São Paulo Trip - Concert Series: Quarto Dia
Com: Guns'n'Roses, Alice Cooper e Tyler Bryant & The Shakedown
Allianz Parque - São Paulo/SP
Terça, 26 de Setembro de 2017
   

Sim... de novo nesta vida e com abertura do Mestre do Horror

    No início de 2016 um dos anúncios mais esperados dos últimos 23 anos aconteceu quando após muitas negociações Slash e Duff McKagan voltaram a se apresentarem juntos no Guns'n'Roses com Axl Rose dando início a turnê Not In This Lifetime, que foi a garantia de shows lotados e um verdadeiro revival de músicas de uma época onde os americanos foram 'a banda mais perigosa do mundo'. Nesta última noite do São Paulo Trip - Concert Series, o Guns'n'Roses realizaria o encerramento deste espetacular festival e em um show de mais de três horas, como tem sido as apresentações deste segundo ano da atual turnê deles.

    Só isto já seria motivo para lotar novamente o Allianz Parque, porém, esta terça feira de setembro tinha outra atração memorável: Alice Cooper com mais uma de suas apresentações teatrais e que desde os anos 70 nos deixam de 'queixo caído' com tudo que ele faz no palco e por seu Hard Rock competente. E tinha mais... a abertura ficou por conta do Tyler Bryant & The Shakedown, uma jovem revelação calcada no Hard Rock, Blues e Rock.

Tyler Bryant & The Shakedown

    Aos dezessete anos o jovem texano Tyler Bryant se mudou para um dos templos da música dos Estados Unidos e do mundo, a cidade de Nashville com a ideia de formar uma banda, sendo o baterista Caleb Crosby, o primeiro escolhido para o futuro projeto. Logo após o primeiro show, Graham Whitford - filho do guitarrista Brad Whitford do Aerosmith - foi apresentado à banda tornou-se membro do projeto, assim como o último, o baixista Noah Denney e isso tudo há praticamente sete anos, pois, de lá cá para o quarteto conta com dois EP´s, um cd completo, uma presença e atitude no palco, que parecem que também já possuem trinta anos de estrada.

    Novamente mantendo a pontualidade do horário, o que era muito importante, afinal, na quarta era dia de trabalho normal e neste último dia seriam mais três shows, o Tyler Bryant & The Shakedown subiu no palco às 17:30, conforme o programado com um visual mais Hard Rock com calças rasgadas, cabelos padrão anos 70 e uma garra que surpreendeu tanto quem estava lá pelo Guns'n'Roses quanto por Alice Cooper, ou seja, estes garotos tem futuro.

    A abertura foi com o Hard Rock empolgado de Weak & Weepin', canção recente que trouxe o vocalista e guitarrista Tyler Bryant cantando e andando bastante pelo palco procurando ocupar cada espaço deixando claro que aprendeu muito bem com os grandes nomes, como os que seriam as próximas atrações. Carismático, ele pergunta durante os solos: "Are you ready for Rock'n'Roll?" e recebe um "yeaaahhh" dos fãs, ou seja, foi ganhando a plateia sem forçar, enquanto que os outros três conferiam uma base bem 'rockeira' mesmo ao show.

    Depois, mais cadenciada Criminal Imagination do The Wayside de 2015 foi tocada com uma atmosfera setentista, que agradou aos presentes e contou com solos de guitarras excelentes de Tyler Bryant e de Graham Whitford. O frenético Tyler Bryant vai na frente e ensaia um "Olê... Olê... Olê... Brasil... Brasil" com a clara intenção que a plateia o acompanhasse e conseguiu seu objetivo, pois, muitos aplaudiram e entoaram, mesmo que discretamente, o grito com ele.

    Desta forma fervente, o quarteto 'arremessa' a pesada e rápida House On Fire ( do Wild Child de 2013 ), que conquista pelo ritmo que é imposto e por suas linhas mais melodiosas, onde inteligentemente, eles prolongam um pouco para aumentarem a voltagem em nós e as terminam repetindo o refrão e adicionando umas pitadas de Blues, além de pedir para ver as nossas mãos ao alto.

    Na sequencia, Tyler Bryant pergunta: "Vocês estão prontos para o Alice Cooper... vocês estão prontos para o Guns'n'Roses...." e com os aplausos recebidos emenda o 'Rockão' Don't Mind The Blood, canção presente no lançamento autointitulado de 2017, que é muito contagiante por conta do seu ritmo e por seus solos de guitarras, que nos levaram a cantar os "ôôôôô" com eles e também a aplaudir nos prolongamentos, que pela forma que foram executados pelo Tyler Bryant & The Shakedown trazem a plateia para a banda, se é que me entende.

    Entre uma troca de guitarra, o vocalista avisa que é de Nashville, agradece ao Guns'n'Roses, a nós pela recepção e com vários 'heys' surgidos pelo andamento provocativo contido na seguinte, o Blues Got My Mojo Working de Preston Foster em uma versão 'pesadaça', cujo destaque vai para os solos de guitarras de Graham Whitford e Tyler Bryant, que viajaram por onde um clássico do Blues como este deve caminhar.

