Judas Priest - Epitaph World Tour
Abertura Whitesnake
Sábado, dia 10 de setembro de 2011
na Arena Anhembi em São Paulo/SP

    Aguardado desde 2008, o retorno do Judas Priest e do Whitesnake aconteceu em uma turnê com as duas bandas no Brasil, se apresentando em São Paulo ( na Arena Anhembi ) e mais três cidades, sendo, Rio de Janeiro ( no Citibank Hall ), Belo Horizonte ( no Chevrolet Hall ) e Brasília ( no Ginásio Nilson Nelson ), e os headbangers de São Paulo capital, interior, Sul de Minas, Minas Gerais, Paraná e muitas outras localidades formaram uma multidão de mais de 25.000 pessoas para recepcionar as duas lendas vivas do Rock e Heavy Metal mundial.

    O Judas Priest realizou lá fora a turnê comemorativa dos 30 anos do consagrado álbum British Steel e a informação que circula entre todos os meios é que a Epitaph Tour será a última grande turnê que a banda realiza, depois, somente em raras ocasiões especiais reveremos os ingleses novamente. Por outro lado, o Whitesnake está de volta após a Good To Be Bad World Tour para divulgar o novo registro Forevermore. Ingredientes para uma noite sensacional e que será lembrada como um dos melhores shows de 2011 em São Paulo não faltaram, vamos aos detalhes.

Whitesnake

    O álbum que impulsionou o retorno do Whitesnake ao Brasil como dissemos acima é o Forevermore, o 11º álbum de estúdio da carreira da banda e assim como aconteceu em 2005 ( leia mais aqui ), a banda de Hard Rock/Heavy Metal foi o grande Open Act da noite. Os P.A.s do grande palco montado na Arena Anhembi executavam uma  versão pesada de Under My Thumb dos Rolling Stones, que seguiu-se com My Generation do The Who, e às 20:00hs, horário exato para o inicio do show, David Coverdale nos vocais, Doug Aldrich e Reb Beach nas guitarras, Brian Ruedy nos teclados somados aos "novatos" Michael Devin no baixo e Brian Tichy na bateria deram inicio com Best Years ( do penúltimo álbum Good To Be Bad - leia resenha ) e embora a banda estivesse tocando em alto e bom som, a voz de David Coverdale não sobressaia sobre os outros instrumentos, um problema que durou as primeiras músicas do show, porém isso foi equalizado no decorrer do show ( ainda bem, porque ver um show do Whitesnake com David com o microfone baixo... bom, esse problema infelizmente se repetiu com no final com o som do Purple, mas não comprometeu o show ).

    A segunda foi Give Me All Your Love ( do álbum de 1987 ) e isso foi uma boa surpresa, David Coverdale impôs moral em conjunto com a energia criada nos solos de Reb Beach e Doug Aldrich, e vendo esse clima, David deixava os fãs cantarem, mas agitava seu pedestal de microfone sem parar, um verdadeiro ritual que mostrava que ele é um 'Deus do Hard Rock'. Aliás os dois novatos que foram citados acima, Michael Devin no baixo e Brian Tichy na bateria fizeram seu trabalho com muita competência.

    David disse que é legal estar de volta ao Brasil novamente, mas fala pouco, justificando que era para que pudessem tocar mais músicas, e a terceira da noite foi o clássico Love Ain´t No Stranger ( do álbum Slide It In de 1984 ) e cada momento em que surgia um clássico como este era uma magia sonora pela composição e a nostalgia, já que essa música fez parte da vida dos brasileiros, pois era muito ouvida nos anos 80, ela foi cantada com plena força por todos e com direito a um solo com um feeling inigualável de Doug Aldrich que mostrou uma habilidade nas seis cordas ainda mais requintada em comparação com as duas apresentações anteriores. A Is This Love ( também do álbum de 1987 ) no show não foi somente uma balada, foi uma transição harmoniosa de Heavy Metal com uma proximidade pop, mas que em conjunto não houve choque de estilos foi uma junção elaborada e mostrou o quanto David Coverdale é único como vocalista, mesmo tendo outros como Dan McCaferty e Glenn Hughes com a mesma idade de David tendo mais capacidade na voz, mas que o sentimento de David passado através desta musica o faz um dos melhores frontmans do mundo.

