Pixinga Bass Festival - Segundo Dia
Com: Filipe Marks, João Paulo Martini Quarteto,
Joel Moncorvo
e Celso Pixinga
Quinta, 13 de fevereiro de 2014
no Theatro Avenida em Espírito Santo do Pinhal/SP

    O segundo dia do Pixinga Bass Festival em Espírito Santo do Pinhal/SP seria ainda mais especial que o primeiro ( confira cobertura ), pois teríamos a apresentação do mestre Celso Pixinga. Entretanto, não seria somente ele... teríamos também o sensacional Joel Moncorvo e também o músico Filipe Marks, além do João Paulo Martini Quarteto.

    Desta vez, o Theatro Avenida recebeu um público maior do que na primeira noite, mas ainda longe de ser considerado grande, como naturalmente constam nos anseios de quaisquer artistas. O evento demorou um pouco para começar, pois a galera do João Paulo Martini Quarteto deixou de ser o primeiro show da noite por questões técnicas cedendo o lugar para o Filipe Marks.

    Obviamente que isso causou um frisson ainda maior nos presentes, pois todos queriam muito assistir especialmente Celso Pixinga e Joel Moncorvo, ainda mais quando o produtor Marcelo Niero veio ao palco para realizar a abertura oficial da segunda noite do Pixinga Bass Festival.

Filipe Marks

    Quem estava esperando pelos dois grandes nomes da noite certamente não imaginava a classe e a técnica que o baixista de Belo Horizonte/MG e um dos discípulos de Celso Pixinga iria nos mostrar.

    O mineiro, que fez parte da equipe do Cifra Club ( sendo nesta época responsável por elaborar e gravar conteúdos de videoaulas, resenhas de equipamentos e programas de entretenimento ) é músico profissional há quinze anos e atua realizando gravações, workshops, masterclasses, palestras e também como professor na Minueto Centro Musical.

    Com aquele carisma simples típico dos mineiros, Filipe Marks foi ao palco e iniciou seu set com Give A Smile, uma bela composição autoral e no seu decorrer ele solicitou que nós acompanhássemos nas palmas, pedido que foi prontamente atendido durante suas belas melodias musicais, e detalhe, ele acrescentou um pouco mais de peso, o que confirmou sua categoria.

    No término, ele agradeceu a todos pela presença e disse que é um "grande prazer estar aqui e que é um grande prazer fazer parte deste evento", e agradeceu ao Pixinga e emendou a segunda, a autoral Loop Analógico de início um tanto que melancólico, mas que ganha em animação pelos toques que acertam o baixo com um primor único e perto do final senti um aumento da velocidade, que teve uma citação de Desafinado de Tom Jobim, porém, minha mente progressiva já imaginou que fosse um trecho de Money do Pink Floyd, e conversando com o Filipe Marks posteriormente ao show, não era um delírio meu, teve sim um compasso deste clássico do progressivo mesmo nesta sequencia.

    Depois continua o set com duas citações de Trem Azul de Milton Nascimento e Lô Borges e também com Trenzinho Caipira de Heitor Villa-Lobos, que conferiram um tom mais 'jazzista' e MPB ao show de Filipe Marks e à maneira que as melodias nos agradam mais, o compositor quintuplicou o nível de técnica na música... realmente impressionante.

    Ele prossegue com Human Nature de Michael Jackson e a própria The Horse In Motion, que mantiveram o clima gostoso do espetáculo. Incrível quando o show é bom, como ele passa rápido, e homenageando a esposa, que esteve com ele pela primeira viajando em turnê, Filipe Marks trouxe a harmoniosa Frô, composição autoral tranquila que demonstrou a personalidade musical do baixista. Antes de partir ele nos agradeceu ao Joel Moncorvo, ao Marcelo Niero e ao Pixinga sendo muito aplaudido pelo grandioso espetáculo.

João Paulo Martini Quarteto

    O João Paulo Martini Quarteto foi a segunda atração da noite, e assim que adentrou ao palco, o baixista e líder João Paulo Martini explicou porque Filipe Marks abriu o Pixinga Bass Festival, pediu desculpas ao público e iniciaram o set com a animada Festa Lá, onde João Paulo Martini com seu baixo elétrico, Leandro Cruz na guitarra, Michel Cury no piano e Victor Marcellus na bateria levaram uma mescla de Jazz, Samba e Bossa Nova ao Theatro Avenida, e por mais que falem o contrário, músicas instrumentais com o este formidável nível é muito gostoso de se assistir e sentir suas boas vibrações, afinal, os caras improvisam e alongam a composição de forma deliciosa.