    Aliás, Tyler Bryant é daqueles garotos que sabem aproveitar uma oportunidade e realiza um solo de guitarra maior sozinho antes que os toques de bateria feitos por Caleb Crosby o interrompam e o conduzam para a próxima música, a Lipstick Wonder Woman, em que antes de cantá-la ele informou que o Alice Cooper já estava no camarim e por fim pergunta se não cantaremos com ele os versos deste 'Bluesão' mais rural do álbum Wild Child, onde ele sacou de uma guitarra apropriada para esta sonzeira. Durante esta música, Caleb Crosby 'cansou' do seu posto, pegou sua zabumba foi para a frente ao lado de Tyler Bryant e literalmente mandou algumas boas pancadas nela no ritmo proposto, sendo que no final, os solos de guitarras tomaram conta do som.

    A última desta curta, porém, muito impactante apresentação do Tyler Bryant & The Shakedown no São Paulo Trip - Concert Series foi a House That Jack Built ( também do novo trabalho ), que é um Rock'n'Roll tão acalorado quanto a banda no palco. Foram trinta e dois minutos que agradaram bastante e deixaram ótimas lembranças desta banda americana, que vamos ouvir falar deles novamente. Não tenham dúvidas, pois, dentre muitas que surgem aqui ou ali... este quarteto Tyler Bryant & The Shakedown está no caminho certo e pode sim retornar no Brasil para um show completo no futuro.

Setlist do Tyler Bryant & The Shakedown

1 - Weak & Weepin'
2 - Criminal Imagination
3 - House On Fire
4 - Don't Mind The Blood
5 - Got My Mojo Working
6 - Lipstick Wonder Woman
7 - House That Jack Built

Alice Cooper

    Ainda nos anos 60, o norte americano de Detroit Vincent Damon Furnier montou uma banda com os amigos, que em pouco tempo se tornou o Alice Cooper e lançou sete álbuns entre 1969 e 1973. Quando se separaram Vincent Furnier adotou o nome Alice Cooper para sua banda solo, que até neste ano lançou mais outros vinte álbuns de estúdio, sendo o Paranormal recém 'saído do forno' com data de lançamento de 27 de julho de 2017.

    Além dos clássicos álbuns do Hard Rock, que juntos já venderam 50 milhões de cópias, com Alice Cooper no palco não temos apenas um show de Rock, pois, suas performances teatrais são inspiradas no teatro de horror com uso de guilhotinas, sangue falso, camisa de força, cobras vivas, correntes, efeitos de fumaça e luzes, que impressionam e transformam sua apresentação em um espetáculo à parte, e isso, desde os anos 70. E nesta terça-feira no São Paulo Trip - Concert Series, apesar do Guns'n'Roses ser o headliner, particularmente, eu queria mesmo era conferir pela primeira vez em minha vida o senhor Vincent Damon Furnier e sua banda roubarem a cena.

    Logo após o término do Tyler Bryant & The Shakedown, a equipe responsável por adequar o palco para a apresentação de Alice Cooper sobe uma enorme bandeira com o rosto do vocalista tal qual como na capa do álbum The Eyes Of Alice Cooper de 2003, com o seu olhar penetrante e o rosto maquiado, sendo os olhos duas aranhas e vários clássicos do Rock eram tocados para ambientar e tentar preparar para o que estava por vir.

   De acordo com o programado, às 18:30, o espetáculo denominado como Spend The Night With Alice Cooper foi iniciado com a introdução oficial, que em poucos instantes, a cortina rapidamente cai e faíscas surgem do alto do palco, a euforia sobe e os pesados riffs de Brutal Planet trouxeram Ryan Roxie, Tommy Henriksen e a gatinha Nita Strauss nas guitarras, além de Chuck Garric no baixo e Glen Sobel na bateria executando a pesada música título do álbum de 2000 e Alice Cooper ao centro do palco com seu bastão e com uma longa capa preta como manda o figurino de um mestre de cerimônias das trevas.

    Além de contar com uma voz excelente, Alice Cooper começa a andar demonstrando sua enorme presença de palco, ocupando como poucos todos os espaços disponíveis enquanto canta os versos desta primeira música e seja por ordens dele ou pelas características de seus músicos, todos também se movimentam bastante inflamando mais a plateia, que corresponde agitando bastante, cantando os versos com ele e interagindo com muitos "hey... hey...".

    Já sem a blusa, o vocalista, que mexe seu bastão de uma forma contagiante canta agora a explosiva No More Mr. Nice Guy do clássico Billion Dollar Babies e uma das mais aguardadas por todos, pois, um Rock'n'Roll deste nível magnífico e histórico com os guitarristas brilhando bastante e a belíssima Nita Strauss à vontade comandando os solos como se fosse uma veterana é maravilhoso, sendo que nesta música de 1973 cantamos à plena força com Alice Cooper.

    Do álbum Killer de 1971 recebemos a primeira de suas canções com a Under My Wheels e em sua execução nuvens de fumaça eclodem no palco nos levando a cantar com ele o refrão, que é deveras impactante, ainda mais com a linhagem Rock'n'Roll aplicada pela banda de forma bastante animada.

