda com pouco tempo de estrada que lançou seu EP Good Times Are Coming em junho de 2013.

    A presença do Electric Age no festival foi através de uma votação realizada nas redes sociais e sua linha Hard´n´Heavy do seu som foi uma bela abertura do Monsters Of Rock neste domingo. E como o tempo era curto, após a introdução instrumental de Rise, que foi tocada nos PA´s, o Electric Age aproveitou cada minuto para mostrar seu belo trabalho com as músicas "Good Times Are Coming", "Echoes Of Insanity" e "All Night Long" ( que exibiu belos riffs de guitarra de Luiz Felipe Cardim ).

   No final da terceira, o vocalista - com vestimentas no estilo que Ozzy usava no Black Sabbath - agradece a oportunidade, a votação que tiveram para estarem no palco e encerra o set com Dreamer e a single Snake Eater. Claro que uma exposição como a do Monsters Of Rock fará a diferença na carreira do Electric Age e renderão ótimos frutos para a banda, como por exemplo seu debut-cd.

Set List do Electric Age

1 - Rise ( intro )
2 - Good Times Are Coming
3 - Echoes Of Insanity
4 - All Night Long
5 - Dreamer
6 - Snake Eater

Doctor Pheabes

    Nos minutos que antecederam a rápida troca de palco tive o tempo necessário para tomar uma água ( o calor estava muito forte ) e retornar para ver pela primeira vez uma banda que resenhei seu cd aqui no Rock On Stage, o Doctor Pheabes banda paulista formada por Fernando Parrillo ( guitarra solo ), Eduardo Parrillo ( guitarra e vocal ), Fábio Ressio ( baixo ) e Paulo Rogério Ressio ( bateria ), que já tem uma bela estrada, mas com este nome estão praticamente debutando com o ótimo cd Seventy Dogs ( confira resenha ).

    E no palco o quarteto mostrou que sua pegada é tão boa quanto no cd ao tocarem a faixa título Seventy Dogs, que ganhou muitos riffs da guitarra da Les Paul Custom Zakk Wylde de Fernando Parrilho e o vozeirão de Eduardo Parrilho.

    Seguiram com o vocalista dizendo que a música seguinte é sobre um dos maiores monstros do mundo e o Rockão setentista Godzilla foi angariando mais fãs para a banda, aliás, nada melhor que em um festival chamado Monsters Of Rock para ouvirmos uma música de um dos mais famosos monstros da história. Antes de Let Me Down eles jogam cd´s para a galera e prosseguem com a boa Running To The Edge em um sol escaldante. Inteligentemente, os músicos jogam camisetas da banda e aumentam a vigor de seu show.

    A estreia do Doctor Pheabes em um festival destas proporções foi deveras importante e o quarteto, que estava muito empolgado tocou em um ritmo pesado a canção Where Do You Come From com todos os solos longos que temos no estúdio, porém, a pegada que ao vivo fica melhor. Para encerrar a bela apresentação, fizeram um replay da canção que intitula o álbum, com mais peso e terminam dizendo que São Paulo é a grande praça do Rock no Brasil.

Set List Doctor Pheabes

1 - Seventy Dogs
2 - Godzilla
3 - Let Me Down
4 - Running To The Edge
5 - Where Do You Come From
6 - Seventy Dogs (reprise)

Dr. Sin

    Respeitando o tempo, a organização estava esperta e procurou minimizar qualquer atraso, apenas uns cinco ou dez minutos a mais que o previsto e finalmente eis que o "That Metal Show Man" Eddie Trunk finalmente apareceu para apresentar o Dr. Sin, e um tanto sem saber o que fazer na frente de tanta pessoas, ele chama o maior trio Hard Rock brasileiro para o palco.

    No príncipio, Andria Busic no baixo e vocais, Ivan Busic na bateria e Eduardo Ardanuy na guitarra tiveram que enfrentar um som meio embolado durante a execução de Shed Your Skin, mas graças à uma rápida atuação dos técnicos de som o problema foi resolvido e a banda, que goza de um número respeitável de fãs foi aplaudida e nos brindou com Fly Away do Dr. Sin II, com direito a vários improvisos feitos por Edu Ardanuy na guitarra. Andria Busic relembra que o Dr. Sin também parte da história do Monsters Of Rock no Brasil, pois eles estiveram no festival há 19 anos e do Animal de 2011 tocam a Lady Lust com direito a um solo de baixo seguido por um de guitarra deveras fortes e com toda a técnica acumulada pelos músicos.

   Em seguida, Andria Busic fala que estava muito quente e diz "que esquentará mais ainda" com a Fire ( do Brutal de 1995 ) e nesta Edu Ardanuy mostrou porque é um "às" da guitarra. Ivan Busic apresentou a banda e a clássica Time After Time do Dr. Sin II, com seus riffs mais sujos que enaltecem o peso do trio e durante os solos Andria Busic chama a galera para fazer os "ôôôôôô" com ele. O Dr. Sin ao vivo, além de cravar brilhantes apresentações gosta de se comunicar com os fãs e Ivan Busic comenta da importância para a banda de voltar ao Monsters Of Rock e elogia as demais bandas, e então, do Dr. Sin II, a bela Miracles fez muitos cantarem com eles.

    Nada melhor que um convidado surpresa para um show no festival não é? E o ex-Symbols Demian Tiguez, atualmente no Anjos de Resgate se juntou ao trio para solar sua guitarra com muita precisão e duelar ao lado de Edu Ardanuy na rápida e melodiosa No Rules ( do Insinity de 1997 ). Eles a alongam de forma que não tinha como não se emocionar e cantar o refrão tanto que são em momentos assim que uma banda será sempre lembrada em um festival. Em seguida, tocam a The King, do novo cd, que é em homenagem a Ronnie James Dio e a título, a Animal, que também tiveram versões na mais pura eletricidade.

