Judas Priest -
Epitaph World Tour
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David disse que é legal estar de volta ao Brasil novamente, mas fala pouco, justificando que era para que pudessem tocar mais músicas, e a terceira da noite foi o clássico Love Ain´t No Stranger ( do álbum Slide It In de 1984 ) e cada momento em que surgia um clássico como este era uma magia sonora pela composição e a nostalgia, já que essa música fez parte da vida dos brasileiros, pois era muito ouvida nos anos 80, ela foi cantada com plena força por todos e com direito a um solo com um feeling inigualável de Doug Aldrich que mostrou uma habilidade nas seis cordas ainda mais requintada em comparação com as duas apresentações anteriores. A Is This Love ( também do álbum de 1987 ) no show não foi somente uma balada, foi uma transição harmoniosa de Heavy Metal com uma proximidade pop, mas que em conjunto não houve choque de estilos foi uma junção elaborada e mostrou o quanto David Coverdale é único como vocalista, mesmo tendo outros como Dan McCaferty e Glenn Hughes com a mesma idade de David tendo mais capacidade na voz, mas que o sentimento de David passado através desta musica o faz um dos melhores frontmans do mundo.
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Nas palmas e muitos solos da dupla, David retorna ao palco para executar mais uma nova, agora a Love Will Set You Free com um ritmo de um Hard Rock dos bons, que conclama a participação dos fãs, especialmente no refrão, e enfim, vendo o frontman agitar como agitou não tinha como não cantar com ele. Depois David Coverdale avisou que era a hora do solo de bateria de Brian Tichy, que fez um solo super pesado, que exibiu toda a sua técnica que provavelmente foi influenciada por Tommy Aldridge e John Bonham, pois o "novato" jogou suas baquetas para o alto de uma forma muito interessante e ainda solou com as mãos, como os dois citados acima faziam, asseguramos que ele foi uma ótima "aquisição" para o Whitesnake.
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A surpresa maior foi guardada para o final, pois na perna da Tour Forevermore lá fora não foram colocadas músicas do Deep Purple, e cantando no que é chamado "à capela" David Coverdale tivemos a linda balada do álbum Stormbringer com Soldier Of Fortune, apenas ele e o coral de mais de 25.000 vozes dos fãs. Foi indiscutivelmente uma alegria imensa rever a execução desta música no show ( rever porque em 2008 ele também fez isso ) e assim como na apresentação anterior no Brasil, o encerramento foi com a eletrizante dupla Burn/Stormbringer ( ambas da fase de David no Deep Purple ). Na primeira, Burn, quando os teclados de Brian Ruedy entregaram qual seria a seguinte, certamente, nenhum fã ficou parado, e cantou com o ídolo. Entretanto, nos versos que a voz de Glenn Hughes deveria ecoar, David inteligentemente deixou para os fãs completarem, já que sua voz não está tão potente quanto ao do ex-colega de Deep Purple, aliás, Glenn ano passado aqui no Brasil realizou um dos melhores shows de 2010 com a vibração em alta ( leia resenha ), e além de cantar essas duas, cantou também Mistreated de forma impecável e por que não invejável.
Apesar de Glenn Hughes estar com suas cordas vocais melhores e alcançando uma extensão maior que Coverdale, isso não tirou nem um pouco o brilho do sensacional show do Whitesnake, que foi um Open-Act de luxo para o Judas Priest ( tocando por pouco mais de 1:20 ) eles voltarão no Brasil em breve para aplicar mais uma dose do seu veneno Hard Rock e Heavy Metal, e nós estaremos lá novamente.
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Em 2008, na Nostradamus World Tour, o show no Credicard Hall foi um dos melhores daquele ano ( veja cobertura ) e desta vez, em uma turnê recheada de clássicos de todos os tempos, a expectativa para rever o Judas Priest era gigante e eles subiram no palco da Arena Anhembi por volta das 22:10hs, quando a enorme bandeira escrita 'Epitaph', que cobria o palco foi colocada abaixo e assim os 'Metal Gods' iniciaram sua apresentação impecável em um dos melhores shows de 2011 e que correspondeu plenamente os anseios dos fãs com Rapid Fire que entrou com peso fortificado do baterista Scott Travis, as guitarras e os vocais em alta velocidade e Halford, com sua jaqueta cheia de rebites que mais parece uma armadura de combate.
No final tivemos os primeiros fogos no palco ( na verdade labaredas controladas ) nos conduzem para o hino Metal Gods, com todo seu peso que é cantado por todos, e como faz bem ver os solos da nova dupla Glenn Tripton e Richie Faulkner executados de um jeito que cravam na alma. Com dois sucessos da obra-prima British Steel logo de cara, melhor forma de começar o show não teria, e o palco ornamentado com correntes, o primeiro backdrop com os dizeres "Welcome The Home Of British Steel" seguida por outra que exibia a capa do clássico disco na segunda música. No final, o 'Deus do Metal' em pessoa cumprimentou os milhares de fãs e disse: "The Priest is Back In Brazil" e emendou um forte grito de "Are You Ready?", meus amigos, que felicidade foi estarmos presentes.