    Billion Dollar Babies ( título do álbum ) era outra daquelas que não podiam faltar no show e Alice Cooper vem com uma espada com dólares fincados nela ( lógico que não eram de verdade, mas, notas com o rosto do vocalista estampada ). Além de mexer sua mão com a precisão de um esgrimista, Alice Cooper a canta e entrega algumas notas para os fãs ( que quem guardou uma... tem agora algo mais valioso que se fosse uma nota da moeda americana verdadeira ) entre os fortificados solos da trinca de guitarristas, que ao seu término resultam em felizes aplausos.

 

Natural ou ...

    O telão exibindo a capa do novo álbum, o Paranormal, deu a dica qual seria a próxima música e com um ritmo cadenciado e uma forma de cantar atormentada, Alice Cooper consolida suas conquistas neste show com a música Paranoiac Personality, andando e exibindo feições que comprovaram esta impressão mais transloucada de sua interpretação, que contou com a presença de uma bela enfermeira ( e com uma cara de desequilibrada ) contracenando com ele, meio que não aprovando os registros médicos e tentando em matá-lo.

    Nita Strauss vai ao centro do palco e sola sua guitarra com firmeza para Woman Of Mass Distraction do Dirty Diamonds de 2005 fosse a próxima e entre solos pesados, os demais membros conferem um Rock'n'Roll pulsante em sua exibição para que Alice Cooper pudesse cantar seus versos com seu contumaz carisma. E falando na beldade, ela ficou sozinha no palco para disparar seu solo de guitarra, onde além da técnica que possui, sabiamente demonstra conhecer também todos os clichês que apreciamos ver em um solo, tais como erguer a guitarra enquanto sola, virar para o lado, virar seu corpo, bem... a ex-The Iron Maidens foi recrutada com inteligência para integrar a banda de Alice Cooper.

    Este solo resultaria em uma das músicas que várias gerações de fãs também adoram e que foi responsável para que os fãs dos anos 80 e 90 soubessem mais sobre quem é Alice Cooper. Estou falando do hit Poison do álbum Trash, onde víamos uma aranha no telão principal e procuramos cantar cada trecho com ele. Nos solos, Alice Cooper com uma blusa de couro, luvas e aquele olhar sombrio grita "Raise Your Hands São Paulo..." e prontamente erguemos junto à um grito de satisfação enorme, que teve prolongamentos que caracterizam ainda mais a pegada Rock'n'Roll desta música de 1989.

    Sempre com um figurino adequado à cada canção, o mestre do horror Alice Cooper nos leva de volta para 1971, ao álbum Killer com Halo Of Flies, agora portando uma cartola e uma pequena bengala lhe trazendo um ar obscuro ante a um ritmo instrumental que posso descrever como fabuloso, onde ele sabe como deixar seus músicos reluzirem.

    E falando neles, hora do baterista Glen Sobel esclarecer porque está na banda desde 2011 com seu impecável solo, que é acompanhado nos aplausos e que pouco depois recebeu o trio de guitarristas e o baixista Chuck Garric elevando substancialmente o nível do show musicalmente falando em um crescente vigoroso enquanto que Alice Cooper realizava uma troca de roupa. Aliás, tenho que mencionar como ele joga as baquetas para o alto e as pega de forma incrível no momento do próximo toque, algo que me lembro que só Neil Peart realizou com o Rush em 2002 ( relembre como foi ) e em 2010 ( confira matéria ) no país.

O Médico e o Monstro

    O telão mostra um velho laboratório todo destruído e Alice Cooper retorna com um jaleco de cientista todo ensanguentado e um estetoscópio para nos exibir outro sucesso dos anos 90: Feed My Frankenstein do álbum Hey Stoopid de 1991, onde cantou com força seus versos até ser levado à máquina de eletro choque, que o transformaria de um cientista louco para o gigante monstro e isso, em meio a uma sequencia de solos de guitarras fulminantes de Ryan Roxie, Tommy Henriksen e Nita Strauss, sendo difícil dizer quem dos três solou mais.

    Com raios dos choques da máquina e muita fumaça, que obviamente serviram para que o vocalista fosse aos bastidores, pouco depois vemos um grande e desfigurado boneco estilizado em Alice Cooper correndo pelo palco e cantando com uma voz gutural os momentos finais desta música, que foi bastante marcante neste show do norte-americano. Outra das antigas foi a Cold Ethyl do Welcome To My Nightmare de 1975 e Alice Cooper a canta em uma dança com uma boneca não muito amorosa, pois, joga ela pelo palco, a pega, enfim, lembra um maníaco e em uma atuação que só não foi assustadora por conta de sua atitude Rock'n'Roll.

    É espantoso quando o show é possuidor de um nível de excelência desta grandeza como ficamos vidrados a cada minuto e durante a sintomática balada Only Women Bleed, outra do Welcome To My Nightmare e uma das que eu mais queria assistir ao vivo na sequência, vemos ele cantar com emoção e nos arrepiar a cada verso, pois, além da melodia da música, a fumaça e Calico Cooper, vestida como uma linda bailarina contracena com o vocalista. Nos prolongamentos, esta relação fica mais evidente ao percebemos o seu caráter ultra-romântico ( onde as histórias não terminam com um final feliz ) que a música possui, pois, ela é assassinada por ele. E não posso deixar de comentar da dedicação dos músicos em um belíssimo Rock'n'Roll e nem de Alice Cooper que fizeram desta um dos melhores momentos do show.

