Glenn Hughes First Underground Nuclear Kitchen World Tour
Abertura: Casa das Máquinas
Quarta, dia 16 de dezembro de 2009 no Carioca Club em São Paulo/SP
A apresentação de Glenn Hughes no Carioca Club em São Paulo foi um momento fantástico para encerrar esse ano de 2009, pela primeira vez na minha vida, presenciei um vocalista cantando com seus 57 anos, melhor do que quando tinha 23 anos de idade, época em que entrou no Deep Purple. Glenn Hughes tem uma potência de voz sobrenatural, mesmo com 57 anos tocando Rock Pesado, ele consegue dar aqueles gritos super agudos que são sua marca registrada, muitos foram longos e ele não perdeu o fôlego, cantou com classe e agitou a galera como um garoto, um verdadeiro ícone do Rock Pesado.
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E o show do Casa das Máquinas também foi espetacular, e o incrível foi que no fim do show o baterista Netinho, muito brasileiro como o Marinho, disse para a galera, “ pessoal logo nós vamos voltar aqui para fazer um showzaço para vocês ” e também falou “ vocês sabem quantos ensaios nós fizemos!?...NENHUM!!!! ”, portanto, eles não ensaiaram uma vez sequer e fizeram um show espetacular.
O Casa das Máquinas, com Andria Busic ( vocal e baixo, é, é esse mesmo o do Dr. Sin ), Sandro Haick ( guitarra ), Marinho Testoni Jr. ( teclados ), Marinho ( bateria 1 ) e Netinho ( bateria 2 ); começaram o show com muita energia, mandando um rock pesado, empolgante e preciso, tocando, "Essa é a Vida", "Londres", "Dr. Medo", "Vou Morar no Ar", e mandaram clássicos do progressivo como Lar de Maravilhas e Astralização. A banda estava afinadíssima, Andria mostrou que pode cantar muito bem as músicas do Casa, um dos melhores momentos do show foi o dueto feito pelos dois bateristas Netinho e Marinho que tocaram com muita técnica. Marinho Testoni na Astralização, mostrou sua habilidade nos teclados, mostrando aquele puro timbre dos anos 70.
Glenn Hughes
E logo após o excelente show do Casa das Máquinas, o “ Voice Of Rock ” entrou no palco com sua banda, Glenn Hughes acima de qualquer coisa nos deu uma enorme prova de vitalidade, acompanhado por Soren Andersen ( guitarra ), Matt Goom ( bateria ) e Anders Olinder ( teclados ), eles iniciaram o show com a Stormbringer do álbum homônimo do Deep Purple e a execução dela nos deu aquela nostalgia dos anos setenta, que nos dá uma força incrível para sermos metalheads; o Glenn não se importou muito com o baixo não, mas na voz foi soberbo, e para emendar, tocou a que pessoalmente achei a melhor do show a Might Just Take Your Life, em que ele mostrou o seu enorme talento, nos agitou, foi simplesmente uma alucinação de Hard Rock/Heavy Metal pura, pura dos anos setenta ( da origem ), no mesmo naipe ele mandou a Sail Away.
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Citou o seu grande amigo que morreu de overdose, o grandioso guitarrista Tommy Bolin e mandou Gettin’ Tighter, do álbum do Deep Purple, Come Taste the Band essa música saiu incrível como a Stormbringer e a Might Just Take Your Life, músicas que nos faz sentir na alma a viajem do Heavy Metal da década de 70.
O set estava contundente para nos hipnotizar, Glenn Hughes lançou muito som pesado, com uma energia de voz radiante, muitas vezes quando canta, parece que ele está se esforçando muito para cantar e gritar nos refrões, mas percebo que ele não se esforça muito não, pois sua alma faz ele dar os 50% restantes da potência da voz e percebemos muito isso na sequencia Don’t Let Me Bleed, Holy Man e Steppin’ On, mais o cara detonou mesmo, bons músicos com muitos anos de estrada como o Glenn Hughes, sabem muito bem comandar nossas emoções.
Para finalizar o show, antes do bis Glenn Hughes e banda tocaram a You Keep on Moving da breve era Tommy Bolin, ele fez uma introdução fenomenal, estupenda, com gritos que você pensa, vai quebrar os vidros, é uma musica lenta, mas marcante, que mostra as qualidades Soul de Glenn Hughes, e ele improvisou muito nesta música deixando-a muito melhor que a gravação original, deu a impressão que ele re-arranjou toda a música, muitas vezes é nas musicas lentas que morrem o perigo para um músico de Rock Pesado, mas Glenn tirou de letra.
No bis Glenn tocou a Soul Mover, do álbum homônimo de 2005 e encerrou o show com a Burn, após o fim dela sentimos falta de um pouco mais de show porque a Burn é muito adrenalizante, especialmente nos momentos em que Glenn não precisa fazer a voz de David Coverdale, em que ele usa todo o arsenal de timbres que sua voz lhe proporciona, chega momentos que a gente não se conforma, como é que pode 57 anos dar esses gritos tão agudos.
O show foi totalmente excepcional, não tenho mínima margem de dúvidas que foi um dos melhores do ano, e olha que este ano tivemos Iron Maiden, KISS e Heaven & Hell ( salve Dio estamos dando nossa máxima força para sua recuperação ), AC/DC, não em termos de produção mas no que diz respeito ao músico, Glenn Hughes, ele não ficou abaixo em seu brilho em comparação com as outras bandas que citei, e devo ressaltar também que o Casa das Máquinas, foi uma peça importante para o show.
A casa Carioca Club é um bom lugar para comportar eventos como o show do Glenn Hughes, nos dá grande proximidade com os músicos, nos põe muito próximo da aparelhagem de som deles nos fazendo sentir muito a vibração do som e da banda. Ainda bem que Glenn Hughes é como o Nazareth, sempre está aqui e as apresentações são uma verdadeira festa, espero ver um dos melhores Voices Of Rock de todos os tempos, novamente.
Por André Torres
Fotos: Glenn Hughes - Nara Yata e Casa das Máquinas - Eduardo Guimarães Rock On Line
Agradecimentos à Jose Fernando Lustosa Goulart Filho
Dezembro/2009
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