    Aos gritos incessantes de "Dr. Sin...Dr. Sin", Andria Busic comenta da emoção que eles estavam sentindo e que se sentem muito próximos dos fãs e chama mais um convidado, Edu Falaschi do Almah para cantar a Emotional Catastrophe ( do primeiro cd de 1993 ), que fez em um trecho um duelo de voz/guitarra com seu xará criando outro momento marcante. Terceira vez no ano que vejo o Dr. Sin e a cada uma delas vejo que a banda está mais afiada ainda.

Set List Dr. Sin

1 - Shed Your Skin
2 - Fly Away
3 - Lady Lust
4 - Fire
5 - Time After Time
6 - Miracles
7 - No Rules
8 - The King
9 - Animal
10 - Emotional Catastrophe

   

 

Dokken

    Foi por volta das 15:00hs que o Brasil pode assistir o Dokken pela primeira vez com seu vibrante Hard Rock capitaneado pelo seu frontman e líder Don Dokken, que já vendeu mais de 10 milhões de álbuns desde 1978. Ao lado do chefe estão os músicos Jon Levin na  guitarra, Sean McNabb no baixo e o Mick Brown na bateria e vocal de apoio, mas antes de sua entrada no palco surge um vídeo nos telões com uma entrevista feita por Eddie Trunk.

    Lógico que a 'gurizada' não sabia quem era o Dokken, mas quem conhecia sabia que estaria diante de uma das lendas do Hard Rock americano dos anos 80 e que seria certeza de um 'showzão'. E foi com Kiss Of Death do Back For The Attack de 1987 que o show começou com um Don Dokken contente por estar no Brasil pela primeira vez e como manda o figurino todo de preto, óculos escuros e cartola.

    Jon Levin mostrou porque hoje ele ocupa o posto que já pertenceu a George Lynch solando sua guitarra como se deve. Então exibiram outro clássico puro Hard Rock oitentista com a The Hunter ( do Under Lock And Key de 1985 ) e o vocalista fala que não sabe falar português mas emenda uns palavrões em sua língua nativa e então executaram a rápida Standing On The Outside do Lightning Strikes Again ( 2008 ) e mais uma vez o destaque vai para Jon Levin, que solou com muita categoria.

    Já sem a cartola e a blusa, o vocalista falou que na próxima vez que vier no Brasil falará português ( ótimo... mas, que não demorem 30 anos ) e então anuncia a sonzeira de Into The Fire do aclamado Tooth And Nail ( 1984 ), que conquistou os fãs que não conheciam a banda, afinal, como resistir aos solos feitos por Jon Levin na guitarra e o lendário Mick Brown na bateria ( que cravou um curto, mas brilhante solo )?

    Mais uma vez ele agradece e fez sua maior ousadia: foi para a passarela que seria de uso "exclusivo" do Aerosmith e nos contou que disseram para ele que não poderia ir até lá e enfatizou: "ninguém iria me dizer o que devo ou não fazer". Isso deixou a organização descontente, imagino eu, mas os fãs felizes por verem ele mais perto, fato que, de certa forma, serviu como uma introdução para a música seguinte, pois, de lá ele nos perguntou se gostamos dos anos 90 e então Breaking The Chains, título do álbum de 1993 foi tocada com solos de guitarras alongados até que ele voltasse ao centro do palco.

    Com a plateia nas mãos após desrespeitar à organização, hora de emocionar com a balada Alone Again do Tooth And Nail, que fez muitos acompanharem o vocalista e após mais uma sequencia de riffs cheios de técnica de Jon Levin, o vocalista agradece mais uma vez e que iria tocar uma dos "bons tempos" com a melodiosa In My Dreams ( do Under Lock And Key ), onde mais uma vez me rendo ao talento do atual guitarrista do Dokken.

    Para finalizar a curta apresentação de quarenta e cinco minutos, o carismático vocalista nos deu duas escolhas: mais uma "love song" ( balada ) ou uma "fucking heavy song" ( Heavy Metal ), bem não deu para ter certeza qual foi a escolha, mas o clássico máximo da banda com Tooth And Nail foi tocado com toda a velocidade que possui e solos guitarras precisos com o vocalista mais uma vez andando pela passarela "proibida" para ser novamente saudado pelos fãs.

    Como sempre mais agradecimentos e o melhor, Don Dokken afirmou que voltará no Brasil ano que vem para "kick your ass". Que venha então e com um show completo, pois faltaram várias músicas, como por exemplo Paris Is Burning.

Set List do Dokken

1 - Kiss Of Death
2 - The Hunter
3 - Standing On The Outside
4 - Into The Fire
5 - Breaking The Chains
6 - Alone Again
7 - In My Dreams
8 - Tooth And Nail

Queensrÿche

    Ano passou o Queensrÿche passou pelo Brasil ( confira resenha ) e fez até um bom show no HSBC Brasil, mas longe da apresentação marcante de 2008 ( confira como foi ), pois naquela tínhamos a banda em grande fase e não quase se separando como foi em 2012. E aí vem a primeira pergunta: será que assistimos o Queensrÿche 'Queensrÿche' ou o Geoff Tate's Queensrÿche? Só a decisão do processo judicial irá dizer.

    Bem, o Queensrÿche de Geoff Tate está com um novo disco, o Frequency Unknown lançado este ano, e uma banda que merece respeito, afinal fazem parte dela Rudy Sarzo no baixo ( ex-Ozzy Osbourne, Whitesnake e Quiet Riot ), Robert Sarzo  ( irmão de Rudy ) e Kelly Gray nas guitarras, Simon Right bateria ( ex-AC/DC, Dio e Michael Schenker ) e Randy Gane nos teclados. E nisso vem a outra pergunta: eles conseguiriam fazer um show à altura do que consagrou o Queensrÿche como um dos grandes pilares do Progressive Metal?