Condenado

    Como se tivesse sido julgado, culpado pelos crimes e maus tratos cometidos anteriormente, Alice Cooper é capturado, sentenciado à morte durante a I Love The Dead, outra impagável canção do Billion Dollar Babies e a sua pena seria a decapitação ( para a satisfação da sua insana enfermeira, que já havia tentado matá-lo anteriormente ), que é realizada de forma tão impressionante, que parece real mesmo. Aliás, o vocalista volta ao palco cantando seus versos com sua própria cabeça nas mãos.

    Sim, ele estava vestido como um de seus executores, a tira a máscara e com o telão exibindo a imagem do rosto de Alice Cooper, eles ligam esta a I'm Eighteen do álbum I Love It To Death de 1971, primeiro sucesso da banda, que nesta noite mostrou o vocalista com o ombro ensanguentado, uma muleta, que vira e mexe ele erguia para o alto em movimentos rápidos, ferozes e cheios de garra, além de respeitáveis solos de guitarras, que foram sendo quase impossível descrever o que sentia neste show. Esta encerrou a primeira parte da notável apresentação de Alice Cooper no São Paulo Trip - Concert Series.

Hora da Farra !!!!

    Quando ouvíamos os sinos escolares nos saudosos tempos de colégio, o que pensávamos era o seguinte: "hora de ir embora, hora das férias, hora de curtição!!!" E para o bis, ao soar dos sinais, uma bandeira americana surrada é exibida no telão e Alice Cooper com uma blusa de couro, cartola e uma camisa amarela retorna soltando bolas de sabão ( típica brincadeira de criança ) com sua banda para School's Out ( título do álbum de 1972 ), com todo o Allianz Parque pulando e cantando junto com eles, além de se divertir com os balões que foram arremessados pela banda. E o nosso chocante professor contou com a presença de um aluno muito aplicado e conhecido por nós: Andreas Kisser, que veio para engordar o time dos guitarristas, que percebia-se o orgulho deles ao dividirem o palco com o brasileiro, fato que revela o respeito que o Sepultura possui no mundo.

    Durante School's Out a vibração de cada um de nós era deveras intensa e contou com um trecho de Another Brick In The Wall Part 2 do Pink Floyd ( canção que surgiu alguns anos depois de School's Out ter sido lançada, mas tem tudo a ver com ela ). Nos prolongamentos, Alice Cooper apresenta cada um dos membros da banda e inclusive os outros atores ( entre eles a bailarina Calico Cooper, filha do Alice Cooper ), que tornam seu show algo mais fabuloso para que cada um ganhassem os aplausos dos fãs.

   Adjetivos e superlativos como espetacular, formidável, extraordinário, colossal talvez não representem o que é o surpreendente show de horror protagonizado por Alice Cooper, sei dizer que minha imensa alegria só me levava a pensar uma coisa: "nem precisamos mais do Guns'n'Roses, vamos deixar Alice Cooper e sua banda irem para o camarim, descansarem um pouco e posteriormente retornem para um novo show para nós"

Outra noite

    Que os fãs do Guns'n'Roses me perdoem, mas, tivemos o segundo melhor show de todo o São Paulo Trip - Concert Series, para mim somente atrás da impecável apresentação do The Who. Já haviam anos que eu queria conferir de perto uma apresentação do Alice Cooper, mas, só agora que consegui e recomendo todos os fãs de Hard Rock e Heavy Metal assisti-la, pois, é algo surreal, esplêndido e que não será esquecido, me levando a concluir: precisamos de mais uma noite com o Alice Cooper.

Set List do Alice Cooper

1 - Intro: Spend The Night
2 - Brutal Planet
3 - No More Mr. Nice Guy
4 - Under My Wheels
5 - Billion Dollar Babies
6 - Paranoiac Personality
7 - Woman Of Mass Distraction
8 - Guitar Solo
9 - Poison
10 - Halo of Flies
11 - Drum Solo
12 - Feed My Frankenstein
13 - Cold Ethyl
14 - Only Women Bleed
15 - I Love The Dead
16 - I'm Eighteen
Bis:
17 - School's Out

Guns'n'Roses

    Se no ano anterior, a passagem da Not In This Lifetime pelo Brasil já foi uma das melhores turnês que recebemos no Brasil, que em São Paulo/SP teve duas datas ( relembre da primeira neste link ), para esta noite o Guns'n'Roses prometia um show maior, com mais músicas e com a banda deveras mais afiada. E como se trata de uma das mais influentes bandas do Hard Rock da história e que ao vivo é ainda melhor, o Guns'n'Roses pode ser dar ao luxo de excursionar por vários anos sem precisar de um álbum de estúdio nas mãos, sendo que o último lançamento, o Chinese Democracy saiu no já distante 2008, pois, o público que lota seus shows quer mesmo é recriar a atmosfera dos grandes sucessos que alçaram a banda ao estrelato no final dos anos 80 e início dos 90.