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Rob Halford falou que este é um show especial e completou dizendo que tocarão uma música antiga do álbum Sin After Sin ( de 1977 ), e assim voltamos para a década de 70 com Starbreaker, sonzeira que trouxe Glenn com outra guitarra em formato de 'X', Halford com um casaco grande preto cheio de pontos brilhantes e rebites nos ombros, e lasers cortando a Arena Anhembi, o que aumentou ainda mais a adrenalina do show. E Glenn nos brindou com um com um solaço maravilhoso enquanto Halford exibiu seu potencial vocálico e Scott destruía com tudo na bateria - já vimos inúmeros bateristas de Thrash Metal pegando pesado, mas o Sr. Travis sabe mesmo como tocar pesado.
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A introdução Dawn Of Creation com lasers que levam ao peso de Prophecy, ambas do último álbum de estúdio do Judas Priest, o Nostradamus, trouxeram Rob Halford, assim como em 2008, com um manto prateado brilhante se apoiando em um cajado de metal com tridente o logo da banda encarnando o histórico personagem que previu muitas tragédias que aconteceram no mundo. E como Richie Faulkner está solto na banda, ele solou com muita categoria cada vez que era necessário, e em Prophecy, não foi diferente. Com trovões ecoando no telão, a rápida Night Crawler da outra obra prima Painkiller, e o Judas Priest o tirou de forma soberana.
O backdrop do disco Turbo entregou que a próxima do show seria Turbo Lover e mesmo sendo um disco que a banda fez algumas mudanças no estilo de tocar com uso de sintetizadores, esta música empolgou muito os fãs e além dos fogos, mais uma surpresa vem à tona, dois enormes tridentes são erguidos um de cada lado do palco, realmente o Judas Priest quis deixar uma marca em cada um de nós. A performance de Halford é impressionante: ele vai de um lado para outro, abre os braços, gira, realmente, é um dos melhores frontmans dentre todos, um Metal God.
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Depois Halford falou sobre a importância Heavy Metal Clássico e tocaram primorosamente a lenta e pesada Beyond The Realms Of Death, a melhor do álbum do Stained Class ( 1978 ), com o vocalista mais uma vez gritando com uma garra que não parece ter a idade que tem. Ele saiu do palco na hora dos solos de Richie e Glenn para depois no final, bangea ao lado do incansável baixista Ian Hill ( que no seu estilo, não para quieto um instante ) e cantou então os últimos versos deste clássico do Metal. Halford agradeceu os aplausos, disse que nos ama e completou com um obrigado em português, depois surgiram os riffs certeiros e rápidos de The Sentinel ( do Defenders Of Faith de 1984 ) que nos jogou ainda mais energia de Glenn Tripton e Richie Faulkner.
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A passagem por quase todos os álbuns do Judas Priest chegou ao Ram It Down de 1988 com um backdrop escrito "Epitaph" com o logo da banda, e risos sinistros dão lugar aos dedilhados de Blood Red Skies feitos pela dupla Tripton/Richie para os agudos fortíssimos de Halford assustarem ainda mais, que desta vez estava com um blusão cheio de rebites como se fosse ( bem... ele é ) um general do Heavy Metal. A intensidade das labaredas de fogo no final nos passaram até um pouco de calor ( especialmente quem estava mais próximo ao palco ). Depois voltaram para 1978, ano que o álbum Hell Bent For The Leather foi lançado e tocaram a The Green Manalishi (With the Two Pronged Crown), transformada em um Rock´N´Roll que ganhou muitas palmas e a vibração generalizada da galera que cantou junto com a banda, e em meio a uma 'chuva de lasers' Rob Halford nos faz participar mais da música, comandando os "ôôôôôôôô.....ôôôôôô" da plateia.
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Criadores do Heavy Metal
Halford comentou sobre as grandes bandas de Heavy Metal para depois nos conduzir aos primeiros acordes de Breaking The Law, e sabe aquela história de deixar o microfone para os fãs cantarem? Então ele deixou os fãs cantarem a música inteira com a banda, apenas andando de um lado para outro, enquanto o palco explodia, literalmente com os efeitos de pirofagia, e isso diminuiu a empolgação de alguém? Nem um pouco... todos cantaram e pularam incessantemente. Scott Travis iniciou um curto, mas memorável solo de bateria que culminou no peso inconfundível de Painkiller e aí com esta avalanche Heavy Metal, cantada com toda a fúria por Halford, não teve como bangear com vontade mesmo, e detalhe, a iluminação que o Priest trouxe acompanhou cada nota que a banda tirou na Arena Anhembi, seja com luzes, telão, lasers ou fogos, você ficava até em dúvida se olhava o palco ou um dos músicos, se agitava ou viajava nos solos dos guitarristas. Final quase apoteótico, só não foi porque tinha mais, muito mais.
