Guns'N'Roses - Not In This Lifetime Latin American Tour 2016
Abertura: Plebe Rude
Sexta, 11 de novembro de 2016 no Allianz Parque em São Paulo/SP

    Existiram muitas conversas em 2014 para um retorno do Guns'N'Roses com a sua formação clássica, muitas negociações, muitos egos inflados, muitos problemas que tiveram que serem superados. Entretanto, essas conversas prosseguiram no ano de 2015, mas nada poderia ser dito, por conta do divórcio de Slash, sendo que sua ex-esposa teria direito à parte do dinheiro arrecadado, caso ainda estivesse casada com o guitarrista.

    Assim, o anúncio oficial da reunião de Axl Rose, Slash e Duff McKagan acabou acontecendo somente no dia 05 de janeiro de 2016 e que eles seriam o headliner do festival em Coachella nos Estados Unidos. E como tão improvável foi esta reunião por longos 23 anos dentre a última apresentação ( no dia 17 de julho de 1993 no Monumental de Nuñez na Argentina para 70 mil fãs ) do trio juntos no Guns'N'Roses, que a turnê recebeu o nome de Not In This Lifetime ou 'não nesta vida', resposta dada por Axl Rose em 2012 quando um cinegrafista da TMZ perguntou sobre a chance do Guns'N'Roses realizar uma turnê com sua formação original.

    E desde que a Mercury Concerts anunciou que a Not In This Lifetime teria sua perna brasileira... milhares e milhares de fãs do país se empenharam para participarem de um dos seis shows realizados no Brasil ( sendo eles em Porto Alegre/RS, em São Paulo/SP, no Rio de Janeiro/RJ, em Curitiba/PR e em Brasília/DF ). Na capital paulista, após esgotarem todos os ingressos para o primeiro show ( e o que foi acompanhado de perto pelo Rock On Stage ), a segunda data foi anunciada comprovando o sucesso desta turnê, que está lotando todos os locais por onde passa.

Plebe Rude

    Escolhidos pelo Guns'N'Roses para abrir o show, a lendária banda Punk de Brasília/DF Plebe Rude, atualmente formada por Philippe Seabra e Clemante nas guitarras e vocais, André X no baixo e vocais e Marcelo Capucci na bateria estão realizando a turnê comemorativa de 30 anos do álbum O Concreto Já Rachou e no curto tempo que tiveram para se apresentarem, eles exibiram alguns clássicos do passado. Philippe Seabra em entrevista ao portal UOL explica o porque da escolha: "Tem uma coisa no Rock de Brasília que é tão pura, não é nada comercial. É a postura, e foi isso que o pessoal do Guns gostou. O Appetite for Destruction foi gravado na mesma época que O Concreto Já Rachou, tem uma coisa meio Punk e suja no som do Guns, ainda mais com o Duff. De todos os artistas nacionais, eles escolheram a gente. É um atestado do Rock de Brasília." 

     E assim, com um Allianz Parque ainda recebendo os milhares e milhares de fãs, que mais tarde lotaram cada parte do estádio, o Plebe Rude iniciou o seu show às 20:00hs com uma breve introdução, que trouxe o quarteto para o palco executando linhas de guitarras pesadas e um tanto que melodiosas para uma banda Punk, que se liga na ácida Brasília e seus vocais agressivos, que trazem o refrão "O Concreto Já Rachou" ( que intitula o álbum de 1986 ) e foram bem recebidos pelos fãs. Rapidamente, Clemente comenta que tocou com o Guns'N'Roses na última passagem deles por aqui e então dispara a Johnny Vai à Guerra ( Outra Vez ) e dentro do espaço do palco concedido para eles, os membros do Plebe Rude se movimentaram bastante procurando agitar e aquecer ao máximo a plateia e conseguem, pois, no momento que foi pedido para que fossem colocadas as mãos para cima muitos obedeceram. Relembrando mais um sucesso do primeiro álbum, Minha Renda entra mais acelerada e termina com o som da sirene de um Stuka quando está em mergulho para um bombardeio, que também serviu para lembrar-me do show de Roger Waters na turnê do The Wall Live ( relembre aqui como foi ).