    Enquanto que não chegara a hora do início do espetáculo final do São Paulo Trip - Concert Series, os telões exibiam o logo da banda, que disparavam alguns tiros até que finalmente às 20:45, um pequeno tanto mais tarde horário previsto, novos tiros são disparados e com carros rodando a estrada  tema do festival, assim, o vídeo introdutório foi exibido e pouco depois ouvimos: "Sãooo Paulooo... Guns'n'Roses" e logo vemos Axl Rose ( vocais ), Duff McKagan ( baixo ), Slash ( guitarra ), Dizzy Reed ( teclados ), Richard Fortus ( guitarra ), Frank Ferrer ( bateria ) e Melissa Reese ( teclados ) ocuparem suas posições no palco para detonarem com It’s So Easy do Appetite For Destruction de 1987, onde Axl Rose com seu chapéu cheio de estilo começasse a cantar e se movimentar bastante exercendo muito bem a função de frontman, enquanto que Slash e Duff McKagan também andavam entre um solo e outro aumentando a eletricidade neste início, que terminou com alguns fogos disparados de forma rápida no alto do palco.

    Em seguida, hora da excitante Mr. Brownstone, pois, seu ritmo é um favorecedor para que saiamos dançando em sua execução, onde destaco os solos de Slash com sua tradicional Gibson Les Paul bege, nesta que é pertencente ao primeiro álbum, que foi tocado quase que em sua totalidade. Axl Rose encara os fãs, procura ocupar cada parte do palco e pouco depois das luzes reascenderem foi tocada a Chinese Democracy, com direito a alguns estouros e também a Slash, portando uma guitarra verde, ao comando dos solos e já incluindo sua personalidade neles, inclusive, dividindo as atenções com Richard Fortus para que Axl Rose novamente vocalizasse muito bem esta música que intitula o último lançamento de estúdio da banda.

    Aos gritos de "Guns'n'Roses... Guns'n'Roses..." acompanhados por toques de Frank Ferrer na sua bateria, Slash se posta mais à frente com sua Gibson SG e dedilhas as primeiras notas da clássica Welcome To The Jungle para que Axl Rose vestido com uma jaqueta soltasse a voz rouca nos primeiros versos e um imenso coral de fãs se juntasse a ele enquanto que Duff McKagan se direcionou para a frente da pequena passarela ( em comparação com a do Aerosmith ) tocando firme seu baixo, que nos prolongamentos contaram além das palmas, a garantia da euforia dos fãs, que pularam e agitaram bastante, afinal, quantos de nós  que não ouvimos esta música no ano de seu lançamento e sabemos das reações que ela gera quando Axl Rose grita: "You know where you are? // You're in the jungle baby, you gonna dieee...".

    Axl Rose estava afim de realizar mais uma das apresentações imponentes do Guns'n'Roses desta atual turnê e correu para lá e para cá por diversas vezes, demonstrando um pique enorme para um vocalista de 55 anos, que dizem que está com problemas na voz ( pode não ser a mesma dos 20, mas... 'pera lá'!!!! ).

Eletrizante

     Slash e Richard Fortus ( este com uma Gibson branca ) iniciaram os solos da rápida Double Talkin' Jive, que é pura adrenalina, que após os seus curtos versos, o trio de cordas realiza uma sequencia de solos com improvisos que nos mantém de olhos ligados no que estavam fazendo e o melhor... eram daqueles longos solos que sempre são cheios de carga quando estão em um show ao vivo, pois, a dupla deixou suas guitarras fluírem livremente e seguiram assim até o término desta música do Use Your Illusion I de 1991. Depois com um ritmo pesado, graças ao solo de Slash, os ares melancólicos de Better do Chinese Democracy ecoaram pelo Allianz Parque com Axl Rose vocalizando em um estilo mais emotivo, que contou com a participação de Melissa Reese nos backing vocals e um prosseguimento de riffs voltados ao Rock'n'Roll no final e bem fortes.

    Após esta canção que não é ruim, mas, que não possui o grau de empolgação como outras do set, Axl Rose nos agradece com um rápido e simples "Thank You" e meio que sem avisar ataca com uma das melhores da noite e a minha favorita foi tocada: Estranged ( do Use Your Illusion II de 1991 ) levando aquela a maioria daquela multidão a cantar seus versos com ele enquanto que outros olhavam atentamente os solos de guitarra de Slash, que novamente estava com sua Gibson Les Paul bege se direcionando para a parte central do palco para executá-los. A forma intensa que Estranged possui com suas melodias atinge-nos em cheio e ficamos praticamente enfeitiçados com a atuação do Guns'n'Roses no palco, que ao chegar o momento dos toques de piano, Axl Rose informa: "On the piano.. Mr. Dizzy Reed" e este faz a ligação para que Slash se evidenciasse nos subsequentes solos, até que o vocalista voltasse a cantar seus versos com sua voz mais rouca, que emociona bastante também fazendo sua mente pensar: "valeu estar aqui assistindo este show".

    O sucesso Live And Let Die do Wings de Paul McCartney, que o Guns'n'Roses regravou no álbum Use Your Illusion I também não poderia faltar nesta noite e foi acompanhado por todos, sendo que no momento em que Frank Ferrer dava suas pancadas na bateria, alguns estouros e labaredas de fogo aconteciam simultaneamente e formidavelmente fortes eles eram em outro importante momento do show, que terminou com Axl Rose na frente da pista encarando os fãs.