    Ao longo da resenha vou tentar responder essas questões e Eddie Trunk volta ao palco para chamar o Queensrÿche e a primeira música que o empolgado vocalista cantou, deu o teor do que seria o show, pois ele estava fazendo o melhor que pode. Best I Can do clássico Empire ( de 1990 ) que o set foi aberto e a performance dele nos vocais permanece inabalada, ainda mais com os afiados novos companheiros de palco.

    Robert Sarzo com um chapéu bastante interessante cantou alguns trechos junto a Geoff Tate e com uma naturalidade até, sinal que os shows que estão fazendo estão "dando a liga" na banda. Em seguida, o ele nos agradece e pergunta se conhecemos o álbum Operation Mindcrime ( de 1988 ) e dele é tocada a Breaking The Silence com toda a sua magia. A única do Frequency Unknown foi a Cold, que possui uma pegada mais pesada e cadenciada, mas não chegou a agradar muito.

    O vocalista fala que quer retornar para 1992 e Another Rainy Night, mais uma do Empire teve uma bela exibição e emocionou a galera. Muito contente, o líder diz está contente por estar em um domingo de música alta. Rudy Sarzo nos envia um solo de baixo e os guitarristas nos mandam solos que expõem muita melodia e a sua categoria para a progressiva Big Noize, do Dedicated To Chaos de 2011, mas, a música não despertou a mesma emoção como a anterior, talvez o pessoal quisesse músicas com mais energia e não as progressivas.

 

   Movimentando-se bastante no palco, tanto Geoff Tate quanto Robert Sarzo não pararam quietos por um instante sequer, sendo que o guitarrista apoia o vocalista a todo momento nos backing vocals e assim nos trouxeram mais uma do Operation Mindcrime com a The Mission e pela história que este disco possui, não tinha como não cantar e sentir sua viagem nos pegando, afinal, recebemos riffs eficientes da dupla Robert Sarzo e Kelly Gray em suas guitarras. E o bom momento do show prosseguiu com mais uma deste disco, a ótima I Don´t Believe In Love, que com o carisma que Geoff Tate dispõe tornou-se fácil para que nós todos acompanhássemos com ele.

    Como é uma estratégia comum nos shows, as bandas fazem a sequencia final para detonar não é? Geoff Tate preparou o melhor da apresentação para o final e antes, nos contou que a música seguinte era sobre viagens pelo mundo e de histórias de pessoas, assim ele convidou os fãs para contarem as suas no Backstage depois. Quando os primeiros dedilhados de Silent Lucidity ( do Empire ) ecoaram pela Arena Anhembi, os fãs ficam totalmente inflamados e cantaram com Geoff Tate, além de aplaudirem bastante a versão perfeita da canção. E a experiência do vocalista no palco é comprovada ao ligar esta  com mais uma do Empire, a Jet City Woman sem pausar, com Rudy Sarzo fazendo a introdução, mas personalizando com sua forma de tocar e Geoff Tate mais uma vez cantou com muito feeling e óbvio que também acompanhamos ele.

 

    E já que neste final estava sendo apresentado um mini-especial do álbum Empire, nada melhor que a pesada faixa título para dar continuar o set elevando ainda mais o nível da nossa vibração, aliás, o vocalista solicita palmas e os "hei..hei...", a alonga e termina esta música com um "Obrigado São Paulo" em português.

    A última do set foi mais uma do Operation Mindcrime com Eyes Of A Stranger, que exibiu muita progressividade e até foi um pouco alongada extraindo muitas palmas, mas talvez devesse ter sido substituída por uma que a galera agitasse mais. Entretanto, este show, que ao mínimo mostrou que Geoff Tate saiu-se bem de toda essa turbulência que se tornou o Queensrÿche atualmente, sua versão da banda, graças a sua voz e a categoria dos músicos terá futuro ao reviver os grandes clássicos gravados, só resta saber se o desempenho no estúdio será tão bom quanto o passado.

 

Set List do Queensrÿche

1 - Best I Can
2 - Breaking The Silence
3 - Cold
4 - Another Rainy Night
5 - Big Noize
6 - The Mission
7 - I Don't Believe In Love
8 - Silent Lucidity
9 - Jet City Woman
10 - Empire
11 - Eyes Of A Stranger

  

Buckcherry

    O Buckcherry voltou ao Brasil dois anos depois de abrir o show do Mötley Crüe no Credicard Hall em São Paulo ( leia resenha ) e o quarteto de Los Angeles trouxe a tour de seu recém lançado álbum Confessions. E com um visual bastante Glam/Hard Rock com roupas pretas, óculos escuros, lenços nos cabelos, Josh Todd nos vocais, Keith Nelson e Stevie D nas guitarras, o estreante Kelly Lemiex no baixo e Xavier Muriel na bateria ( este com a camisa da seleção brasileira ) entraram no palco com o forte sol do final da tarde dispostos a fazerem um show para levantar a Arena Anhembi.

    Ainda não conhecia a banda, mas ao ver Lit Up ( do álbum de estreia de 1999 autointitulado ) percebi que a teria o Hard Rock americano "mais jovem" executado por uma banda que queria ser lembrada no festival, cujas letras se tratam de sexo, drogas e Rock´n´Roll. O vocalista Josh Todd pulou a maior parte desta primeira música e emendou em seu final um "São Paulo.. We Love You".

    Nos perguntou se estamos prontos e Rescue Me ( do Black Butterfly de 2008 ) garantiu até uma bela agitação da Arena Anhembi com palmas e "hei..hei..hei...". Prosseguiram com All Night Long, título do álbum de 2010, que exibiu uma linhagem do mais puro Rock´n´Roll e em um show quente assim, não dava outra, tinha que se participar da música com o Buckcherry.