    Posteriormente e cada vez mais ganhando a plateia emendam a Proteção ( outra do O Concreto Já Rachou ), que em meio a sua linhagem Punk Rock mais furiosa contou nos solos de guitarras com trechos de Love In An Elevator do Aerosmith, uma surpresa e que naturalmente me lembrou do show dos americanos no mesmo Allianz Parque há quase um mês atrás ( saiba como foi ). Clemente vai aos vocais e avisa: "essa próxima é sobre uma época muito conturbada da política brasileira" e comenta sobre o aumento do preconceito no mundo, desta forma, o Punk rápido contido em Pátria Armada do Inocentes ( outra banda de Clemente ) provou que ainda é atual e garantiu bastante aplausos dos fãs, além da vontade de socar o ar ( tanto que muitos fizeram isso ).

    Depois desta incursão no som do Inocentes, eles retomam o ritmo de Proteção, só que agora ainda mais furioso e sem dar tempo para pensar, ouvimos os acordes do maior sucesso do Plebe Rude, que é sem sombras de dúvidas um hino do Rock dos anos 80 e também do primeiro disco da banda, a Até Quando Esperar, que colocou fogo na plateia, tanto que os mais velhos cantaram sua letra com o Plebe Rude, que certamente serviu para emocionar a banda assistirem lá do palco tantas e tantas pessoas cantando com eles e aplaudindo no andamento da música. E é incrível como esta letra de 30 anos atrás ainda retrata o nosso Brasil.

    Nos agradecimentos, eles exclamam: "Obrigado Guns'N'Roses... obrigado Rock de Brasília!!!" e terminam com muitas palmas o seu show, que foi menor em comparação ao que abriu para o Guns'N'Roses em 2014, mas que cumpriu sua missão: deixar a galera inflamada.

Set List do Plebe Rude

1 - Intro
2 - Brasília
3 - Johnny Vai à Guerra (Outra Vez)
4 - Minha Renda
5 - Proteção / Pátria Amada
6 - Até Quando Esperar

Guns'N'Roses

    No passado, o Guns'N'Roses ficou conhecido como por conta do estilo selvagem, com muitas drogas e polêmicas em meio a muito Hard Rock de qualidade, que gerou clássicos históricos e que são cantados tanto pelas gerações que vivenciaram cada lançamento da banda nos anos 80 e 90, quanto pelos que vieram depois e não viram a formação clássica da banda nos palcos.

    Aliás, me enquadro neste segundo time de fãs, pois, embora tenha visto muitos clipes e shows nos anos 80 e 90, só assisti o Guns'N'Roses ao vivo em 2010 ( confira matéria ) e 2014 ( relembre neste link ) com Axl Rose e seus escolhidos para segurarem a bandeira da banda tremulando enquanto que Slash não pensava em voltar a falar de Guns'N'Roses, guitarrista que aliás, acompanhei por duas vezes, sendo uma em 2012 ( veja aqui ) e outra em 2014 ( confira detalhes ) em seu projeto Slash Featuring Myles Kennedy And The Conspirators, que relembraram várias canções também, mas, sempre ficava aquela discussão em qual dos dois shows ( Guns'N'Roses ou Slash ) foi melhor, quem cantou mais, quem tocou mais, etc.

3/5

    Porém, agora com a junção de três quintos do line-up clássico da banda foi motivo para que os fãs de todas as gerações do Guns'N'Roses pudessem ver ( ou rever ) Axl Rose nos vocais, Slash na guitarra e Duff McKagan no baixo, além do 'fiel escudeiro' Dizzy Reed nos teclados, o competente Frank Ferrer na bateria, o exímio Richard Fortus na guitarra e a bela Melissa Reese nos teclados.