    E meio que sem avisar, agora com Duff McKagan postado no final da pequena passarela, notamos que ele, Slash e Richard Fortus realizam um novo improviso que se torna a Rocket Queen ( do Appetite For Destruction ) com direito a acordes de Blues e o vocalista, que realizou várias trocas de figurino durante o show e sempre mantendo um porte elegante, cantou seus versos procurando nos incendiar mais. Nos solos, Richard Fortus mostrou sua habilidade e Slash utilizou de uma 'talking box', sendo que ambos aumentaram a amplitude destes solos e incluíram linhas mais Rock'n'Roll em cada um deles para nosso delírio e no telão eram exibidas imagens de duas caveiras fazendo amor até que Axl Rose retornasse para finalizar a música nas palmas do público.

Incansável

    Sempre que ouvirmos You Could Be Mine ( do Use Your Illusion II ) a tendência é de lembrarmos do filme O Exterminador do Futuro 2, já que esta música foi tema principal do personagem de Arnold Schwarzenegger nos rememorando aos anos 90 com seu ritmo acelerado e contagiante, que contou com várias labaredas de fogo e muito Rock'n'Roll que levaram Axl Rose a alcançar suas notas altas com uma grande energia, lógico que não como no passado, mas, como disse anteriormente, se considerarmos o tanto que ele andou e correu pelo palco, está excelente.

    Para respirar um pouco, Duff McKagan canta You Can’t Put Your Arms Around a Memory com uma certa quantidade de melancolia para emendar com a Punk Rock New Rose do The Damned, que foi regravada no The Spaghetti Incident? de 1993, sendo que nesta Slash utilizou de uma guitarra branca e Richard Fortus uma Gibson SG e ambos conferiram muito peso à canção vocalizada pelo baixista, que trouxe a energia dos Punks ao show do Guns'n'Roses. Com Axl Rose de volta ao palco e com vocais emocionados, ele canta mais uma do Chinese Democracy com a This I Love andando de ponta a ponta em um ar bastante dramático, que segue até que Slash sola sua Gibson verde entre os toques mais entristecidos no piano de Dizzy Reed.

    E outra das que mais aprecio do Guns'n'Roses foi a seguinte, que contou com Slash e sua guitarra de dois braços, Axl Rose nos assovios e uma blusa xadrez para que o principio mais lento de Civil War ( do Use Your Illusion II ) novamente causasse um novo frisson no público, que correspondeu cantando os versos com a banda.

   E do lado de cima do palco, eles procuraram nos enviar uma versão realmente emocionante, pois, o telão principal atrás dos músicos exibia imagens de várias guerras e toda a insanidade que elas são nos levando a refletir um pouco sobre as mazelas que temos no mundo e na beleza que é estar em um show de Rock na paz, que terminaram com Slash lembrando de Jimi Hendrix ao tocar algumas notas de Voodoo Child.

    Frank Ferrer repete as batidas em sua bateria para que a massa grite "Guuuuns aaaand Roooseees...." e rapidamente os dedilhados de Yesterdays ( do Use Your Illusion II ) apareçam com Axl Rose cantando mais agudo seus versos e provocando uma enorme felicidade no público, que participa consideravelmente com ele nesta que Slash novamente usou outra de suas muitas Gibson.

Rock sem limites

    Depois, os riffs pesados e até um tanto que 'sujos' de Coma, que é a maior e mais pesada canção do álbum Use Your Illusion I, uma que também era muito aguardada e somente inclusa nos shows do Guns'n'Roses nestes últimos anos com esta Not In This Lifetime Tour foi tocada para nosso delírio e Duff McKagan executou seus toques de baixo com muita precisão e firmeza, sendo que Axl Rose com um belo chapéu cantou do jeito raivoso que a música possui.

    Mas, quem chamou a atenção mesmo foi Slash durante os solos com sua Gibson lá do lado direito do palco, que se aprofundaram quando esta música mergulha na viagem que é com direito a passagens por Blues, mas, a ordem é deixar tudo bastante pesado literalmente nos seduzindo, pois, praticamente não tirávamos os olhos ou do telão ou do guitarrista. E Axl Rose a Coma cantou muito bem, utilizando sua voz até onde pode ir não procurando atingir notas onde não consegue mais e ao seu término aproveitou para apresentar cada músico da banda, sendo seus parceiros originais de Guns'n'Roses os mais aplaudidos, como não poderia ser diferente.

Lembrando dos criadores

    Axl Rose vai aos bastidores para descansar um pouco e deixa Slash para realizar seu longo solo de guitarra, que novamente teve uma incursão pelo Blues e pelo Rock'n'Roll do criador máximo do estilo... Chuck Berry - que nos deixou neste ano no dia 18 de março de 2017, uma pena - mas, uma excelente e importante homenagem com a Johnny B. Goode.

   Estes solos se ligam em Speak Softly Love ( Love Theme From The Godfather de Nino Rota ), música que contou com os "ôôôôôôô" dos fãs em seus solos, que provam porque ele é um verdadeiro Guitar Hero e graças aos deuses do Rock, ainda em atividade. E como sempre acontece deste a Use Your Illusion Tour, após este solo o mega hit Sweet Child O' Mine do Appetite For Destruction chacoalha o estádio com seu ritmo frenético e com o retorno de Axl Rose cantando seus versos junto com todos aqueles milhares de fãs.