    Foi durante o show do Buckcherry o público aumentou consideravelmente e depois das três músicas mais agitadas, o vocalista anunciou o título da seguinte: Broken Glass ( do álbum 15 de 2006 ) e a dupla de guitarristas Keith Nelson e Stevie D disparou solos com ainda mais força. Já sem camisa Josh Todd anuncia Everything, que é mais suave e com levadas mais Pop e nesta composição - que também é do 15 - percebeu-se como o vocalista se entrega para nos mostrar todo seu feeling. Sorry ( outra do 15 ) foi dedicada para as mulheres e suas linhas mais calmas foram cantadas por muitos.

    Com o decorrer do show e não parando quieto um minuto sequer, o vocalista disse adeus a sua blusa e óculos, mas continuou sua incansável atuação sem camisa, assim como outros membros da banda. Dead do All Night Long retomou a garra do Rock´n´Roll do Buckcherry de volta e naturalmente, que eles conquistaram mais fãs após seu show com direito a dupla Keith Nelson e Stevie D solarem suas guitarras juntos.

 

    Josh Todd pergunta se assistimos filmes pornô e se gostamos de filmes assim, com a dica dada, o hit Porno Star do cd Time Bomb de 2001 foi tocado com todo seu estilo de Blues, letra totalmente cheia de duplos sentidos e nesta o vocalista também passeou pela passarela do Aerosmith. E o mais bacana deste show é que a banda não parou de agitar e sabendo que o tempo é curto toca uma atrás da outra e, como é um festival, a velha estratégia de sempre: tocar as melhores músicas da carreira, e assim veio a Ridin´ do Time Bomb garantiu mais vibração e muitos aplausos ao Buckcherry. Muito bacana foi quando eles alongaram a música de forma que aumentaram a interação entre plateia e banda.

    Antes de Gluttony do novo Confessions eles surpreendem com um trecho de Big Balls do AC/DC e aí o povo vibrou mesmo, mas prosseguiram mesmo com a citada música é um baita Rock´n´Roll rápido cheio de energia e ótimos solos de guitarras, que agradou bastante, assim como a outra nova, a Nothing Left But Tears.

    Lá do meio da passarela Josh Todd pergunta se gostamos de "Crazy Bitches" ou "puta locas" ( ensinaram ele o que é a tradução ) e inserindo um trecho de Miss You dos Rolling Stones, o Buckcherry surpreendeu os fãs mais antigos e então Crazy Bitch do 15 fez algumas mais afoitas ficarem sem camisas só de sutiã, o que agradou tanto Josh Todd quanto nós da plateia. Ele apresentou a banda e cada um dos integrantes realizou um pequeno, mas muito competente solo em seu instrumento, com destaque para o novo baixista Kelly Lemiex e o baterista Xavier Muriel, que tocaram com firmeza o show inteiro.

    Depois disso, Josh Todd vai bem na frente da passarela, agita a multidão de lá e deixando bem claro que o Buckcherry estava mesmo disposto a ser relembrado mesmo pelos fãs brasileiros, pois agarraram a oportunidade com unhas e dentes em um baita show.

Set List do Buckcherry
1 -
Lit Up
2 - Rescue Me
3 - All Night Long
4 - Broken Glass
5 - Everything
6 - Sorry
7 - Dead
8 - Porno Star
9 - Ridin'
10 - Gluttony
11 - Nothing Left But Tears
12 - Crazy Bitch

Ratt

    Uma das mais aguardadas bandas do festival era sem dúvidas o Ratt, que fez muito sucesso nos anos 80 com seu Hard´n´Heavy e atualmente é formada por Stephen Pearcy nos vocais, Warren DeMartini e Carlos Cavazo nas guitarras, Bobby Blotzer na bateria e Juan Croucier no baixo. Vale dizer que o Ratt fez apenas este único show no país, fato que garantiu uma exclusividade ainda maior para os milhares de presentes. Desta vez, Eddie Trunk não apareceu para chamar a banda, só apenas assistimos um vídeo com uma entrevista com o Ratt.

    E como estava lotada a Arena Anhembi para ver não só o Ratt, mas também as bandas que viriam depois, o Whitesnake e o Aerosmith era a certeza de um show fervoroso. Com óculos escuros Stephen Pearcy abriu o show com Wanted Man do clássico Out Of The Cellar de 1984 e aí revivemos uma época maravilhosa com esta sonzeira. No telão central, apenas o logotipo da banda era exibido ( assim como de outras também ) e sem parar, a rápida I´m Insane do mesmo álbum mostrou uma banda que estava querendo tirar o atraso por nunca ter vindo ao Brasil com um showzão.

    Tanto Carlos Cavazo quanto Warren DeMartini solaram suas guitarras do jeito, ou seja, com uma precisão enorme e cativante como percebi durante a execução de In Your Direction, do álbum que mais forneceu músicas para o set do Ratt, o Out Of The Cellar. Muito importante que nesta primeira vez no Brasil foi executado mais da metade de seu álbum de 1984.

 

Fazendo uma pausa para os primeiros agradecimentos, Stephen Pearcy saudou os fãs e nos levou para o Infestation, o último álbum de estúdio de 2010, com a You Think You're Tough, que claramente é mais Heavy Metal que Hard Rock e nem por isso deixou de agradar, pois a presença de palco da banda é muito forte e as bases de guitarras, baixo e bateria junto aos vocais te fazem querer completar os versos.