    E você pode perguntar, mas... e Steven Adler e Izzy Stradlin? Bem, o primeiro até está tocando em alguns shows como convidado, já o segundo é definido nas palavras de seu próprio biografo Art Tavana: "O Izzy é um lobo solitário. Ele segue as próprios regras. Ele não serve como homem de negócios, não dá pra esperar que ele siga ordens. Ele vive sozinho em um deserto, na Califórnia, longe de tudo e de todos".

    E esses foram os motivos que o afastaram do Guns'N'Roses no passado, que são respeitados por Axl Rose, mas, que não o levaram de volta para este retorno da banda. Entretanto, ver Axl Rose, Slash e Duff McKagan recriando a atmosfera dos memoráveis shows do Guns'N'Roses do passado foram motivos suficientes para que o Allianz Parque estivesse lotado nas duas noites da Not In This Lifetime em São Paulo.

Muito apetite

    E à maneira que se aproximava o horário de início da apresentação, a adrenalina em cada um de nós aumentou consideravelmente, sendo que o show começou um pouco mais tarde que o previsto, não por conta de um dos famosos atrasos de Axl Rose, mas, sim para que todos os 45.000 fãs - que ocuparam cada parte do estádio - pudessem chegar e se acomodar.

    Então, finalmente às 21:30, o telão principal, que estava exibindo as mesmas imagens modificou sua animação e ao som de tiros disparados do símbolo da banda foram eclodidos gritos fortíssimos da multidão, que foi recepcionada com o Hard Rock pulsante de It´s So Easy ( do primeiro álbum, o Appetite For Destruction de 1987 ) e desta vez não sabíamos para onde olhávamos, pois, tínhamos para dividir nossa atenção Axl Rose ( cada vez mais magro ) com calça jeans, camisa preta e uma blusa amarrada na cintura se movimentando bastante pelo palco e com ótima voz; Slash com sua tradicional cartola, óculos escuros, camisa regada e sua Gibson Les Paul Goldtop e também Duff McKagan com blusa e calça jeans preta e uma camisa com o rosto do saudoso Lemmy Kilmister do Motörhead e um baixo Fender branco ( que homenageou David Bowie com seu símbolo costumeiro ).

Estamos na selva...

    Era quase inacreditável e muitos deviam pensar: "estou aqui vendo este show!!!" com toda a sua magia, com toda a sua energia, que já nesta primeira música da noite foi de arrepiar e cantada com plena euforia dos fãs. Sem deixar a gente pensar em respirar Mr. Brownstone ( outra do primeiro álbum ) veio na sequencia fazendo todos aplaudirem e desejarem dançar ao ver Axl Rose se remexendo, além de repararem nos solos de Slash, que já nestas duas primeiras músicas do set mostraram que ele roubaria a cena e porque ele é fundamental ao Guns'N'Roses.

    A terceira foi a canção título do álbum de 2008 com a Chinese Democracy, que pairava antes uma dúvida no ar, como seria Slash executando seus solos? Bem, após o estouro com direito a labaredas de fogo, muito melhor que antes... mais Rock´n´Roll e mais fervorosa.

    Aos gritos de "Guns and Roses... Guns and Roses..." aumentados pelos toques do baterista Frank Ferrer vemos Slash dedilhar sua guitarra para que as notas da detonadora Welcome To The Jungle ( do Appetite For Destruction ) colocassem o estádio abaixo com este clássico, que foi vocalizada com firmeza por Axl Rose e um coral de dezenas de milhares de vozes, que aguardavam ansiosamente por sua execução, que contou também com Duff McKagan se posicionando mais à frente do palco e enviando todo o peso de seu baixo nos trazendo excelentes memórias à tona com Axl Rose gritando com destreza: "You know where you are?... You're in the jungle, baby" para comoção geral dos presentes.