    Fazendo uma nova pausa, David Coverdale agradeceu a todos os presentes, perguntou se conhecemos o novo álbum Forevermore e avisou que Doug Aldrich utilizaria um slide para a execução do puro Blues de Steal Your Heart Away, e olha, o punch que a nova música possui pega quem não a conhecia no ato, pois David cantou de uma forma diferente dos agudos que lhe deram fama durante sua carreira. Continuando a mostrar que a "mordida da cobra" ainda é dotada de muito veneno, eles tocaram outra do novo cd, a faixa título Forevermore que é uma balada, dedicada pelo vocalista aos fãs da banda e ele soube como passar muita emoção em seus versos iniciais e depois a transforma-la em um Bluesão pesado dos bons, no começo, Doug Aldrich utiliza um violão e depois sola bravamente em sua guitarra junto com Reb Beach e quem garantiu o peso foi o baterista Brian Tichy com toques muito fortes mesmo.

    Como David Coverdale já não é mais criança, ele se retirou um pouco no palco deixando apenas seus parceiros de guitarras no palco, e assim eles fizeram seu duelo de guitarras que cada um exibia sua grande capacidade e o porque de estarem no Whitesnake desde 2003, e por mais que reclamem, são em momentos assim que a essência de se tocar Rock é passada, o maior símbolo do rock é a guitarra, e se não é um momento unanime, muitos fãs ficam enfeitiçados com os solos, pois presenciamos os solos de Reb e Doug com escalas e acordes mágicos, por guitarristas que agora em 2011 atingiram uma evolução jamais vista antes.

    Nas palmas e muitos solos da dupla, David retorna ao palco para executar mais uma nova, agora a Love Will Set You Free com um ritmo de um Hard Rock dos bons, que conclama a participação dos fãs, especialmente no refrão, e enfim, vendo o frontman agitar como agitou não tinha como não cantar com ele. Depois David Coverdale avisou que era a hora do solo de bateria de Brian Tichy, que fez um solo super pesado, que exibiu toda a sua técnica que provavelmente foi influenciada por Tommy Aldridge e John Bonham, pois o "novato" jogou suas baquetas para o alto de uma forma muito interessante e ainda solou com as mãos, como os dois citados acima faziam, asseguramos que ele foi uma ótima "aquisição" para o Whitesnake.

     Antes de iniciar a próxima música, David Coverdale apresentou os integrantes de sua banda, tanto os novos quanto os recém contratados, e pela euforia dos fãs, deu para ver que eles estão aprovados e assim executaram Here I Go Again ( sucesso até de telenovela por aqui ) que fez novamente os fãs cantarem com a banda, inclusive um deles arremessou uma bandeira do Brasil no palco e David mostrou para a plateia que o aplaudiu ainda mais, então ele a enrolou no pescoço como se fosse um echarpe e depois finalmente a colocou na bateria, em uma clara demonstração de carinho aos fãs brasileiros, como a Is This Love foi uma fusão de ambientes do Heavy e do Pop mas que não choca estilo, um momento fantástico inesquecível.

    O tempo do Whitesnake no palco não era tão grande por ser uma atração de abertura, e eles aproveitaram seu curto set para colocar alguns dos clássicos imortais de sua carreira com as músicas novas, e claro emocionar os presentes que ficaram ainda mais felizes com a execução do Heavy Metal Still Of The Night devidamente alongado para aumentar a empolgação ainda mais. O vocalista cantou com muito vigor, mesmo beirando quase 60 anos ( que chega nesta idade no dia 22 de setembro ), especialmente os momentos que berrou "Baaabe!!!..." e a dupla de guitarristas solou com a bravura que esperávamos deles.

    A surpresa maior foi guardada para o final, pois na perna da Tour Forevermore lá fora não foram colocadas músicas do Deep Purple, e cantando no que é chamado "à capela" David Coverdale tivemos a linda balada do álbum Stormbringer com Soldier Of Fortune, apenas ele e o coral de mais de 25.000 vozes dos fãs. Foi indiscutivelmente uma alegria imensa rever a execução desta música no show ( rever porque em 2008 ele também fez isso ) e assim como na apresentação anterior no Brasil, o encerramento foi com a eletrizante dupla Burn/Stormbringer ( ambas da fase de David no Deep Purple ). Na primeira, Burn, quando os teclados de Brian Ruedy entregaram qual seria a seguinte, certamente, nenhum fã ficou parado, e cantou com o ídolo. Entretanto, nos versos que a voz de Glenn Hughes deveria ecoar, David inteligentemente deixou para os fãs completarem, já que sua voz não está tão potente quanto ao do ex-colega de Deep Purple, aliás, Glenn ano passado aqui no Brasil realizou um dos melhores shows de 2010 com a vibração em alta  ( leia resenha ), e  além de cantar essas duas, cantou também Mistreated de forma impecável e por que não invejável.