    Para a segunda, após os aplausos, eles mergulham no Jazz com Expresso, canção um tanto viajante com uma linha intricada no baixo e que vai se alongando em meio a sutis toques de guitarra de Beto Kobayashi e de música brasileira com direito ainda a um empolgante solo de bateria de Victor Marcellus. A canção é terminada quando o baixista João Paulo Martini traz a suavidade de volta a canção e são muito aplaudidos.

    Agradecendo as palmas, ele comenta da alegria de estar presente e avisa que está lançando o disco Antiga Cidade e que este homenageia seus estilos musicais favoritos como Baião, Samba, MPB e que no cd encontramos também pitadas de Jazz, Rock e tudo que já ouviu na vida.

 

    Então apresenta cada um de seus parceiros de palco e avisa que tocará mais uma do cd, agora a Estação da Luz, que começa com acordes viajantes, sintomáticos e que cravam sua formosura na alma facilmente. Nesta eles exibiram muita progressividade, que foi extremamente agradável de se ouvir em uma das músicas mais belas do festival.

    Mais uma vez ao microfone João Paulo Martini fala da próxima música e que é uma composição recente, que ainda não foi gravada e com uma certa timidez anunciou a Malagueta, que é possuidora de um ritmo de Salsa e muito... muito Jazz.

    Aliás, que lindo solo de piano Michel Cury embutiu nesta terceira música, que foi devidamente embasado pelas excelentes linhas de guitarra e baixo. Em seguida, comenta da alegria de participar do evento e faz os devidos agradecimentos a todos ( músicos, produção, plateia ) e executa a Pedras de Paraty, que denota claras influências de MPB, Samba e Jazz, com ótimos repiques na bateria e ritmo calmo, que tem a honra de finalizar este vibrante show.

Joel Moncorvo

    Um dos melhores baixistas do Brasil, Joel Moncorvo nos concedeu a honra de tocar em Espírito Santo do Pinhal/SP pela segunda vez ( a primeira foi no Garagem do Rock, apenas para alguns convidados ). Da minha parte, eu já conheço o formidável baixista baiano desde os tempos que integrou o Unglody e abriu para o Slayer em 2006 ( confira resenha ), além de ter ouvido e escrito sobre suas gravações, como por exemplo, a que realizou ao lado do guitarrista baiano Ricardo Primata no álbum Ritmia ( leia resenha ), além também da banda Slow e sua atuação em carreira solo.

     Assim que entrou no palco, Joel Moncorvo fez o show mais Metal do festival, pois sua atitude, carisma, forma de tocar seu contrabaixo Tagima eram dignas de um baixista de Heavy Metal. O set foi iniciado com Possessed, música do EP Killer Mermaid ( confira resenha ) da banda de Prog Metal Slow. Além de tocar com uma precisão enorme, Joel Moncorvo se movimentou pelo palco e também fez muitas 'caras e bocas', aumentando assim a interação com o público e desferindo um dos melhores shows do festival.

    Na execução da segunda, a rápida Killer Mermaid ( título do EP ) Joel Moncorvo nos mostrou uma sequencia de toques extremamente velozes que passaram por várias técnicas musicais ( como por exemplo a "two-hands" ) e com muita precisão a cada nota. Entretanto, ele realizou uma parada e todos pensaram que a música tinha acabado, porém, com muito profissionalismo ele enfrentou um pequeno problema técnico para instantes depois retomar o show. Joel Moncorvo solicitou nossas palmas e foi atendido prontamente por todos. 

   Em seguida, o músico vai ao microfone e fala seu "Boa Noite" e comenta também de sua participação no Garagem do Rock, agradece também ao amigo Marcelo Niero e sua família pela oportunidade e receptividade.

    Transformando sua apresentação em um workshow, Joel Moncorvo comenta sobre as duas músicas, sobre a técnica do 'pizzicato' e se disponibiliza a responder perguntas da plateia. E foi indagado sobre como faz a regulagem de seus equipamentos, sobre suas maiores influências e na resposta disse: sua mãe Elza Moncorvo, que foi sua professora de piano, Deus e ao mestre Celso Pixinga. Ele respondeu todas as perguntas com muito bom humor e simpatia.