    O Guns'N'Roses estava tocando uma música atrás da outra sem pausa, sem nos deixar olhar para o lado e prosseguiram com o 'Rockão' presente em Double Talkin' Jive ( do Use Your Illusion I de 1991 ), sendo que Slash foi para a ponta esquerda do palco e Duff McKagan para a ponta direita levando mais energia para os fãs que estavam nestes dois pontos, enquanto que Axl Rose cantou entusiasmado os versos desta pesada canção, que contou com alucinantes solos de guitarras de Slash e Richard Fortus emendados com uma base extasiante de Duff McKagan no baixo e Frank Ferrer na bateria em um improviso mágico. E a falta que Slash fez à banda ficou constatada nos solos que ele realizou fazendo a galera vibrar e ficar enfeitiçada com sua atuação.

    Retornando ao Chinese Democracy, o Guns'N'Roses executou a Better, que também obteve uma calorosa recepção e Axl Rose soltou alguns agudos mais fortes enquanto que Slash foi para a extrema direita e Duff McKagan na extrema esquerda do palco e os dois acabaram deixando esta música ainda melhor que sua versão original.

Chuva de novembro

    A iluminação e as imagens nos telões eram outro show a parte e quase que do nada vemos Axl Rose colocar muita emoção ao cantar os primeiros versos de Estranged ( do Use Your Illusion II de 1991 ), que conta com aqueles solos melodiosos e únicos de Slash ( na última tour em São Paulo foi também um excelente momento, contudo, não tinha o homem da cartola ).

    Nesta hora começamos a sentir alguns pingos, que se transformaram em uma garoa e depois uma forte chuva que incidiu em uma boa parte do show, mas alguém se preocupou? Claro que não, a eletricidade alcançada com esta sintomática canção em execução brilhante nos fazia esquecer de qualquer coisa.

    Quando Dizzy Reed foi anunciado por Axl Rose e começou seu emocionante solo de teclados, que trouxeram a participação diferenciada de Slash na guitarra com solos singulares instantes depois, onde te confesso caro leitor(a), fiquei ainda mais feliz, pois, Estranged é a minha favorita do Guns'N'Roses justamente por essas viradas melódicas e viajantes nos solos de guitarras, que me levaram de volta aos anos 90, quando assisti muitas vezes o seu clipe após gravá-lo em uma fita VHS ( creio que muitos também fizeram isso nos tempos que não existia Youtube e dependíamos dos parcos programas de Clipes de Rock ).

Poderia ficar melhor?

    Sim claro, afinal, estávamos na Not In This Lifetime Latin America Tour e sem falar nada com a plateia foi tocada Live And Let Die, uma versão de um sucesso de Paul McCartney regravada no Use Your Illusion I, que ficou matadora com o Guns'N'Roses e garantiu novas explosões e labaredas acompanhadas juntas com os toques do baterista Frank Ferrer garantindo mais agitação daquela multidão de fãs.

    Enquanto a 'chuva de novembro' aumentava sua tenacidade, o septeto procurava nos deixar cada vez mais impressionados com seu show e o Rock´n´Roll sexy presente em Rocket Queen ( a última do disco Appetite For Destruction ) nos mostrou um Axl Rose agora com um elegante chapéu preto e Duff McKagan com uma presença de palco incrível mandando notas pesadas em seu baixo, que geraram muitas palmas, além de uma nova participação do público com o vocalista.

    Uma coisa chamou a atenção, assim, como outras músicas desta noite, Rocket Queen também foi alongada para que não só Slash solasse, mas, também Richard Fortus com uma guitarra branca deixasse claro o seu potencial como guitarrista transformando este momento em um ponto alto do show com improvisos e duelos com Slash ( que usou um 'talking box' inclusive ). Próximo ao seu final, Axl Rose voltou para cantar o refrão com todos nós e produzindo uma colossal e positiva nostalgia.