    Apesar de Glenn Hughes estar com suas cordas vocais melhores e alcançando uma extensão maior que Coverdale, isso não tirou nem um pouco o brilho do sensacional show do Whitesnake, que foi um Open-Act de luxo para o Judas Priest ( tocando por pouco mais de 1:20 ) eles voltarão no Brasil em breve para aplicar mais uma dose do seu veneno Hard Rock e Heavy Metal, e nós estaremos lá novamente.

Set List Whitesnake:

1 - Best Years
2 - Give Me All Your Love
3 - Love Ain't No Stranger
4 - Is This Love
5 - Steal Your Heart Away
6 - Forevermore
7 - Guitar Duel
8 - Love Will Set You Free
9 - Drum Solo
10 - Here I Go Again
11 - Still Of The Night
12 - Soldier Of Fortune ( Deep Purple cover )
13 - Burn / Stormbringer ( Deep Purple cover )

Judas Priest

    Com mais de 40 anos desde sua formação em 1969, o Judas Priest é uma das maiores lendas vivas do Heavy Metal, um dos criadores da New Wave Of British Heavy Metal, uma das primeiras bandas de Heavy Metal que padronizaram o uso de duas guitarras dobradas como solistas, são também uma das bandas que não adotaram como principal fonte escalas de Blues em seus solos procurando variações melódicas para o som ficar mais pesado e metálico nas bandas britânicas e por adotarem roupas de couro com adereços de metal cromados e correntes, enfim, são a banda mais Heavy Metal em atividade.

    E o frissom que está sendo causado nesta atual turnê da banda não está apenas na excelente qualidade de seu set list, mas também o fato que é citado no inicio desta resenha: que a Epitaph é a última turnê e para apimentar mais as coisas o lendário guitarrista e um dos fundadores da banda K.K. Downing anunciou sua saída em abril de 2011, assim a atual formação do Judas Priest é a seguinte: Rob Halford nos vocais, Glenn Tipton e Richie Faulkner ( ex-Lauren Harris ) nas guitarras, Ian Hill no baixo e Scott Travis na bateria.

    Em 2008, na Nostradamus World Tour, o show no Credicard Hall foi um dos melhores daquele ano ( veja cobertura ) e desta vez, em uma turnê recheada de clássicos de todos os tempos, a expectativa para rever o Judas Priest era gigante e eles subiram no palco da Arena Anhembi por volta das 22:10hs, quando a enorme bandeira escrita 'Epitaph', que cobria o palco foi colocada abaixo e assim os 'Metal Gods' iniciaram sua apresentação impecável em um dos melhores shows de 2011 e que correspondeu plenamente os anseios dos fãs com Rapid Fire que entrou com peso fortificado do baterista Scott Travis, as guitarras e os vocais em alta velocidade e Halford, com sua jaqueta cheia de rebites que mais parece uma armadura de combate.

    No final tivemos os primeiros fogos no palco ( na verdade labaredas controladas ) nos conduzem para o hino Metal Gods, com todo seu peso que é cantado por todos, e como faz bem ver os solos da nova dupla Glenn Tripton e Richie Faulkner executados de um jeito que cravam na alma. Com dois sucessos da obra-prima British Steel logo de cara, melhor forma de começar o show não teria, e o palco ornamentado com correntes, o primeiro backdrop com os dizeres "Welcome The Home Of British Steel" seguida por outra que exibia a capa do clássico disco na segunda música. No final, o 'Deus do Metal' em pessoa cumprimentou os milhares de fãs e disse: "The Priest is Back In Brazil" e emendou um forte grito de "Are You Ready?", meus amigos, que felicidade foi estarmos presentes.

Uma Aula do Verdadeiro Heavy Metal

    Com imagens de estrada e Halford com uma jaqueta jeans tivemos Heading Out To The Highway do Point Of Entry de 1981, mais um clássico tocado em altíssimo e excelente som, pois ao contrário do Whitesnake que passou por alguns problemas no inicio, a qualidade estava perfeita - e assim Richie e Glenn puderam solar suas guitarras tranquilamente, mostrando fraseados excelentes e fizeram ainda, os backing vocals para nos alegrar ainda mais.