    Com boa movimentação pelo palco, o vocalista nos mostrou seu carisma ao nos pedir que façamos barulho para o Dokken, para o Whitesnake, para o Aerosmith e então transpareceram o lado Blues da banda com a Way Cool Jr. gravada no Reach For The Sky de 1988 e nesta hora, as guitarras de Warren DeMartini e Carlos Cavazo se sobressaem. Aliás, como o Ratt alongou a música criou uma emoção maior para quem estava querendo ver eles, pois fizeram uso de uma técnica que normalmente só as bandas americanas possuem... a riqueza que são expostos ao mesclarem as músicas com as influências do Blues que recebem do berço, ou seja, longos solos de guitarras feitos pelos dois guitarristas e aquela vibração cinematográfica de seu vocalista.

    Deu para notar como Stephen Pearcy ficou contente ao ver esse enorme número de pessoas gritando "Ratt...Ratt..." e para nos agradecer eles tocaram Nobody Rides for Free da coletânea Ratt & Roll, com direito a atuação cheia de garra do vocalista e novamente muitos... muitos solos de guitarras.

    Com mais agradecimentos Stephen Pearcy quer ver qual lado é mais barulhento ( algo típico e que não pode faltar ) e aí... recebemos outro clássico do Out Of The Cellar com a Lack Of Communication, que crava o lado Blues do som do Ratt e também a potência de seu Hard Rock, que nos faz querer dançar e cantar com eles. Muito bacana foi ver Warren DeMartini segurar a guitarra na alavanca para ligar a distorção na música seguinte, a Lay It Down do Invasion Of Your Privacy de 1985, aliás, não foi só a sua pegada que fez milhares de mãos serem levantadas, mas também as atuações dos Guitar Heroes do Ratt.

    E You´re In Love, que também é deste trabalho, foi unida de uma forma que quase não se percebeu e pelo clima de festa que essas músicas passam, pareceu mesmo que era a mesma sonzeira, ponto para o Ratt, pois isto é o que queremos ver em um show de Rock, ou seja, solos aos montes, vocalista dividindo seu microfone com o guitarrista, enfim, pontos que fazem assistir o show ao vivo muito mais gostoso.

    Mais uma vez Do Dance Undercover ( de 1986 ) veio a Body Talk com Stephen Pearcy dizendo que quer ver as nossas mãos e posso dizer: o cara soube como comandar a plateia e junto aos demais executaram esta rápida música muito bem. O vocalista perguntou se nós queremos que eles voltem em São Paulo novamente e com a resposta positiva, o Ratt tocou mais duas do Out Of The Cellar, primeiro a Back For More com as linhas cadenciadas das guitarras e um refrão que o vocalista nos convidou para participar.

    Antes da última Stephen Pearcy se mostrou muito feliz e teve seu nome gritado pela galera, apresentou seus companheiros rapidamente e fechou o brilhante show com o Hardão de Round And Round, e por ser a última música eles fizeram questão de solar suas guitarras ainda mais. No final eles se reúnem no palco para as tradicionais despedidas aos gritos de "mais um...mais um..." e levaram na bagagem a certeza de terem realizado um grande show. Naturalmente quando o Ratt voltar ao Brasil farei o possível para ir assistir, pois os caras fizeram um show de primeira e o show mais pesado deste segundo dia de festival. 

Set List do Ratt

1 - Wanted Man
2 - I'm Insane
3 - In Your Direction
4 - You Think You're Tough
5 - Way Cool Jr.
6 - Nobody Rides For Free
7 - Lack Of Communication
8 - Lay It Down
9 - You're In Love
10 - Body Talk
11 - Back For More
12 - Round And Round

Whitesnake

    E com a Arena Anhembi recebendo mais de 30.000 fãs era finalmente chegada a hora do show do Whitesnake, que está realizando a Global Warming Tour e nesta perna sul-americana como atração de abertura do Aerosmith. Além de São Paulo, as duas bandas se apresentaram em Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ e Curitiba/PR. Ao contrário do show de abertura para o Judas Priest em 2010 ( confira resenha ), onde a voz de David Coverdale foi muito criticada, desta vez ele trouxe o Whitesnake para a melhor das três apresentações que assisti da banda ( a outra foi em 2008, confira aqui ).

    Assim como em 2010, a My Generation tocada nos PA´s do Monsters Of Rock deu a deixa para que David Coverdale nos vocais, Doug Aldrich e Red Beach nas guitarras, Michael Devin no baixo e o incrível Tommy Aldridge na bateria estavam prontos para entrar no palco e nos mostrarem o melhor show do domingo deste festival, isso mesmo o Whitesnake foi tão bom que superou até o Aerosmith. Como? leia nas linhas abaixo.

    Com solos de guitarras fortes e um Are You Ready... It´s Song For You All pronunciado por David Coverdale recebemos a primeira do set, a Give Me All Your Love ( do excelente álbum auto-intitulado de 1987 ) mostrando que realmente o espetáculo e a pegada da banda seriam totalmente diferentes, os caras entraram dispostos mesmo a fazer uma grande apresentação de Hard Rock que fosse inesquecível para os fãs, afinal Doug Aldrich e Reb Beach solaram com moral e David Coverdale nos deixou cantar alguns versos enquanto batíamos palmas no ritmo da música, enfim, um começo super quente mesmo.

   Com uma camisa branca que tinha o logotipo da banda desenhado junta uma bandeira do Brasil David Coverdale ia de um lado para outro e sempre fazendo a plateia participar do show, como se fosse necessário. Depois ele recuou para um dos grandes clássicos de sua carreira, a Ready An´Willing, que intitula o álbum de 1980, com linhas de Blues que fizeram a nossa alegria e certamente da banda, pois ele nos fez também cantar o refrão. A garra que David Coverdale está somada a sua boa voz resultaram em um show sem precedentes em se tratando do Whitesnake no Brasil ( não se deve considerar o show do Rock In Rio de 1985, certo ).