    Slash por sua vez não deixou por menos e sola sua guitarra com a maestria que a canção pede e que ele adora aplicar elevando a categoria deste momento no show, que sobe até a trechos de 2001 Uma Odisséia no Espaço!!! E foi bem por aí mesmo o grau da viagem musical proporcionada.

    Relembrando dos Rolling Stones na melodia que segue para a Wichita Lineman de Jimmy Webb - sucesso na voz do cantor Glen Campbell ( que também nos deixou em agosto de 2017 ) - Axl Rose canta seus versos enquanto que Slash e Richard Fortus dedilham suas guitarras sentados perto da bateria de Frank Ferrer e depois da arrebatadora música anterior, até nós merecíamos um refresco para assim que as forças voltarem com uma grata surpresa desta segunda passagem da Not In This Lifetime no Brasil: Used To Love Her do álbum Lies de 1988 e este Rock'n'Roll de muitos solos de guitarras colocou todo mundo para pular novamente com seus vocais e riffs tanto que no final, Axl Rose referencia os aplausos recebidos.

    Outra do Appetite For Destruction que também inflama é a My Michelle, pois, contou com uma versão bem pesada e direcionada ao Rock'n'Roll que é. Em um novo descanso, Axl Rose nos deixa para que Duff McKagan ( com uma camisa do Motörhead em mais outra homenagem ), Slash e Richard Fortus sentados próximos da bateria de Frank Ferrer, com suas Gibson Les Paul realizassem um tranquilo duelo de guitarras ao dedilharem suas cordas e nos conduzirem para a belíssima melodia de Wish You Were Here do Pink Floyd, que me remeteu instantaneamente à dezembro de 2015 quando vi David Gilmour tocando esta música na integra no mesmo Allianz Parque ( veja aqui como foi ).

    Isso tudo, serviu para que fosse montado o grande piano fosse colocado no final da passarela para que Axl Rose pudesse tocar a November Rain, mas, antes tivemos um trecho de Layla do Derek And Dominos e vários balões vermelhos foram jogados pelos fãs para o alto em um momento simplesmente belíssimo, que deixa claro que os improvisos feitos pelo Guns'n'Roses nos shows também são outra atração à parte, mesmo alguns deles já incorporados à turnê como este.

    E claro, depois disso, a melodiosa November Rain do Use Your Illusion I era a próxima do set como já sabíamos, porém, é impossível ouvi-la e não ser alvejado por sua harmonia, e aí como também já se tornou um costume nos shows, o público liga as luzes de seus celulares ( antes eram os isqueiros ... evolução... ) criando uma beleza única por todo o estádio. Slash sobe no piano, sola sua guitarra de lá e os fãs ou agitam suas bexigas vermelhas ou brincam com elas tanto que na parte final da música... faíscas caem do alto do palco como se fossem uma chuva para coroarem ainda mais a positividade que esta música trouxe para todos nós.

    Além do show longo, o Guns'n'Roses também realizou várias homenagens - algumas já citadas - e outra para o vocalista Chris Cornell do Soundgarden e Audioslave que também nos deixou neste ano com a versão de Black Hole Sun, que contou com um coral enorme no refrão e um solo mais pronunciado de Richard Fortus em sua guitarra. Pouco depois tivemos uma música cuja versão do Guns'n'Roses fez muitos fãs procurarem Bob Dylan... estou falando de Knockin' On Heaven's Door gravada no User Your Illusion II, que trouxe Slash novamente com sua guitarra de dois braços e todos aqueles longos solos que fizeram história no começo dos anos 90 e com o refrão compartilhado por milhares de fãs a cada solicitação de Axl Rose.

    Interessante que eles seguem mais lentos na maior parte da música, quase que por incursões de Reggae e por uma 'tonelada' de solos, um mais belo que o outro e Axl Rose empolgava mais e mais a cada vez que repetia o refrão, de certa forma até forçando a voz um pouco para alcançar as notas mais altas, porém, é impossível cantar esta do jeito que eles regravaram sem fazer isso e o vocalista se doou mesmo ao show. Melhor para nós. Ahh... tivemos ainda um prazeroso curto trecho de Rain Song do Led Zeppelin nas notas finais, o qual acredito que poucos perceberam e esta incursão do Guns'n'Roses me abriu um sorriso enorme.

    Quem diria que um dos clássicos do Soul/Funk seria executado nesta noite? Pois bem, foi o que aconteceu quando o Guns'n'Roses tocou a I Got You ( I Feel Good ) do rei do estilo James Brown, entretanto, a versão deles teve uma dosagem de peso bastante grande, seja nos solos de guitarra de Slash ou nos vocais mais agudos de Axl Rose, mas tão divertida quanto a original.

    Já se passavam mais de duas horas e meia de show e a última antes do bis foi a detonadora Nightrain com as buzinas postadas na parte mais extrema da passarela sendo tocadas e com o guitarrista da cartola ( ou seja, Slash ) engatilhando os palpitantes solos da música. Axl Rose comanda a euforia que este sucesso do Appetite For Destruction causa nos fãs, que reagiram pulando e cantando com ele, afinal, esta era outra que não poderia faltar e que sempre que é tocada... seu clima Rock'n'Roll invade cada uma de nossas células.