    Viajando para o Século XXI o Judas Priest exibiu uma música que marcou o primeiro álbum gravado após o retorno de Halford à banda, a poderosa Judas Rising do Angel Of Retribution ( de 2005 - leia resenha ), que logo nos seus acordes iniciais provocou aquela avalanche de solos de guitarras sem piedade ( especialmente Richie com uma Fly ), isso sem contar o massacre agressivo que Scott Travis promoveu em sua bateria, uma aula do verdadeiro Heavy Metal. E mesmo com 60 anos, a voz de Rob continua alcançando timbres que muitos da geração mais nova nem sonha em conseguir, apesar de ser evidente que o desempenho de Rob em 2005 foi superior.

 

    Rob Halford falou que este é um show especial e completou  dizendo que tocarão uma música antiga do álbum Sin After Sin ( de 1977 ), e assim voltamos para a década de 70 com Starbreaker, sonzeira que trouxe Glenn com outra guitarra em formato de 'X', Halford com um casaco grande preto cheio de pontos brilhantes e rebites nos ombros, e lasers cortando a Arena Anhembi, o que aumentou ainda mais a adrenalina do show. E Glenn nos brindou com um com um solaço maravilhoso enquanto Halford exibiu seu potencial vocálico e Scott destruía com tudo na bateria - já vimos inúmeros bateristas de Thrash Metal pegando pesado, mas o Sr. Travis sabe mesmo como tocar pesado.

   Antes de prosseguir, chamamos a atenção para a iluminação que estava ainda melhor que em 2008, para confirmar, basta lembrar do telão central exibindo imagens de cada música, e nesta, imagens de fogo antes dos repiques de Victim Of Changes, clássico do Sad Wings Of Destiny de 1976, não só mantiveram o pique do show como fora ainda mais inflamadas com os lasers que invadiram o palco novamente, e no final, o Judas Priest trouxe a quantidade de peso ainda maior que na versão de estúdio. Glenn solou passando muito feeling junto com Rob Halford, aliás, o prolongamento Heavy Metal que Glenn foi acompanhado por Richie só pode ser resumido em duas palavras: realmente fabuloso. Ainda mais com as fumaças que foram lançada no palco junto aos lasers. Dá para acreditar que esta é a última tour?     

    Enquanto essa pergunta fica sem resposta definitiva ( ainda bem para nós ), o show seguiu com Never Satisfied do álbum Rocka Rolla de 1974, e nessa quem solou com destreza foi Richie Faulkner de forma a nos levar à quase esquecer de K. K. Downing ( note bem, dissemos quase!!! ), é o garoto se entrosou direitinho no Judas Priest. Em seguida, após momentos pesados, é a vez a balada Diamonds And Rust, um cover do Folk de Joan Baez presente no álbum Sin After Sin ( de 1977 ) que teve Richie no violão e Glenn na guitarra com a plateia batendo palmas sendo agraciada com os notas poderosas que Halford alcançou em sua voz que nos passou muita emoção, não é à toa que ele é considerado como um dos melhores vocalistas de Heavy Metal de todos os tempos. E Diamonds And Rust foi cantada com força pelos fãs e um dos melhores momentos do show.

 

    A introdução Dawn Of Creation com lasers que levam ao peso de Prophecy, ambas do último álbum de estúdio do Judas Priest, o Nostradamus, trouxeram Rob Halford, assim como em 2008,  com um manto prateado brilhante se apoiando em  um cajado de metal com tridente o logo da banda encarnando o histórico personagem que previu muitas tragédias que aconteceram no mundo. E como Richie Faulkner está solto na banda, ele solou com muita categoria cada vez que era necessário, e em Prophecy, não foi diferente. Com trovões ecoando no telão, a rápida Night Crawler da outra obra prima Painkiller, e o Judas Priest o tirou de forma soberana.

    O backdrop do disco Turbo entregou que a próxima do show seria Turbo Lover e mesmo sendo um disco que a banda fez algumas mudanças no estilo de tocar com uso de sintetizadores, esta música empolgou muito os fãs e além dos fogos, mais uma surpresa vem à tona, dois enormes tridentes são erguidos um de cada lado do palco, realmente o Judas Priest quis deixar uma marca em cada um de nós. A performance de Halford é impressionante: ele vai de um lado para outro, abre os braços, gira, realmente, é um dos melhores frontmans dentre todos, um Metal God.