   Aos gritos de "Guns and Roses... Guns and Roses..." dos fãs, eles rapidamente emendaram o emblemático sucesso tema do filme O Exterminador do Futuro II You Could Be Mine ( do Use Your Illusion II ) e aí meus amigos(as), Axl Rose correu de uma ponta para outra enquanto Slash solava com determinação e no fundo víamos as labaredas de fogo sendo acionadas e as imagens do robô Exterminador nesta poderosa composição, que contou com Axl Rose cantando muito bem seus versos mais agudos ( lógico, que sem a pegada de 20 anos atrás, mas, para quem adora falar mal dele, deveria assistir um show ao vivo no estádio, pois, o cara teve a responsabilidade de substituir Brian Johnson no lendário AC/DC em recentes turnês ).

    Foi somente após esta música que Axl Rose pronunciou algumas palavras diferentes de "Thank You" com os fãs... e foi breve dizendo apenas: "On Bass Mr. Duff McKagan", que trouxe a voltagem da introdução de You Can't Put Your Arms Around A Memory do Johnny Thunders que se ligou no Punk Rock do cover dos Misfits com Attitude nos vocais agressivos do baixista para causar aquela vontade de abrir uma roda, que contou com solos longos e repletos de improvisos e comprovando como a importância dele para esta reunião também foi muito relevante nestas duas do álbum The Spaghetti Incident? de 1993.

Dramáticos e desafiadores

    A balada mais dramática This I Love do Chinese Democracy foi a seguinte com seus ótimos riffs de guitarras e uma atuação sensível de Axl Rose nos vocais e serviu para tomarmos um ar, pois, as duas próximas seriam desafiadoras para os nossos corações. Afinal, assim que Slash pegou uma guitarra de dois braços e começou a dedilha-la com Axl Rose assoviando percebemos que a formidável Civil War ( do Use Your Illusion II ) seria tocada e no telão várias imagens de guerras nos alertando para a tragédia que elas são.

    A reação do Allianz Parque foi de cantar e pular com eles cada momento, além de observar atentamente toda a técnica de Slash nos solos de guitarra, que para quem gosta são fascinantes e justificam porque ele é um dos únicos Guitar Heroes dos anos 80 em atividade atualmente com direito a um riff de Voodoo Child do Jimi Hendrix em seu final, que acredito que poucos perceberam. Um fato peculiar aconteceu em Civil War, Axl Rose trocou propositalmente um verso para alfinetar Donald Trump ( confira: https://www.youtube.com/watch?v=SmsFhiSNSqc ).

    Uma grata surpresa ( para mim ) no set list foi a inclusão de Coma, a longa, pesada e raivosa canção do Use Your Illusion I, que acredito que foi a pedido de Duff McKagan, pois, o baixista se postou mais à frente do palco disparando as primeiras notas em seu instrumento, que trouxeram os ótimos riffs de Slash e uma interpretação primorosa de Axl Rose, sendo que no telão víamos um monitor de frequência cardíaca, que depois deu lugar aos solos frenéticos de Slash e Richard Fortus, que demonstraram entrosamento e asseguraram um dos melhores momentos do show, indiscutivelmente, o mais pesado.

   E depois de mais de uma hora de show Axl Rose apresenta os músicos do Guns'N'Roses, que foram muito aplaudidos, entretanto, quando chegou a vez de Slash, aí as palmas foram enormes e o guitarrista começou o momento de seu solo cativante, que foi acompanhado por Frank Ferrer na bateria e obviamente, demonstrou toda a sua influência Rock´n´Roll e se ligaram na Godfather Theme, canção que desde os anos 90 eu desejava ver Slash a tocando, pois, se tornou muito emblemática nos shows do Guns'N'Roses e tenho certeza que os milhares de fãs presentes também, que ficaram muito emocionados.