    Depois hora de uma das mais conhecidas canções do Whitesnake com Love Ain´t No Stranger do Slide It In de 1985 e com um clássico destes sendo disparado logo no começo, não teve quem não pulou e cantou com a banda. Aliás, em alguns momentos, ele sabiamente disse que precisava da nossa ajuda e deixou que apenas toda aquela multidão cantassem alguns versos, especialmente aqueles que teria que dar as notas mais altas em sua voz. Está errado? Claro que não, sua liderança, carisma e presença de palco o fazem saber encaixar a hora certa para isso.

    Com uma abertura com três músicas que foram para deixar todo mundo de queixo caído, hora de uma balada não só para acalmar, mas também para que os casais se abraçassem mais e se beijassem. A animação que vimos impressionou e emocionou cada um de nós em um momento maravilhoso, que a maioria levantou o celular, mas alguns ascenderam os isqueiros como antigamente e de brinde receberam aquele solo sensacional de Doug Aldrich.

    E sem pausar, já emendam a  sequencia seguinte, que era um medley de dois clássicos do Slide It In, a música título que é um dos grandes Hard Rocks da banda nos 80 e o Blues pesado de Slow and Easy, e confesso que fui surpreendido pela forma soberba que eles tocaram as duas, afinal, essas eu não esperava que estivessem no set e são das que eu mais gosto da banda.

    David Coverdale solta um longo "Obrigadoooo" seguido por um "Good Evening São Paulo" e diz que somos barulhentos; então, do último cd de estúdio tivemos a Love Will Set You Free. Como o álbum Forevermore de 2011 é muito bom, esta música foi mais outra que a galera vibrou e assistiu Doug Aldrich cantando alguns versos com o microfone dado por David Coverdale. Foi nesta hora também que uma bandeira do Brasil foi jogada no palco e o carismático vocalista enrolou nele para posteriormente colocar próxima a bateria.

    O nosso herói já está com mais de 60 anos e necessita de um pequeno repouso, afinal, ele andou da esquerda para a direita o tempo todo, mas a fervura do show não para e ele antes de sair anuncia seus dois guitarristas, que dão inicio a Pistols At Dawn, uma momento que ambos solam suas guitarras, primeiro Doug Aldrich mostrou sozinho e como sempre - com um colete - trouxe toda a sua técnica que teve dedilhados, solos velozes em uma linha mais Heavy Metal e depois foi a vez de Reb Beach exibir sua enorme capacidade com digitações e uso de sua alavanca.

     Muito bacana foi ver Doug Aldrich aplaudindo Reb Beach, para fechar este momento os dois "duelam" juntos cada vez mais rápidos e pesados... foi de arrepiar. Quando pararam o baixista Michael Devin fez um solo animal do mais puro Blues em sua gaita ( não bastava apenas ter tocado seu baixo com precisão em todas as músicas? ).

    Doug Aldrich acompanha em sua guitarra as notas que ele extrai da gaita e neste clima Blues/Rock acontece o retorno de David Coverdale com mais uma música do Forevermore, a bluesada Steal Your Heart Away, que foi cantada de uma forma mais suja e o vocalista convoca os "ôôôôôô" da plateia enquanto fazia suas estripulias com o pedestal do microfone.

    O veterano Tommy Aldridge emenda seu implacável, veloz, técnico e poderoso solo de bateria chegando inclusive a dispensar as baquetas e tocar com as mãos, falei que o cara era incrível, lembra? Depois do solo eles retomam Steal Your Heart Away finalizando como as bandas faziam antigamente, simplesmente esplêndido. 

    Antes de prosseguir, David Coverdale solta mais um "Obrigado São Paulo", berra o nome de seu baterista e aproveita para apresentar cada um dos seus companheiros, inclusive brincando com o baixista Michael Delvin ( que ganhou uma versão exclusiva de Is This Love com "Is this beard, that I'm feeling, Is this the beard, that I've been looking for..."  ) e também com o parceiro Doug Aldrich.

    Após inflamar os fãs com suas atitudes, o brilhante hit Fool For Your Loving do Ready an´Willing nos energizou ainda mais. Sem pausar, ligam o magnífico momento a Bad Boys de seu álbum de 1987, com seus riffs rápidos de guitarras e versos cantados pelos fãs.

    Depois desta verdadeira explosão de Heavy Metal, hora do hino Here I Go Again acalmar um pouco e nos enfeitiçar com a atuação emocionada da banda, mas seu final contou com belos solos de guitarras e o vocalista divide com os fãs quando deveria fazer sozinho alguns agudos ( como disse, a idade não lhe permite mais gritar tanto ), e fez correto, pois não diminuiu a adrenalina dos show.

    Em seguida a clássica Still Of The Night deste mesmo disco de 1987, um Hard´n´Heavy que não pode deixar de estar nos sets do Whitesnake e teve outra execução glamourosa, repleta de solos da dupla Doug Aldrich e Reb Beach, palmas e agitação, mesmo sem os agudos de outrora.

  Naturalmente que o final deste show tinha que ser ainda melhor, e foi, pois quem não se emocionou ao ver Soldier Of Fortune, gravada por David Coverdale no álbum Stormbringer do Deep Purple e embora não tenha sido a primeira vez que vi ele cantá-la, recebemos novamente um show de emoção, carisma e interpretação, que arrepiam e alegram a qualquer um. Isso valeu uma salva de palmas e muitos cantando com ele.

    Então, para colocar fogo de vez na multidão Burn, outra do Deep Purple, foi tocada com uma robustez que não deixou ninguém parado. A dupla Beach/Aldrich nos enviou solos "blackmorianos" e praticamente nos levou de volta para a magia dos anos 70. E se não bastasse, assim como já se tornou uma marca do Whitesnake ao vivo, eles tocam nesta um trecho de Stormbringer.