    Depois Halford falou sobre a importância Heavy Metal Clássico e tocaram primorosamente a lenta e pesada Beyond The Realms Of Death, a melhor do álbum do Stained Class ( 1978 ), com o vocalista mais uma vez gritando com uma garra que não parece ter a idade que tem. Ele saiu do palco na hora dos solos de Richie e Glenn para depois no final, bangea ao lado do incansável baixista Ian Hill ( que no seu estilo, não para quieto um instante ) e cantou  então os últimos versos deste clássico do Metal. Halford agradeceu os aplausos, disse que nos ama e completou com um obrigado em português, depois surgiram os riffs certeiros e rápidos de The Sentinel ( do Defenders Of Faith de 1984 ) que nos jogou ainda mais energia de Glenn Tripton e Richie Faulkner.

    A passagem por quase todos os álbuns do Judas Priest chegou ao Ram It Down de 1988 com um backdrop escrito "Epitaph" com o logo da banda, e risos sinistros dão lugar aos dedilhados de Blood Red Skies feitos pela dupla Tripton/Richie para os agudos fortíssimos de Halford assustarem ainda mais, que desta vez estava com um blusão cheio de rebites como se fosse ( bem... ele é ) um general do Heavy Metal. A intensidade das labaredas de fogo no final nos passaram até um pouco de calor ( especialmente quem estava mais próximo ao palco ). Depois voltaram para 1978, ano que o álbum Hell Bent For The Leather foi lançado e tocaram a The Green Manalishi (With the Two Pronged Crown), transformada em um Rock´N´Roll que ganhou muitas palmas e a vibração generalizada da galera que cantou junto com a banda, e em meio a uma 'chuva de lasers'  Rob Halford nos faz participar mais da música, comandando os "ôôôôôôôô.....ôôôôôô" da plateia.

Criadores do Heavy Metal

    Halford comentou sobre as grandes bandas de Heavy Metal para depois nos conduzir aos primeiros acordes de Breaking The Law, e sabe aquela história de deixar o microfone para os fãs cantarem? Então ele deixou os fãs cantarem a música inteira com a banda, apenas andando de um lado para outro, enquanto o palco explodia, literalmente com os efeitos de pirofagia, e isso diminuiu a empolgação de alguém? Nem um pouco... todos cantaram e pularam incessantemente. Scott Travis iniciou um curto, mas memorável solo de bateria que culminou no peso inconfundível de Painkiller e aí com esta avalanche Heavy Metal, cantada com toda a fúria por Halford, não teve como bangear com vontade mesmo, e detalhe, a iluminação que o Priest trouxe acompanhou cada nota que a banda tirou na Arena Anhembi, seja com luzes, telão, lasers ou fogos, você ficava até em dúvida se olhava o palco ou um dos músicos, se agitava ou viajava nos solos dos guitarristas. Final quase apoteótico, só não foi porque tinha mais, muito mais.

    Uma curta pausa nos brindou com o primeiro bis da noite, e por incrível que pareça, não dava a impressão que quase duas horas de apresentação haviam se passado, pois estava tão bom o show, que parecia que o tempo havia parado, e a instrumental The Hellion com Halford com uma blusa jeans com a capa do álbum Screaming For Vengeance de 1982, foi outro momento implacável, que aliada a sua continuação Electric Eye é para nenhum fã se esquecer do que viu nesta noite de sábado na Arena Anhembi: Heavy Metal de primeira tocado pelos verdadeiros criadores do gênero.

Harley Davidson

    Mais outra pequena pausa que fizeram os fãs gritarem "Olê..Olê..Olê Judas...Judas!!!" e os barulhos de um motor em funcionamento, Halford executou uma de suas marcas registradas nos shows do Judas Priest, entrou com acelerando uma Harley Davidson no palco cheio de fumaça com uma roupa típica de um motociclista ( ou seja, de couro ), e quando os solos de Glenn Tripton eclodiram, eles tocaram Hell Bent For Leather, outro clássico imortal do álbum de mesmo nome de 1982, e mesmo contando com a ausência de K. K. Downing, a verdade, que o reserva escolhido pela banda desempenhou muito bem o seu papel, entretanto, não pode ser esquecido o curto circuito de 1.000.000 de Gigawatts, o ferro em atrito com aço saindo faísca, que ocorria com a dupla anterior de guitarristas que é inigualável em seu entrosamento, prova disso é o fim da Sinner do álbum Unleashed In The East, que mostra bem o que ocorria antes.