Breve viagem para o final de 2015

    Como acontecia no passado essa maravilhosa 'rifflerama' se conectou aos conhecidíssimos e sempre exibidos em shows de quase todas as bandas de covers da noite, o hino Sweet Child O' Mine do álbum Appetite For Destruction trouxe Axl Rose de volta ao palco cantando com todos os presentes, que fizeram um coro muito forte e praticamente chacoalhou o estádio todo em um momento simplesmente inesquecível.

    Na sequencia, Slash e Richard Fortus dedilham as notas de Wish You Were Here do Pink Floyd, que me remeteram para quase um ano atrás neste mesmo Allianz Parque quando assisti David Gilmour executando sensacional canção ( confira aqui como foi ), mas agora, quem cantou seus versos emocionados foram os presentes, que fizeram bonito - diga-se de passagem - e nesta quem brilhou e encabeçou os solos foi Richard Fortus, e meus amigos(as) que solos!!!

E a chuva cessou...

    Enquanto isso, um piano de cauda foi colocado no palco e a dica para a canção seguinte já ficava declarada no ar, porém, antes, Axl Rose tocou no piano um prolongamento da incomparável Layla do Cream, que mesmo sem os versos e apenas na parte instrumental ficou belíssima, sendo que Axl Rose contou com a participação dos demais músicos para abrilhantar ainda mais a canção.

    Sem delongas, Axl Rose iniciou os acordes de November Rain, quando a chuva já havia resolvido 'dar um tempo', para nos comover em sua execução e nesta hora algo muito belo aconteceu... todo o estádio estava com bexigas vermelhas e as colocou para o alto iluminando-as com seus celulares. Slash estava com sua guitarra Gibson Les Paul Goldtop para aplicar os solos que marcaram gerações enquanto que a maioria cantava com Axl Rose.

    Essas bexigas foram jogadas pelos fãs para o alto e mais para o final de November Rain, no ponto do solo de piano combinado com o de guitarra várias faíscas caem do alto elevando o grau que a banda desejou marcar em seus fãs. E conseguiu!!!

    Knockin' On Heaven's Door criada pelo vencedor do Prêmio Nobel de Literatura Bob Dylan de 2016 foi regravada pelo Guns'N'Roses no álbum Use Your Illusion II e a versão deles ao vivo nesta noite trouxe Slash novamente com uma guitarra de dois braços e Axl Rose dividindo os vocais com aquela multidão de 'gunners', mas, apesar da atuação dedicada do vocalista, quem brilhou mesmo foi Slash solando com muito 'feeling' sua guitarra. E o mais bacana é que ver Axl, Slash e Duff andarem pelo palco durante esta canção, que me senti novamente levado aos anos 90, pois, seus prolongamentos com muitos solos de guitarras e os pontos que Axl Rose deixou para que nós completássemos foram realmente notáveis.

    Novamente decididos a balançar o estádio tocaram o Rock´n´Roll de Nightrain do álbum Appetite For Destruction, que também foi cantada pela galera à plena força dos pulmões e também com Duff McKagan fazendo os backing vocals, aliás, o baixista foi muito importante em todo o show nesta tarefa.

Back To Seventies

    Uma forte explosão de fogos assinalou o final desta primeira parte do show e fez os fãs gritarem: "Guns And Roses... Guns And Roses..." querendo mais e em menos de um minuto depois... ouço uma melodia que viajei para os anos 70, pois, Slash dedilhou em sua guitarra um trecho da espetacular Babe I'm Gonna Leave You do Led Zeppelin ( é eles tiveram boas influências ) e a ligou na balada Don´t Cry ( do Use Your Illusion I ) no momento mais romântico da noite com o vocalista portando um chapéu e uma camisa branca. Como você deve estar pensando Don´t Cry fez todo mundo cantar com o Guns'N'Roses e muitas garotas tenho certeza choraram ou abraçaram seus namorados de tanta alegria.