    O Whitesnake deixou uma missão muito difícil para o Aerosmith, pois sua apresentação foi realmente a melhor deste domingo e vale dizer que na minha opinião, o headliner não conseguiu superar o Whitesnake. E o melhor, caberiam mais músicas no set sossegadamente, pois pense aí, quem não gostaria de ouvir "Guity Of Love", Ain't No Love In The Heart Of The City" ou "Best Years", por exemplo? Que não se passem mais que dois anos para um retorno do Whitesnake no Brasil e longa vida a David Coverdale.

Set List do Whitesnake

1 - Give Me All Your Love
2 - Ready An' Willing
3 - Love Ain't No Stranger
4 - Is This Love
5 - Slide It In / Slow An' Easy
6 - Love Will Set You Free
7 - Pistols At Dawn
8 - Steal Your Heart Away
9 - Fool For Your Loving
10 - Bad Boys
11 - Here I Go Again
12 - Still Of The Night
13 - Soldier Of Fortune
14 - Burn/Stormbringer

 

Aerosmith

    Eddie Trunk voltou para apresentar o Aerosmith, que demorou para subir no palco até que os ajustes de palco fossem todos realizados, pois, por melhor que estava a organização, um atraso de 30 minutos aconteceu e muita gente não pode esperar pelo show principal da noite. Uma pena pois quando eram 23:05, o apresentador do That Metal Show disse que está errado dizer que o Aerosmith é a maior banda de Rock´n´Roll da América, mas sim os maiores do mundo. Um certo exagero da parte dele, pois todos sabemos que o Rolling Stones são os detentores deste título.

    Desfalcados de seu baixista Tom Hamilton ( afastado por problemas de saúde ), Joe Perry e Brad Whitford nas guitarras Steven Tyler nos vocais e Joey Kramer na bateria tiveram a companhia de David Hull nas quatro cordas e antes de pisarem no palco um vídeo introdutório da turnê de Music For Another Dimension foi exibido com algumas incursões de Rap que tiraram um pouco da espectativa que se esperava ouvir do Aerosmith, ainda mais depois da sonzeira que o Whitesnake fez.

    Porém, não se pode menosprezar uma banda que tem 43 anos de estrada, 15 álbuns de estúdio e 150 milhões vendidos, e após a exibição do vídeo, os Toxic Twins aparecem no centro da pista de surpresa para iniciarem o último show do Monsters Of Rock com Back In The Saddle do álbum Rocks de 1976. Vocalizando muito bem Steven Tyler estava vestido com todas as suas roupas, encharpes, óculos e chapéu extravagantes lhe conferem sua aura Glam e Joe Perry com um terno e um chapéu típicos de um Bluesman. E foi nesta ótima linhagem do Blues que recebemos o Aerosmith, pois ao vivo eles são ainda mais Blues e muito menos Pop, que alguns discos de estúdio.

    Steven Tyler fala um "Oiiii São Paulo" lá da frente da passarela e tivemos Love In An Elevator do Pump de 1989 e a música, cuja pegada é bem sexy, fez a multidão dançar. No palco, o frontman tem um pique dá inveja a muita gente, pois ele é daqueles que se movimentam o tempo todo e tanto ele quanto Joe Perry vão e voltam na passarela toda hora.

    A terceira do set foi a rápida Toys In The Attic, que muitos dos mais novos não agitaram tanto por não conhecerem este clássico que intitula o álbum de 1975 da banda, com direito a Steven Tyler dividir o microfone com Joe Perry aumentando o nível do eletrizante Rock´n´Roll tocado.

    Do novo e não tão bom Music For Another Dimension veio a música Oh Yeah, que ao contrário do Whitesnake onde uma música exibida era melhor que a outra, esta deu uma esfriada no clima do show e por isso o Whitesnake ganhou do Aerosmith, mas enfim, Oh Yeah com seus gemidos não empolgaram tanto, mesmo sendo aplicado as dosagens corretas de Rock e ótimos solos de guitarras ( talvez mais audições reparem isso ). Com Steven Tyler fazendo um sublime solo de gaita eles tocaram Pink do Nine Lives de 1997, e essa, por ser mais recente ganhou mais agitação dos fãs, mas devo enaltecer também a roupagem Blues que eles aplicaram na canção.

    "One...Two..Three..." desta forma o Aerosmith colocou o Anhembi para dançar ao tocar o sucesso Dude ( Looks Like A Lady ), que deu para perceber que idade não é problema para o vocalista, pois, sua voz e performance continuam inalteráveis. Com Joe Perry extraindo os riffs de uma lapsteel guitar Rag Doll, a segunda em seguida do Permanent Vacation de 1987, manteve o clima de diversão do show do Aerosmith com a efervescência do Blues.

    Foi interessante foi ver o vocalista ir até próximo ao backstage para cantar junto a uma galera que lá estava, mas foi com Cryin do Get A Grip de 1993, que eles explodiram mesmo a galera do Monsters Of Rock, que cantaram com Steven Tyler ao sentirem a força das guitarras de Joe Perry e Brad Whitford, além é claro, do baita solo de gaita que o vocalista realizou no trecho final.

    O frontman apresenta Brad Whitford para que este nos traga mais Blues com Last Child ( do Rocks ), mas agora com linhas de Funk, que nos fazem querer interagir com o incansável vocalista, que junto aos demais alongam a música competentemente. E a fórmula do show do Aerosmith foi a seguinte: uma das antigas e uma mais recente, e o punch de Jaded, a única do Just Push Play de 2001 alegrou significativamente os mais jovens que pularam muito.

 

    Steven Tyler diz "Joe Perry In The House" e o guitarrista realiza seu solo de guitarra com Boogie Man do Get A Grip, que contém fortes influências de Blues e o liga a Combination do Rocks, que ele canta sozinho e muito bem, na essência do Blues/Rock americano lotado de solos de bem conduzidos.