    Enquanto os músicos descansaram por alguns instantes Rob Halford faz o seu solo utilizando a potência de suas cordas vocais para dividir conosco um momento muito gostoso: ele gritava uma sequencia em sua voz e nós tentávamos acompanhá-lo com igual força, é claro que ele berrou muito melhor, mas até que o público não fez feio e rendeu aquelas expressões de espanto por parte do vocalista. Assim com o retorno dos demais membros, You've Got Another Thing Coming ( mais uma do Screming For Vengeance ) trouxe uma intensa participação dos fãs que estavam extasiados com a apresentação, mas Rob Halford soube como aumentar esse êxtase ainda mais ao se enrolar em uma bandeira do Brasil que foi atirada por um fã, durantes os longos solos de guitarras, inclusive Richie Faulkner colocou em seu solo individual uma "palhinha" do Hino Nacional Brasileiro. Detalhe o carismático vocalista fez questão de se enrolar na bandeira, ficar de costas, ergue-la para exibir direitinho para os fãs e no final repetiu os " exercícios vocais" que fizera anteriormente em outra soberba explosão de labaredas.

    Os fãs estavam felizes ao extremo, mas não parecia que estávamos neste momento na última música da noite, nossa alegria era maior que qualquer cansaço, e queríamos mais, e o baterista Scott Travis apareceu dizendo que se nós gritássemos mais, a banda voltaria para mais uma música. Bem se já faríamos isso sem ele nos convocar, imagine caro leitor(a) o que aconteceu: gritamos com muita força até os repiques feitos vindos de sua bateria, e aí tivemos a última ( infelizmente ) da noite com a clássica Leaving After Midnight do British Steel ( caso alguém não saiba ). É preciso dizer que todos cantaram com o Judas Priest novamente?

    No final de Leaving After Midnight , com os solos de guitarras sendo alongados, Halford agradeceu a todo mundo e nos gritos de "Olê...Olê...OIê Judas...Judas!!!". O quinteto distribuiu as palhetas e baquetas, fizeram a tradicional reunião no centro do palco receberam as palmas e o carinho da multidão, finalmente se despediram dos fãs, de um show que ficará marcado na memória de cada um de nós, ainda mais se realmente for a última apresentação de todas.

    Obrigado Judas Priest por 2:15hs do melhor Heavy Metal em um dos melhores shows do ano em terras brasileiras. Que a Epitaph não seja a despedida, que novidades venham por aí e se assim acontecerem, que nós, o público brasileiro sejamos lembrados em uma nova turnê, nem que seja em um espaço bem menor que a Arena Anhembi ( como cinco noites no Credicard Hall!!! ), pois tenham certeza, os Metalheads estarão presentes. Se realmente for a última turnê, nós do Rock On Stage temos o orgulho de dizer que estivemos presentes e sentimos cada emoção do memorável show.

Por Fernando R. R. Júnior e André Torres
Fotos: Rafael Koch Rossi e Marcelo Rossi  ( T4F ),
Sérgio Klass ( Revista Guitar World ) e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Guilherme Oliveira e Juliana Siqueira  - T4F

Galeria de Fotos dos shows de Judas Priest e Whitesnake

Galeria de Fotos dos shows de 
Judas Priest & Whitesnake

Set List Judas Priest:

01. Rapid Fire
02. Metal Gods
03. Heading Out To The Highway
04. Judas Rising
05. Starbreaker
06. Victim Of Changes
07. Never Satisfied
08. Diamonds And Rust
09. Dawn Of Creation/Prophecy
10. Night Crawler
11. Turbo Lover
12. Beyond The Realms Of Death
13. The Sentinel
14. Blood Red Skies
15. The Green Manalishi ( With The Two Pronged Crown )
16. Breaking The Law
17. Painkiller
Encore 1:
18. The Hellion/Electric Eye
Encore 2:
19. Hell Bent For Leather
20. Rob Halford Solo ( Oh Yeah! )
21. You've Got Another Thing Coming (incl. Richie Faulkner guitar solo)
Encore 3:
22. Living After Midnight

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