Experiência extraordinária

    Foi só agora que Axl Rose falou com os fãs mais do que as palavras "Thank You" e ainda assim, rapidamente, ele comentou da música seguinte, a sonzeira do The Who chamada The Seeker, que o Guns'N'Roses tem tocado sempre em seus shows e é impossível de não ser afetado por suas melodias, ainda mais com Slash solando da forma que solou.

    Ao mesmo tempo que a felicidade, a satisfação e o prazer cresciam aos acordes de Paradise City, uma certa saudade já bateu, pois, já sabia que seria o final do show, entretanto, ver Axl Rose, Slash e Duff McKagan por um instante próximos um ao outro antes da explosão característica desta composição do álbum Appetite for Destruction foi praticamente indescritível e poder presenciar seus solos, seus vocais, seus toques de baixo com os três se movimentando e transformando não só esta canção, como todo este show em uma experiência incomparável na vida de todos nós, que não pudemos ter outra reação senão cantar e pular bastante.

    Quando chegamos na parte acelerada de Paradise City com Slash solando soberbamente sua guitarra, uma chuva de papéis picados verde amarelos, fogos de artifício e labaredas de fogo eclodem pelo palco e o mais impressionante, ele solou com sua guitarra nas costas, sem olhar, fato que nos fazem gostar muito de nomes como o Guns'N'Roses e do Hard Rock.

    Extasiados os fãs aplaudem, socam o ar e saúdam a banda gritando "Guns and Roses... Guns and Roses..." para depois assistirem a banda reunida no palco para a despedida final dos fãs ao som de Everybody Knows de Leonard Cohen, cantor de Folk Rock, escritor e poeta canadense, que ficamos sabendo de sua partida um dia antes. Uma singela e importante homenagem do Guns'N'Roses.

Sim... nesta vida!!!

    Foram mais de duas hora e meia de show, que pareceram que não tiveram esta longa duração por conta de toda a determinação, todos os efeitos, todos os solos, todos os sucessos, toda a empolgação, toda a grandiosidade, todo o carisma e excelente atuação do Gun´n´Roses no palco, que me levam a perguntar: e agora o que teremos.... um DVD desta tour, um novo álbum com os três juntos, e caso positivo, uma nova turnê?

    Seja lá qual for a resposta e o que vai acontecer, a verdade é que nós que estivemos neste show, nesta turnê Not In This Lifetime, conferimos um dos maiores shows de Rock´n´Roll de 2016 em solo brasileiro, entendemos porque o Guns'N'Roses ainda é uma das melhores bandas do mundo ao vivo e já queremos que retornem ao Brasil para compartilhar conosco uma noite tão animada e divertida quanto esta... ainda nesta vida.

Texto: Fernando R. R. Júnior
Fotos: Katarina Benzova, Fernando Monfarnetti,
Guns'n'Roses News Oficial ( fã page ) e Fernando R. R. Júnior
Agradecimentos à Denise Catto Jóia e Simone Catto Jóia
da Catto Comunicação e a produtora Mercury Concerts pela atenção e credenciamento
Novembro/2016

Set List Guns'N'Roses

1 - It's So Easy
2 - Mr. Brownstone
3 - Chinese Democracy
4 - Welcome To The Jungle
5 - Double Talkin' Jive
6 - Better
7 - Estranged
8 - Live And Let Die
9 - Rocket Queen
10 - You Could Be Mine
11 - You Can't Put Your Arms Around A Memory/Attitude
12 - This I Love
13 - Civil War
14 - Coma
15 - Band Intros
16 - Slash's Solo/ Godfather Theme/Sweet Child O' Mine
17 - Wish You Were Here
18 - Layla/November Rain
19 - Knockin' On Heaven's Door
20 - Nightrain

21 - Babe I'm Gonna Leave You (Intro) / Don't Cry
22 - The Seeker
23 - Paradise City
Outro: Everybody Knows - (Leonard Cohen Song)

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