    No final, Steven Tyler dá uma força para Joey Krammer na bateria e começa com as batidas que caracterizam o sucesso Eat The Rich ( também Get A Grip ), que fizeram o Anhembi agitar com a banda e se entusiasmar ainda mais ao ver Joe Perry solando sua Gibson Les Paul. Aliás, solando foi pouco, pois ele praticamente acompanhou Steven Tyler com os "Babe...Babe...Babe"  ( sabe aquela coisa de uma nota na guitarra e outra na voz... ) e os ligaram a um trecho de Whole Lotta Love do Led Zeppelin configurando ótima uma homenagem a um dos criadores do Heavy Metal.

    Alguém joga um sutiã no palco e Steven Tyler pergunta se é do tecladista e inicia um Blues em sua voz que se junta a balada What It Takes do Pump, com seus primeiros versos cantados só pelos fãs, que indiscutivelmente emocionaram o vocalista, que nos deu uma reluzente interpretação da canção utilizando todo o poder de suas cordas vocais.

    Com batidas cada vez mais fortes da bateria de Joey Krammer, os "hey...hey...hey..." dos fãs aliados a solos cada vez mais fortes de Joe Perry a avassaladora Livin' On The Edge do Get A Grip teve sua versão mais próxima de um Blues, mas com todo o peso que a lhe trouxe fama levando a outro grande momento do show, haja visto o tanto de gemidos que Steven Tyler aplicou na música e os exímios solos da dupla de guitarristas.

    Acalmando um pouco tivemos a balada I Don't Want To Miss A Thing do Nine Lives, que por ser muito conhecida também foi cantada pelas centenas e centenas de pessoas. Mas, o Aerosmith é essencialmente uma banda de Rock´n´Roll e com a clássica No More No More ( outra do Toys In The Attic ), que teve seus versos cantados pela dupla Tyler/Perry encheu os olhos dos fãs mais antigos, afinal, quando um clássico é exibido, nossos corações se revigorizaram. Deu para ver que eles estavam gostando do calor vindo da galera, pois, em um agradecimento, Joe Perry desce da passarela e vai solar sua guitarra bem na frente dos fãs.

    A linha mais das antigas segue com o cover de Come Together dos Beatles, que ficou bem mais ácida na versão do Aerosmith com muitos solos do guitar hero da banda. A última antes do bis foi a Walk This Way, também Toys In The Attic e o melhor foi que eles fizeram um belo improviso que passou por Mother Popcorn do James Brown, ou seja, Funk de qualidade, mas que deu uma certa quebrada no Hard Rock da banda ( olha aí porque o Whitesnake foi melhor ).

    Entretanto, para a bela morena que subiu no palco, dançou com Steven Tyler e levou um beijo... foi disparado a melhor música da vida dela. Tudo bem que a Walk This Way é muito boa, muito bem tocada pela banda, fez todos dançarem, recebeu uma boa 'tantada' de riffs, mas, foge do Hard Rock e só por isso, se comparar com o show dos ingleses, diminuiu um a potência que era passada.

    Enquanto todos gritam "Aerosmith...Aerosmith..." um piano foi colocado no final da passarela. Steven Tyler retornou totalmente ovacionado pelos fãs, anda até este piano, tira uma melodia, erra provavelmente propositalmente, solta um "Fuck" e então, a harmonia de Dream On do primeiro disco de 1973 emocionou os fãs. E neste clássico da banda, tanto Steven Tyler quanto Joe Perry sobem no piano alternadamente em meio a fumaça, em um memorável ponto do show, que é encerrado com outro clássico do Toys In The Attic, que não poderia faltar, a Sweet Emotion, que teve em seu inicio um solo de baixo de muita singularidade feito por David Hull, chocalhos de Steven Tyler e a talking box de Joe Perry.

    Em suma, Sweet Emotion foi o "Bluesão" de encerramento perfeito de mais um grande show do Aerosmith em solo brasileiro, que assim como 2011 ( confira resenha ) foi apoteótico, com direito a chuva de papéis picados enquanto Steven Tyler apresenta a banda e faz uma graça ao apresentar o seu parceiro como: "Joe Fucking Perry" e ter seu nome mencionado por este. E o vocalista nos deixou uma mensagem "Lembrem-se, a luz no fim do túnel é você mesmo", que assim seja... e tenha o Aerosmith do outro lado para nos brindar com mais um show, pois vamos querer.

 

Set List do Aerosmith

1 - Back In The Saddle
2 - Love In An Elevator
3 - Toys In The Attic
4 - Oh Yeah
5 - Pink
6 - Dude (Looks Like A Lady)
7 - Rag Doll
8 - Cryin'
9 - Last Child
10 - Jaded
11 - Boogie Man
12 - Combination
13 - Eat The Rich
14 - What It Takes
15 - Livin' On The Edge
16 - I Don't Want To Miss A Thing
17 - No More No More
18 - Come Together
19 - Walk This Way
Encore:
20 - Dream On
21 - Sweet Emotion

Considerações finais:

    O Monsters Of Rock teve no domingo um dia à altura das edições dos anos 90, mas muito melhor com as várias lojinhas, palcos montados para que os fãs se divertissem enquanto não chegava a hora de sua banda favorita. Boas escolhas de bandas para os dois dias, tempos curtos para as mudanças de palco, enfim, tanto a XYZ Live quanto a Midiorama fizeram um grande trabalho e cravaram o Monsters Of Rock com mais força em São Paulo ainda. Que venha a edição de 2014....

Por Fernando R. R. Júnior
Fotos: Stephan Solon - XYZ Live
Agradecimentos a Denise Catto Joia e a Midiorama pela atenção e credenciamento
Agradecimentos também para as amigas Vanessa ( Simplesmente Rock ) e Vanessa ( Portal dos Sonhos ) por toda a ajuda, consideração e apoio que deram... Devo esta matéria também a vocês!!!
Novembro/2013

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