Baladas imprescindíveis

    Ano passado, no mesmo Allianz Parque, o Guns'n'Roses executou as músicas Don't Cry e Patience em dias alternados de suas duas apresentações e nas conversas que tive com os amigos falávamos que gostaríamos que tivesse sido tocado no dia que fomos esta ou a outra, porém, a conversa terminava ao dizermos que ambas poderiam e deveriam terem sido tocadas, entretanto, nesta terça no São Paulo Trip - Concert Series, os norte-americanos nos brindaram com as duas e na sequencia logo no quando bis começou.

    Antes, como se a intenção fosse aumentar nossas expectativas tocaram belas melodias através dos dedilhados de Richard Fortus e Slash que me pareceram dos Rolling Stones, pode ser que esteja enganado, mas lembraram sim... e se direcionaram para a balada Don't Cry ( do Use Your Illusion I ), que foi cantada em uníssono pelos fãs e com muita dedicação por Axl Rose, sendo que Slash reproduziu seus solos com a exatidão do estúdio para nosso maior contentamento, que se ampliou logo depois quando ele, Duff McKagan e Richard Fortus foram 'procurando' as notas de Patience ( do Lies ) no violão e assim que as 'acharam' Axl Rose assovia e arrepia a todos ao cantar seus versos, que naturalmente acompanhamos com ele dividindo o momento em uma harmonia muito grande, que se amplificou na parte final da música.

Triunfante

    E embora não fosse a intenção do Guns'n'Roses, pois, esta penúltima do set list está sempre sendo tocada nos seus shows, para mim marcava um retorno - de certa forma - ao primeiro dia do festival, pois, The Seeker, um cover do The Who naturalmente me fez viajar até o show que havia assistido dias atrás ( relembre como foi aqui ) e foi a confirmação do Rock'n'Roll flamejante novamente após duas baladas, pois, Slash e Richard Fortus solaram com categoria enquanto que Axl Rose pulava bastante ao cantar.

    Depois de mais de três horas de show vemos Slash sozinho solando sua guitarra para que os encorpados acordes de Paradise City consolidassem o término do show do Guns'n'Roses, claro, que antes disso acontecer, eles dispararam uma versão 'dinamitadora' da música registrada no Appetite For Destruction, que nos levou - mesmo bastante cansados - a agitar pela última vez com a banda e cantar seus versos, que na hora em que seu ritmo acelera... fogos, faíscas e papéis picados são disparados alternadamente neste final apoteótico, que aumentaram a nossa felicidade por estar presente em um dos melhores shows de Rock'n'Roll que temos no mundo nestes tempos.

    Por uma questão de duas músicas e uns quinze minutos, o show do Rio de Janeiro/RJ no Rock In Rio foi maior que este em São Paulo ( cuja duração totalizou 3:15 contra 3:30 no Rio ), mas, pelo júbilo dos presentes, que gritaram sem parar quando Axl Rose se despediu e nos agradeceu pela presença, se eles tocassem mais, nós íamos querer mais.

    Que a Not In This Lifetime Tour continue, e quem sabe Axl Rose, Slash, Duff McKagan e todos os demais membros da banda trabalhem em novas canções e à maneira que a turnê for prosseguindo, quem sabe se as lançarem em um novo álbum de estúdio... eles as exibam por aqui em futuros shows.

       É... o São Paulo Trip - Concert Series terminou de forma magnífica deixando saudades e lembranças de maravilhosos shows nestas quatro noites de setembro, que entrou na história do Rock Brasileiro ao ser o primeiro palco do The Who no país, um 'showzão' melhor que no Rio de Janeiro/RJ do Bon Jovi, uma noite explosiva com os clássicos do Aerosmith e do Def Leppard, e nesta terça a revelação Tyler Bryant & The Shakedown, o espetáculo teatral de Alice Cooper e o Hard Rock radiante do Guns'n'Roses.

    Este festival se consolida como o maior voltado ao Hard Rock ocorrido em São Paulo e acredito muitos já desejam para que uma futura edição nestes moldes possa acontecer no futuro e caso aconteça, e com nomes deste porte, certamente, que estaremos presentes para conferir cada pedaço e lógico, no meu caso, contar aqui para vocês. Parabéns Mercury Concerts por incluir São Paulo com tão solenes apresentações.

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Ricardo Matsukawa e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Denise Catto Joia, Simone Catto Joia e para a Mercury Concerts
pela atenção, oportunidade e credenciamento
Novembro/2017

Setlist do Guns N’ Roses

1 - It’s So Easy
2 - Mr. Brownstone
3 - Chinese Democracy

4 - Welcome To The Jungle
5 - Double Talkin’ Jive
6 - Better
7 - Estranged
8 - Live And Let Die
9 - Rocket Queen
10 - You Could Be Mine
11 - You Can’t Put Your Arms Around a Memory/New Rose
12 - This I Love
13 - Civil War
14 - Yesterdays
15 - Coma
16 - Slash Guitar Solo
17 - Speak Softly Love
18 - Sweet Child O' Mine
19 - Wichita Lineman
20 - Used To Love Her
21 - My Michelle
22 - Wish You Were Here
23 - November Rain
24 - Black Hole Sun
25 - Knockin’ On Heaven’s Door
26 - I Got You (I Feel Good)
27 - Nightrain
Bis:
28 - Don’t Cry
29 - Patience
30 - The Seeker
31 - Paradise City

 

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