    Finalizou seu curto set com Muito Além do Som ( título de seu primeiro cd solo, leia resenha aqui ) com uso de muito 'slap' e meu amigo(a), como ele 'agride' as cordas de seu instrumento com força para extrair a melodia da composição. Terminado o show de Joel Moncorvo, hora de sortear um 'bag' do Fausto Pardo para um dos presentes e neste momento recebi uma grande honra: fui convidado por Joel Moncorvo para subir no palco e realizar o sorteio, óbvio que fiquei deveras contente e também fiz um dos presentes sorteado por mim receber a felicidade pelo seu prêmio.

Celso Pixinga

    Não demorou nada para que o fera Celso Pixinga se preparasse e iniciasse o seu show com o alto nível profissional que possui. Celso Pixinga entrou com camiseta e boné vermelhos, que combinaram perfeitamente com seu longo baixo Tagima. Com a simpatia de um garoto nos deu boa noite e tocou a sintomática Blues 7, uma sonzeira onde ele colocou o baixo para viajar.

    Após os aplausos recebidos quando terminou a canção, Celso Pixinga nos perguntou "tá bom o som?", afinal, ele preza pelo primor musical e queria nos passar o melhor possível de sua energia. Em seguida mergulhou no Progressivo e Fusion com Nova Geração e assistir o mestre em ação foi uma das melhores experiências que pude realizar este ano, afinal, Celso Pixinga não deu uma simples aula, ele promoveu uma 'tese de doutorado musical' ao misturar técnicas que os baixistas presentes terão que estudar muito para conseguirem fazê-las, mas isso, certamente, ele só conseguiu com muito estudo e dedicação ao instrumento.

 

  Celso Pixinga agradece a cidade, a família do Marcelo Niero e complementa dizendo que assistimos um evento diferente, que não está na mídia e enfatizou que o Pixinga Bass Festival já existe há treze anos... e que muitos artistas famosos foram revelados no festival.

    Comenta que americanos querem tocar nos eventos realizados aqui no Brasil e agradece a todos pela presença. Antes da última música convida o Alysson Rezende da Powerclick para realizar sorteios de alguns  equipamentos, como por exemplo: a caixa da Pezo, camisetas, bags do Fausto Pardo entre outros, que fizeram a alegria dos ganhadores, que receberam das mãos dele e do Celso Pixinga os prêmios.

    E Celso Pixinga então termina o show ( que pena, pois por mim caberiam mais duas horas ... )  com a suavidade de Flamboyant, mas isso apenas no seu início, pois no decorrer ele aplicou doses vertiginosas de técnica e velocidade, que produziram uma viagem que provavelmente somente mestres que já estão em um patamar onde música, músico e instrumento se tornam uma peça só são capazes de realizarem isso, afinal, tanto para quem é músico e para quem é fã de música, ele realizou algo que a palavra descomunal não seja capaz de descrever o que vimos e ouvimos neste final de Pixinga Bass Festival.

Encerramento e sorteio do baixo

   Com um bata bom humor, o carismático Celso Pixinga avisa que o próximo sorteio é do grande prêmio, o baixo Tagima e convida os músicos que se apresentaram antes dele, tais como Joel Moncorvo, Filipe Marks, Sandro Paixão, a fotógrafa Ana Prado, o produtor Marcelo Niero entre outros para o palco.

    Muito descontraídos eles fazem um certo suspense para o sorteio do baixo da Tagima e comentam sobre a importância de um evento assim para a divulgação da música instrumental pelo Brasil e de seus vigorosos instrumentistas.

  

    Inclusive quando abriram e mostraram o baixo para a plateia, Celso Pixinga foi saindo de fininho com instrumento na mão, além de um músico surreal, ele é um brincalhão. Quando finalmente o sorteio é realizado a alegria do vencedor foi contagiante e este teve que 'estrear' seu instrumento no evento diante de todos os feras presentes ( que responsa hein!!! ), mas vale dizer que ele mandou bem e foi acompanhado pelo Matheuzinho do Popmind em sua "palhinha".

    Como disse na matéria do primeiro dia do Pixinga Bass Festival, Espírito Santo do Pinhal recebeu um majestoso evento musical jamais assistido na cidade antes e que entrou para a história. Foi gratificante para mim e para o público poder conferir tantos excelentes músicos nestes dois dias.

Por Fernando R. R. Júnior
Fevereiro/2014

 

 Clique aqui e confira uma galeria de 262 fotos dos shows de: Filipe Marks, João Paulo Martini Quarteto, Joel Moncorvo e Celso Pixinga e do que de melhor aconteceu na segunda noite do Pixinga Bass Festival no Theatro Avenida em Espírito Santo do Pinhal/SP

 

 

Publicação by Rock On Stage Magazine.

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