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Uma curta pausa nos brindou com o primeiro bis da noite, e por incrível que pareça, não dava a impressão que quase duas horas de apresentação haviam se passado, pois estava tão bom o show, que parecia que o tempo havia parado, e a instrumental The Hellion com Halford com uma blusa jeans com a capa do álbum Screaming For Vengeance de 1982, foi outro momento implacável, que aliada a sua continuação Electric Eye é para nenhum fã se esquecer do que viu nesta noite de sábado na Arena Anhembi: Heavy Metal de primeira tocado pelos verdadeiros criadores do gênero.
Harley Davidson
Mais outra pequena pausa que fizeram os fãs gritarem "Olê..Olê..Olê Judas...Judas!!!" e os barulhos de um motor em funcionamento, Halford executou uma de suas marcas registradas nos shows do Judas Priest, entrou com acelerando uma Harley Davidson no palco cheio de fumaça com uma roupa típica de um motociclista ( ou seja, de couro ), e quando os solos de Glenn Tripton eclodiram, eles tocaram Hell Bent For Leather, outro clássico imortal do álbum de mesmo nome de 1982, e mesmo contando com a ausência de K. K. Downing, a verdade, que o reserva escolhido pela banda desempenhou muito bem o seu papel, entretanto, não pode ser esquecido o curto circuito de 1.000.000 de Gigawatts, o ferro em atrito com aço saindo faísca, que ocorria com a dupla anterior de guitarristas que é inigualável em seu entrosamento, prova disso é o fim da Sinner do álbum Unleashed In The East, que mostra bem o que ocorria antes.
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Enquanto os músicos descansaram por alguns instantes Rob Halford faz o seu solo utilizando a potência de suas cordas vocais para dividir conosco um momento muito gostoso: ele gritava uma sequencia em sua voz e nós tentávamos acompanhá-lo com igual força, é claro que ele berrou muito melhor, mas até que o público não fez feio e rendeu aquelas expressões de espanto por parte do vocalista. Assim com o retorno dos demais membros, You've Got Another Thing Coming ( mais uma do Screming For Vengeance ) trouxe uma intensa participação dos fãs que estavam extasiados com a apresentação, mas Rob Halford soube como aumentar esse êxtase ainda mais ao se enrolar em uma bandeira do Brasil que foi atirada por um fã, durantes os longos solos de guitarras, inclusive Richie Faulkner colocou em seu solo individual uma "palhinha" do Hino Nacional Brasileiro. Detalhe o carismático vocalista fez questão de se enrolar na bandeira, ficar de costas, ergue-la para exibir direitinho para os fãs e no final repetiu os " exercícios vocais" que fizera anteriormente em outra soberba explosão de labaredas.
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Os fãs estavam felizes ao extremo, mas não parecia que estávamos neste momento na última música da noite, nossa alegria era maior que qualquer cansaço, e queríamos mais, e o baterista Scott Travis apareceu dizendo que se nós gritássemos mais, a banda voltaria para mais uma música. Bem se já faríamos isso sem ele nos convocar, imagine caro leitor(a) o que aconteceu: gritamos com muita força até os repiques feitos vindos de sua bateria, e aí tivemos a última ( infelizmente ) da noite com a clássica Leaving After Midnight do British Steel ( caso alguém não saiba ). É preciso dizer que todos cantaram com o Judas Priest novamente?
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No final de Leaving After Midnight , com os solos de guitarras sendo alongados, Halford agradeceu a todo mundo e nos gritos de "Olê...Olê...OIê Judas...Judas!!!". O quinteto distribuiu as palhetas e baquetas, fizeram a tradicional reunião no centro do palco receberam as palmas e o carinho da multidão, finalmente se despediram dos fãs, de um show que ficará marcado na memória de cada um de nós, ainda mais se realmente for a última apresentação de todas.
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Obrigado Judas Priest por 2:15hs do melhor Heavy Metal em um dos melhores shows do ano em terras brasileiras. Que a Epitaph não seja a despedida, que novidades venham por aí e se assim acontecerem, que nós, o público brasileiro sejamos lembrados em uma nova turnê, nem que seja em um espaço bem menor que a Arena Anhembi ( como cinco noites no Credicard Hall!!! ), pois tenham certeza, os Metalheads estarão presentes. Se realmente for a última turnê, nós do Rock On Stage temos o orgulho de dizer que estivemos presentes e sentimos cada emoção do memorável show.
Por Fernando R. R. Júnior e André Torres
Fotos: Rafael Koch Rossi e Marcelo Rossi ( T4F ),
Sérgio Klass ( Revista Guitar World ) e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Guilherme Oliveira e Juliana Siqueira - T4F
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